Ateísmo

(Adão Cruz)

Correm por aí vários posts e muitos comentários sobre ateísmo e religiões, nos quais não tenho intervindo, por razões que se depreendem do pequeno texto que se segue.

No entanto, gostaria de deixar aqui a minha posição e a minha visão muito geral sobre o tema.

Sou ateu, racionalmente ateu há quase meio século. Até essa altura, foi dura a luta que travei para me libertar das peias e das grilhetas com que a igreja católica aprisionou a minha infância e a minha juventude, quase destruindo o meu cérebro, a minha mente, o meu pensamento e o que de mais precioso a vida me deu, a minha razão. O dia em que me virei para dentro de mim mesmo e senti, honestamente, um magnífico cheiro a lavado, foi o dia mais feliz da minha vida. [Read more…]

Um templo para ateus

A Fundação Saramago inaugurou ontem. A presidenta Pilar (assim li no Público) marcou bem ou mal o dia? É que Saramago era um declarado e acérrimo ateu, mas a Fundação com o seu nome abre as portas, precisamente e logo, no Dia de Santo António! Pilar esqueceu-se deste grande pormenor. Saramago não ia gostar…Claro que a simbologia não é importante… Foi uma coincidência.  O que aconteceu foi que a Fundação abriu no dia de aniversário de Fernando Pessoa, issi sim.  Nem se notou nada que fosse dia do santo padroeiro de Lisboa, feriado municipal…

E por falar em ateus e santos…  

Está de passagem pela capital portuguesa, justamente, o filósofo suiço Alain Botton (1969), criado numa família «profundamente ateia» e autor do livro Religião para Ateus (D. Quixote).

Não é que ele anda a falar num templo para ateus?

Mas afinal… Um templo não é casa de Deus / deuses, lugar sagrado, estrutura arquitetónica destinada ao serviço religioso? Será que o ateísmo pretende comparar-se a uma religião, igualar-se a uma? Há aqui uma apropriação de termos e sentidos religiosos que não associamos, de todo, ao ateísmo. O próprio título do seu livro mistura naturezas opostas. Mas não há dúvida-. Ele conseguiu um golpe de marketing: crentes e ateus são atraídos pelo título. 

Pelo pouco que ainda sei sobre o assunto, Botton considera que o ateísmo pode aprender com a religião (“há coisas na religião que o mundo secular devia incorporar“). Talvez seja essa a justificação para a escolha daquele tema.

Talvez eu venha a espreitar o livro. Como crente.

Ser ateu é que é bom

O mundo seria muito mais pacífico se todos fôssemos ateus.

O DN apresenta hoje esta frase de José Saramago na primeira página da edição em papel, onde também se dá a notícia da abertura, amanhã, da Fundação Saramago (Lisboa).

Não me parece muito inteligente e reveladora de tolerância religiosa esta afirmação do Nobel da Literatura, que mais parece um convite ao ateísmo como o melhor caminho a seguir. Revela, na minha humilde opinião, egocentrismo: «eu é que estou certo». Está a pedir que sejamos todos iguais, que escolhamos todos do mesmo («se todos fôssemos»). E isso não é possível.

Assim como também não é de bom tom tentar convencer os ateus a converter-se a uma qualquer religião.

A fé em Deus ou a sua ausência é algo muito pessoal. Não se escolhe ser isto ou aquilo, acreditar ou não, sentir ou não a transcendência. Aceitar Deus na nossa vida é uma descoberta que acontece ou não a cada um, num dado momento, mais cedo ou mais tarde. Ou nem sequer acontece. OK! Não dá para ser crente ou ateu à força, penso eu.

Mas podemos aprender uns com os outros, mantendo-nos o que somos com autenticidade e verdade.

Fátima. O ano em que os portugueses foram pedir emprego a Nossa Senhora*

Não dura sempre. Um dia deixam de pedir de joelhos, e exigem-no de pé. Fiem-se na virgem e não corram e vão ver o trambolhão que levam. Tenham medo, muito medo, Portugal não é a Grécia, é mais Maria da Fonte e sobretudo Revolta do Manuelinho. É de uma vez, sem sindicatos ou partidos e vai tudo raso.

*Título roubado a uma excelente reportagem de Rosa Ramos.
Sobre as alterações populares que no final da 3ª dinastia fizeram do cobardolas João de Bragança o “corajoso” João IV, há muito estudadas por António Oliveira e outros, falta material de divulgação na net. Se mais ninguém o fizer um dia destes trato disso.

Tirem dali as criancinhas

Não é que seja novidade, miúdos que prometem ir a Fátima se passarem de ano é estupidamente mais vulgar do que se pode imaginar, mas esta imagem passa os limites; não é uma longa e extenuante caminhada a pé, é uma violência física exercida sobre um corpo em crescimento. A fotografia provêm do Público online, e pergunta-se onde pára a Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco e o próprio Ministério Público.

Que 100 anos atrás, ali mesmo, em Fátima, uma criança chamada Lúcia Santos tenha sido sequestrada para o resto da vida, compreende-se à luz da mentalidade da época. Que isto hoje suceda, não.

Fátimas e Holocaustos II

        (adão cruz)

 Nestes lamentáveis dias de encenação da tragicomédia de Fátima, torna-se imperiosa a leitura do capítulo 20 do impressionante livro de Avro Manhattan, o Holocausto do Vaticano, onde se expõe de maneira admirável, ainda que a tradução seja má, a fabricação do maior embuste do século XX. Não deixem de ler, se têm respeito pela transparência do vosso pensamento e se acreditam que vale a pena a gente saber as linhas com que se cose… ou melhor, as linhas com que nos cosem.

Pessoalmente, eu não tenho direito a desrespeitar quem quer que seja que acredite no que quiser, e não o faço. A minha vida prova-o. Pelo contrário, tenho todo o direito de combater as crenças, sejam elas quais forem, como homem de pensamento livre e cidadão de razão e consciência, quando tais crenças se apresentam, através de irrefutáveis provas, como falsas e geradoras de profundo obscurantismo, nefasto ao desenvolvimento saudável do homem.

Num mundo extremamente desenvolvido do ponto de vista científico, num mundo de inimagináveis infinidades, num mundo cujas minúsculas descobertas científicas recentes, nos dizem que há, numa galáxia que não é a nossa, de entre triliões de galáxias, biliões de planetas aparentemente com condições semelhantes às da Terra, arranjem e acreditem no Deus que quiserem, mas, “por amor de Deus”, não caiam no ridículo de acreditarem num deus do Universo que tem, como ministros e seus representantes, Ratzinger e o Bispo de Leiria.

 

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Fátima? Só se Pode Dizer Bem

Nunca entenderei como é que havendo tanta coisa sobre que despejar justificado rancor e justificada bílis haja quem os derrame desportivamente logo sobre a Igreja Católica e sobre o caso-fenómeno Fátima em particular. Sobre Fátima cristalizou-se um chorrilho preconceituoso, repleto de lugares-comuns e generalizações abusivas, as quais, ciclicamente, alguém vem disfarçar de ‘reflexão sociológica’ sobre o fenómeno. Quanto à Igreja é habitual lançar-se a rejeição e o anátema generalizados, estigmatizando-A com o vício manipulador, com o delito pedófilo escandaloso, com o arcaísmo e a inutilidade. Tarefa estúpida e caquéctica dedicar-se alguém a afirmar a Igreja, negando-A e insultando-A: mesmo para tão extremosa dedicação negativa tem de haver uma fortíssima paixão e um irreprimível desejo recalcado, pois o que nos não importa de todo também não é pensado nem mencionado. Onde estiver o odioso ao teu coração, aí estará o teu inferno e a tua escravidão. «Onde estiver o teu coração, aí estará o teu tesouro.»

Sobre Fátima, eu só posso dizer bem. Fátima não promove o tráfico de droga. Fátima não procede à lavagem de dinheiro. Fátima não promove a corrupção social e política. Fátima não incentiva a prostituição. Fátima não ensina a roubar ouro. Fátima não avilta o ser humano. Fátima não faz mal a uma mosca. A mim fez-me todo o bem que um ser humano pode desejar nesta vida e nesta terra: Paz espiritual. Sublimidade. Harmonia interior e harmonia com o exterior, humildade, serenidade, contemplação.

Ninguém discute os que pagam muitos euros, tantas vezes subtraídos à comida e ao bem-estar, para um Festival de Verão, por que se imiscuem no sacrifício e na sensibilidade íntima dos que caminham dias para alcançar o Santuário?! O Santuário é uma pedagogia da nossa mortalidade peregrinante à procura de um Pátria à qual se acede pelo mais íntimo do nosso ser. O Santuário é a escolha da melhor parte. O Santuário é um êxodouma saída das rotinas para escutar uma Palavra Sólida e Vital.

Fui sempre extremamente feliz no Santuário de Fátima no plano espiritual, sem negar o carnaval religioso de que tudo é passível. Como consumidor de sublime, de belo, de intenso, de humano, de exemplar, tenho por Fátima um respeito e uma gratidão irrefragáveis.

Saúde: Jesus recorre ao privado

Devido a problemas de saúde eventualmente causados pelo excesso de trabalho, e apesar da omnipotência do progenitor, Jesus viu-se obrigado a fazer uma TAC. Face à sua condição de Filho de Deus, seria natural que tivesse recorrido aos serviços de saúde disponibilizados pelo Grupo Espírito Santo, mas acabou por optar pela Católica, o que lhe valeu acusações de favorecimento por parte de sectores ligados à Igreja Protestante. António José Seguro lamentou que Jesus não se tenha dirigido a um hospital público.

Fátimas e Holocaustos

Em nada me interessa a Igreja católica em si mesma. Porém, como cidadão, não posso ficar ao lado dos fenómenos que afectam, positiva ou negativamente, a sociedade e a humanidade. Desde há muitos anos que me arrepia o paganismo que se fabricou em Fátima, a monumental impostura que se ergueu no nosso país. Mas muito mais do que o paganismo me arrepiam os crimes de toda a ordem que estão na sua génese. [Read more…]

Santos da Igreja podem ser despedidos

As dificuldades financeiras da Igreja estão a lançar o pânico entre alguns santos, especialmente os que foram beatificados há mais tempo. Jesus, o CEO do Céu, terá declarado que “os santos mais antigos não souberam requalificar-se, acomodaram-se, viveram acima das suas possibilidades e, assim, nem Deus lhes pode valer.” Foi possível apurar que, na melhor das hipóteses, alguns desses santos poderão estar sujeitos à mobilidade, podendo ser obrigados a ser padroeiros de áreas inferiores. Santo António será um deles, face ao decréscimo de casamentos, e o próprio São Bento, tendo em conta a situação da Europa, está em maus lençóis.

A Alma

Um leitor deste blogue levantou uma questão interessante em reação à frase “viva a liberdade de podermos aqui no Aventar, por exemplo, dizermos o que nos vai na alma”. Ele perguntou: “E quem não tem alma, também pode escrever no Aventar?” Ora aí está uma bela pergunta. Fiquei a pensar nela. Fui ao dicionário consultar sinónimos de «alma»: ânimo, cabeça, consciência, espírito, coração, ideia, inteligência, mente, sentimentos, etc. A wikipédia, por seu turno, diz-nos que «alma» significa ‘vida’, ‘criatura’ e ‘o que anima’.

Podemos expressar-nos, seja de que maneira fôr, sem todos ou alguns daqueles requisitos? [Read more…]

DEUS existe? Tem que existir!

Há dias assim. E muitos dias assim, fazem muitas semanas assim! E com dias e semanas assim tudo fica assim assim. Ou antes pelo contrário.

A educação familiar trouxe-me a religião, a burocracia formal de um espaço social com muito pouco sentido. Uma coisa entre o chato e o bulorento. A igreja e não a família, claro.

Depois a idade trouxe leituras e conversas, reflexões, angústias e dúvidas. Viajei com a ciência até ao momento em que tudo começou, mas fica sempre a faltar o antes disso.

Sempre em cima do muro, entre o acreditar e o não acreditar, entre o querer acreditar e o querer desistir. A Céu pensou sobre isto há umas horas.

Pela razão ou pela emoção não cheguei lá. Mas quero chegar.

Mas está complicado – nos últimos dias tenho notado que ele anda particularmente distraído. Será que se eu falar com ele, ele me vai ouvir?

Deus (não) existe

Em 2010, a editora Aletheia publicou este livro de Antony Flew (1923-2010) e Roy A. Varghese.

O primeiro, é o filósofo britânico que ficou conhecido pela sua defesa do ateísmo por mais de meio século.

Esta obra é a “narrativa da conversão” de Flew, que abandonou o ateísmo aos 80 anos, afirmando: “não foi provocado por qualquer fenómeno ou argumentos novos. (…) Quando finalmente acabei por reconhecer a existência de Deus, não se tratou de uma alteração de paradigma, porque o meu paradigma permanece (…)”; “hoje acredito que o universo foi criado por uma Inteligência Infinita (…). Acredito que a vida (…) têm origem numa fonte Divina. [Read more…]

Não se pode servir a dois senhores

O Bispo do Funchal suspendeu um projeto de diálogo com ateus.
Este projeto, denominado Átrio dos Gentios, teve início em 15 Abril, mas ontem já não teve continuidade.
O desafio foi lançado pelo Papa Bento XVI e tem “congregado, em todo o mundo, nomes importantes da cultura, num espaço aberto ao diálogo inter-religioso e intercultural”.

Uma iniciativa interessante e enriquecedora para os católicos, esta de procurar conhecer a visão dos intelectuais ateus ou não-crentes sobre questões da fé. E a partir da qual todos saem a ganhar, num diálogo acompanhado de críticas construtivas!
Não sabemos ao certo se o Bispo, António Carrilho, terá decidido sobre pressão do poder regional, que não deve estar disposto a críticas duras por parte de padres como José Luís Rodrigues, que ontem estava destacado para uma celebração no âmbito da referida iniciativa. O mesmo sacerdote tem apelado ao governo regional que evite gastos supérfluos para ter mais dinheiro para o apoio social aos mais carenciados.

Foi uma coincidência? – Há quem não goste de ouvir a verdade.
Por que se suspendeu um projeto tão importante como este?
Sr. Bispo, não se pode servir a dois senhores. E o senhor sabe bem a qual deve servir.

Nas mãos de Deus

Pensei que hoje não fosse sair a sua crónica por razões óbvias. Mas Miguel Esteves Cardoso escreveu sim, depois de um dia de cão, talvez o mais longo das suas vidas: o dia em que Maria João foi operada a um tumor que tinha alojado no cérebro.

Ontem, MEC colocava a sua Maria João nas mãos dos médicos e cirurgiões. Entregava-lhes inteiramente a sua mulher, confiando cegamente, «que remédio».

Mas hoje, MEC confia-a a Deus, escrevendo-lhe uma carta: ” Ajuda a Maria João, se puderes. Faz o que só um Deus pode fazer”. [Read more…]

A negociante Isabel Vaz quer mais meninos

A quem tivesse dúvidas de que o encerramento de um maternidade pública em Lisboa é mesmo para arranjar clientes a mais uma ruinosa parceria público privada, a do Hospital Loures/BES, veio tirá-las a conhecida negociante de saúde Isabel Vaz:

Há mais pessoas a procurar o Hospital de Loures para realizarem abortos do que a marcarem consultas para terem filhos, disse (…) a responsável pela Espírito Santo Saúde, entidade que gere aquela unidade hospitalar. (…) “Isto não tem nada a ver com ser ou não católico”, destacou a responsável da entidade do Grupo Espírito Santo, lembrando que “a cobertura universal dos cuidados de saúde não é possível“.


Claro que não tem nada que ver com o facto de ser católica e de arengar em Fátima, os pruridos morais são desconhecidos num grupo do banco de Hitler e Pinochet; nasçam os meninos, haja clientes, o estado paga.

Diz ainda Isabel Vaz que “não existem doenças rentáveis, mas uma péssima definição de preços“. Quem afirmou que melhor negócio do que a saúde só o do armamento, com uma boa definição de preços e a graça do outro espírito santo fará IVG´s, eutanásias e curativos ao demo; em seguida uma peregrinação e uns terços bem rezados, a santa absolvição, e quando morrer vai para o céu ter com os anjinhos. Ámen.

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José Mattoso: a lição da História

José Mattoso, como muitos homens sérios, tem levado a vida a passar despercebido. Numa sociedade em que tudo se discute e em que todos discutem, é natural que haja demasiado ruído. Nesta entrevista, em contraste com esse mesmo ruído, é quase possível ouvir o timbre discreto da voz de um homem que sempre revelou uma enorme serenidade, o que não é incompatível com a clareza e a frontalidade.

Procurando não ser reaccionário, pratico um conservadorismo desconfiado, face a um mundo que ignora ou parece ignorar o valor da História como mestra da vida. Desde que, há uns anos, me apaixonei pela Idade Média, José Mattoso tornou-se uma referência fundamental. Hoje, e não só graças a esta entrevista, Mattoso é muito mais do que um medievalista; é um homem lúcido que reafirma o óbvio, como se pode confirmar nesta citação: “Os interesses corporativos viciam a democracia. O “governo do povo” não defende os direitos dos pobres e excluídos. Favorece quem já tem poder.”

Rusgas em Barcelos

Festa das Cruzes, Barcelos, 2012.

17 de Abril :: Feriado Nacional

O dia 17 de Abril deveria ser feriado nacional!

‘Sor Maria’ e a relação da igreja com as crianças

Sor MariaSabemos do requinte e da suavidade utilizados pelo Vaticano nas abordagens da pedofilia e  de outros crimes de eclesiásticos contra crianças. Todavia, os pecadores internos da ICAR, contra a família e as crianças, reproduzem-se como mosquitos em estábulo de animais. Agora,  de Espanha, pelo El País e La Vanguardia, chegam-nos notícias da ‘Sor Maria’, uma freira quase octogenária, considerada a primeira acusada de 1.500 denúncias de roubo de crianças, em todo o país.

A  religiosa compareceu ontem perante um juiz de instrução em Madrid e recusou-se a prestar declarações, conforme nos relata este trecho o ‘El País’:

Sor María Gómez Valbuena recusou-se, hoje, a depor perante o juiz por suposto envolvimento no caso de crianças roubadas e, portanto, continua a ser acusada pelo crime de detenção ilegal que originou a ordem de comparecer em tribunal. O Juiz Adolfo Carretero citou a depor como testemunhas os pais adoptivos da menina alegadamente roubada… [Read more…]

A Divina Razão.

Uma das coisas a que já me habituei, como católico, foi a ser discriminado. Hoje, ser católico é estar do lado errado da bancada, junto da equipa perdedora. Ser moderno é ser ateu, de Esquerda, totalmente liberal (em todos os sentidos do termo), amoral e amigo dos animais.
Primeiro vem a condescendência: como é possível que alguém se deixe enganar pela religião? Indivíduos cultos e inteligentes não veneram santos, nem adoram deuses. Deixam-se estimular pela Razão. Este super-homem racional, pretensamente asséptico no tocante ao ódio e à paixão é o primeiro a atirar as pedras. Dificilmente parará para pensar antes de disparar.
Depois vem o alvo Igreja. Ateus, agnósticos ou simplesmente ignorantes sabem tudo sobre a Igreja, mesmo sem serem crentes ou praticantes. Sabem tudo sobre o múnus dos sacerdotes e os fins das suas acções, alcançam mais longe no tocante  a liturgia e teologia. Se vêem ouro gritam logo: luxo! Se vêem padres gritam logo: pedofilia! Para eles britava-se as pedras das igrejas, derretia-se o ouro das alfaias e vendiam-se as obras de arte. O tecto da capela Sistina recortado para decorar museus ou habitações particulares ou a Pietá de Miguel Ângelo convertida em estátua de jardim. Com o produto da venda alimentava-se a fome no mundo inteiro, por um dia. E no dia seguinte, sem comida, nem arte, voltavam à carga. Porque o objectivo desta gente não é que a Igreja mude, tão-somente que desapareça. [Read more…]

De Joelhos Perante o Santo Sudário

Contrastes: a faustosa igreja e a miséria no mundo

Papa Bento XVI(2)

fome Darfour

O ‘Público’ publica  na 1.ª página uma indecorosa exibição do fausto papal. Na senda, aliás, do que desde há séculos é a abjecta exuberância de luxo do Vaticano. Bento XVI, como outros antecessores, salvaguardando João XXIII e João Paulo I cuja morte permanece envolvida em mistério, prolonga a imoralidade da ostentação da ICAR face aos fenómenos da  desumanidade em expansão no mundo.

As imagens documentam, pois, a ignóbil vida luxuosa do Vaticano, com um papa revestido a ouro; sabemos que calça sapatos ‘Prada’ de 4.000 euros.O desprezo é total pelos milhões de crianças a morrer de fome em África e em outras paragens, como provavelmente será o caso da criança de Darfour que, à míngua de alimentos, se nutre do que encontra. Dejectos que sejam.

Doutrinário do ultramontanismo no papado de João Paulo II, Bento XVI lançou uma série de apelos e condenações à violência, num exercício de mimetismo de contestações que a sociedade laica, desestruturada, também reclama aos quatro ventos. Porque a reclamação é espontânea e assente em sentimentos óbvios. [Read more…]

A Páscoa dos Mercados

Peter Paul Rubens, A Ressurreição, painel central, 1612

Cada tempo com sua religião. Agora que a fé no Mercado move relvas e petrifica coelhos, não sendo ao terceiro dia (é um deus com poucas pressas) vai ser portanto em 2013. Ou será em 2014? bem, 2015 é o ano a seguir a 2014, e aí, é essa a nova fé, ressuscitará a economia, trovejarão os investimentos, o desemprego será convertido em emprego como da água se milagra o vinho, o maná virá dos céus, cumpridas por nós pecadores todas as merecidas penitências com que fomos castigados por termos andado a pecar acima das nossas possibilidades. Sacrifiquemo-nos, imolem-se os pobres, aguardemos pois a ressurreição.

Ou como muito avisadamente usava dizer a minha avó, fia-te na virgem e não corras e vais ver o trambolhão que levas. Aplica-se a netos e aos povos.

Compasso Pascal

No Minho é assim, e amanhã é feriado a norte do Douro…

Marcação do dia da Páscoa

A cultura cristã na sociedade portuguesa é pouco informativa e muito alegórica. Quero com isto significar que a relação das pessoas com a Igreja e com o conhecimento e a informação em torno das “coisas” da religião são muito pouco conhecidas e boa parte da população desconhece elementos centrais da própria religião.

Não sou um estudioso da religião, nem pouco mais ou menos, mas sempre tive muita curiosidade em perceber algumas coisas, nomeadamente porque é que a Páscoa não é sempre no mesmo dia tal como o Natal. [Read more…]

“Jesus, traído por Judas, é preso”

Aconteceu hoje, frente à estação dos Correios em Tadim.

Hoje dá na net: Religulous – Que o Céu nos Ajude

Documentário e sátira. Produzido e apresentado por Bill Maher, um dos grandes cultores de stand-up nos Estados Unidos, dá-nos uma visão cáustica sobre a religião. Aconselhável apenas a crentes, a agnósticos e a ateus. Legendado em Português do Brasil.


Dominicanas de todo o mundo, uni-vos

O Colégio de S. José, em Coimbra, vai fechar. A crise toca a todos, e as freiras da Ordem Dominicana de S. Catarina de Siena não conseguem dar conta dos recados, tendo optado por concentrar recursos humanos nos colégios do Restelo e do Ramalhão, o resto é paisagem. O erário publico sempre pode poupar uns trocos, em Coimbra tinham o contratozinho de associação da praxe.

Deixo aqui a minha solidariedade com estas trabalhadoras vítimas de mobilidade forçada, sujeitas como estão a voto de obediência, por vezes ainda mais doloroso do que o da castidade (“de todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência“, rezava o Millôr Fernandes). Valha-lhes Catarina de Siena, santa padroeira da anorexia e madrinha desta cura de emagrecimento.

Depois da fé na chuva, agora o dom de deus

No discurso oficial, que Vítor Gaspar proferiu sem rodeios em menos de cinco minutos, fez referência às origens familiares que tem em Manteigas, aludindo aos ensinamentos da sua avó Prazeres, para quem a “todos Deus conferiu um dom que, chegado o dia, será posto ao serviço para procurar o ‘bem comum’”. As Beiras

Ainda corremos o risco de confundir o governo com um conclave religioso. Aguarda-se o processo de beatificação da troika e as peregrinações pelo crescimento do PIB. E eu a pensar que o deus deste governo era o mercado,