José Saramago. Escritor. Fez uma viagem a Portugal e escreveu-a. Numa altura em que se fala de turismo, turistas, economia, etc., esse livro deverá ser lido. Se aprendermos a conhecer este país, talvez o futuro possa ser diferente.

Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
José Saramago. Escritor. Fez uma viagem a Portugal e escreveu-a. Numa altura em que se fala de turismo, turistas, economia, etc., esse livro deverá ser lido. Se aprendermos a conhecer este país, talvez o futuro possa ser diferente.
Qual é que se acabará primeiro, o stock de medalhas ou de laranjinhas para condecorar?
Os alunos do 6º ano realizaram hoje a prova final de Língua Portuguesa (pdf) – também estão disponíveis os critérios (pdf). Há quem lhe chame exame, mas é de facto uma prova. Qual é a diferença? Ninguém sabe!
O texto inicial, um excerto de “A maior flor do mundo“, de José Saramago é uma boa escolha que é do conhecimento dos alunos, pelo menos de uma boa parte deles. No entanto, as perguntas de interpretação poderiam trazer algumas dúvidas, mas não eram, globalmente “complicadas”.
A gramática (ou lá como se chama agora!) tinha umas ratoeiras e a composição pretendia ser sobre um dia na Natureza. Não se compreende a limitação das 200 palavras, para duas páginas e meia. Isto é, os alunos só podiam escrever até 200 palavras, mas tinham duas páginas e meia para o fazer.
E o professor de matemática, autor do post, atreveu-se a comentar a prova de Língua Portuguesa porque quer dar o mérito a quem o tem. A equipa de Nuno Crato conseguiu fazer da Prova de hoje um excelente treino para a de matemática, da próxima sexta-feira. Pelo menos no que diz respeito ao trabalho em torno dos números naturais: 1,2,3,… até 200.
Houve miúdos que acrescentaram e outros que retiraram conteúdo à composição porque ainda tinham palavras para gastar ou a mais porque ainda tinham crédito, conforme o caso.
Com esta prova ficou claro que Portugal não precisa de mais exames, que até iriam ser uma despesa acrescida. O que Portugual precisa é de juntar muitos exames, num só! Uma espécie de PGA – Prova Geral de Aprendizagens.
Pense nisso caro leitor – um texto sobre animais. À volta do tema, perguntas de Química e de Biologia viriam depois da interpretação (língua Portuguesa). Uma contas sobre a descendência do animal, uma tradução para mandarim e estava feito! O Cratês educativo no seu melhor! Que vos parece?
Enquanto pensam nesta brilhante proposta, deixo-vos o vídeo do filme ” A Maior Flor do Mundo”.
O mundo seria muito mais pacífico se todos fôssemos ateus.
O DN apresenta hoje esta frase de José Saramago na primeira página da edição em papel, onde também se dá a notícia da abertura, amanhã, da Fundação Saramago (Lisboa).
Não me parece muito inteligente e reveladora de tolerância religiosa esta afirmação do Nobel da Literatura, que mais parece um convite ao ateísmo como o melhor caminho a seguir. Revela, na minha humilde opinião, egocentrismo: «eu é que estou certo». Está a pedir que sejamos todos iguais, que escolhamos todos do mesmo («se todos fôssemos»). E isso não é possível.
Assim como também não é de bom tom tentar convencer os ateus a converter-se a uma qualquer religião.
A fé em Deus ou a sua ausência é algo muito pessoal. Não se escolhe ser isto ou aquilo, acreditar ou não, sentir ou não a transcendência. Aceitar Deus na nossa vida é uma descoberta que acontece ou não a cada um, num dado momento, mais cedo ou mais tarde. Ou nem sequer acontece. OK! Não dá para ser crente ou ateu à força, penso eu.
Mas podemos aprender uns com os outros, mantendo-nos o que somos com autenticidade e verdade.
O DR RUI RIO É QUE SABE
.
O Ricardo Santos Pinto colocou um poste sobre a capa da revista Playboy que mostra uma figura (Jesus) debruçando-se sobre uma mulher desnuda. À volta uns títulos anunciando a morte e a obra de Saramago. A casa mãe da revista não gostou e Ricardo vê nisso alguma serôdia hipocrisia.
Não leio a questão assim, talvez devido à minha profissão, acho que tudo se resume ao negócio. E qual é o negócio da Playboy? É uma revista com uma bela aparência, com belas fotos de mulheres nuas, lindas de morrer, e com umas entrevistas às próprias que não aquecem nem arrefecem. É assim há 50 anos, e quem compra a revista sabe ao que vai, as mulheres que são fotografadas também e quem a edita, ganha milhões. Tudo transparente!
O Tuga, manhoso, não está com meias medidas, coloca Cristo e Saramago na capa e, a partir daí, faz de conta que vai analizar a polémica que sempre envolveu Saramago e a Bíblia. Quer dizer, está a vender gato por lebre, porque quem compra a PlayBoy sabe que o que encontra na revista são fotos de mulheres nuas, é esse o negócio!
Nos EU, bem ao mal (não é o que está em discussão) há negócios que ganham dinheiro a médio/longo prazo, cá no burgo a visão é a do curto prazo, sacar depressa e depois logo se vê, destrói-se um negócio num ápice, assim acabe o negócio e o empresário fique com os bolsos cheios de massa. Clientes, trabalhadores, fornecedores, para não falar de ética nos negócios, é coisa que não existe.
É por haver este respeito pelo negócio, pelos princípios que são aceites por todos, que as empresas onde há mercados competitivos, duram dezenas de anos, mudando sempre que necessário, mas sem truques manhosos que tiram credibilidade e confiança ao negócio.
Se eu fosse o gestor do negócio, o inventor desta capa “já tinha ido de patins”!
A morte de Saramago parece ter acordado ódios, rancores e invejas que jaziam latentes e adormecidos.
Escrevem-se artigos, fazem-se comentários em blogues, circulam e-mails que, como dizia Almada, se são portugueses me fazem desejar ser espanhol. Morar em Espanha é, aliás, uma afronta que muita gentinha não perdoa a Saramago. Ontem, um post num blogue a que não faço o favor de linkar deixou-me triste, muito mais triste do que revoltado, com a pequenez de alguns conterrâneos meus contemporâneos, com a maldade verrinosa perante alguém cuja obra lhes é indiferente e desconhecida, ainda que a ela depreciativamente se refiram.
Saramago era um homem perfeito? Todos sabemos que não, de homens perfeitos estão os céus e restantes paragens vazios.
Mas gente que não escreve quatro palavras seguidas sem dois erros ortográficos de permeio perora sobre o escritor e sua escrita.
Tipos que têm de Deus a imagem de um velhinho de túnica e barbas brancas sentado no cocuruto do universo, zelosamente velando por eles, dissertam sobre a falta de fé de Saramago.
Católicos convictos comparam a cremação a um acto de fé tardio e desejam que arda eternamente no inferno, sem remissão nem perdão.
Acríticos defensores das virtudes do neo-liberalismo chamam-lhe traidor por ter decidido atravessar fronteiras e habitar outro país.
Filhos que venderiam a mãe por três tostões acusam-no de avidez e ganância.
Indivíduos a quem não se compraria um carro em segunda mão falam do seu sucesso como produto, apenas e somente, de bem sucedidas campanhas de marketing.
Patetas que se curvam de inveja e bajulação perante um vencedor do terceiro prémio do totobola desdenham o Nobel de Saramago.
A lista continuaria se a mim próprio não agredisse.
Triste país, tristes filhos, fraca gente, alegre falta de escrúpulos e de vergonha.
Com a devida vénia transcrevo uma parte da carta de uma leitora do Público, Céu Mota de Santa Maria da Feira.
…Quero reter na minha memória estas palavras de Saramago :”Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar”. Quanto a mim é um dos melhores ensinamentos que nos podia deixar como herança. A sua obsessão por Deus, apesar de ateu, veio-lhe porque nunca parou de fazer perguntas, não parou de pensar.
Aliás, não foi o único. Vergílio Ferreira, outro escritor português, tambem ele ateu e candidato ao Nobel, escreveu uma obra que é intitulada precisamente, Pensar (1991)…” a grande obsessão do homem é dar um sentido à vida”…este último pensamento remete novamente para Saramago, numa frase que o Público deixou ocupar toda uma página: ” A nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida”.
Deus está muito na cabeça dos escritores ateus, mas tambem na dos cientistas. Alguns querem conhecer a “música de Deus”…recriar o momento do BiG_BANG e, quem sabe, a partícula elementar, a partícula de Deus”. Por seu turno, ” há neurocientistas que se propõem encontrar o ponto de Deus, no cérebro…
” a necessidade de se ser homem, ou seja, Deus, pela sonho da definitividade. É o sonho mais obsessivo (…)
PS: está no Público em “cartas à directora”, página 42!
Cavaco é useiro e vezeiro em não comparecer ou em não participar nas cerimónias nacionais que não lhe agradam , o que é profundamente lastimável porque não é isso o que se exige a um Presidente da República.
Enquanto pessoa nada a apontar mas como Presidente da República fica-lhe mal. Ainda há bem pouco tempo não quiz participar, apesar de convidado, na homenagem ao capitão de Abril Ernesto de Melo Antunes, um dos mais importantes heróis da revolução e seu ideólogo. Nunca o vi com um cravo ao peito nas cerimónias do 25 de Abril, e já deu cobertura a homenagens a vilões e fascistas.
Não fiquei surpreendido, mas a verdade é que Cavaco Silva, começa a ser uma “não presença” mesmo no que à vida política diz respeito, preparando meticulosamente a sua reeleição e deixando o país ao desvario , não tomando posição, navegando nas àguas calmas de quem não se deita ao mar .
Depois do “casamento gay” Cavaco não estaria nunca disponível para estar presente no funeral de Saramago, por todas as razões, como mostrou quando deu cobertura ao imbecil Sousa Lara, e agora perante o mau perder da Igreja Católica, ainda menos. Repito, não se trata do cidadão Cavaco Silva, trata-se do Presidente da República que não pode deixar-se limitar por razões de circunstância ou de ideologia pessoal.
Sou o Presidente de todos os portugueses, diz amiúde! É só isso que se lhe exige! Afinal, seja qual for a ideologia de cada um, Saramago é o único Prémio Nobel da Literatura Portuguesa e o segundo Prémio Nobel de um cidadão nacional!
PS: . Em cima as imagens são a Casa dos Bicos e a delegação da Fundação de José Saramago na sua terra natal.
(Peço desculpa de estar a meter, tantas vezes, a família ao barulho. Se os digníssimos responsáveis pelo Aventar discordarem, agradeço que me digam e acatarei todas as indicações. Desta vez é um pequenino poema de minha irmã, a escritora e poeta Eva Cruz).
(adao cruz)
Duas palavras a Saramago
Levantado do chão
como só os Homens de sonho se erguem
não há vida que te deite nem morte que te leve.
A lucidez esparsa em luz nas páginas dos teus livros
de mão dada com a terna dureza do teu carácter
há-de curar os olhos da cegueira
e abrir as palavras do teu Evangelho
às correntes límpidas dos rios
que regam a terra de sabedoria.
Não concordo absolutamente nada com a nota do Vaticano acerca da morte e da obra de Saramago, reduzindo os seus livros a um amontoado de axiomas marxistas-leninistas, de costas voltadas para o Homem e a sua Cruz. Sendo o que menos importa na vida e obra de Saramago a verdade é que o escritor em dado passo da sua vida colocou em causa o caminho “Marxista-Leninista” do partido de que era e continou a ser militante, sendo o primeiro subscritor de uma proposta para ser discutida num dos congressos do PCP.
Se há um fio condutor na obra de Saramago e a torna singular é, exactamente, a angústia de procurar que a Humanidade seja mais que a vulgaridade da vida terrena, com o seu cortejo de vaidades, mentiras, ódios e “ter” em vez do “ser”. Se em quase todas as obras essa procura é evidente, e fá-lo nos livros que afronta Deus no sentido de O questionar, de O colocar perante a evidência da obra imperfeira de quem se pretende perfeito, então o “Ensaio sobre cegueira” é uma prova insofismável.
Sabe-se que foi este livro que empurrou Saramago definitivamente para o Nobel. E que encontramos nós nesta obra, tão transcendente, para merecer ser traduzida em tantas línguas e ter chegado a uma grande produção de Hollywood? Todo um povo encontra-se de um momento para o outro cego, sem explicação possível, uma “cegueira branca” que não assusta e não angustia. Só uma mulher foge a esse destino trágico! Porquê a excepção? Porquê uma mulher? Vamos, descobrir ao longo da leitura, que esta mulher é mais que uma simples pessoa é um “SER”capaz de se “dar” aos outros, capaz de os “guiar”, de os manter no limbo da esperança, mostrar-lhes que o que perderam ( o material, o físico) nada é comparado com o que cada “ser” é capaz de descobrir dentro de si mesmo!
Hoje, no cemitério do Alto de S. João, quando a urna foi definitivamente tragada pelo fogo do crematório, mais do que nunca senti, que Saramago procurou toda a vida uma explicação, ou um final redentor para uma vida que lhe deu mais dúvidas do que certezas, e que não o preenchou, o que o levou à procura, escrevendo.
Uma grande obra literária tem sempre muitas leituras e aí reside grande parte da sua importância, mas que melhor homenagem se pode fazer a Saramago que entender esta sua angústia existencial , transcendental?
Andou o ateu Saramago, afinal, toda a vida à procura de Deus?
O Presidente da República Cavaco Silva não vai estar presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago.
Ainda bem. Também não faz falta.
Seja como for, evita aliar à hipócrita mensagem que enviou a hipocrisia da sua presença. Tanta desfaçatez junta seria insuportável. Todos sabemos o que Cavaco pensa de Saramago e o que lhe fez enquanto Primeiro-Ministro.
Para além disso, Cavaco sabe melhor do que ninguém avaliar a dimensão das personagens e admito que não se sinta bem a homenagear alguém da grandeza de Saramago.
Cavaco Silva sabe bem que daqui a 100 anos, quando se fizer a História de Portugal deste período, Saramago será… Saramago, comparável apenas a um Pessoa ou um Camões, enquanto que ele, Cavaco, não passará de um obscuro governante de finais do século XX e inícios do século XXI.
Onde um volume não chegará para lembrar Saramago, um simples rodapé será demasiado para contar quem foi Cavaco.
Há dois dias, ao associar-me à homenagem a Saramago do companheiro de blogue Pedro Correia, denunciei a hipocrisia de certas figuras do centro e de direita, a enfunar simulados desgostos pela morte de José Saramago. Tinha, pouco antes, assistido na SIC a declarações cínicas de uns quantos, incluindo um padre, a elogiar a obra e o escritor. Senti – aliás, qualquer espectador atento sentiria – haver falsidade nos rostos e nas palavras daquela gente.
O Jornal “i” anuncia, agora, que o Presidente da República não comparecerá ao funeral de José Saramago. Considero coerente e correcto. Na qualidade de PR, limitou-se a palavras circunstanciais: “O País perde uma referência cultural”; entendeu, e bem, distanciar-se para posição consistente com a deliberação anunciada pelo Subsecretário de Estado da Cultura, o amanuense Sousa Lara, de um Governo por si liderado em 1992 – tal deliberação impediu, como se sabe, a candidatura do escritor ao Prémio Europeu de Literatura, com o “Evangelho segundo Jesus Cristo”.
As divergências políticas e religiosas, em especial, não se extinguem com a morte de uma das partes. Ao PR é reconhecido o direito de exercer a prerrogativa da objecção de consciência. E fá-lo com dignidade demolidora para as palavras insensatas do Conselheiro de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, ao considerar que Cavaco não estará presente fisicamente, mas em espírito sim – isto, sim, exala cinismo por todos os orifícios!
O cidadão José Saramago, com quem tive o prazer de privar, partirá naturalmente com a presença daqueles que, em vida, o admiraram como homem. Mas a obra legada jamais o deixará partir definitivamente. O escritor será figura perene da História da Literatura Portuguesa. Goste-se ou não.
1975 – Saramago é nomeado director adjunto do DN. “Quem não está com a revolução, é melhor não estar no DN.” diz para os atónitos jornalistas e colegas. Em tempo de opções radicalizadas, os editoriais vinham ao serviço da facção gonçalvista do MFA. O saneamento de 30 jornalistas colou ao seu nome um rasto de polémica que o acompanhou sempre” – Publico de hoje.
Foi preciso lutar para termos uma democracia em Portugal. Primeiro contra a tentativa totalitária da esquerda, depois contra a tentativa totalitária da direita. Foi preciso lutar e foi preciso vencer, há nomes e rostos que estiveram de um lado e outro da barricada e isso não se esquece passando uma esponja de elogios inflamados.
Saramago foi um homem de susceptibilidades à flor da pele, mal tratado por um alucinado medíocre que esteve sub-secretário de estado da cultura, não mais perdoou ao país o que considerou um agravo . País, esse, onde vendia os seus livros e utilizava a língua mãe para escrever, foi viver para longe porque o país não era digno dele. Eu estou do lado do meu país, mesmo que tenha burros como o sr. Sousa Lara .
Inchei de orgulho por lhe ter sido atribuído o Prémio Nobel da Literatura , admiro a sua obra e fiz do Memorial do Convento um dos livros da minha vida. Nunca gostei de Saramago tambem porque perfilhava uma ideologia contra a qual luto e continuarei a lutar.
Mas é tempo de enterrar velhos sentimentos, não ódios, porque eu não perfilho ódios, mas também não tenho “santinhos” a quem dedicar as minhas preces.
É pois tempo de acabar. Descansa em PAZ José Saramago!
Começava a escrever este texto, ouvi a notícia que todo o mundo sabe. Às nossas 11.30 de ontem, 9.30 de Lanzarote onde morava, calava para sempre José Saramago. Bom ou não, este texto é para ele, além do escrito em Aventar e em Estrolábio.
A condição da criança dura apenas um instante. Um minuto das várias horas que estruturam o nosso ser histórico. Ser pai é um sentimento que parece durar até o derradeiro dia da nossa vida. [Read more…]
Amigo Saramago
Recebi, desde há umas horas atrás, alguns telefonemas e mensagens de amigos meus espanhóis que te adoram. Uma amiga minha dizia que a qualidade ou virtude que mais admirou em ti, e que mais a marcou, foi a lucidez. Concordo absolutamente com ela. E disse-lhe que tu morreste, segundo me informaram, em plena lucidez e consciência, sem qualquer medo ou surpresa em relação à morte. Foi assim e não podia ser de outra maneira, porque tu tinhas da vida e da morte o conceito antropológico, filosófico e de liberdade com que vivem e morrem os homens que não são homens vulgares.
E tu não foste um homem vulgar. Por isso me afligem as pessoas que te ignoram e odeiam, como ignoram tudo o que está para além da fronteira onde a sua mente não consegue chegar ou não quer chegar. Do ponto de vista literário, tu fizeste o que, até aí, ninguém fez, talvez depois do Padre António Vieira. Revolucionaste a literatura, quebraste a cristalização da literatura clássica como se tivesses feito explodir um fogo de artifício ao fim da página trinta ou quarenta do teu “Levantado do chão”. Criaste uma profunda influência na maior parte dos escritores portugueses actuais. E não só portugueses. Eu não sou nenhum especialista em literatura nem pretendo arvorar-me em tal, mas como tu pensavas, e bem, a literatura é uma espécie de “Casa de Deus” onde todos cabem e têm o seu lugar. Claro que “Casa de Deus”, aqui, a terás entendido como casa da arte. Deus nada tem a ver contigo nem comigo. [Read more…]
A propósito da mini-polémica que aqui se desencadeou sobre o universo dos blogues, entre o aventor Carlos Fonseca e o artista plástico Leonel Moura, lembrei-me de um artigo de Pierre Assouline que, em 26 de Janeiro passado, foi publicado no “le Monde des livres” sobre os escritores blogueres. Antes de mais, temos uma inauguração pessoal – resolvi adoptar o verbo blogar. Blogar – verbo transitivo (do inglês to keep a blog). Não sou pioneiro, outros já o utilizam há tempos. Mas vamos ao tema.
Segundo diz Assouline, são mais raros do que se pode julgar os homens de letras que blogam e por duas razões: uma boa parte deles não mantém qualquer convívio com o computador e com o universo que se encontra subjacente, e os que estão ligados à net depressa se apercebem de que a manutenção de um blogue representa um exercício de regularidade e um acréscimo de trabalho que obrigam a sacrificar todos os dias algumas horas do tempo de escrita. Assouline não o diz, mas eu acrescento que, além do tempo que se ocupa a redigir os textos, o vício de consultar o blogue diversas vezes ao dia, ler e responder a comentários, transforma-nos em blogo-dependentes.
Diz o jornalista francês que o facto de não ser meio a que os escritores se afeiçoem facilmente, constitui ainda mais razão para referir aqueles que não só se aventuram por esses caminhos, como dão também um prolongamento de tinta e papel ao seu diário on line, como é o caso de José Saramago, de 87 anos, e do romancista francês Èric Chevillard, de 46 anos. Não vou transcrever as entrevistas, disponíveis na net, apenas referir um ou outro aspecto do conteúdo do texto de Assouline. [Read more…]
José Saramago recentemente atentou para o facto da maioria dos católicos nunca terem lido a Bíblia. Que se lessem, ficariam chocados com o Deus que lá é apresentado: mau e vingativo (entre outros mimos).
Acontece que a Bíblia foi redigida bem antes de Cristo, pelo que a linguagem empregue e os conceitos dominantes devem ser entendidos à luz da rudeza de então.
Isto sem desprimor do direito que cada um tem de fazer uma interpretação literal da Bíblia. Ou do Corão. Ou seja do que for. Certo sendo que as interpretações literais dos chamados textos sagrados quase sempre são o que fundamentam as opções extremistas e radicais das correntes religiosas e que, não raras vezes, descambam para o terrorismo.
No entanto, a mim preocupa-me mais que a grande maioria dos portugueses não tenha lido a Constituição: um texto bem mais pequeno que a Bíblia, escrito de forma articulada e sistematizada, e com apenas 33 anos (curiosamente a idade com que Cristo terá sido crucificado).
Se os portugueses que nunca leram a Bíblia ficariam, segundo Saramago, chocados com o Deus que é lá retratado, eu estou certo que se lessem a Constituição, ficariam também chocados com o modo como andam a ser enganados há muitos anos e por tanta gente. Talvez não engolissem tanta coisa como parecem engolir. Barafustam, comentam, desdenham, mas a maior parte engole…
Acabei de ler no Público o artigo de Frei Bento Domingues intitulado “Tempo glorioso para a Bíblia”. Embora o assunto Bíblia-Saramago já cheire mal, gostaria, uma vez mais, e dado que se trata de um intelectual religioso do estatuto de Frei Bento, dizer algumas palavras. Claro que não gastaria um minuto a contestar réplicas de Pulido Valente ou Richard Zimler.
Várias vezes tenho dito que qualquer discussão que meta a fé como argumento, não interessa. Dá sempre em águas de bacalhau. Uma coisa é discutir a fé como fenómeno social, outra é discutir o que quer que seja usando o argumento da fé.
Está por de mais dito que não move a Saramago ou a qualquer ateu, o mais pequeno desrespeito pelo livro histórico chamado Bíblia, um livro redigido durante séculos, por dezenas de gerações, escrito por sábios e ignorantes, caldeado, alterado, adulterado e interpretado pelos diferentes poderes e interesses que atravessaram mais de um milénio. O que está em causa é que, para os crentes, há um deus por trás de tudo isto, um deus a pegar na mão dos que escreveram a Bíblia, enquanto para os ateus e não crentes, a Bíblia é um livro que tem o respeito que merece, mas não deixa de ser anedótica, quando é impingida como sendo escrita sob o desígnio de deus.
O que me revolta é o que se infere das palavras de Frei Bento e do clero em geral, isto é, a ideia fundamentalista da igreja de que só uma interpretação cristã sobre o sentido metafórico do Antigo Testamento, pode ser tida como profunda e culta, e que qualquer outra interpretação é ignorante e inculta. Ninguém fora da igreja tem a capacidade intelectual e os conhecimentos necessários para se atrever a discordar de suas excelências os sábios da fé.
Terminava dizendo que os não crentes, os ateus, os não criacionistas e os cientistas têm o mesmo direito de dizer que a capacidade intelectual e a cultura dos defensores das verdades bíblicas, nem de longe nem de perto é suficiente para entenderem livros como “A desilusão de Deus” e “O Espectáculo da Vida”, de Richard Dawkins, estes sim, livros profundamente credíveis, dificilmente contestáveis por quem quer que seja, livros aceites por praticamente todos os investigadores e cientistas mundiais, cuja capacidade intelectual está muito acima da que possa ser atribuída a qualquer mente, só pelo facto de ser crente ou ateia.
Embora não tenha consciência disso, a sociedade necessita do artista e da arte É a arte, entendida nos seus múltiplos aspectos, que leva o homem a compreender a realidade, e mais , a suportá-la e, até a transformá-la, tornando-a mais humana. A arte é indispensável. Sem ela a humanidade fica amputada e confinada à sua animalidade. Sem arte não há humanidade. Poderá haver robôs ou produtos da engenharia genética. Mas já não serão homens.
Enquanto houver seres humanos, a arte não morrerá.
|
|||||||
|
Naquele dia, Jesus invadiu os aposentos do Pai, gritando, com a pressa de trazer a Má Nova:
– Ó pai, ó pai, trago más notícias!
– Irra! Já ando há mais de dois mil anos a dizer-te a mesma coisa! Quando chamares por Mim, usas maiúsculas. Fazes favor, sais, e voltas a entrar como deve ser. Só não te fulmino, porque sei que ressuscitas ao terceiro dia.
Jesus encolheu os ombros e saiu. Com o mesmo entusiasmo, reentrou, clamando:
– Ó Pai, ó Pai, trago más notícias!
– Vês como és capaz? Diz lá, Meu filho.
– O Saramago anda outra vez a criticar a Igreja e a Bíblia.
– Saramago? Quem é esse?
– Aquele escritor que até escreveu um livro sobre mim.
– Com essa descrição, havemos de ir longe.
– É aquele português que, por causa de um senhor que disse mal desse livro, resolveu dizer que se exilava em Lanzarote.
– Ui, já Me lembro! Na altura, até pensei que se todos os portugueses com razões de queixa do governo fossem para Lanzarote, aquilo já tinha ido ao fundo. Mas, então, o homem disse mal da Igreja e da Bíblia? Mesmo que dissesse mal de Mim, qual era o problema? Até parece que não sou omnipotente. Mas, afinal, quais são as más notícias?
– É que o pessoal da Igreja e afins ficou logo todo encrespado.
– Pronto, já estou mesmo a ver! O rapaz Saramago comete o erro básico de falar de literatura como se fosse a realidade e o pessoal da sotaina cai-lhe em cima porque pensam que não se pode dizer mal do livro preferido deles.
– É um bocado isso, é.
– É o costume: têm a mania que falam em Meu nome. Se estivessem mais preocupados em dar a outra face em vez de se comportarem como membros de uma claque de futebol…! Mas tu, deixa-te estar, com aquela cena macaca de andares a bater nos vendilhões também lhes deste um rico exemplo.
– Ó pai, outra vez essa história? Até parece que não te fartaste de fulminar gente!
– Olha as maiúsculas, rapaz!
Heresia (do latim haerĕsis, por sua vez do grego αἵρεσις, "escolha" ou "opção") é a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros. A quem funda uma heresia dá-se o nome de heresiarca.
ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo.
A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros.
A quem funda uma heresia dá-se o nome de heresiarca. A definição não é minha.
O título deste texto, também não. O conceito está definido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Heresia é o título foi retirado de um Alerta Google, que me fora enviado pelo motor de pesquisa assim denominado, a pedido meu e que diz:Saramago advoga "direito à heresia"
Se a definição fosse minha começaria por dizer que heresia era uma opinião ou doutrina diferente às ideias recebidas. Por outras palavras, aprendemos uma ideia ou várias delas e pasamos a pensar de forma diferente em todos os campos do saber material ou ideal.
Heréticos seriam Karl e Jenny Marx e a sua família, que pensavam de forma dierente aos outros membros da família extensa. Família extensa que costumava pensar apenas em eles e não em factos sociais legais e religiosos que acnteciam en torno deles. O interesse deles era estar bem acomodados na vida tomar conta dos seus bens e ser sempre bem recebidos na corte do Rei da Prússia, ou do seu substituto, o Imperador.
A família Marx, de Karl e Jenny, não tinham essa pretensão. Conviviam com os operários, os convidam a sua casa e eram atendidos como se fossem Imperadores.
Era a heresia da família Marx e de vários outros de classe social aristocrata ou burguesa, como Engels, Owen, o Conde de Saint-Simon e o próprio pai de Jenny, o Barão Johann von Westpalen. A cosequência era evidente: o acesso aos seus iguais era-lhes negado.
Donde, a heresia não é apenas em matéria de ideias religiosas, é tambem dentro do campo social. É considerada uma heresia o texto publicado por mim ontem no Aventar, ao advogar pelo matrimónio homossexual. Várias opiniões foram exprimidas, de forma irónica sobre o direito a formar família. Como se a família fosse apenas pais e filhos e não duas pessoas que se amam, capazes de ou adoptar filhos ou de entregar esperma deles a ventres femininos alugados, como acontece hoje em dia e terem filhos próprios a partir de essa relação. Relação que não é herética por ser usada por casais heterosexuais que não podem formar descendência entre eles Há a heresia da liberdade de opinião. Leio no jornal de hoje que Saramago denomina a Bento XVI ou Ratzinger, um hipócrita, por não gostar da sua imagem e figura, acrescentando que o assunto não é com ele, é entre so fieis da confissão que ele governa, confissão que deve opinar, mas nada diz por ser Ratzinger um Papa, um representante da divindade na terra. Vê-se bem que a heresia, desta vez, é literária.
O Nobel português nem conhece a doutrina cristã nem sabe que Ratzinger basseia parte dos seus argumentos na teoria dos Marx. Heresia hipócrita: a seguir a sua opinião de como Marx entendia tão bem a alienação de bens e salário por parte do espólio ou despojos da guerra que a buguesia tem começado, desde o primeiro dia da Revolução Industrial, e os agumentos nos textos Ratzinger que era pena que Marx não fosse cristão.
Ignorância de Bento XVI. A obra de Marx está toda baseada na Bíblia e nos Evangelhos.
O primeiro escrito de Karl Heinrich, aí pelos seus 15 anos, era um texto denominado União dos Cristãos na base do Evangelho de São João. Ignorância de Saramago, quem diz ter assistido apenas duas vezes a missa ao longo da sua vida. É possivel ver que há vários tipos de heresia, todas elas definidas ao mencionar os factos narrados por mim neste texto. Duas outras heresias, é não ter falado do matrimónio homossexual das mulheres que têm os mesmos direitos que os matrimónios entre homens. Estou certo que quem defende o matrimónio homossexual, não discrimina géneros. Dentro dessa luta, somos todos iguais. Luta que para nós, pais, pode passar a ser uma heresia se não entendemos que existe e liberdade de amar. Amor que pode mudar ao longo da vida para os incertos: começam como heterossexuais, amando pessoas do sexo mal chamado oposto – outra heresia, não sou capaz de entender o facto de luta por serem homens e mulheres, excepto se já não existe paixão nem devoção e se muda de género para amar um igual. Como Freud tinha previsto.
O que não estava nada previsto, é a entrada à eternidade de Luís Miguel Pimentel Correia, de férias com amigos, adormece e nunca mais acorda. Um jovem alegre, simpático, amigo dos seus amigos amante da sua família, novo na vida que adormeceu para sempe. Uma heresia para os seus pais, especialmente a sua mãe que o teve, criou e ensinou durante 32 anos. Uma heresia que nos prega a vida sem sabermos como e porquê. Heresia imperdoável. Ele já não está, mas mata de desespero a sua família, longe dele. Família que não entra em heresia de desespero: estão estonteados pela inesperada dor que causa a morte de quem a não merece, em idade nova, cedo na vida.
Heresias há muitas, mas esta é a pior. Saramago tem todo o seu direito as heresias que entende, mas a desaparição não esperada de um jovem galã, é, de entre todas, a pior. Paz e serenidade para a família que nunca tem sido herética dentro de nenhuma das espécies descritas. Paz e amor e uma lei para apagar estas heresias que matam e que resultam das arrogâncias da luta de classes ou da ignorância, sempre transferida a outros. Luta de classes que levara ao Luís a ganhar a vida longe da sua terra e família.
Heresia, esta, de divindade maldosa, impossível de perdoar. Ratzinger e Saramago, fazem teatro de exibição. O Luís, antes o tiver feito: estava connosco. De uma maneia especial, sinto que o está…
Escultura de Gustaf Vasakyrkan em Estocolmo "Os santos triunfam sobre a heresia"
Caim conduzindo Abel à morte,
quadro de James Tissot
Não pretendo falar do livro de Saramago, apesar de ser de muito bom. Mas, de onde será que Saramago retirou a ideia de escever sobre Caim e incluir outras personagems e narrativas bíblicas? E de que seria a idia de por em debate a um escritor materialista com um sacerdote católico que carece de ideias materiais, mas está cheio de ideias virtuais?
E defino virtual à Hegel: é necessário pensar antes para identificar o objecto depóis. Hegel era presbítero e filosófo luterano, e académico na Universidade de Bonn e, a seguir, da de Berlim.
Mas o que interesa é esse debate: o livro está em qualquer livraria. Carreira das Neves, colega de Cátedra e de vários júris, apenas sabe falar de ideias apocalípticas e denegrir quem não sabe teologia. José Saramago, esse meu amigo de jantar com Jorge Sampaio na Presìdência da República e colega – se puder comparar, quem me dera – na escrita, com a humildade de todo escritor laureado, apenas é capaz de dizer: escrevi o livro, porque aconteceu.
Mas José Saramago é ribatejano e de partido político de esquerda e nos delicia com uma história romanceada da factos retirados dum livro, também cheio de ideias virtuais, mas que ele materializa.
Porquê?
Porque tem lido o livro primeiro da Bíblia cristã, intitulado Génesis, Capítulo 4, versiculos 21 a 26. É narrada a história de dois irmãos de sangue, filhos de pais injustiçados por terem desobedecido uma divinidade que está em todas partes, mas que ninguêm ve.
Apenas que, nos tempos Bíblicos, aparecia perante os seres humanos sob diversas formas e falava directamente com eles Divindade arrogante que tudo sabia e tudo punia se fosse desobedecido. Como aconteceu com os pais de Caim e Abel: Nascidos, ou,mais bem, criados no Éden ou jardím das delicias onde não era necessário trabalhar mas podia-se comer de tudo, excepto de uma ávore denominado da sabedoria, exactamente a ávore que os nossos progeniores foram buscar, como narra a Bíblia, mesmo livro, Capítulo 3, versiculos 3 a 24.
Não se espante o leitor: os denominados Escritos do Mar Morto, escritos em pergaminho, são capítulos muito curtos, que fui capaz de estudar por meio de aparelhos electrónicos – se são tocados, partem-se. Li por estarem preservados na minha britânica Universidade de Cambridge, escritos em Aramaico com tradução simultânea ao inglês e outras línguas.
Aí se diz que os filhos de pais desobedientes podem ter esse gene hereditário. Como aconteceu com Abel, o filho obediente, por ser pastor, oferece o melhor do seu rebanho ou porção de gado lanígero para apagar a maldição, enquanto Caim, por ser lavrador sacrifica o pior fruto da sua terra. Pergunta a divindade se está zangado com ela, Caim responde que não. A divindade refere que Abel tinha dado o melhor de si, e pergunta onde anda o teu irmão. Responde Caim: sou por acaso, guarda do meu irmão?
Esta especial predilecção é, no meu modo de ver e, adivinho,do José Saramago, o começo da luta de classes. Caim não tinha má intenção, apenas sentia dor e fraqueza por não ser o preferido nem dos seus pais nem da sua divindade.
Para ganhar sítio, tipo Comuna de París de 1871, quer ver desaparecer o rival e o mata. Como na França do Século XVIII, as relações de interacção pioraram: há revolução de operários da Associação Internacional, organizada por Jenny Marx, Karl Marx e Engels, os corpos são escondidos pela guarda imperial, como Caim esconde o corpo do seu irmão. Ele era guarda do seu irmão por meio da solidariedade fraterna, que nem Luís Napoleão nem Bismarch tiveram: matavam havia mais operariado para substituir.
Os revolucinários são banidos, como Caim que se ofende e diz que a punição é mais forte que o crime cometido: a terra envenenada pelo sangue do irmão nunca mais renderia frutos, como acontecera com os banidos na segundar revolução na França. Os subversivos tinham dossiers criminosos internacionais e não havia trabalho para eles, eram levados às cadeias. Como os filhos de Caim, até nascer o seu filho Enoch, e, daí em frente, até nascer o seu neto Me-thu’ shalem. Este viveu mil anos e acabou com a maldição por ser um homem soldário e amigo dos seus, bom pai e melhor marido das suas mulheres. Pelo que esta hitória da Caim ensina que a revolução é perigosa e dura imenso tempo, até ao dia que alguém acalma as desavenças, como Blanqui na França e a família Marx, no mundo inteiro.
Sem ler a Bíblia e textos marxistas ao mesmo tempo, é impossível mudar o fio da meada. Como fizeram o Sacerdote e o Escritor. Caim e Abel prenumciam a luta de clases, é o que me parece, que, queira ou não o autor, está contido na mensagem de Saramago em forma de livro, e nas palavras virtuais de quem nunca conhecera a pobreza, com Saramago conheceu, filho e neto de jornaleiros do Ribatejo, ele proprio, como Caim, a cultivar a terra com as sua mãos…até passar a ser serralheiro, em Lisboa. Conhece as vidas dos Caim, como se fosse a sua prória vida.
Será que Carreira das Neves a conheceu?
Será uma luta de classes o debate que vi e li, entre um betinho e um descosido a triunfar na vida, caso o Nobel seja um triunfo? Mas Caim não precisa de Nobels para o triunfo de um português.
Carreira das Neves, faça como Ratzinger, leia pelo menos a Ideologia Alemã dos Marx!
Li e pasmei. Manuel António Pina, homem das Letras, bem considerado, compara na sua habitual crónica no JN o Deus da Bíblia à personagem Ivone do «Caminho das Indias», interpretado pela actriz Leticia Sabatella.
É um herege, Manuel António Pina. E ainda por cima, não percebe nada de Deus nem do «Caminho das Indias». Devia ter vergonha!
O Carlos Loures ama a literatura, os livros, como a si mesmo (é Biblico e é verdade).
O Adão Cruz , abomina a sociedade do desperdício, da injustiça social e acredita que há sistemas de organização política da sociedade mais capazes.
O Luis Moreira e outros Aventadores, não esquecem que a vida pública de Saramago não é uma lição de cidadania, e não gostam do homem, pronto!
A ponderação destas três verdades levam à posição individual de cada um deles quanto a Saramago.
O Carlos, dá prioridade ao escritor que Saramago é, o Adão, dá prioridade ao comunista que Saramago nunca escondeu ser, e eu dou prioridade ao facto de Saramago ser um homem cheio de ódios e de problemas mal resolvidos, com a sua gente e o seu país!
Desengane-se quem julga que algum de nós se converte, ou que tomemos esta divergência, como insanável. Nem uma coisa nem outra. Ficamos assim!
Tinha prometido a mim mesmo não tocar mais no assunto. Mas o que li nestas últimas 24 horas foi de tal ordem, que a gente, por mais sereno que seja, não resiste. Ainda que amargurado, não por Saramago, que tem as costas bem mais largas do que eu, mas pelo facto de me ser custoso viver no meio desta vergonha e desta falsidade, voltei às teclas do computador.
C’est vraiment trop injuste… — Calimero *** Não pretendo meter foice em seara alheia, pois há abundante literatura acerca do fenómeno de não se aceitar um resultado negativo, na perspectiva de, obviamente (o obviamente é, por definição, indiscutível), sermos os maiores e, logo, se perdemos, como somos os maiores, é claro que fomos prejudicados por algum […]
Imagem composta, do telescópio espacial James Webb, que mostra a proto-estrela L1527 na gama dos infravermelhos dentro da nuvem escura (Fotografia: NASA, ESA, CSA, e STScI. Processamento: J. DePasquale, A. Pagan e A. Koekemoer (STScI)). Um corpo relativamente jovem, com apenas 100 mil anos. Mais detalhes: NASA, The Guardian.
A música
00:00 intermezzo (charlie spivak) 04:28 charmaine (mantovani) 08:35 melody of love (wayne king) 11:46 auld lang syne (guy lombardo) 15:15 body and soul (coleman hawkins) 18:54 poinciana ‘song of the tree’ (david rose) 22:48 do you believe in dreams (francis craig) 26:56 twilight time (three suns) 30:31 intermezzo aka ‘souvenir de vienne’ (wayne king) 34:39 orchids in the moonlight (enric madriguera) 39:12 warsaw concerto (freddy martin/jack fina) 43:24 deep in my heart dear (troubadours) 48:00 dancing in the dark (artie shaw) [Continuar a ler]
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
agora fazei o favor de ler o artigo do Henrique Burnay, no Expresso. Totalmente grátis.
li por aí que uma liberal acusou a IL de ter uma espécie de familygate na estrutura do partido. Estou chocado (NOT).
e até o sniper que queria abater o Marcelo foi apanhado. As forças de segurança funcionam, os juízes é que não querem prender larápios. Investigue-se.
Sabem quem é, no tal Conselho Estratégico Nacional do PSD (uma invenção do Rui Rio e que o Montenegro foi atrás) o responsável pela área da Cultura ? Por aqui vi tudo. Além do CV que está aqui, é comentador de bola num programa da CMTV.
Há um provérbio turco que reza assim “Se meteres um palhaço num palácio ele não se transforma num príncipe, mas o palácio transforma-se num circo”.
Parabéns Dr. Luís Montenegro!
Exército Americano estima que o plano climático custar-lhes-á mais de 6,8 mil milhões USD em 5 anos. Só podem estar doidos, a gastarem dinheiro em algo que não existe.
Ariana Cosme e Rui Trindade escrevem, hoje, dia da manifestação dos professores em Lisboa: «Está na hora de se reconhecer que este Governo e este ministro são, afinal, os melhores interlocutores que os professores e os seus sindicatos poderiam ter.»
diz o Der Terrorist.
Isto não é a Ribeira. E o <i> de Fontainhas não leva acento. É como o <i> de ladainha, rainha, grainha, etc. Siga.
“As autoridades *diz que sim”. Se as autoridades *diz que sim, estou mais descansado. Menos bola, menos precipitação, menos espectáculo, menos propaganda (“está a ser reposta a normalidade”…) e mais rigor, sff.
Nos últimos dias enquanto funcionário público, o CEO da Iniciativa Liberal cumpriu a promessa de tornar os liberais mais “populares”: agora chama-se Quim.
conduzido pelo Daniel Oliveira. O artigo no Expresso é aberto e merece ser lido.
o Presidente da República promulga o OE2023. Mas faz mal. Faz muito mal.
Em entrevista a Piers Morgan que sairá amanhã, Pedro Nuno Santos critica o seu anterior clube e diz que o cozinheiro do PS ainda é o mesmo do tempo do engenheiro Sócrates.
Se a renúncia ao cargo na TAP nos custou meio milhão, nem imagino a factura que virá com a demissão do governo. Que tal criar um imposto para acautelar o próximo job?
Andam para aí a dizer que Alexandra Reis recebeu uma indemnização milionária, mas a verdade é que mal chega para oferecer um Rolls ao marido.
Graças ao João Maio, percebi que o bidé é um tema da actualidade. Tenho opinião sobre o bidé (e sobre o urinol), mas, por razões higiénicas, não a manifesto.
desde que não fiquem por executar. Ou acabem num pavilhão transfronteiriço qualquer.
a selecção e a seleção. Efectivamente. Porque ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
Foto: Lars Baron/Getty Images.
Comentários Recentes