Gestão privada da coisa pública

Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens

Paulo Macedo, da Caixa Geral de Depósitos (CGD), antigo ministro da saúde do governo da Troika, está na RTP1 em conversa com Fátima Campos Ferreira.

Numa altura em que indemnizações milionárias a gestores públicos são tema de conversa, seria relevante perguntar ao Presidente Executivo da CGD o porquê de a Caixa ter pago, em 2018, 951 mil euros a um administrador para se ver livre dele.

Gostaríamos todos de saber.

A Caixa Geral de Depósitos pagou perto de 1 milhão de euros para destituir Pedro Leitão, administrador da administração de António Domingues e que Paulo Macedo não quis (…) 

E se forem todos culpados?

“Sou contra achar-se que todos os que passaram pela CGD são culpados” – Paulo Macedo

O encerramento da CGD de Almeida, o cobarde Paulo Macedo e um Governo que não é de Esquerda*

A Caixa Geral de Depósitos decidiu encerrar o balcão de Almeida, um dos municípios mais deprimidos do interior português.
Paulo Macedo, o gestor-maravilha continua assim uma política de cortes que é a sua imagem de marca por onde passou. Por isso foi convidado por este Governo: para cortar.
O problema de Paulo Macedo é que a cobardia está-lhe na massa do sangue. Todos nos lembramos como tremeu quando era Ministro da Saúde e um doente se passou em pleno Parlamento por causa dos medicamentos para a Hepatite C. Dias depois, aí estavam os tais medicamentos milagrosos que durante anos não apareceram. Antes que alguém lhe chegasse a roupa ao pelo.
Nos últimos dias, porque um cobarde será sempre um cobarde, recusou-se a receber o Presidente da Câmara de Almeida e mandou em seu lugar um subordinado. Este tipo de gente é assim e só vai ao sítio à base de pancada.
Ouvi na TSF António Baptista Ribeiro a falar do luxo e da ostentação da sede da Caixa em Lisboa e tem toda a razão: aquilo dava para pagar não sei quantos anos de funcionamento do Balcão de Almeida e de todos os outros balcões encerrados.
Quanto ao Executivo, mostra uma insensibilidade social digna de um Governo de Direita. [Read more…]

Paulo Macedo: do elogio ao governo à presidência da CGD

pm

Já a polémica em torno das declarações de rendimentos da administração da CGD liderada por António Domingues tinha rebentado, surgia uma notícia no DN que dava conta de críticas tecidas pelo ministro da Saúde do anterior governo, Paulo Macedo, que condenava o “ruído enorme” que estava a ser feito em torno das propostas fiscais inscritas no OE17:

Temos um cenário em que há criação de novos impostos, mas sem ser a criação desses novos impostos, há de facto uma estabilidade no resto das outras medidas fiscais comparando com outros orçamentos. Mas, em termos de ruído, tivemos um ruído enorme que afeta os investidores e sobre isso não há nada a fazer.

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PAF-PAF num país em recuperação (2)

Alemanha interessada em enfermeiros e paramédicos portugueses, diz Paulo Macedo. (Julho 2015) “Ah e tal, nunca incentivámos a emigração”.

PAF-PAF num país em recuperação

Astérix-et-PAF“Nós temos limitações óbvias do ponto de vista constitucional para lidar com o problema dos salários.” (Passos Coelho, Julho 2015)

Portugal debaixo da mira da Philip Morris

Uruguay's president-elect Jose Mujica celebrates winning the presidential run-off election in Montevideo

Foto@FPIF

Num momento de radicalismo singular, quiçá inspirado pela data ontem assinalada, quero hoje endereçar os meus parabéns ao governo português, na pessoa do ministro Paulo Macedo, pelas medidas aprovadas esta semana no âmbito do combate ao consumo de tabaco. Proibição total de fumar em espaços fechados, aumento do tamanho das advertências relativas aos malefícios do consumo, onde frases como “Fumar Mata” serão substituídas por imagens dissuasoras, e a eliminação de aspectos de “natureza subjectiva” como as opções “light”, “mentol” ou “suave” passam a ser proibidas.

Nada disto é novo. Todas estas e outras medidas foram já implementadas, por exemplo, no Uruguai, pela mão do enorme Pepe Mujica. O país, considerado um exemplo na luta contra o tabagismo, enfrenta por isso um processo da tabaqueira Philip Morris, que considera as medidas em vigor no país como violadoras de um tratado de investimento entre a Suiça e o Uruguai. Façamos votos para que nenhum tratado de investimento desconhecido coloque os lucros de uma qualquer tabaqueira acima do superior interesse da saúde pública.

Triplo boy

Paulo Macedo nomeia militantes do PSD pela terceira vez no espaço de um ano” (Público)

A canibalização do SNS

Valongo

Foto@Adriano Miranda/Público

Apesar dos constantes elogios ao ministro que já foi Director-Geral dos Impostos e que acabou por ir parar à Saúde, a verdade é que casos recentes colocaram a sua gestão debaixo de fogo. Mortes nas urgências, o triste episódio da escassez de medicamentos para tratar a Hepatite C, episódio esse que nos permitiu perceber que o primeiro-ministro valoriza mais o cumprimento do plano de ajustamento do que a vida da plebe, ou o declínio do SNS, apesar da propaganda regurgitada por Pedro Passos Coelho, são apenas alguns indicadores da situação dramática que se vive em Portugal. Para aqueles que não podem pagar o sector privado claro.

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Ironias fiscais e desculpas esfarrapadas

evasão fiscal

Corria o ano de 2005 e Rudolfo Rebelo, à data jornalista do DN e hoje assessor económico de Pedro Passos Coelho, denunciava em primeira mão o incumprimento fiscal de Paulo Macedo, à data Director-Geral dos Impostos, hoje Ministro da Saúde. Perante a acusação, Macedo escudou-se por trás de uma das desculpas esfarrapadas que o primeiro-ministro usou no início desta polémica, alegando não ter sido notificado.

É irónico que o director-geral de Impostos entre em incumprimento fiscal e alegue a ausência de notificação para justificar a situação. Igualmente irónico é o facto de Passos Coelho ter hoje um assessor que denunciou uma situação muito semelhante àquela que agora coloca o primeiro-ministro em xeque. Mais irónico ainda é saber que, não contente com as justificações de Paulo Macedo, Rudolfo Rebelo citava, em artigo publicado no DN à data, um especialista em direito fiscal que afirmava que “os contribuintes, pelo facto de não receberem o aviso não têm desobrigação fiscal de pagar” e, indo ainda mais longe, referia também que “um diretor de impostos tem especiais responsabilidades e tem de permanecer acima de toda e qualquer suspeita”. O mesmo se aplica, claro, a um primeiro-ministro. Imagino o tormento de Rudolfo Rebelo quando confrontado com o calote passista.

É caso para perguntar: onde estava este senhor enquanto o primeiro-ministro se ia enterrando, declaração esfarrapada após declaração esfarrapada? Tanta trapalhada que poderia ter sido evitada pelo assessor Rudolfo…

Momento de humor: Luís Montenegro fala sobre dignidade

Luís Montenegro mostrou-se desagradado com a intervenção de José Carlos Saldanha na Comissão Parlamentar de Saúde, tendo declarado que esse episódio “não dignificou o trabalho parlamentar”.

Na minha opinião, no entanto, o que verdadeiramente não dignifica os trabalhos parlamentares é termos uma maioria de deputados, para não dizer a totalidade, que está na Assembleia da República para votar, dar a pata e rebolar, de acordo com as ordens das direcções dos partidos, quando foram eleitos para representar o povo.

O que verdadeiramente não dignifica os trabalhos parlamentares é termos deputados que conseguem afirmar que as pessoas não estão melhores, ao contrário do país, que, esse sim, está muito melhor, como se fosse possível um país ser o contrário dos cidadãos.

O que verdadeiramente não dignifica os trabalhos parlamentares é termos deputados que pensam que os problemas pessoais dos cidadãos podem condicionar o desempenho do trabalho parlamentar, porque, para estas gravatas amestradas, esse trabalho, já se sabe, não é resolver os problemas dos cidadãos.

O que verdadeiramente não dignifica os trabalhos parlamentares é haver um deputado que pensa que os dramas pessoais não devem ser levados para o “seio do debate político”, porque, para estes cabides de fatos caros, o debate político e parlamentar deve estar o mais afastado possível dos dramas pessoais, essas coisas que levam os doentes a gritar que não querem morrer e outras incomodidades.

O que verdadeiramente não dignifica o trabalho parlamentar é termos Luís Montenegro a chefiar uma das bancadas parlamentares.

Havia necessidade? Governo de cobardes!

Bastou o homem apontar-lhe o dedo e dizer que o ia encontrar. O medicamento já está a caminho. Shame, shame, everybody knows your name!

Da colecção O governo que destrói recursos humanos (5)

Hospitais atendem cada vez mais grávidas com fome

Ter saúde está acima das possibilidades

Ministro da Saúde diz que portugueses consomem “medicamentos a mais”.

Saúde: custos das PPP agravados em 6 mil milhões de euros

O ‘Correio da Manhã’ saiu hoje para as bancas com o seguinte destaque de 1.ª página:

Correio da Manhã_28-07-2013(2)

Trata-se, como é sabido, de um jornal sensacionalista, suscitando dúvidas quanto à credibilidade de títulos de primeira página. Todavia, nem sempre especula sem sentido. Certas vezes, recorrendo a provas dignas de confiança, acerta na ‘mouche‘, como é o caso do descontrolado e pesado gasto não previsto com as famigeradas PPP no sector da saúde, dominadas pela HPP (CGD), Grupo Mello, uma sociedade gestora herdeira da SLN do BPN e, para completar o cartaz, o grupo Espírito Santo Saúde, dirigido por essa ardilosa e insolente figura, Eng.ª Isabel Vaz.

Desta vez, não há, de facto, dúvidas, menores ou maiores. O CM baseia-se no Relatório nº. 18/2013 – 2ª. Secção do Tribunal de Contas, de conteúdo pormenorizado, e até exaustivo, que em 347 páginas descreve, avalia e recomenda acções do governo sobre as Parcerias Públicos Privadas no Sector da Saúde.

Os resultados para os cofres públicos, conforme o TC justifica, saldam-se por enormes gastos, tomando por base os custos previstos face aos custos reais para o Estado que, como diz o CM, se reflectem em encargos adicionais de 6 mil milhões de euros.

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Assembleia do absurdo

AR_4julho2013

Paulo Macedo responde às perguntas sobre a actual política financeira do Estado (austeridade e sustentabilidade da dívida pública) com respostas sobre a obra já feita pelo seu Ministério. Isto no âmbito de uma interpelação ao Governo em que também os partidos da coligação que governa aproveitam a cobertura mediática para fazer propaganda (perguntando e respondendo).

A Grândola em Coimbra terá mais encanto

grandola coimbraA poucos metros da casa onde onde o Zeca viveu, será um prazer redobrado dar a Grândola a quem prefere tunas. Vamos cantar à saúde.

A vez de Paulo Macedo

Não cantou no Festival da Canção de Grândola, prefere música fúnebre.

Mas menos famílias

O que queremos é que haja mais médicos de família“, assegura Paulo Macedo

Da série ai aguenta, aguenta (13)

Governo vai cortar mil camas nos hospitais do SNS. Num país em que há doentes internados em macas.

Há mortos a menos

“É doce e decente morrer pela pátria.”
Horácio, Odes, III.2.13

O governo já deu vários sinais de que quer contribuir para que haja mais portugueses a morrer, o que é coerente com o incentivo à emigração, já que partir é morrer um pouco.

Que os doentes que insistem em permanecer vivos, na Guarda, sejam obrigados a partilhar o seu espaço ainda vital com os falecidos parece-me uma boa medida. Deste modo, o doente terá ocasião de apreciar as vantagens de se ser cadáver: na realidade, haverá melhor analgésico do que a morte? [Read more…]

Técnica revolucionária em Medicina: a caçadeira pode substituir o bisturi

É evidente que não se podem tomar decisões executivas sem se ter em conta os gastos, as despesas, sem se fazer contas, enfim, como acontece com qualquer um de nós, todos os dias. Este governo, no entanto, aproveitando, aparentemente contrariado, o desastre socrático, transformou a despesa no único critério das decisões. O resto é Carnaval, com máscaras de má qualidade. [Read more…]

Fumar no carro

Fumar no carro com crianças vai ser proibido

Pátria homicida

Idosa morre à espera que dois hospitais decidam quem a deve tratar

A ser verdadeira esta notícia, não há dúvida de que vivemos num país acima das nossas possibilidades, porque não há possibilidade de sobreviver num país em que os mais frágeis morrem em nome do pagamento de dívidas criadas por gente sem escrúpulos e pagas por outros com os mesmos escrúpulos.

A História que o marcelismo me vendeu na Escola Primária falava-me de heróis que tinham morrido em nome da Pátria ou de Deus, mas, na altura, eu era um alvo fácil da propaganda.

Hoje, vejo poucos heróis e fico-me por carrascos e vítimas. A mulher de 79 anos que morreu em Chaves é vítima de um homicídio e o culpado é um país incapaz de se equilibrar entre interior e litoral, entre ricos e pobres, entre deve e haver.

Matámos uma mulher de 79 anos. É o que fazemos aos idosos lá do interior.

SNS: A reforma à Macedo (IV)

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A equipa nomeada pelo ministro Macedo, para a reforma da saúde, propõe uma solução de ‘lista de espera’ hermeticamente fechada e eterna. O doente, depois de registado, nunca mais será esquecido. Vivo ou morto, não interessa.

SNS: A reforma à Macedo (III)

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A equipa de Paulo Macedo incumbida da reforma decidiu que os exames de ‘Raio X’ têm que ser pagos no momento do acto médico. A imaginação para cobrar dinheiro aos doentes é ilimitada – sejam pobres, remediados ou ricos. Os equipamentos de imagiologia passaram a dispor de ranhura para a introdução da moeda. O doente inspira e paga em simultâneo, evitando trabalho burocrático. De resto, já foi solicitado à SIBS para instalar também um sistema de pagamentos com cartões de débito (multibanco). É o progresso. Nada de lamúrias, seus piegas.

SNS: A reforma à Macedo (II)

reforma do SNS (2)

A equipa do Ministro Paulo Macedo é constituída por génios. Prova de que estão atentos à necessidade de racionar, é o recurso a um sistema de sorteio na distribuição dos medicamentos. O que há é pouco e o medicamento como prémio é dado a quem a sorte aleatoriamente contemplar. E os outros? Sofrem e possivelmente alguns morrem. Sem remédios, não há outro remédio.

SNS: A reforma à Macedo (I)

reforma do SNS

A equipa do Ministro Paulo Macedo está a desenvolver soluções muito inovadoras. A colaboração entre doentes e profissionais de saúde é um dos pilares essenciais, como a imagem comprova. Há partilha do trabalho, mas não da doença.

Quer-se Tratar?

Pergunte-lhe Como.

Assuntos de mercearia

Lembro-me bem de um merceeiro, que, por razões que nunca consegui estabelecer, volta e meia embirrava e dava-lha para conferir primeiro o dinheiro que o cliente levava consigo, e só depois aviar o pedido: –  “Mostra lá dinheiro, rapaz!”, ordenava de dentro do balcão. A chamada grande distribuição acabou por lhe roubar a clientela: ali não só se vendia mais barato, como também só se pedia o dinheiro no final, na caixa.

O merceeiro de serviço no ministério da Saúde decidiu aumentar brutalmente as taxas ditas “moderadoras”, adiantando uma atenuante, nunca devidamente quantificada: mais gente será abrangida pelas isenções. O aumento entra em vigor a 1 de Janeiro; mas, conforme se pode ler de uma informação prestada pelo ministério, o diploma que “estabelece os critérios de verificação da condição de insuficiência económica dos utentes para efeitos de isenção de taxas moderadoras” só foi publicado a 27 deste mês, e ”o formulário online ainda não se encontra disponível no Portal da Saúde”. O formulário é que, depois de preenchido por algum técnico superior de entendimento e confirmado pelas chamadas entidades competentes, a bem da nação, entenda-se, será sujeito a aprovação “de quem de direito”, também a bem da nação. Ou seja: a 1 de Janeiro toda a minha gente mostra o dinheirinho à entrada dos estabelecimentos do SNS, ou então não há consulta para ninguém. A sorte deste merceeiro é que ele gere uma mercearia não sujeita às leis da concorrência, e se der prejuízo os clientes é que pagam – não ele, que tem uma reforma dourada à espera, no grupo Mello ou no grupo BES, os grandes beneficiários do ataque cerrado ao Serviço Nacional de Saúde.

Carlos de Sá