Iniciativa Liberal, partido de protesto

Quando Lula veio a Portugal, o lado mais juvenil da Iniciativa Liberal veio à tona e deixou clara a sua natureza de partido de protesto. Não há nada de depreciativo nesta avaliação. Ser um partido de protesto é tão legítimo como ser um partido de poder. E tende até a causar menos dano à nação.

No entanto, esta semana, os liberais portugueses regressaram ao jardim de infância, a propósito da vinda do presidente cubano a Portugal. Mostraram, sem rodeios, que as suas motivações ideológicas se sobrepõem à diplomacia. Uma vez mais, nada contra. A IL existe num país livre e democrático e tem todo o direito de se exprimir e agir como bem entender. [Read more…]

Lula da Silva e o Ocidente virtuoso

“É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz. Pa’ gente poder convencer o Putin e o Zelenskyy de que a paz interessa a todo o mundo e a guerra só está interessando por enquanto aos dois.”

Foi esta a declaração de Lula da Silva que causou indignação cirúrgica, sobretudo entre a direita radical. Para a extrema-direita terá seguramente sido indiferente. O grosso dos seus aliados, como Orbán, Salvini ou Le Pen, sempre foram próximos de Putin e até receberam financiamento do Kremlin para a sua actividade política. E o circo já estava a ser montado. Já Montenegro foi cauteloso, e teve, a meu ver, sentido de Estado. Porque sabe, ao contrário dos restantes, que existe uma forte possibilidade de ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. E, como tal, percebe a importância das relações diplomáticas com o Brasil. [Read more…]

O Estado de Direito não é negociável, senhor primeiro-ministro

É evidente e inquestionável, pelo menos para mim, que o respeito absoluto pelo Estado de Direito tem obrigatoriamente que ser condição sine que non, não para ter acesso ao bailout pandémico da UE, mas para integrar o projecto europeu. É até mais importante, mais indispensável para a pouca cola que ainda une este espaço de democracia liberal, onde a liberdade de expressão, o direito a exercer jornalismo livre ou a possibilidade de pertencer a movimentos associativos e sindicais são direitos invioláveis e inalienáveis. Não é coisa pouca, e basta olhar à nossa volta para perceber isso mesmo. Vivemos numa bolha de privilégio. Um privilégio pelo qual devemos lutar. Por nós e pela sua expansão a outros povos.

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Amar pelos embaixadores

Fotografia: Manuel de Almeida@SIC Notícias

Imaginem o comentador Marcelo, à mesa da TVI com a Judite de Sousa, a comentar esta tirada do presidente Marcelo, durante a condecoração dos irmãos Sobral:

[Salvador e Luísa Sobral são] “embaixadores mais qualificados e mais eficientes do que a generalidade da nossa diplomacia

Havia de ter piada. Quem não achou piada foram os diplomatas, que, recursos estilísticos à parte, foram tratados abaixo de vencedor da Eurovisão, o que em muitos casos não anda muito longe da verdade, ou não estivesse a diplomacia portuguesa bem artilhada de boys partidários, apesar da sua boa fama internacional. Será que o presidente Marcelo se safava com nota positiva?

Agir com base na solução e não na prevenção – a actuação diplomática portuguesa no caso de Almaraz

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros Português retirou a queixa que mantinha desde dia 16 de Janeiro contra o governo espanhol na questão de Almaraz. Em troca da retirada da queixa, o governo espanhol concordou em tomar algumas medidas provisórias (não avançar com o processo de construção enquanto nos próximos 2 meses não ceder toda a informação sobre o assunto ao governo português; técnicos portugueses e da Comissão Europeia irão realizar uma vistoria técnica à central), o que levou o Ministro Artur Santos Silva a declarar-se disponível para realizar uma nova queixa se o governo português entender daqui a 2 meses que continua a ter motivos:

“Ao fim dos dois meses, faremos o balanço. Se Portugal entender que continua a ter motivos para que a queixa prossiga o seu curso, a mesma mão que assina a carta a retirar a queixa, assina a carta a repô-la” – retirado aqui.

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Era uma vez em Portugal

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Marco Faria

Três rapazes, dois dos quais vieram de muito longe, dizem que da Mesopotâmia, quiçá num tapete voador e estudavam aviões em Ponte de Sor.
São filhos do embaixador do Iraque.
Os gémeos, não sei se verdadeiros ou falsos, eram descendentes de um reino de “fakirs”, e desde o saco amniótico que sabiam manejar a arte dos sabres, e deram um enxerto de porrada a um adolescente da Ibéria, tendo este ido parar aos cuidados intensivos de um hospital da cidade de Ulisses e submetido a coma induzido pelos melhores físicos do seu tempo. Foi uma noitada em que todos se lembravam do que ocorrera no Verão passado, 18 de Agosto de 2016. [Read more…]

We call it diplomacy, Minister!

Política: profissão sem preparação!

Canção De Natal 12 Dias da Wikileaks, Por Zina Saunders

O Vídeo.

A Lírica

On the first day of Xmas, WikiLeaks gave to me:
A [redacted] in a [redacted] tree.

On the second day of Xmas, WikiLeaks gave to me:
Two maids a-suing
and
A [redacted] in a [redacted] tree.

On the third day of Xmas, WikiLeaks gave to me:
Three Gitmo manuals
Two maids a-suing
and a [redacted] in a [redacted] tree.

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Hoje há wikileaks, pânico nas embaixadas

Hillary_Clinton Hoje à noite deverá ter início mais uma operação Wikileaks: 250 000 memorandos da diplomacia dos Estados Unidos, de e para as suas embaixadas.

Hillary Clinton contactou pessoalmente diversos governos (pelo menos a Inglaterra, Israel, Austrália, Noruega, China, Dinamarca e Canadá) numa tentativa de antecipar e minimizar os prejuízos, que podem ultrapassar em muito as denúncias passadas de crimes de guerra no Iraque e Afeganistão. Sendo a diplomacia a arte da hipocrisia em todo o seu esplendor, promete.

Em Portugal, país que esteve ameaçado de invasão americana em 1975, ficaremos talvez a saber o que o império pensa realmente de nós. Desconfio que vai ter piada.

Kissinger- Clínton

Kissinger-Clinton

A Newsweek traz um diálogo entre Kissinger e Hillary Clinton. Tudo paleio de chacha, daquele que estamos fartos de ouvir desde Nixon e mesmo antes. A conversa de Kissinger cheira a ranço. As tretas de Clinton cheiram a requentados em micro-ondas.

Mas numa coisa, apenas, me detive. Diz Kissinger, aquele Nobel da Paz (?!), amigo de Soares, que foi um dos principais responsáveis pelo vergonhoso e sujo golpe do Chile, e pelo assassínio de tanta gente bem intencionada, boa e pacífica, que, terminar a guerra, passou a ser considerado, segundo muitos, como a retirada das forças, única estratégia de saída. Ou então, segundo este santo estratega, após a vitória pelas armas, ou a vitória decorrente da diplomacia ou da extinção da guerra a pouco e pouco.

Coitados, andam todos a tentar sair de cara lavada, desta fossa onde se enfiaram e enfiaram o mundo. Mas não há detergente capaz de limpar a merda que vão deixar nas páginas da história. [Read more…]