Portugal no seu pior

Há quem tenha ficado surpreendido com os esquemas de favorecimento por parte dos autarcas a familiares e amigos, quanto ao tratamento prioritário recebido na reconstrução das casas destruídas pelo incêndio em Pedrógão. As coisas são o que são, a cunha, o favor, estão enraizados na sociedade portuguesa, seja para perdoar uma multa, conseguir um emprego ou receber um subsídio. Isto tem a mesma lógica do tal dirigente partidário que tem uma dezena de familiares a trabalhar na função pública. E pior, poucos se escandalizam e raramente existem consequências resultantes de tamanha promiscuidade. Poucos acreditam em coincidências, mas quase todos assobiam para o lado.
Os anos da troika foram uma oportunidade perdida para diminuir o número de municípios, timidamente diminuiu-se o número de freguesias, porque é sempre mais fácil cortar na arraia miúda para continuar a pagar aos caciques. Mas até isso já querem reverter, porque apesar dos números apontarem que o desemprego está a diminuir, alguns boys ainda aguardam colocação.

Incêndios: António Costa tem as mãos sujas de sangue


António Costa que nos poupe as lágrimas de crocodilo.
Nesta tragédia dos incêndios, em que todo um país deixa andar durante décadas, ele é o principal responsável. Porque é o primeiro-ministro. Mas não só.
Foi ele, enquanto Ministro da Administração Interna, que extinguiu a carreira de guardas florestais – a mesma carreira que, já como primeiro-ministro, se recusou a reactivar. Foi ele, naquele mesmo ano, que recusou a implementação de um ambicioso Plano de Protecção da Floresta que apostava sobretudo na prevenção dos incêndios – a tal prevenção que 10 anos depois lhe enche a boca diariamente. Agora é que vai ser.
Já como primeiro-ministro, escolheu para a Administração Interna uma ministra sem qualquer peso (de falta de peso, valha a verdade, não podem acusar o futuro titular da pasta) e cuja imagem de marca, comentava-se nos circuitos socialistas antes ainda da tomada de posse, era a incompetência.
Escolheu-a e manteve-a, mesmo que após Pedrógão não tivesse quaisquer condições políticas para continuar. Graças à sua cobertura, os meios de combate aos incêndios foram reduzidos de forma drástica quando vinham aí condições meteorológicas extraordinárias. O sangue de mais de 100 portugueses está nas suas mãos e nenhuma das suas lágrimas o conseguirá limpar.
Relativamente à Esquerda, sempre tão gulosa a aproveitar as crises, [Read more…]

Verdadeira filhadaputíce

Há dias, a direita lançou a sua campanha de boatos , mais uma, dizendo que o Estado (ler o Governo) açambarcou os milhões  doados pelos portugueses e que não se sabe onde os está a gastar (insinua-se que será para fins eleitorais). Veja-se a perfída dos usurpadores (sim, continua existir quem defenda a tese), ficarem com a lavagem de consciência dos portugueses (ler donativos). Milhões e milhões de euros. Uns porcos.

Reclama o PSD que  “é imperativo que exista informação e transparência sobre os montantes das doações que foram feitas, quem têm sido os seus beneficiários e para que fins está a ser aplicado esse dinheiro”.

Como a mentira tem a perna curta, logo se soube que esses milhões foram, quase todos, para os beatos ligados ao PSD e CDS. Afinal, são as instituições privadas do negócio da “economia social” (ler caridade), que tão empolgadas e beneficiadas foram pelo anterior governo, que têm o grosso das contas a prestar. Constatado o tiro no próprio pé, alguém precisava de dar a cambalhota gelatinosa para justificar o injustificável. Coube a vez ao douto Duarte Marques proceder à reescrita da verdade.

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Assunção Cristas, ombro a ombro com Hugo Soares no ranking da falta de noção do ridículo

Recorte: TSF via Uma Página Numa Rede Social

Enquanto milhares sofrem e lutam contra o flagelo dos fogos florestais, um bando de oportunistas sem vergonha na cara ou noção do ridículo continua a instrumentalizar a tragédia com vista à obtenção de mais-valias político-partidárias e eleitorais. Hoje foi a vez de Assunção Cristas, que acusou o governo de “não saber lidar com situações sérias, difíceis e onde é preciso ter comando e autoridade“. Sim, esta pérola tem como autora a mesma senhora que assinou de cruz a resolução do BES. A mesma que, perante a seca de 2012, tranquilizava o país com a sua fé inabalável de que a chuva estaria para chegar. Que se calou bem caladinha quando o seu irrevogável líder lançou o país e a governação no caos, ao apresentar uma demissão de ocasião, apenas para colher dividendos para si e para o CDS-PP, à custa de uma subida de juros como não há memória desde que este executivo assumiu funções. Que atulhou a Parque Expo com as suas clientelas partidárias. Eis como Assunção Cristas lida com situações sérias, difíceis e onde é preciso ter comando e autoridade. Só ao alcance de quem não tem noção do ridículo.

Wikileaks,  Panama Papers e a lista de mortos de Pedrógão Grande: dois casos de censura e um de excesso de informação no Expresso

Wikileaks,  Panama Papers e a lista de mortos de Pedrógão Grande

Muito se tem recordado, e bem, o caso Panama Papers. Mas é de lembrar  que há precedente, no Expresso também, nomeadamente quanto à divulgação dos textos WikiLeaks. Onde está a publicação integral dos cables que o Expresso censurou? Não existe, apesar da promessa de Ricardo Costa:

“No site vamos publicar na integra todos os telegramas. Quem quiser pode ler tudo. No jornal, enquadramos, editamos e corrigimos.
Achamos que temos, neste caso, uma dupla obrigação:
– divulgar a informação relevante, apenas e só depois de a termos trabalhado;
– disponibilizar aos leitores os telegramas que utilizámos.
Com este processo estamos a ser transparente e podemos ser facilmente escrutinados” [Ricardo Costa, Expresso, 01/03/2011; A publicação original no Expresso já não existe, mas está disponível no Aventar ]

Se nestes dois casos a censura de informação foi a marca dominante, já contenção foi coisa que não existiu quando o Expresso resolveu publicar o nome dos 64 mortos no incêndio de Pedrógão Grande. Zero de relevância jornalística, já que a notícia teria o mesmo valor sem esses nomes chapados, sem pudor, nas páginas de um jornal. E o mesmo se poderia dizer da PGR, que acabou por ceder à pressão política por parte do PSD e do CDS, apesar disso ser tema para outras conversas.

Sorte a deles que o ridículo não mata

Os outros é que estão mortos, mas o PSD é que se enterra cada vez mais. – Cátia Domingues

Têm 24 horas, caso contrário chamo o Hugo Soares

Foto via Cátia Domingues@Twitter

Sobre as declarações de Isabel Monteiro, a tal empresária que afirmou ter a confirmação de 73 mortes em Pedrógão Grande, crescem agora as suspeitas de que possam ter a mesma credibilidade que os suicídios confirmados por Pedro Passos Coelho, esse ex-líbris do nojento aproveitamento político que o PSD vem fazendo deste caso.

A confirmar-se a veracidade do comunicado emitido ontem pela Procuradoria-Geral da República, o número de vítimas mortais da tragédia mantém-se igual: 64. Significa isto que um certo número de jornais e jornalistas está a prestar um péssimo serviço ao país, aldrabando-o. Por este motivo, proponho um ultimato à comunicação social, com vista a apurar que forças se escondem por trás do spin a que temos sido submetidos nos últimos dias. Têm a partir de agora 24 horas para esclarecer o país, caso contrário chamarei o Hugo Soares para por ordem nisto.

O tenente-coronel da mocidade laranja e o ultimato mais estúpido da história de Portugal

Foto: Lusa@RTP

Hugo Soares, tenente-coronel da mocidade laranja, lançou um ultimato ao governo. Autoritário, como se tivesse alguma autoridade para lá da porta da sede distrital do PSD Braga, deu ao executivo de António Costa 24 horas para tornar pública a lista de pessoas que perderam a vida na tragédia de Pedrógão.

Terminado o prazo dado pelo deputado, nada aconteceu, com a excepção do embaraço e do enxovalho a que o PSD foi submetido. Para a história ficam as tristes figuras protagonizadas por Hugo Soares, que decidiu, uma vez mais, expor-se ao absoluto ridículo. E eu aqui em pulgas, à espera de um ataque com Agente Laranja ao Largo do Rato. [Read more…]

A tal empresária

Há certas notícias que têm cheiro, logo as denunciando. Esta que serviu de base à escalada na comunicação social, primeiro, e no PSD e CDS, depois, ou vice-versa, é uma delas.

Recorte: Facebook

Que chatice, logo agora que o boy de ascensão meteórica se tinha estreado no jogo dos ultimatos.

Todo este aproveitamento à volta da desgraça de Pedrogão Grande fede. A intenção ficou clara logo com o caso do falso suicídio, sendo o que se tem seguido um mero corolário.

Jogos de spin e contra-spin

Pelo caminho, que se lixem as pessoas. Valores mais altos se levantam, nomeadamente, o poder. Esse que uns têm e os outros perseguem.

Do lado do governo, procura-se controlar os danos resultantes da fractura exposta que é a descoordenação do Estado. Os cortes nos serviços sucederam-se ao longo dos anos e, para piorar, os governos tratam de mudar as chefias para lá colocarem os seus correligionários, o que parece ter acontecido apressadamente em Maio passado  Nada de novo, não se desse o caso de a bomba ter  explodido agora. 

Quanto à oposição, assistimos à construção da narrativa. A estratégia é repetida e consiste fazer aparecer um conjunto de teses que vão sendo repetidas aqui e ali, num círculo de soprar o spin, para depois o cavalgar. Depois da tentativa falhada de escalar os suicídios, continuam a maximizar o lado emocional da questão, agora pela contagem dos mortos. Zero de racionalidade.  Nada de olhar para as causas estruturais da falha, até porque essas não vêm de há dois anos. São transversais e é fogo que todos queima. 

Entretanto, o dinheiro da solidariedade continua a crescer em juros e capital eleitoral algures. E o Estado já virou os holofotes para o que arde presentemente, deixando as cinzas para mais tarde – quem sabe se não as levará o vento. Pobres daqueles que apenas são gente para o Estado no momento de pagar impostos e de apelar ao voto.

Vale tudo

Brincar às contabilidades com a cinza dos mortos. Coisa feia e triste.

Publicitário ligado ao PS ganha 300 mil euros para campanha relacionada com Pedrógão Grande?

Explica lá isso melhor, Expresso. Se for o que parece, para além de grave é muito estranho. Para que é que o PS precisa de um publicitário em Pedrógão? Para fins de propaganda? Ou estaremos perante mais um caso de manipulação, disfarçado de incompetência? Será mais um facto alternativo a sair da redacção do fundador do PSD? Expliquem-nos, por favor, onde é que este publicitário encaixa na tragédia de Pedrógão. E no fim não se esqueçam de mandar o Ricardo Costa fazer birra para o Twitter porque Os Truques são muito maus e vos apanham as manhas, ok?

A instrumentalização de Pedrógão, a promiscuidade autárquica e aquele senhor dos suicídios que não aconteceram

Foto: Município de Pedrógão Grande

Leio a posta do Jorge e não fico nada chocado, ainda que numa situação normal devesse. O emaranhado autárquico é nebuloso, feito de arranjos partidários que servem interesses que não o da generalidade dos munícipes, saturado de esquemas de corrupção, clientelismo e tráfico de influências e apinhado de oportunistas sem escrúpulos. Sabemos o que a casa gasta, pelo que não surpreenderá a possibilidade de que recursos doados pelos portugueses acabem por ser usados em prol das mui nobres campanhas eleitorais de quem se conseguir fazer à vida. [Read more…]

Fazer campanha eleitoral à conta do dinheiro da solidariedade a Pedrógão Grande

Recorte: SICN

Duas questões desde logo se levantam. Esse dinheiro que ainda não foi entregue está a render juros a favor de quem? E vai ser distribuído quando, nas proximidades das eleições autárquicas?

O que se passa em Pedrogão Grande é politicamente inaceitável. João Marques, candidato autárquico do PSD à Câmara é, também, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande, entidade intimamente ligada à distribuição do dinheiro entregue pelos portugueses para solidariedade com Pedrógão Grande. Só não vê a incompatibilidade entre os dois cargos quem não quiser. Basta observar como João Marques aparece logo que se fala deste dinheiro. A situação seria igualmente grave se esse dinheiro tivesse sido entregue ao actual preside da Câmara, também candidato autárquico. Mas não foi essa a situação.

Afinal as vacas não voam

Santana Castilho*

Seria divertido, não fora uma espécie de vomitório, analisar comportamentos políticos e institucionais ao longo dos tempos. A direita, que ontem gritava a necessidade de reduzir as “gorduras” do Estado e tesourava sem critério tudo o que era público (Educação e Saúde que o digam) apresenta-se agora a protestar com vigor contra a redução do financiamento dos serviços do Estado. O CDS conservador, pouco dado noutros tempos à justiça dos descamisados, é agora o primeiro a exigir demissões, enquanto a tradicional esquerda radical ajeita a gravata da contenção responsável e abotoa com classe o paletó da responsabilidade de Estado. O Ministério Público, esse decantador enigmaticamente vagaroso de processos que poderiam inspirar J. K. Rowling, acaba de fulminar, um ano depois, três secretários de Estado do PS, que aceitaram da Galp uma viagem rapidinha para ver a bola. Talvez possamos agora admitir que um procurador persistente, algum dia, nos venha garantir que a viagem em jacto privado para o Brasil, mais a semana de férias para si próprio e família, que o então primeiro-ministro Durão Barroso, do PSD, aceitou do empresário João Pereira Coutinho, sempre estiveram ética e legalmente separadas da venda da Quinta da Falagueira, que o Estado fez, uma semana depois, ao irmão do generoso amigo de Durão Barroso.

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O mal menor

Recorte: Público

Entre responsabilizar um sistema que passou pelas mãos de todo o bloco central, eventualmente chamuscado o primeiro-ministro, e deixar a nu a descoordenação das operações, qual seria a sua opção? 

Já nem as desgraças salvam os profetas

A 16 de Junho de 2017, um dia antes da tragédia de Pedrógão Grande, a Aximage publicou uma sondagem encomendada pelo Negócios e Correio da Manhã. Long story short: PSD e CDS-PP em mínimos históricos (24,6% e 4,6% respectivamente, conquistando apenas 29,2% dos inquiridos), PS a subir em flecha, à custa, essencialmente, de eleitorado perdido pela direita, BE e PCP ligeiramente abaixo dos resultados das Legislativas. Segundo este estudo, à data acima, a Geringonça consegue 61,2% da amostra analisada. É uma sondagem, vale o que vale, mas não deixa de ser esmagadora. [Read more…]

Assunção Cristas, uma indignada de ocasião

A líder do CDS-PP pediu ontem a demissão de Azeredo Lopes e Constança Urbano de Sousa. Cristas afirmou que “Não é possível restaurar a quebra de confiança que neste momento existe no Estado nos domínios da Defesa e da Segurança” sem que António Costa demita os ministros da Defesa e da Administração Interna, que “não souberam estar à altura das suas responsabilidades“, motivo que leva a candidata à CM de Lisboa a concluir que as suas demissões são “inevitáveis“. “Num e noutro caso, – prossegue Assunção Cristaso Governo tem fugido às suas responsabilidades e mostra-se incapaz de assumir os erros e tirar conclusões“. Por fim, Cristas afirma ainda esperar por “uma atitude firme por parte dos ministros em causa ou do primeiro-ministro, assumindo as suas responsabilidades e respetivas consequências políticas. Não o fizeram. Instámos o primeiro-ministro a retirar essas consequências. Não o fez. Passaram-se dias de um silêncio ensurdecedor“. And the blá blá blá goes on.

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O desespero político explicado às crianças

Foto via Sapo24

Estava a Geringonça à rasca com o incêndio de Pedrógão Grande, e eis que surge Passos Coelho to the rescue! A levar Portugal a sério como só ele sabe, aventou suicídios e fontes credíveis, mas afinal era tudo barrete. Nem D. Sebastião de El Mundo lhe valeu. Seguiu-se mais um episódio deprimente para o primeiro-ministro no exílio, que insiste em sujeitar-se a coisas destas, e que lhe valeu duras críticas de diferentes quadrantes. Deixo-vos com Miguel Sousa Tavares, esse perigoso comunista, e o caminho para a “tragédia eleitoral autárquica” de Pedro Passos Coelho.

Video roubado a Uma Página Numa Rede Social, sob ameaça de suicídio

muito abstracto para as pessoas

um livre à Ronaldo, mesmo ao ângulo, do João Ramos de Almeida@Ladrões de Bicicletas

O Diabo chegou e chama-se Sebastião

Ninguém sabe quem é o Sebastião mas também não falta quem queira assumir a identidade do novo herói da direita ressabiada. Um herói ao estilo Abrantes, com aquele toque manipulador socrático que esses liberais híbridos tanto apreciam, preparado para abater, na escuridão da penumbra, os alvos previamente determinados pelo tentáculo viscoso do polvo corrupto que tudo açambarca.

Sebastião Pereira, o mais recente sniper ao serviço da ganadaria do velho regime, surge do nada, num ápice é director da secção de fogos florestais portugueses no El Mundo, mas vamos a ver e não existe jornalista algum neste país com esse nome. Tal facto, como seria de esperar num país de tão rigorosa imprensa, rapidamente se transforma na voz da “imprensa internacional“, abrindo caminho para uma série de indignações fabricadas em laboratórios, repletos de abutres e traficantes de influências que afirmam levar este país a sério. [Read more…]

A defesa de Pedro Passos Coelho

Há duas linhas de defesa a serem usadas quanto ao tiro nos pés que Passos Coelho deu em si mesmo. 

A primeira é que ele não mentiu. Foi induzido em erro e cometeu uma gafe. Poderíamos discutir se quem propaga uma mentira estará ou não a mentir, mas nem precisamos de por aí entrar. Passos Coelho afirmou que soube de um suicídio por “notícia particular”, que terá recebido de “pessoa de família”. Acreditando nas declarações de João Marques, que afirmou ter sido ele a levar Passos Coelho ao engano, então houve uma mentira factual e intencional. Assunto arrumado.

A outra linha de defesa é a relativização, pela afirmação de que Costa também mentiu. Apesar de não seguir atentamente tudo o que se diz, não me surpreende que assim seja. Mas este é um argumento que apenas serve para controlo de danos, procurando desviar a atenção do essencial: a mentira de Passos e a precipitação ao tentar tirar dividendos políticos da desgraça alheia. 

Como já antes referi, continuem assim que Geringonça agradece. 

Os suicídios de Pedrógão Grande, ou Como levar Portugal a sério

Foto: Nuno Veiga/Lusa@Funchal Notícias

Pedro Passos Coelho deslocou-se a Pedrógão Grande para fazer política e não resistiu à tentação do dividendo fácil pós-tragédia. Após ter sido briefado por João Marques (PSD), um “dinossauro” autárquico que governou o município fustigado pelas chamas entre 1997 e 2013, posteriormente afastado pela lei da limitação de mandatos e novamente candidato este ano, depois de curto interregno como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão, Pedro Passos Coelho agarrou a oportunidade e decidiu roubar os holofotes ao jornalista Sebastião:

eu tenho conhecimento já de vítimas indirectas deste processo, pessoas que puseram termo à vida, pessoas que em desespero se suicidaram, e que não receberam em tempo o apoio psicológico que deveria ter existido

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Que abutres! 

As emissões televisivas à volta da desgraça humana atingem actualmente patamares de causar nojo. A TVI conseguiu dar mais um passo em direcção à fossa.

Factos alternativos em Pedrógão Grande

Vários órgãos de comunicação social, senão mesmo todos, noticiaram na passada Terça-feira a queda de um avião que combatia o fogo em Pedrógão Grande. As horas foram passando, os detalhes chocantes acumulavam-se e até testemunhas apareceram. A coisa foi de tal forma grave que o próprio comando operacional terá colocado em marcha uma operação de busca e salvamento, mobilizando para isso meios aéreos e uma equipa do INEM, alegadamente concentrados na área noticiada pela imprensa. [Read more…]

E ninguém se demite?

Segundo o PSD, um bombeiro ferido com gravidade no incêndio de Pedrógão Grande teve que esperar cerca de 10 horas até chegar ao hospital.  Pelo caminho, contam-se duas idas ao centro de saúde de Castanheira de Pera, unidade sem condições para tratar o bombeiro Rui Rosinha, que acabaria por dar entrada no Hospital da Prelada por volta das 06h de Domingo.

A confirmar-se o relato, estamos perante uma situação de absoluta gravidade, que deve ser alvo de um rigoroso inquérito para que as responsabilidades sejam devidamente apuradas. Não é compreensível que uma situação destas aconteça. Não é aceitável que um bombeiro gravemente ferido espere 10 horas por tratamento adequado. Não é admissível que tudo isto aconteça sem que rolem cabeças. Os ministérios da Saúde e da Administração Interna têm explicações a dar ao país.

Foto: Lusa@RTP

Premiar o Abandono, Castigar o Cultivo

As causas do estado da floresta portuguesa estão mais do que discutidas, como se disse no Domingo, no Público, “Não há rigorosamente nada de novo a dizer“. Apesar disso e sem menosprezar todos os outros factores que contribuem para a presente situação, penso que vale a pena destacar a seguinte a opinião de Pedro Bingre do Amaral sobre o ordenamento das florestas e a responsabilização dos proprietários:

​Arranje-se um culpado, por favor!

[Rui Naldinho]

Portugal foi mais uma vez atingido pela fúria da natureza, cuja lógica destruidora não teve contemplações com quem passasse à sua frente. Lamentar o sucedido, venerar os mortos e dar-lhes o repouso merecido é uma obrigação moral e cívica, para com os que tiveram a infelicidade de estar naquele local há hora errada.

Mas a natureza também pode ser regeneradora. Vamos ver como e o que se plantará sobre as cinzas de tão fatídico incêndio. Será que aprendemos alguma coisa? Ou cometeremos agora e sempre, os mesmos erros? [Read more…]

O que fazer para ajudar bombeiros e vítimas?

Segue a transcrição do texto de Andreia Sanches e Sérgio B. Gomes, no Público. Convém prestar atenção às actualizações.

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Muitas pessoas questionam-se sobre [Read more…]

Falta Cumprir-se Portugal

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© Adriano Miranda / Público

Sobre um povo que outrora se expunha ao acaso dos ventos e das ondas do mar e que insiste, ainda, permanecer à mercê da natureza e dos burocratas, cito uns parágrafos legais, daqueles que redigimos para nos preservamos, a nós e aos nossos, do livre arbítrio daquelas forças.

Reza assim:

“2 – Os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos confinantes a edificações, designadamente habitações, estaleiros, armazéns, oficinas, fábricas ou outros equipamentos, são obrigados a proceder à gestão de combustível numa faixa de 50 m à volta daquelas edificações ou instalações medida a partir da alvenaria exterior da edificação, de acordo com as normas constantes no anexo do presente decreto-lei e que dele faz parte integrante.
3 – Em caso de incumprimento do disposto nos números anteriores, a câmara municipal notifica as entidades responsáveis pelos trabalhos.
4 – Verificado o incumprimento, a câmara municipal poderá realizar os trabalhos de gestão de combustível, com a faculdade de se ressarcir, desencadeando os mecanismos necessários ao ressarcimento da despesa efectuada.”

Querem ver casas e pavilhões industriais no meio da floresta?
É ir pelos caminhos de Portugal.