Pedido de casamento

Passos Coelho promete que responsabilidades do endividamento do país não vão ficar «solteiras»

Empreendedorismo é enfermeiros receberem 3,1 euros por hora

Segundo o Diário de Notícias, o Centro Hospitalar do Médio Tejo entrega à empresa Sucesso 24 Horas 1200 euros mensais por cada enfermeiro colocado pela dita empresa. No referido centro hospitalar, estão a trabalhar oito enfermeiros contratados nessas condições.

Os enfermeiros, para receberem 510 euros mensais (que a Sucesso 24 Horas tira dos 1200 que recebe), têm de trabalhar 40 horas por semana.

É uma história edificante: um hospital precisa de enfermeiros. Como, por alguma razão, não os pode contratar, paga 1200 euros a uma empresa para fazer aquilo que o hospital não pode fazer. Por razões fáceis de entender, há enfermeiros dispostos a receber 510 euros para trabalhar 40 horas por semana.

Contas feitas, o Estado gasta 1200 euros por cada enfermeiro e os enfermeiros, profissionais altamente diferenciados, recebem muito abaixo da tabela. A Sucesso 24 Horas ganha 690 euros por cada enfermeiro que consegue contratar para trabalhar por um valor próximo do ordenado mínimo. Convém não esquecer que a Sucesso 24 Horas é uma empresa especializada em prestação de serviços na área da saúde.

Não faltará quem diga que sempre estão melhores do que as enfermeiras que trabalhavam a troco de comida.

Aí está o empreendedorismo em todo o seu esplendor. É claro que estes enfermeiros não fazem greve: deve ser porque não sentem a mínima revolta.

O défice ou a vida?

França e Itália pedem alívio no défice, Portugal demarca-se

Esta esquerdalhada irresponsável!

FMI diz que afinal teria sido melhor reestruturar a dívida de Portugal

Notícias do país que está melhor

Governo faz emissão sigilosa de dívida de 1265 milhões de euros.

O manifesto da descoberta da roda

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Mais um manifesto, é muito abaixo-assinado para o meu gosto, mas este certeiro, afinando da direita à esquerda o coro do óbvio: esta dívida pública não será paga.

Chama-se mínimo denominador comum da evidência denunciando o jogo da mentira e sua propaganda. Toda a gente o sabe, da nacional direita absolutista mais ou menos extrema aos próprios credores.Honrar os nossos compromissos, dito por Passos Coelho, o vigarista da formação em segurança nos aeroportos encerrados, não passa de propaganda, a máquina de propaganda que nos inferniza: apelar à honra para instalar a receita do não há alternativa, ou seja: destruir o estado social, privatizar a vida, reduzir Portugal a uma estância turística asiática da Europa, carregada de bons negócios  para os do do costume e a mais abjecta miséria para os habituais. [Read more…]

Somando dois mais dois…

Depois de verificadas as propostas, as Finanças decidiram emitir dívida no montante de 3250 milhões de euros, suportando uma taxa de juro de 4,657%. [P]

O aumento da dívida em Janeiro deveu-se, em nde parte, à reabertura sindicada de uma linha de obrigações a vencer em 2019, operação em que o IGCP colocou 3,25 mil milhões de euros. [Expresso]

Querem lá ver que afinal pedir dinheiro emprestado faz mesmo aumentar a dívida?! Há cada uma… É a grande aposta do saquinho azul eleitoral/saída limpa, levando a perdas que poderão ascender a “cerca de 50 milhões de euros ao mês”, segundo o Público.

A dívida direta do Estado subiu de 204,25 mil milhões de euros no final de 2013 para 208,65 mil milhões no final de janeiro de 2014, segundo o Boletim Mensal do IGCP, a agência para a gestão da dívida portuguesa. Esta dívida tem um prazo médio de 7,4 anos. [Expresso]

Quem estiver nos próximos governos que pague a conta. Onde é que já vimos isto?

O dia em que a dívida pública aumentou 153 milhões

Sem se conhecerem os planos de pagamento, são contas de mercearia mas, mais milhão menos milhão, o grande sucesso da compra de 3000 milhões de euros a 5,11%  corresponde a um aumento da dívida pública na casa dos 153 milhões.

É esta a parte do preço de uma coisa que ninguém sabe exactamente o que será, mas que leva o epíteto de “saída limpa”, e que se soma a anteriores “sucessos”.

Mas apesar de tanto “sucesso”, há fortes contradições no discurso e nos factos, o que indicia que algo vai mal no reino da Dinamarca. [Read more…]

Os números do défice, a dívida e os cidadãos

A comunicação social em geral, ‘Jornal de Negócios’, ‘Diário Económico’, DN e ‘Público’, seleccionou hoje como manchete a notícia de que em Setembro, final do 3.º T, Portugal tinha registado o défice de 5,9% do PIB, números do INE, e melhorado em 0,2% o resultado do período homólogo de 2012 (- 6,1%) – uma melhoria de 3,28%, se o PIB este ano fosse igual ao do ano precedente, mas não é.

Ainda prosseguindo a saga dos números, temos de considerar a recapitalização do Banif – número que os títulos dos jornais omitem – e a ‘engenharia financeira’ que rendeu mais de 700 milhões de euros da operação fiscal, com perdão de juros e coimas.

Com números e dados expressivos das ‘contas públicas’, gostaríamos de encerrar este capítulo da nossa reflexão. Passos Coelho inviabilizou tal objectivo. Na comunicação de Natal, do anúncio da redução da dívida pública, esqueceu-se de referir o valor actualizado dessa dívida – sei pelo Eurostat, isso sim, que em Set.º – 2013 o nosso débito público se fixava em 131,3% do PIB. Mas, agora, perto do final do ano, a informação é ocultada pelo PM.

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Draghi amigo, a Albuquerque, o Coelho e o Portas estão contigo!

Mario DraghiDraghi está revelar-se aparentemente um homem instável. Transmite a ideia de sofrer da patologia de mudança comportamental, com súbitas e contraditórias transformações cognitivas e comunicacionais.

Na Comissão de Assuntos Económicos do PE, ontem, admitiu a possibilidade de Portugal não ter o sucesso de “saída limpa” (idêntica à da Irlanda) do PAEF e, portanto, estar em risco de, terminado este, vir a recorrer a um ‘programa cautelar’ até ao regresso normal aos mercados.

Ao arrepio deste alarme perante os parlamentares europeus, com a subsequente divulgação pela comunicação social, hoje enviou uma mensagem às redacções a declarar:

Cabe exclusivamente às autoridades portuguesas decidir sobre um possível novo programa

Será que o homem é vítima de doença bipolar? Não creio. Acções de bastidores, e muito possivelmente de Washington, de Bruxelas e da inevitável Berlim, levaram o presidente do BCE a desfigurar o que havia afirmado, menos de 24 horas antes.

Perdida a bússola da Irlanda, de quem o governo português esperava a facilidade do trabalho ‘copy and paste’, tipo aluno cábula, a insegurança e a dúvida do que fazer agravaram-se nas preocupações da Albuquerque, do Coelho e do Portas.   [Read more…]

Regressámos aos mercados e… ao ‘clube da bancarrota’

Pode imaginar-se alguma satisfação minha no afundanço do País, devido sobretudo ao teor de certos textos que publico no Aventar.

Pelo contrário, trata-se, apenas, da necessidade de manifestar legítima e justificada preocupação com o rumo desastroso da nossa vida colectiva, evidenciado nas ‘contas públicas’ e na progressiva degradação social e económica a que o actual e anteriores governos – desde Cavaco – nos condenaram.

Há dias, tomei a iniciativa de publicar o ‘post’ com o título ‘O País para trás, a dívida para a frente mas devagar!’.

Considerável número de comentadores não foram parcos nas censuras com que me brindaram; houve mesmo quem me classificasse de ignorante por ter considerado que a operação de ‘troca de dívida’ – ‘adiamento’ para os menos familiarizados com a linguagem tecnocrática – tenha ficado muito abaixo dos objectivos do governo. Foram colocados apenas 24,66% (6.642 milhões de euros) de um pacote de mais de 26.000 milhões. [Read more…]

Má-Consciência, Zé-Maria?

Tarde a piar, José Maria Ricciardi tem, finalmente, uma sugestão.

Agenda Liberal e Agenda Chupcialista

Meu caro oponente ideológico João Paulo, é evidente que subjaz à tua tese a ideia de opções governamentais livres, marcadamente manhosas porque privatizadoras e alienadoras da qualidade dos serviços públicos, nomeadamente na Educação. É uma agenda que provavelmente progrediu atabalhoadamente desde que o Governo Passos Coelho I tomou posse e eu sonhava um Santana Castilho como Ministro da Educação para nos sair o Crato. Mas em toda a magna questão em que o Estado Português se debate com os Credores, o buraco que escavo é mais em baixo.

Se há uma agenda NeoLiberal ou de Rigor e Disciplina Orçamentais, neste Governo, ela é mais que bem-vinda. Precisa é de aperfeiçoamentos no capítulo da Justiça e da Decência, coisa virtualmente impossível em virtude da virulenta pátina de erros, abusos e loucuras governamentais perpetradas contra ti e contra mim, de 2005 a 2011, e cujo peso em forma de dívida e juros a pagamento batem à porta no próximo ano e seguintes. O Mundo penaliza duramente os não pagadores ou maus pagadores de muitos modos, João Paulo. Não quero ver Portugal no rol dos países párias e desprezíveis do planeta por falta de coragem num itinerário exigente de reorganização da sua vida económica que os Partidos PS, PSD e CDS-PP assinaram. O Partido Chupcialista não consegue impor nada negocial à Troyka de mais leve e suave e dilatado? Nem a empáfia de Portas por um défice mais baixo em 2014?! Logo, os caminhos disponíveis são os que se trilham e não os que se trilhariam se… [Read more…]

Répteis da Dívida Dizem que há Dinheiro

Por um lado, dá vontade de acender uma bombinha de carnaval e enfiá-la no cu dos pessimistas de serviço, por outro, os verdadeiros sofredores com esta puta de crise precisam dos pessimistas de serviço como cão de guarda em vinha vindimada e a vindimada. São úteis porque entretêm e alertam.

Calma, portugueses. Nada de desesperos e coisas drásticas. Estamos a empobrecer há um par de anos, mas pode ser pior. E ainda vamos a tempo de piorar se quisermos. O objectivo do Governo Inteligente que um dia ainda teremos será ir no sentido inverso da alarvidade pateta de António José Seguro e do fanatismo cumpridorista dos Troykanos: primeiro, garantir um País próspero com a sua dívida pública sob controlo, absolutamente dominada, custe o que custar, doa a quem doer. Sim, falhar às pessoas é imoral, mas essa falha é um dominó tombante de geração em geração, de Governo Rapace em Governo Mais Troykista que a Troyka. Depois, cumprir a tal pequena Alemanha gizada para nós por Merkel com a qual Pulido Valente ironizava ontem, na sua croniqueta catrineta no Público. Não mediante o empobrecimento definitivo dos portugueses, mas através do empobrecimento drástico e provisório dos portugueses. É cruel, mas temos escapes: deixar de comer, deixar de gastar, emigrar como ratos nas naus do Oriente.

É completamente desmiolado afirmar-se que há futuro para um Estado que não tem mão na sua dívida e nada faz para a domar. Parar com a austeridade por cima do cadáver da Troyka é impossível e mudar de rumo agora é como aplaudir os Governo Socialistas Rapaces do passado: «Parabéns, rapazes, pela vossa tempestade perfeita! E se a enfiassem pelas narinas?!». Não se pode assegurar às pessoas que há dinheiro, isto é, que o Estado Português é financiável segundo condições normais e sustentáveis, sem sinais notórios e evidentes de boa-vontade na tal despesa pública. Não é. O Estado não consegue financiar-se de modo barato e sustentável, na actual situação europeia e na incerteza da lei orçamental aprovada, e, se há dinheiro, muito dele está nos bolsos cleptocratas que nos garantem já deveria ter o Povo linchado alguém e cilindrado o pessoal inepto da Governação. [Read more…]

Diz-se na Net mas Muito a Medo

Diz-se pela net, mas pouco e muito a medo que o regresso aos mercados é mesmo hoje porque vence-se hoje uma dívida de 5,746 mil milhões de euros, a que acresce cerca de 300 milhões de juros, emitida há 15 anos: ora, pela dimensão do montante a amortizar, este é mesmo o dia do regresso de Portugal aos mercados, mas o Estado já realizou duas emissões de dívida a longo prazo, uma a 23 de Janeiro de 2013, de 2,5 mil milhões de euros em dívida a cinco anos e outra a 7 de Maio, de três mil milhões de euros em dívida a dez anos. Diz-se na net, mas muito a medo e pouco, que com a amortização da dívida hoje efectuada o montante total da dívida diminui em cerca de 3,3% do PIB, baixando dos tais 130% do PIB. Diz-se por aí, na Net, mas muito a medo. Quase não se ouve.

A Pergunta do Dia

O pior, todavia, o pior, em minha opinião, está nos negócios de venda de dívida pública portuguesa fora de mercado a investidores institucionais e a particulares e as outras operações nos mercados monetários. São esses negócios que têm de ser investigados prioritariamente, no IGCP e no Governo socialista, em paralelo com os swaps mais ou menos especulativos.

Do Portugal Profundo

Quais foram os governantes socialistas e apaniguados que lavaram o seu dinheiro sujo utilizando a porta guardada pelo Caimão comprando dívida pública portuguesa de curto prazo beneficiando de juros cada vez mais elevados enquanto tudo faziam para adiar o pedido de ajuda internacional, sabendo que quanto mais tarde a pedissem mais os juros de curto prazo subiam e maior seria o rendimento que obteriam com o seu dinheiro sujo com o sangue dos portugueses? O DCIAP já para o IGCP!!!

Ibidem

Diz que é preciso despedir funcionários públicos (1)

Cavaco Silva entre os chefes de Estado mais gastadores da Europa

A explicação da dívida e de porque não a vamos pagar

A prova de uma evidência, passe a expressão: nunca pagaremos a dívida, e também por isso deve ser denunciada e renegociada, também porque esta política económica não a faz descer. Este gráfico foi publicado por Francisco Louçã, e fica aqui juntamente com a sua explicação: previsao divida publica fmi

No último “Tabu”, na SicN, usei este gráfico, que aqui fica para ser estudado por quem quiser. A vermelho está a previsão da evolução da dívida pública portuguesa, segundo a folha Excel que o FMI utiliza (e que foi descoberta e revelada pela Iniciativa para a Auditoria Cidadã), e a azul o efeito nos cálculos do FMI se introduzirmos as previsões do Banco de Portugal para 2013 e 2014 (e uma versão optimista de evolução posterior em estagnação se a mesma política se mantiver). [Read more…]

Alô liberais

Chávez desceu a dívida pública de 56,4% para 29%. Convertam-se.

Os números torturados do nosso dia a dia

torturem os numerosSabia que em 2008 a dívida pública de Portugal “era inferior quer à da Alemanha, quer à da França, quer à média da Zona Euro, obviamente em proporção dos respetivos PIB”?

Que “a despesa pública não atingiu em momento algum 50% do PIB”?

Como nas “estatísticas oficiais algumas despesas que têm uma dupla função são contabilizadas duas vezes”?

Parece-lhe possível concluir que os impostos não aumentaram em Portugal nos últimos anos, uma vez tido em conta que os rendimentos, esses sim, aumentaram?

Sabe que “o número de horas trabalhadas por ano por cada trabalhador português excede em 1,1% o esforço de trabalho dos norte-americanos,e excede largamente,  (…) as horas trabalhadas nos países europeus”? [Read more…]

O mundo a viver acima das suas possibilidades

Ora leiam este mapa, e mandem entroikar os que repetem a lengalenga sobre Portugal.

Mas a culpa da crise não era do Estado Social, dos salários milionários dos funcionários públicos, dos portugueses que viveram todos acima das possibilidades e dos grevistas que não devem protestar mesmo que lhes apertem os testículos num torno?

Buraco do BPN pode chegar aos 7 mil milhões de euros: Reportagem Especial (SIC Notícias)

Coitadinhos

A tal banca “obrigada” a comprar dívida pública, sofre de lucros.

As Pedradas Incendiárias do Desastre

«Passos, escuta, és um filho da puta!», ouvia-se ontem na rua. Muito bem, imbecis!
E Justiça contra as malfeitorias políticas passadas, não é cá servida?! Não!
E responsabilização justiciária de Mega-Ladrões?! Também não!

Sim, os direitos poderão ser, aqui e ali, atropelados e algumas ilegalidades poderão ser cometidas. Os homens falham. A tensão acumulada precipita actos impulsivos de consequências imprevisíveis e algumas aselhices policiais. É normal. Por cá, ninguém está habituado a explosões de sangue, gás, pedradas e balas de borracha. Quem, de dentro ou de fora, quiser incendiar Portugal poderá não ter nada mais a recolher senão cinzas. A CGTP está a pisar o risco, abrindo a porta a excessos contraproducentes num combate que deverá ser exemplar.

Muitos Portugueses ainda não olharam olhos nos olhos o problema crónico do País, os erros em que, sob governações socialistas, laborou por demasiados anos. Até há um ano e meio, vivíamos de crédito. Crédito ilimitado, infrene, acrescido, solicitado em escalada louca, migalhas para todos, comissões chorudas para políticos na mediação de negócios ruinosos para o Estado, isto é, contribuintes. Era o socialismo a cavar o nosso desastre. Nenhum alarme nas ruas. Nenhuma angústia. Nenhuma forma de censurar o rumo desastroso. Hoje, temos Victor Gaspar fazendo o contrário, segundo um paradigma correctivo novo: dívida equilibrada e controlada; défice definido nos Tratados respeitado; economia-PIB equivalente ou superior aos gastos públicos. [Read more…]

Mulheres que nunca perderam um filho

porque a taxa de mortalidade infantil era tão alta como baixa a dívida pública. Ah, os filhos dos pobres não têm importância.

A dívida pública é uma PPP

Este é o país em que a dívida pública não passa de mais uma parceria público-privada: basta ver que constitui um prejuízo para a maioria dos cidadãos e dá lucro a uma minoria de privados. Os bancos exultam. O povo exalta-se, mas pouco, por enquanto.

Quando actuais e antigos governantes se referem à responsabilidade dessa dívida, recorrem a uma generalização insultuosa, usando a célebre censura de que temos vivido acima das nossas possibilidades, fazendo de conta que não sabem que essa dívida tem origem na incompetência – que grande eufemismo! – com que os dinheiros públicos têm sido geridos pelos membros dos partidos que estão há anos instalados no Estado, nas regiões autónomas e nas autarquias.

Os verdadeiros culpados optam por culpar-se uns aos outros, no que teriam toda a razão, não fosse o caso de nunca se incluírem a si próprios. Têm em comum, no entanto, o facto de culparem e castigarem quem tem como principal culpa votar sempre nos mesmos, porque mesmo não sendo os mesmos são a mesma coisa. Os mesmos, portanto.

Afinal a dívida pública cresce e o défice aumenta

Este gráfico foi calculado por Eugénio Rosa numa apresentação que fez na Assembleia da República a 19 de Junho. É uma amostra, fora dos números da propaganda governamental e dos ideólogos que a comentam habitualmente, sem contraditório, nas televisões, rádios e jornais. Leia o documento completo, e tire as suas conclusões. Em caso de dúvida nada como confrontar com a realidade que nos cerca. Essa nunca engana.

Começou a Iniciativa por uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública

Na ausência de qualquer vontade por parte das autoridades de encarar o problema da dívida na óptica dos interesses dos portugueses no seu conjunto, tomamos a iniciativa de iniciar um processo de auditoria à dívida pública com os meios ao nosso alcance. A auditoria deve avaliar a complexidade do problema da dívida, calcular a sua dimensão, determinar as partes da dívida que são ilegais, ilegítimas, ou insustentáveis, e exigir, em função dos resultados, a sua reestruturação e a sua redução para níveis social e economicamente sustentáveis.

Leia mais. 

Porque anda toda a gente com a boca cheia de dívida mas no fundo nem sabemos quanto devemos e sobretudo o que devemos. E seremos nós que devemos, ou andamos a pagar as dívidas dos outros? Apurar a verdade antes de pagar pareceria do mais elementar bom senso. Mas a direita quer que paguemos porque quem não paga é caloteiro. Pois é. E quem rouba é ladrão, ou os assaltos às finanças públicas vão continuar impunes?

 

 

Objectivos e órbitas em torno do PIB

Com recurso ao PIB, hoje conhecido indicador dos portugueses, programam-se estratégias e estabelecem-se objectivos que, na maioria dos casos, conduzem a visões e práticas tecnocráticas e economicistas, em sacrifício da qualidade de vida dos povos. De resto, é este o fenómeno a que assistimos no mundo, em especial na Europa.

Usado como parâmetro de aferição polivalente, o PIB serve também para avaliar a qualidade de vida relativa entre nações, como demonstra o quadro seguinte, construído a partir de documento do Eurostat.

PIB per capita em unidades PPS (Poder de Compra Padrão)

Posição

País

2008

2009

2010

UE (27)

100

100

100

Z.Euro(17)

109

109

108

1.º

Luxemburgo

279

266

271

2.º

Holanda

134

132

133

3.º

Irlanda

133

128

128

4.º

Áustria

124

125

126

5.º

Bélgica

116

118

119

6.º

Alemanha

116

116

118

7.º

Finlândia

119

115

115

8.º

França

107

108

108

9.º

Itália

104

104

101

10.º

Espanha

104

103

100

11.º

Chipre

99

100

99

12.º

Grécia

92

94

90

13.º

Eslovénia

91

87

85

14.º

Malta

79

82

83

15.º

Portugal

79

80

80

16.º

Eslováquia

73

73

74

17.º

Estónia

69

64

64

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Dívida pública: um casamento de inconveniência

Para mim, que percebo tanto de Economia como muitos economistas, ou seja, nada, é aceitável a ideia de que os cidadãos de um país tenham de pagar as dívidas contraídas por esse mesmo país, tal como, de certo modo, deverá acontecer entre cônjuges num casamento com comunhão de adquiridos.

Recorrendo, ainda, à imagem do matrimónio, o modo como a história da dívida pública está a ser-nos contada pelos governantes poderia corresponder a qualquer coisa como um marido, depois de gastar o dinheiro comum em jogos de azar e em jantares com amigos, acusar a mulher de ter arruinado o casal por causa de um vestido que comprou há dois meses. O marido, representando, aqui, o governo, criticaria, então, a mulher, usando a frase da moda: “Tens andado a viver acima das nossas possibilidades.” Já se sabe que a pobre esposa será obrigada a contribuir para o pagamento da dívida, mas, a não ser que seja destituída, não admitirá que lhe atirem à cara culpas que não tem.

Tal como a esposa vilipendiada, até posso admitir que sou obrigado a pagar as asneiras de outros. Agradecia, no entanto, que não me dissessem que a gestão continuamente danosa de instituições como hospitais, meios de comunicação ou Segurança Social, a destruição sistemática do tecido produtivo ao longo de vários anos, as parcerias de lucros privados e prejuízos públicos, a nacionalização de um banco à custa dos contribuintes ou o desperdício sempre infindável e actual dos delírios madeirenses se devem ao facto de eu ter vivido acima das minhas possibilidades.

É claro que qualquer esposa tem, sobre mim, a grande vantagem de poder recorrer ao divórcio ou de usar uma frigideira como arma de arremesso. Mesmo não tendo escolhido o valdevinos com que me obrigam a viver, não só tenho de pagar o dinheiro que ele me gasta como ainda tenho de o ouvir dizer que a culpa é minha. Para além disso, não tenho força suficiente para atirar frigideiras para São Bento ou para Paris.