Natal é sempre que o Homem quiser, certo?

Então estou certo que a nossa direita tão moderna não verá qualquer problema se a Jerónimo Martins repetir a gracinha no dia de Natal, certo?

O que seria de nós sem a música?

Hoje, dia 26, de volta à «realidade», o choque não foi tão duro, ouvindo na Antena 2, a música de G. Gershwin. Partilho com os amigos do Aventar esta fabulosa música escrita em 1925, que nos enche as medidas.

Cofre de Natal

cofre de natal

É natal, deixem os pobres em paz

Entrámos na vertigem da caridadezinha agora chamada de voluntariado, registo que será o do ano de 2012. Não vou agora discutir a mais hipócrita das formas de perpetuar a miséria, é natal e estou contagiado pelo espírito de paz, amor e peúgas. Mas há um limite de decência para a propaganda travestida de jornalismo: os pobres também têm direito ao anonimato e ao sossego, senhores, mesmo que não tenham capacidade de se defenderem da vossa falta de vergonha.

Porque não vão entrevistar o Américo Amorim e acompanham a sua triste consoada? porque não tem Ricardo Espírito Santo direito a uma perguntinha sobre o bacalhau e se estava bem servido? porque não se questiona Belmiro de Azevedo sobre o frio de dezembro e se confirma se teve agasalhos que o abrigassem na noite da consoada?

É mais fácil ir para a rua e para as cozinhas económicas deste mundo entrevistar voluntários muito cristãos (excepto na soberba, no ódio ao franciscano e no esquecimento do velho princípio de que a caridade não se exibe) e sobretudo os desgraçados que além da indigência ainda levam com a devassa da sua privacidade, e essa é a miséria do jornalismo desta quadra. Mas será só por ser mais fácil?

Eu sei que quando um pobre escorrega cai logo em cima de um monte de merda mas um pouco de decência nas televisões ficava bem, ao menos no natal.

A música de todos os natais

Antes não fosse.

O Natal triste de José Pacheco Pereira

Hoje, dia 24 de Dezembro, José Pacheco Pereira (JPP) desejou-nos «Um Natal triste».
Não, obrigada, sr. Dr.! Vamos tentar que ele seja o mais feliz possível.
O historiador teve a oportunidade única de desejar Um Feliz Natal a cerca de 45 mil leitores do PÚBLICO em papel mais os leitores online. Desperdiçou-a totalmente. Teve azar que este dia tão especial fosse a um sábado, dia do seu espaço no referido diário. Sem nada para dizer que pudesse contribuir para alimentar um pouco da esperança que anda pelas horas da amargura, escreveu “Este Natal será triste. (…) Digo triste, porque mais ou menos, vaga ou profunda tristeza, todos sabem que a vida vai piorar, e que não existe esperança no futuro próximo (…). Tudo é mau para milhões de portugueses (…).
Os jovens que o lerem (leram) terão mais uma razão para o desânimo: “um mundo com emprego e com a possibilidade de «construir» o seu espaço próprio não existe”. Assim também os mais velhos terão mais um motivo para lembrar o que já adivinham, que “o fim da sua vida, a reforma, a doença, o declínio físico, vão ser muito piores, a solidão e a dependência ainda maiores”. E ainda há mais: as decisões deste Natal,  “de um Natal triste” é “matar-se, emigrar, desistir, resistir”, escreveu JPP.
Aproveito apenas a palavra «resistir».
É preciso muita resistência e resiliência. Resistir, «aguentar», « aturar», «lutar», «subsistir», «reagir», »recusar» estas palavras de pessimismo que não levam a nada. Apenas à inação e à não-vida.
Tretas são as suas palavras, JPP,  que depois de lidas vão para o papelão de forma a poderem vir um dia a transformarem-se em algo positivo e , quem sabe, virem calhar às suas mãos em algo novo.
Mesmo assim, desejo,  sinceramente, ao sr. Pacheco Pereira, um  Feliz Natal e um Bom Ano Novo.
(Numa coisa ele terá esperança: que muitos leitores tenham paciência em lê-lo e ouvi-lo em 2012…).
Céu Mota

Natal – Imaginário adulto ou troca social

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Com Pai Natal em Greve, o povo sem dinheiro, falidos, não há Natal: apenas sopa e pão

Para o pobre povo de Portugal

1. Natal

Os leitores devem estar habituados a ver em letra escrita nos meus textos, uma ideia em que sempre teimo: qualquer grupo social tem, pelo menos, duas formas de ser ou duas culturas: a dos adultos e a das crianças. A do adulto, esse imaginário para calcular e falir sem remédio, sem a capacidade de decidir, porque não há trabalho bem dinheiro; a da criança, essa fantasia à esperassem saber. A do adulto, para calcular e decidir, porque vive no meio das finanças, dos orçamentos. Fantasia à espera, por viver

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A essay on the old Christmas values (and why the fuck hell is everybody expressing themselves in English!??!)

A véspera de natal chegou, a alegria e solidariedade pairam no ar, os filmes que ninguém vê, mas fazem uma boa banda sonora/som ambiente estão a dar na TV, as prendas vão para o carro na esperança (e exigência) de voltarem mais dos que as que vão, chegámos, toda a família reunida (e não é incrível como apenas com a promessa de bons presentes e algumas notas de valor significante é que aguentamos um dia inteiro de família com a conversa da treta, e as historias orgulhosamente contadas como se alguém realmente estivesse a ouvir (sejamos sinceros, não são sobre nós, não interessam, ponto); ou mesmo como se alguém lhes desse algum valor, desde que no fim acenemos com a cabeça e dê-mos uma ligeira gargalhada (e só depois nos apercebemos que era a sua triste e dolorosa historia sobre o seu tempo de tortura pela PIDE), as crianças correm e brincam (gritam, empurram, sujam), alegres pela casa (pudera, malditos roubaram-me as prendas, aqueles pequenos idiotas, que vieram ocupar o nosso lugar central como receptor central das prendas da família), os familiares mais idosos [Read more…]

Prendinha de Natal

Meia dose

Esperança?

O Conto deste Natal

E agora boas-festas, Feliz Natal, e um Ano Novo cheio de necessidades…

Não se importe, não fica obrigado

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Para os amigos que apresentaram os meus novos livros…e para os que ouviram a apresentação, essa, a minha família inventada…em memória desses dias em que eu tinha amigos… 

É comovente, é difícil de entender, e voltar a ser criança é uma festa que parece não ser merecida. É um presente. Esses embrulhos amados pelas crianças. Especialmente na época do Natal. Essa impaciência pela surpresa do que deve estar dentro dos pacotes/embrulhos ai. Impaciência que nem deixa dormir em paz. Impaciência do imaginário. O que será, o que há dentro do pacote? Uma carícia, um mimo, uma maré de seres humanos? [Read more…]

Como Se Fora Um Conto – O Natal e o meu dia de Reis

Durante muitos anos, nos meus tempos de ganapo e mais tarde de adolescente, a noite de 5 de Janeiro era uma perfeita e completa chatice.

Meu pai, não dispensava ao jantar, o bacalhau e as batatas e as couves e o polvo cozidos, e o vinho tinto (que eu não podia beber por causa da idade, só a água me era permitida) e o pão e os doces (que eu detestava) e mais nada! Em tudo igualzinho aos jantares do dia 24 e do dia 31 de Dezembro. Chamava-lhes a consoada de Natal, de Fim de Ano e de Reis. O problema era que tal como a consoada do dia 31, esta não tinha as prendas do Menino Jesus no sapatinho, e para além disso e também ao contrário desta e da do dia 24, não era feriado no dia seguinte. [Read more…]

-A-

a de natal

Votos e presentes de Natal

sócrates e cavacoA hipocrisia  é um lugar geométrico – ou geográfico, Ricardo? – de convergência dos políticos, ornamentado  de demagogia e de cínicos sentimentos. Recado para lá, recado para cá, a controvérsia, ao longo do ano, é mero instrumento ficcional da chamada política activa, ou da “realpolitik”. A despeito de quererem mostrar-se diferentes, a verdade é que pensam e agem com iguais propósitos de fustigar a malta: manter o poder e exercer influência sobre as nossas vidas – passo a passo, mais dificultadas.

O Natal, uma efeméride gradualmente diminuída de sentido estritamente religioso, é o tempo de ‘votos e presentes a terceiros, companheiros ou adversários’; para os políticos, é ainda a época certa para erodir polémicas. Deixando no ar, todavia, o móbil do interesse comum que os move: manter e desfrutar os benefícios do poder. [Read more…]

o dia internacional da mulher no natal

o trabalho que dá à mulher comemorar o dia de natal

Nestes dias, temos falado de Natal, de Orçamento de Estado, de presentes, mas nunca da mulher internacional que prepara estas festas. Essa mulher que trabalha, não apenas para ganhar um ordenado, mas também em labores domésticas, como esse de preparar o natal e as comidas da festa, limpar a casa, limpar às crianças a casa, os tachos e ornamentar a mesa da festa. Difícil tarefa especialmente em dias como este, com frio, chuva e lama que desfaz ornamentos, suja a casa, dá frio e sono e faz das crianças uma sujidade, após banhos, penteados que as mães têm tomado esse especial cuidado para mostrar o melhor do melhor. Será que consegue? Para saber, falemos de mulheres…

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As boas festas do PSD

Os votos do PSD são mesmo votos.

via O que fica do que passa

Braga é Amor…

O Ramadão do Natal

o natal dos muçulmanos é o mes do arrepentimento e do perdão

Dois conceitos diferentes dentro de uma aparente contradição. Ramadão, luto islâmico para comemorar a festa da vida que salvaria o mundo ou concepção do Alcorão a Mamede pela sua divindade; Natal, festa cristã a seguir ao Anuncio ou Advento, a melancolia prévia à comemoração de um Nascimento que salvaria a vida humana. Como acontece no quotidiano da vida. Como acontece a esse puto que pergunta à sua avó: é verdade que vais morrer e ela responde: Gostaria que fosse possível salvar a minha vida e te acompanhar sempre!?. Ramadão e Advento do pequeno ao entender, com surpresa, que uma mulher nova e querida o vai abandonar e nada mais lhe vai contar, dizer, acarinhar, beijar. Contar essas histórias que entretêm o mais novo, acarinhar ao passar as mãos pelo cabelo, ao dizer que lindo que está meu menino, tão bem penteado por mim, e o puto orgulha-se dessa vida tão activa que trata da sua. Começa o Ramadão, talvez cumprido, talvez distante, mas de certeza triste. Jejum e abstinência, como no Advento. Porque é-lhe dito que a avó estará sempre com ele, em [Read more…]

Natal.mito, ritual ou processo comercial?

se for ritual, não esqueça o Orçamento de Estado de 2011...

Para os meus netos Tomas e Maira Iturra van Emden e à preciosa nova neta May Malen Iturra Isley

Em 1260, na sua obra Provérbios, Tomás de Aquino escreve elementos do que viria a ser a sua obra O Catecismo, editado pelos Frades Dominicanos e mais tarde, em 1878, pelo Papa Leão XII, nascido a 20 de Fevereiro de 1878, foi eleito sucessor do Papa Pio IX. É frequente referirem-se ao Papa Leão XIII por suas duas importantes encíclicas: Rerum Novarum, a de 1891, sobre os direitos e deveres do capital e trabalho, em que introduziu a ideia da subsidiariedade no pensamento social católico e a Aeterni Patris, de 1879, sobre a Filosofia, onde destaca a importância do retorno à Filosofia de São Tomás de Aquino do Vaticano, a sua primeira preocupação é declarar a obra de

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Natal-imaginário infantil, imaginário adulto ou troca social

Natal costumava ser festa da alegria, mas a crise económica de hoje...

Para o meu próximo descendente, essa criança, filha de uma das nossas filhas

1. Natal

Os leitores devem estar habituados a ler nos meus textos, uma ideia em que sempre teimo: qualquer grupo social tem, pelo menos, duas formas de ser ou duas culturas: a dos adultos e a das crianças. A do adulto, esse imaginário para calcular e decidir; a da criança, essa fantasia à espera. A do adulto, para calcular e decidir, porque vive no meio das finanças, dos orçamentos. Fantasia à espera, por viver no meio dos mimos, recebidos ou esperados. Duas lógicas de ideias que andam, ora entrelaçadas ora paralelas – umas no lar, outras, à distância. É na altura da noite e do frio, que começamos a pensar nesta brincadeira das duas culturas. [Read more…]

A não perder:

A revista TimeOut Porto é um sucesso. Este último número dedicado ao Natal no Porto é excepcional.

Um merecido sucesso. Não é apenas o único guia de tudo o que se passa no Porto e arredores. É, sobretudo, o melhor. Muito bem feito. Uma apresentação excelente (as capas são do melhor) e muito original. Sempre com boas ideias e um retrato fiel de um novo Porto que está a crescer.

A TimeOut Porto já se tornou indispensável para todos nós, portuenses e para quem nos visita. Os meus sinceros parabéns aos responsáveis por este fantástico trabalho.

a festa da intimidade. Ramadão e Natal

Cristãos comemoram, Muçulmanos invadidos

for the van Emdens: daughter Paula, husband Cristan and children Tomas e Maira Rosa

1. Introdução.

Normalmente, tenho escrito textos que referem esta quadra como um Feliz Natal. Normalmente. Mas, será que é uma época para falar de normalidade? Ou, porém, como vamos definir um tempo normal? Quando é que a vida social tem sido normal. Será quando agimos conforme as nossas ideias e os nossos hábitos e costumes? Mas, os hábitos, como os costumes, não mudam? Será que normalmente significa o que éconjuntural e heterogéneo? Não é por acaso que tenho usado essas palavras nos meus textos de pesquisa. O acaso é a normalidade. A normalidade é o comportamento conjuntural que estrategiza e manipula os feitos, ou factos – decida o leitor -, que constroem o mundo social e divide o trabalho entre todos nós. Estratégia que pode cair em mãos prudentes para virar os acontecimentos em favor do povo, pelo povo e para o povo, por ser a estratégia uma actividade social do povo. Estratégia que varia conforme os objectivos a atingir. [Read more…]

natal amarelo

o elefante ou o quebra-nozes para as crianças?

bailado escrito por Piotr Illich Tchaikowsky, entre Fevereiro de 1891 e Março de 1892

Tchaikovsky – Dança Russa (Ballet “Quebra-Nozes”) – Maestro Paulo de Tarso.

Para nossa neta Maira Rose, filha de Cristan van Emden e Paula (née Iturra)

Foi comentado neste sítio de debate no mês de Dezembro de 2009, que Natal era quando o marketing quiser. Comentário que me leva a pensar a relação dos adultos e das crianças. Essa relação, hoje, de distância e, antigamente, de larga intimidade, ambas com muito imaginário e certa afectividade. Imaginário, como é natural, que varia no tempo e no espaço. Como Pyotr Ilyich Thcaikosky e Gus van Sant. Como a água do óleo. Qual, a verdadeira? Qual, a conveniente? Qual, a da História? Não é o acaso que me leva a pensar no Elefante e no Quebra-nozes. [Read more…]

Estamos sempre aprender

Acabo de descobrir que nesta quadra, octeto e mesmo soneto, a blogocoisa, incluindo o Aventar, é completamente dominada pela esquerda. Uma boa altura para tomar o poder:

embora já se saiba que a seguir vêm os amorosos prussianos, e vamos todos para o muro, a parede, o caixote,  essa parte onde nos arrumam todos comunistas ou assim:

Cidadãos de Paris arrumados à moda da burguesia, André Adolphe Eugène Disderi, 1871

Há que estar preparado,  depois do Nascimento vem a  Páscoa.  Mas até gostei deste bocadinho, e boa continuação das festas do solstício invernal para todos.

O Discurso de Natal

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AINDA E SEMPRE O CALIMERO
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Não tenho tido vontade de escrever sobre política. A coisa é sempre a mesma e os nossos dirigentes todos a mesma trampa.
No entanto, pequei, e resolvi ouvir a mensagem de Natal do nosso maravilhoso líder, Sócrates II, O Dialogador.
As palavras estavam por lá, no discurso, mas a quererem dizer exactamente o oposto do que aprendemos na escola e no dicionário. Solidariedade e esperança, palavras sempre encontradas em qualquer discurso que se prese, em especial na época natalícia, pareceriam ao menos atento, palavras sérias e a mensagem de um Primeiro interessado e atento aos problemas do País. Mas não esqueçamos que estamos perante o mestre do disfarce, o perito do embuste, o cínico que pensa que é o maior, que é o mais inteligente e que é o detentor da verdade. O ar sofredor que adoptou, qual Calimero, e a face sem um sorriso para amenizar as palavras, ajudaram a criar um clima que lhe será cada vez mais adverso.
Já ninguém acredita que o investimento público possa trazer riqueza ao País, embora vá enriquecer alguns.
O discurso de ocasião, feita de promessas ocas, já não colhe, nem nos seus apoiantes. O seu partido anda perdido e sem saber já o que fazer com este personagem.
Um dia, Deus queira que muito próximo, para nosso bem, vai deixa-nos, e nessa altura poderá ser já tarde para uma recuperação, que outros encetaram já, enquanto nós nos continuamos a afundar.

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Natal sem John Ford nem parece Natal

The man who shot Liberty Valance

Tarde de Natal, tédio e rabanadas, sofá e manta. Constipação interminável faz aborrecer qualquer tentativa de leitura. Comando da televisão: Disney e quejandos, Mr. Bean, patinagem artística, bocejo. Subitamente, um milagre. Paramount Pictures, preto e branco: “O Homem Que Matou Liberty Valance”. Mestre John Ford dirige James Stewart e John Wayne. O mau da fita é Lee Marvin.

A história é simples: um pistoleiro sem escrúpulos aterroriza uma cidadezinha do velho Oeste, num tempo em que os rancheiros poderosos tentam impedir que o território se transforme num Estado e assim possa fazer parte da Confederação.

Ser um Estado da Confederação significa cumprir a Constituição e respeitar os direitos que ela institui. O fim da lei da bala.
A democracia é algo de vago e nebuloso, muitos homens nunca votaram, desconhecem esse novo poder. Os poderosos persuadem com pistoleiros contratados, como o famigerado Liberty Valance. [Read more…]

Ele já deve andar por aí

Bob Dylan – Must Be Santa