O interesse dos negócios à frente da prudência ambiental

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Chumbados projectos sobre organismos geneticamente modificados. Bloco central de negócios em acção.

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(c) Paulo Abrantes

Abstenção e responsabilidade

São insuportáveis os devaneios argumentativos de justificação da abstenção eleitoral. Tudo serve para responder a este mistério: a culpa é dos partidos, da meteorologia, dos astros, do karma. Tudo se invoca menos a responsabilidade – eu não disse culpa – e a deliberação dos próprios abstencionistas. Temos de deixar de vez este ângulo de análise que parece reduzir as pessoas, os cidadãos, a meros títeres de obscuras forças manipuladoras. Não se pense que ignoro a complexidade que envolve a formação das visões do mundo e idiossincrasias de cada um, bem como do papel dominante da ideologia. Mas o que nos resta de liberdade e autonomia individual tem de se erguer em nós e, chamado à decisão, tem de ser chamado à responsabilidade. Sob pena de questionarmos os próprios fundamentos e possibilidade da democracia, tenha ela a forma que tiver.

A abstenção é, pois, quer se queira quer não, um acto de escolha, por muito diversas que sejam as razões que a fundamentam, o grau de consciência que a informa, os efeitos vários que venha a ter. Mas não podemos omitir a responsabilidade, para que não se desvaneça a liberdade.

Presidenciais (3): os resultados nacionais

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As urnas fecharam há 24h.

Marcelo ganhou e Portugal perdeu uma oportunidade, mas, sobre isso, nada mais acrescento.

Quanto aos resultados, algumas ideias, tipo comentador da tb & e rádio pirata:

  • Marcelo, fugindo de Passos e de Portas ganhou. É, fundamentalmente, uma vitória individual, mas que foi sentida pela direita, como um vitória. Percebo o sentimento;
  • António Nóvoa: mais de um milhão de votos para um Homem que tem de continuar ao serviço do país;
  • Marisa: fez uma excelente campanha, capitalizou o voto próximo do BE e acaba por estar no lote das que ganha. O comentário de Jerónimo de Sousa deu ainda maior dimensão à vitória de Marisa.
  • Tino: sempre disse que ele seria o vencedor entre os “pequenos”. Era notória a adesão de pessoas de outras áreas ao voto de protesto via Tino. É um homem que admiro, com coragem e que não é tão burro como alguma opinião publicada fazia crer. É um homem de trabalho que passou esta prova com distinção.

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A natureza afectiva e o cumprimento afectuoso

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© Presidência da República Portuguesa (http://bit.ly/1Sf7vhO)

Ontem, depois do acto, ouvimos Marcelo Rebelo de Sousa a dizer que a escolha da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa para o discurso da noite eleitoral fora «de natureza afectiva». Não compreendo a razão pela qual alguns órgãos de comunicação social decidiram transmitir a ideia de que Rebelo de Sousa dissera “de natureza afetiva”. Afetiva ([ɐfɨˈtivɐ])? Não disse. Verifique-se:

Efectivamente, afectiva [ɐfɛˈtivɐ].

Marcelo Rebelo de Sousa, ao contrário daquilo que se lê por aí, não referiu qualquer “cumprimento muito afetuoso”. Não. Rebelo de Sousa mencionou um “cumprimento muito afectuoso”:

Exactamente, afectuoso. E especial.

E hoje? Hoje, ficámos a saber que, no sítio do costume, não houve nem sobressaltos, nem perturbações, nem estrangulamentos, nem constrangimentos.

dre25012016

Presidenciais (2): os resultados em Gaia

O Aventar é um espaço com história na blogosfera e creio que parte do seu sucesso resulta da nossa (in)capacidade de trazer à antena, visões que, quase sempre, ficam à margem das redacções. Tenho procurado promover essa característica trazendo Vila Nova de Gaia para o Aventar. Tenho um novo camarada geográfico e mesmo correndo o risco de tornar Gaia mais famosa que a Trofa, parece-me que é importante mostrar uma outra realidade.

Há de facto um lugar comum por estes lados que, confesso, tem pouca adesão com a realidade, até porque o Paulo numa dupla postagem, comete uma contradição – retira aos dirigentes nacionais do PSD o sucesso da vitória de Marcelo, mas depois atira para o PS Gaiense a responsabilidade pela derrota. E, nestas coisas, ou há…

Vejamos a história:gaiapresidenciais

  • Cavaco foi eleito com 50.64%, para voltar a ganhar, há 5 anos, com 52.95%. Em Gaia, começou por ter 46, 63%, para depois ganhar com 50.63%. Passou de 71568 votos para 62194 votos. Em ambos os casos, nada de muito diferente entre os resultados do país e do Concelho.
  • Sampaio, por sua  vez, nas primeiras Presidenciais deste século, teve 71236 votos em Gaia, 4 pontos percentuais acima do resultado nacional.

Não creio, ao analisar estas três eleições, que se possa concluir uma diferença significativa no comportamento eleitoral de Gaia. Mas, vejamos alguns dados relativamente às legislativas no presente século: [Read more…]

O triunfo das Mulheres do Bloco

Mulheres

Num país de valores antiquados e conservadores, a cena política é ainda dominada por homens. É certo que já tivemos Maria de Lurdes Pintasilgo a chefiar o governo durante escassos meses, Assunção Esteves a presidir à Assembleia da República e umas quantas ministras e secretárias de Estado, sempre em acentuada minoria face aos seus pares do sexo oposto, mas a verdade é que a política portuguesa ainda é um couto masculino e nada parece indicar mudanças no curto prazo.

Depois temos o Bloco de Esquerda. Coube a Catarina Martins a difícil sucessão do carismático Francisco Louçã, num dueto inesperado e temporário com João Semedo, mas, depois de uma campanha eleitoral extremamente bem-sucedida para as Legislativas, foi sob sua liderança que o Bloco conseguiu o seu melhor resultado eleitoral de sempre e, mais simbólico ainda, foi com Catarina Martins que os muros à esquerda caíram e possibilitaram o histórico acordo de governo que permitiu derrubar a coligação PàF. [Read more…]

Presidenciais (1): Obrigado

presidenteParticipei activamente na campanha eleitoral de António Sampaio da Nóvoa e por isso, ontem, preferi desligar, afundar o corpo num sofá e ouvir música. Estive pela primeira vez numa mesa eleitoral, uma experiência interessante que me permitiu confirmar que Portugal é muito mais do que aquilo que nos mostram os canais de cabo. E, essa, é a primeira emoção que aqui queria partilhar com os nossos leitores, uma sensação de humildade e de igualdade porque ali, naquele momento, somos todos iguais.

Depois, claro, queria deixar uma palavra a todas e a todos os portugueses que se envolveram no apoio a Sampaio da Nóvoa. Gente fantástica que viveu um sonho, que foi à luta, que fez o que nunca tinha sido feito e que, por isso, conseguiu o que ninguém tinha conseguido. Não chegamos ao nosso objectivo e por isso perdemos, mas foi bonito. Muito bonito. Ninguém ficará chateado se dedicar tudo ao esforço da TITA. Obrigado.

E, para terminar, um agradecimento especial ao António Nóvoa, feito candidato com o nome Sampaio da Nóvoa.

Se ontem estava a doer a derrota (não gosto, mesmo nada, de perder), hoje, mais tranquilo, sou capaz de perceber melhor o seu discurso ontem. Não aceito é o seu obrigado. Não fizemos mais do que a nossa obrigação. Temos é que agradecer a sua disponibilidade. Mais de um milhão reconheceram as suas qualidades ontem. Estou certo que muito outros se juntarão a Nós um dia.

Espanta-me que se espantem

Parece que há gente admirada com a vitória de Marcelo à primeira volta. Desculpem, mas, ou é distracção vossa, ou má leitura política do país que existe.
É que Marcelo já partiu com essa vantagem e esta campanha destinava-se a tentar contrariar esse facto.
Em vez disso, tivemos candidatos fraquinhos, fraquinhos e muitos tiros nos pés.
Boa, mesmo, em campanha, apenas Marisa Matias.
Quanto aos outros, nem as homilias edgarianas, nem os solilóquios morais, nem o choradinho ferreirinha mereciam mais.
Merecido, merecido, foi Maria ver Belém por um canudo e não ser capaz, sequer, de entender o enxovalho. Morreu, sim, mas por suicídio político, não por assassinato, como acusa.
Tino ganhou o povão, mas não se sabe se o povão ganhou tino.
Nóvoa, o Novo, enevoou. Redondinho, redondinho, molinho, molinho, sem chama, sem chispa, sem sonho a que sonho se chame, tentou pairar acima das nuvens como um querubim que tem medo de se sujar. Foi pena, mas perdeu as penas apostando em tacticismos.

Considerados os considerandos, admiram-se de quê, afinal?

Parabéns, Marisa Matias. E parabéns, Marcelo, que, perante o deserto, soube esperar sentado.

As notícias sobre a morte de Cavaco são manifestamente exageradas

Presidente da República vetou diploma que regula adopção homossexual e alterações à lei do aborto.

Pedro Duarte o homem que esteve na sombra da vitória de Marcelo Rebelo de Sousa

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Pela primeira vez, depois do General Ramalho Eanes e passados 30 anos, o País volta a ter como Presidente da República um cidadão que não é um político profissional.

Ontem foi o dia de Marcelo Rebelo de Sousa que conseguiu ter uma grande vitória à primeira volta.

Muito do mérito desta vitória é inequivocamente do recém-eleito presidente da República.

Mas hoje, depois de todos discursos e de todas as análises politicas, é o dia de enaltecer o trabalho muito importante, mas quase imperceptível aos olhos dos portugueses, de Pedro Duarte, o homem que dirigiu de forma exemplar a campanha imaculada de Marcelo Rebelo de Sousa.

Esta magnífica vitória é tambem do Pedro Duarte e da sua reduzida equipa que o acompanhou neste combate político.

Parabéns ao Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, mas também ao Pedro Duarte.

O PSD nada aprendeu com as eleições legislativas

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Esta noite eleitoral ouvi diversos representantes do PSD a comentar nas televisões as eleições presidenciais.

Infelizmente parece-me que nada aprenderam com o que se passou nas eleições legislativas do passado dia 4 de Outubro.

Esses dirigentes do PSD passaram a noite a querer fazer destas eleições presidenciais uma segunda volta das eleições legislativas. E estão completamente enganados.

Marcelo Rebelo de Sousa é o presidente da República, desde o 25 de Abril de 1974, que menos deve a sua eleição aos partidos políticos.

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Marques Mendes apanhado a pedir favores em escutas relacionadas com o caso Vistos Gold

MM

Não é que estejamos perante uma grande novidade, o Diário de Notícias até chegou a censurar uma notícia sua que envolvia o pequeno grande barão do PSD e as ligações ao caso dos Vistos Gold, mais que muitas, eram já do conhecimento público.

Mas as recentes revelações do jornal Público levam esta história para um novo patamar, ao citar escutas em que Marques Mendes é apanhado a pedir favores ao antigo presidente do IRN e actual arguido do caso dos Vistos Gold, António Figueiredo. Pedidos com respostas tão sugestivas como “Podemos eventualmente ir pela via da discricionariedade”. [Read more…]

PS Gaia sofre segunda derrota nacional

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O concelho de Vila Nova de Gaia sempre foi considerado sociologicamente socialista. Normalmente o Partido Socialista ganhava folgadamente as eleições nacionais.

Gaia sempre foi um terreno difícil para a direita, nomeadamente para o PSD, tirando o consulado de Luis Filipe Menezes à frente da Câmara Municipal de Gaia, em que os sociais-democratas em coligação com os populares, conseguiram vitorias avassaladoras nas eleições autárquicas.

Porém as ultimas eleições nacionais têm desmentido a teoria sociológica que Gaia é socialista.

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Momento superlativo de felicidade

Nunca mais ter que aturar Cavaco & Cavaca. Só não é uma festa total porque o Marcelo não renovou o contrato como comentador.

Da ausência de pluralidade no comentário político em Portugal

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São 23:40. Nos três canais noticiosos que existem em Portugal, discutem-se as eleições presidenciais. Na TVI24 estão três comentadores, todos de direita, a discutir a vitória do comentador de direita. Temos João Miguel Tavares, António Costa do Diário Económico e David Dinis da Fox News portuguesa do Observador. A Fox News portuguesa O Observador está também representado  na RTP3 com o incontornável José Manuel Fernandes, num painel feito de comentadores e politólogos essencialmente de direita. Num e noutro canal, não há um único comentador próximo das posições do PCP ou do Bloco de Esquerda. Eles até existem, mas a sua opinião aparentemente não conta. Pacheco Pereira, na SIC Notícias, será porventura aquele que mais se aproxima. Um perigoso e radical social-democrata.

Tino à frente de Maria de Belém no distrito do Porto

É um facto político, não?

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