Nunca haverá uma Palestina livre, enquanto houver Hamas

Sou insuspeito de simpatia pelos sucessivos governos israelitas, que desde sempre condeno pela ocupação ilegal da Cisjordânia, pelo Apartheid vigente na Faixa de Gaza ou pela brutalidade e desproporção dos métodos empregues.

Mas o que aconteceu no final da passada semana, para mim, não é resistir à ocupação.

É crueldade pura.

Atacar civis, raptar jovens e crianças, torturá-los em público e exibi-los como troféus não é resistência. É barbárie.

E sim, o Hamas é uma organização terrorista. [Read more…]

Censura má, censura boa

Decorre este mês, em Vila Nova de Gaia, a Bienal Internacional de Arte.

Entre os vários artistas que ali expõem o seu trabalho está o cartunista Onofre Varela. Até aqui, tudo normal.

Acontece que o mesmo, depois de várias pressões por parte dos curadores da exposição e das críticas que a Comunidade Israelita de Lisboa lhe endereçou, decidiu retirar um dos seus cartoons em exposição. E que cartoon é este? Trata-se de uma obra que retrata o ditador nazi, Adolf Hitler, de suástica no braço e estrela de Davi ao peito, com o seguinte texto a acompanhar: “ISRAEL TRATA OS PALESTINOS COM O MESMO DESRESPEITO COM QUE HITLER TRATAVA OS JUDEUS.” (cartoon em baixo)

Primeiro, urge perguntar: por que é que uma comunidade de Lisboa se insurge contra uma obra exposta em V.N. de Gaia?

Segundo: percebe-se que a obra possa chocar; mas não é essa, também, um dos objectivos da arte, especialmente da arte de intervenção política e social?

Em terceiro lugar, mas mais importante: as críticas são perceptíveis – a verdade costuma aleijar. Não creio que o artista Onofre Varela tenha tido por objectivo “desvalorizar o nazismo” mas, por contrário, deixar a nu a brutalidade do regime neo-fascista de Israel e, consequentemente, chamar a atenção para a limpeza étnica levada a cabo pelo extremismo sionista e para o apartheid imposto aos palestinianos.

À censura imposta pela Bienal a pedido da Comunidade Israelita de Lisboa, a Câmara Municipal de Gaia diz não se rever em práticas censórias, mas aplaude a retirada do cartoon [sic].

A cartada do Holocausto, tão usada para justificar as atrocidades que o Estado israelita pratica nos Territórios Palestinianos Ocupados, já não cola (a não ser nos indefectíveis sionistas e nos incautos que acreditam que ter sofrido com o nazismo justifica práticas nazis por parte de quem sofreu com o nazismo).

Em suma, censurar tal obra, por contraditório que possa ser, coloca os censores mais perto dos nazis. E isso é um desrespeito para com os milhões de judeus espalhados pelo mundo.

A obra de Onofre Varela foi mandada retirar da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Gaia, a pedido da Comunidade Israelita de Lisboa – aqui fica, para provar que atitudes censórias têm, por norma, o efeito contrário ao pretendido.

Israel, Putin e Bin Salman

O governo israelita financia madrassas judaicas, tem um ministério da religião e vários partidários de uma espécie de sharia dos Macabeus a caminho do executivo mais extremista e corrupto de que há memória em Israel, que quer acelerar a construção de colonatos ilegais, alargar a ocupação da Cisjordânia e asfixiar ainda mais a Faixa de Gaza. Se Putin e Bin Salman tivessem um filho, seria o líder perfeito para este governo.

Israel muda lei para poder incluir no Governo um ministro condenado por corrupção

O novo Governo de Israel, novamente chefiado por Benjamin Netanyahu, que venceu as últimas eleições em coligação com forças ultra-sionistas de extrema-direita, pretende alterar as leis fundamentais do etno-Estado israelita para poder incluir em funções governativas um político condenado por corrupção.

O Governo israelita pretende fazer aprovar leis que mudem o carácter do Estado, tornando-o mais favorável aos políticos, dando-lhes ainda mais poder, ao mesmo tempo que pretendem aprovar leis que retirem direitos às mulheres, aos homossexuais e aos judeus ortodoxos. Uma destas leis diz respeito à possibilidade de antigos políticos condenados por corrupção, poderem vir a ser governantes. Na verdade, esta lei já se encontra, em parte, em vigor, caso a pena a que o condenado tenha sido sujeito tenha efeitos suspensivos.

Esta lei, chamada “Lei Deri”, foi feita à medida do político ultra-ortodoxo Arye Deri, condenado por fraude fiscal e que está a ser, hoje, indicado para Ministro das Finanças do Governo de Benjamin Netanyahu.

Para além disto, o governo sionista de extrema-direita israelita, pretende alargar a ocupação dos Territórios Palestinianos Ocupados, com particular incidência sobre a Cisjordânia, não só mantendo, como expandindo a invasão na Palestina e aumentando a repressão sobre os palestinianos.

Depois de décadas de terror a que o povo judeu esteve sujeito às mãos do nazismo e do fascismo europeus, a criação do Estado étnico de Israel, em terras outrora pertencentes à Palestina, trouxe à luz da realidade a radicalização, à direita, daqueles que se dizem representantes da religião judaica, num país onde nem todos os judeus são sionistas ou em que nem todos os israelitas são judeus. Assim, prova-se, Israel estará, sempre, condenado ao fracasso, enquanto Estado – e só continuará a sobreviver com o apoio e a conivência dos Estados Unidos da América e da União Europeia.

Aryeh Deri, Benjamin Netanyahu e Bezalel Smotrich no Parlamento em Novembro. Fotografia: RONEN ZVULUN/REUTERS

Federação Russa e Israel: a mesma luta

Não se tem dito nem escrito uma palavra sobre a ascensão do novo governo israelita, que coliga direita ultraradical e fascista – e sim, o uso do termo aqui é literal – e do aumento das várias formas de violência contra o povo palestiniano.

Ao corrupto Netanyahu juntaram-se os fundamentalistas do Sionismo Religioso, que defende a total anexação dos territórios sob controlo da autoridade palestiniana, um pouco à imagem daquilo que o regime russo pretende para a Ucrânia.

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O terror sionista: a extrema-direita israelita

Em Israel, onde o extremismo nacionalista e religioso vai grassando cada vez mais na sociedade, a extrema-direita voltou a ganhar as eleições, com o antigo Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a ser novamente eleito, depois de ter sido afastado por conta das suspeitas de corrupção que sobre ele caíram.

Digo “voltou” porque Netanyahu foi afastado do poder por Naftali Bennett, líder do também extremista de direita New Right (aquele que um dia disse já ter matado muitos árabes e não ver mal algum nisso). Agora, coligado com partidos ultra-ortodoxos e de extrema-direita, Netanyahu regressa ao poder para continuar com os projectos sionistas que se mantêm há mais de setenta anos.

Israel, enquanto país, desde a sua criação até hoje, nunca foi sobre o Holocausto e nunca foi sobre o sofrimento do povo judeu às mãos dos tiranos nazis. Foi, sim, desde sempre, um projecto imperialista, tendo por base a religião e as atrocidades cometidas pelos alemães, apoiado pelos EUA e pela Comunidade Internacional, para que o Médio Oriente tivesse, no seu âmago, um aliado poderoso dos interesses Ocidentais chefiados pelo Tio Sam.

E a prova disso é a eleição consecutiva de partidos e políticos de extrema-direita, num país que usa o Holocausto como arma de arremesso a cada crime que comete. Sabendo que, historicamente, o povo semita sofreu às mãos da extrema-direita, é tempo de pararem de jogar a carta do Holocausto, até porque:

1 – nem todos os israelitas são judeus ou sionistas;
2 – nem todos os judeus são israelitas ou sionistas.

A extinção da Palestina e do povo palestiniano, quer através da luta armada e da imposição de um Apartheid já condenado pela Amnistia Internacional, quer através da expulsão de milhares de palestinianos das suas casas e da sua terra, continuará em força, com Israel a impor o terror em casa alheia com o apoio de norte-americanos e europeus. Não é de admirar, portanto, a afirmação de Netanyahu, há uns anos, em que dizia não temer que o mundo se virasse contra Israel por conta do Apartheid, porque “temos os EUA do nosso lado”.

Na separação entre ”os nossos filhos da puta” e “os filhos da puta dos outros”, sabemos bem quem são os filhos da puta que apoiam o terror sionista.

Fotografia retirada de Encyclopedia Britannica.

Bom dia, alegria

Jornalista da CNN faz “a pergunta que não quer calar”.

IDF algema, prende e tortura criança palestiniana com deficiência intelectual

Imagem retirada de https://imeu.org/

Este é Ragheb Samhan. Tem 13 anos e uma deficiência intelectual.

No passado dia 28 de Março de 2022, Ragheb brincava com outras crianças e adolescentes na rua quando, de súbito, estas acabam perseguidas pelo exército israelita. Encurralado, Ragheb é capturado, de acordo com a organização humanitária israelita B’Tselem, “o centro israelita para os direitos humanos”, que tem denunciado inúmeros casos de abuso por parte das forças israelitas.

Posteriormente, os soldados israelitas ataram as mãos do pequeno Ragheb, vendaram-no e agrediram-no, sem nunca avisarem a família do paradeiro do jovem palestiniano. Horas depois, largaram-no à entrada de Ramallah, o bairro onde vive Ragheb, sem nunca lhe retirarem a venda e as algemas. Foi, depois, encontrado por familiares.

Mais tarde, os mesmos membros da IDF apareceram à porta da casa dos familiares de Ragheb Samhan, prendendo dois familiares, também menores, agredindo-os com socos e pontapés para, depois, os soltarem sem qualquer acusação.

Cerca de 160 crianças palestinianas são presas pelas autoridades israelitas todos os meses. Em 2021 Israel assassinou 86 crianças.

Fim à ocupação. Justiça para Shireen.

Fotografias: MAYO

Algumas centenas de pessoas juntaram-se ontem no Rossio, em Lisboa, para condenar a ocupação de Israel na Palestina.

Os manifestantes lembraram também a ‘Nakba’, palavra árabe para ‘Catástrofe’, agora que passam 74 anos da criação do Estado de Israel, pondo assim em concretização o projecto sionista. Mais de 700.000 palestinianos foram forçados a deixar as suas casas e o seu país e a refugiarem-se, outros mantêm-se nos colonatos ilegais que Israel ergueu nos territórios palestinianos, onde sofrem atrocidades diárias. Hoje, estima-se que existam cerca de 7 milhões de refugiados palestinianos, uns alojados em campos de concentração, outros espalhados pelo mundo.

Na semana passada as forças armadas israelitas assassinaram a jornalista palestino-americana da Aljazeera, Shireen Abu Akleh, com um tiro na cabeça.

A manifestação contou com a presença de representantes do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português, associações e vários activistas da causa palestiniana, assim como a comunidade palestiniana em Lisboa.

#freepalestine

🇵🇸

Lisboa, 2022

Desumanidade premente

Enquanto os palestinianos carregavam o caixão onde se encontrava a jornalista da Aljazeera assassinada pelos militares da IDF, as mesmas forças armadas israelitas decidiram carregar sobre os palestinianos, dificultando o velório da jornalista.

O mundo caminha a passos largos para a total desumanidade, para a robotização da sociedade que nos faça tomar lados consoante nos dizem. E nós cá andamos, a gostar ou desgostar destes e daqueles, consoante tenham mais ou menos cor na pele, olhos escuros ou claros, sejam ou não europeus. Hoje, fala-se muito em “valores ocidentais”. Mas nos vinte e seis anos que tenho, vi zero de valor ocidental. Vi, isso sim, carnavais fora de tempo.

Aqui, nos territórios palestinianos ilegalmente ocupados pelo Estado de Israel, como por parte dos manda-chuva russos, não há Humanidade nenhuma. Há, apenas e só, jogo de poder, a tentativa do extermínio de uma nacionalidade. Tudo se torna mais chocante, quando semitas atacam semitas… e há quem ouse falar em anti-semitismo.

Caríssimos, anti-semitismo não é, pois os palestinianos são, também, um povo semita. Mas é apartheid. É ilegal. É crime contra a Humanidade.

Vamos agir ou ficar de braços cruzados, deixando que os sucessivos governos sionistas dos nacional-fascistas do Likud ou dos novos ultra-nacionalistas do fascista New Right (do actual Primeiro-ministro de Israel – aquele que disse em tempos, cito, “eu já matei muitos árabes e não há mal nenhum nisso”) assassinem aleatoriamente quem lhes apareça à frente?

Abaixo o apartheid. Palestina vencerá!

Fotografia: AFP.

Matar e profanar o funeral: bem vindos ao apartheid israelita

https://twitter.com/jannisgrimm/status/1525071629675536384?t=mX5_XTZgn0yV-THVQ50ZEw&s=09

No funeral de Shireen Abu Akleh, militares do IDF irromperam por entre a multidão que se despedia da jornalista e distribuíram porrada a torto e a direito, incluindo àqueles que carregavam o caixão.

Só a pior da escumalha vai para um funeral à procura de confusão. Mesmo nas barbas da imprensa internacional, para que todos vejam que o regime israelita, sempre autoritário, fez o que bem lhe apetece e atropela quem tiver que atropelar.

O que distingue esta gente do regime russo?

Shireen Abu Akleh e o Kremlin de Telavive

Durante mais de duas décadas, Shireen Abu Akleh foi mais do que uma jornalista. Foi uma pedra no sapato do apartheid israelita na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Foi a voz que denunciou inúmeros abusos de direitos humanos e do direito internacional, tão em voga desde o início da invasão da Ucrânia, grotescamente ignorados quando o Kremlin que dá as ordens se situa em Telavive.

Não sei quem disparou o tiro que matou Shireen. Talvez nunca venha a saber. Mas sei onde é que ela era persona non grata.

E quem se sentia incomodado pelo seu trabalho.

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Indigência jornalística

Retirado do Instagram.

O jornal Público classifica o apartheid israelita na Palestina como “operação militar”. O jornal Público, sistematicamente apontado como “um jornal de esquerda”, tem como principal cronista um neo-liberal, tem como director outro neo-liberal e classifica a ocupação ilegal de terras e o assassinato de uma jornalista (espantem-se) como “operação militar”.

Chega a ser um constrangimento, hoje em dia “cringe”, ver os malabarismos que vão sendo feitos quer pela classe política, quer pela comunicação social, no que respeita às guerras que por aí grassam. Sabemos por que o fazem, sabemos por quem o fazem. Há uns anos, estudava na FLUL e, no âmbito da cadeira de Sociologia da Comunicação, o jornalista da RTP, João do Rosário, dizia-nos por que razão o jornalismo, hoje, não é tão sério e certeiro como outrora: a partir do momento em que deixaram de ser os jornalistas a dirigir o jornalismo, o mesmo entrou em decadência. E porquê? Porque entraram na equação as empresas de investimento que, hoje em dia, controlam os órgãos de comunicação social: Media Capital, Global Media, Cofina, etc (veja-se, por exemplo, todo o imbróglio Marco Galinha-Mariana Mortágua, e como o primeiro venceu a “guerra” pela força dos rublos).

E só por isto se entende que o jornalismo se preste a tal indigência nos dias de hoje. Tudo fica demasiado exposto quando eclode uma guerra na Europa, enquanto há outras guerras noutros pontos do mundo.

É o que eu digo: putinistas há muitos.

Fotografia: MAYO

Forças israelitas assassinam jornalista da Al Jazeera na Cisjordânia

Fotografia: Al Jazeera/Lusa

A jornalista Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera, que fazia a cobertura, do lado palestiniano, do apartheid imposto por Israel nos territórios da Palestina, foi assassinada com um tiro na cabeça pelas forças especiais israelitas.

Num acto desumano de desrespeito pelos mais básicos direitos fundamentais, Israel continua na sua jornada sangrenta, de ocupação e morte, de extermínio de um povo. A Ocidente, neste momento, silêncio. Muito silêncio. A provar que, no chamado “primeiro mundo”, estamos muito longe de termos “valores” que apregoamos como “ocidentais”. Se deixar à sua sorte palestinianos, sírios, afegãos ou iemenitas, enquanto apenas se salvam os loiros de olho azul (mesmo que se salvem estes também para serem explorados), é um “valor ocidental”, então o Ocidente não tem valores.

O corpo falecido da jornalista Shireen Abu Akleh, enquanto uma outra jornalista assiste, horrorizada.

A novidade, apenas uma: o Bloco de Esquerda fez aprovar, na Assembleia Municipal de Lisboa, uma recomendação ao Governo português para que condene as ocupações israelitas nos territórios da Palestina, assim como uma outra recomendação para que o Governo condene os ataques israelitas à mesquita de al-Aqsa durante o Ramadão. Agora, é esperar para ver que critérios usarão aqueles que têm dito que “temos de estar do lado do invadido”. O palco é vosso, campeões.

AML.

Ps. De realçar o facto de o exército israelita fazer operações, enquanto o russo faz invasões. Curioso ou sintomático?

Israel invade Mesquita de Al-Aqsa

Há poucas horas, mais um ataque israelita ao povo palestiniano.

Numa altura do ano em que os muçulmanos assinalam e celebram o ramadão, forças israelitas invadiram a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém Este, onde centenas de palestinianos rezavam. O ataque, violento e indiscriminado, não poupou quem na Mesquita se encontrasse: mulheres, adolescentes, crianças.

Para já, contam-se 150 palestinianos feridos. Desde Quarta-feira, as forças de Israel mataram sete palestinianos.

É urgente travar a agressão israelita. É urgente parar com o extermínio de palestinianos. É urgente sancionar Israel e acabar com este regime de Apartheid.

De Kyiv a Gaza: a Palestina vencerá! 

Fotografia: MAYO.

De Kyiv a Jenin: abaixo a ocupação!

Fourth Palestinian dies after being shot by Israeli soldiers

Em menos de dois dias, as forças armadas israelitas mataram quatro palestinianos. Entre as vítimas mortais estão um adolescente (17 anos) e uma mãe, viúva, que deixa dois filhos órfãos (é provável que estes, como muitos outros, acabem integrados no exército israelita, depois de uma profícua lavagem cerebral). O apartheid israelita na Palestina e a ocupação ilegal tem de acabar. Israel tem de ser responsabilizado pelos crimes que vai cometendo livremente.

Aproveitando o caos na Ucrânia, legitimado tanto por Putin como por Zelensky, Israel voltou a atacar: em menos de 24h matou quatro pessoas, indiscriminadamente. A ocupação israelita nas terras da Palestina dura há mais de setenta anos. E nem as resoluções que dizem “Israel está a impor um apartheid e a cometer crimes de guerra” os param. Nem isso, nem ninguém, porque, aparentemente, há ocupações boas e ocupações más.

A ONU já reagiu. Pede “contenção”. Contenção, imagino, será matar apenas dois em vez de quatro de uma vez. Imagino eu. Pedir contenção não é suficiente. Imaginamos Putin aceder aos “pedidos de contenção” na invasão à Ucrânia? Tenho outra ideia não-peregrina: que tal impor sanções à economia israelita?

Quem olhar para o que a Federação Russa está a fazer na Ucrânia e depois olhe com seriedade para o que Israel está a fazer na Palestina, só pode escolher um lado: o lado do povo ocupado. O lado do povo ucraniano, o lado do povo da Palestina. Neste caso, a Rússia só invadiu… para ocupar. Israel já invadiu e já ocupou. As sanções à Rússia são tão legítimas como seriam as sanções a Israel. Mas por que razão uma ocupação é boa (Israel na Palestina) e uma ocupação é má (Rússia na Ucrânia)? Não vos sei responder, pois quem defende a ocupada Ucrânia mas depois defende o ocupador Israel, só pode ser mentecapto ou, em última instância, troglodita. Como não me enquadro em nenhum dos dois, deixo para que alguns comentadores o justifiquem.

O assassinato aleatório de palestinianos continuará. A ocupação israelita não parará. Israel não descansará enquanto não exterminar todo o sentimento e a identidade palestiniana. A solidariedade de quem se diz do lado da paz… bem, essa está reservada só para alguns. Espero que, tal como a Ucrânia tem direito à sua defesa, os palestinianos se consigam defender com o que têm à mão: escombros. Pode não magoar muito, mas se acertar num tanque israelita já será positivo. Defendam-se, nunca se rendam, o dia chegará:

Palestina vencerá!

Fotografia: AFP

A ferida da hipocrisia

Há uns dias, abordei aqui o tema. Coisas que me enojam. Afinal, não sou o único enojado com a hipocrisia que grassa hoje no mundo, graças à guerra na Ucrânia.

Em baixo, Richard Barrett, deputado da República da Irlanda, do partido People Before Profit/Solidarity, põe o dedo na ferida. E bem.

Do nojo

Quando há uns meses escalou, de novo, a guerra na Palestina, com a agressão israelita a ser, novamente, de uma violência inqualificável, aqueles que pediam o boicote à economia de Israel, devo lembrar-vos, foram apelidados de anti-semitas.

Há uns meses, pedir o boicote à economia de um país agressor, instalado em regime de Apartheid noutro país soberano, que lança Rockets todos os dias por sobre civis, que mata velhos, mulheres e crianças, indiscriminadamente, era, se bem vos lembro, “anti-semitismo”. Óbvio que não era, mas foi a desculpa que alguns de vocês arranjaram, sem se aperceberem que anti-semitas são vocês.

Era só para vos lembrar do vosso duplo critério e da vossa total falta de noção. Bom Domingo.

Nice try, bro

Senhoras e senhores, a piada do ano está feita. Até 2023.

Ucrânia e Palestina, heróis e terroristas: o terror que nos vendem e o mundo real

Não é à toa que a narrativa dominante impõe um silêncio sobre o passado, rotulando de apoiante de Putin quem ousa falar nos antecedentes desta guerra. Não que eles justifiquem a agressão, que deve ser condenada e combatida por todos os meios e sem hesitações – e eu defendo, há vários anos, um embargo à Rússia, quando ainda muitos destes freedoms fighters da treta estendiam tapetes vermelhos aos oligarcas que continuam a voar para a Europa, apesar dos espaços aéreos fechados – mas a tentativa de reescrever a história que está em curso é ilustrativa do quão usado o povo ucraniano e o seu sofrimento estão a ser. Usados por gente que se está literalmente nas tintas para eles. Usado, aqui em Portugal, por muitos daqueles que os trataram como merda, quando aqui começaram a chegar há 20 anos, e os remeteram para as obras e para as limpezas, ignorando diplomas e elevados níveis de formação superior, com a arrogância xenófoba que se lhes conhece.

Sou pela autodeterminação dos ucranianos, pelo respeito pelo direito internacional e pelo isolamento total de Putin, que defendo desde 2014, sem “mas” nem meio “mas”. Também sou pela autodeterminação dos palestinianos, que estão a ser agredidos hoje, foram-no ontem e sê-lo-ão amanhã. Pela sua autodeterminação, pelo respeito pelo direito internacional, no que toca também (mas não só) ao cumprimento do plano de partilha da Palestina de 1947, que nunca foi respeitado por Israel, que continua a construir colonatos ilegais na Cisjordânia (hoje, não há não-sei-quantos anos), e pelo julgamento dos criminosos de guerra que, protegidos pelas potências ocidentais e pela nossa cobardia, continuam a espancar e a matar crianças, idosos, mulheres e homens que só querem ser livres. Como os ucranianos. Porque continuamos a negar aos palestinianos os mesmos direitos que hoje nos mobilizam pelos ucranianos? Simples: porque isso não serve a agenda de quem realmente manda nisto tudo. E, por isso, um palestiniano que luta contra um colonato ilegal na Cisjordânia é terrorista, e um ucraniano que luta contra a ocupação da sua cidade é um herói.

Soldados russos agridem violentamente ucraniana de 12 anos

Agora que tenho a vossa atenção, que diminuiria drasticamente caso o título escolhido fosse honesto, quando é que começamos a exigir sanções contra o governo israelita, que nunca respeitou os acordos de Minsk, perdão, o plano de partilha da ONU de 1947, e que continua a violar direitos humanos, a segregar palestinianos e a construir colonatos ilegais na Cisjordânia? Que ocupa diariamente território palestiniano, tal e qual as tropas de Putin na Ucrânia?

Sim, eu sei, o que se passa na Ucrânia não tem nada a ver com liberdade, democracia, direito internacional ou autodeterminação dos ucranianos. Tem a ver com poder. Com a “justiça” do mais forte. Com a dualidade de critérios que preside à ordem mundial, que determina quais as invasões, guerras, fomes e genocídios do bem e as restantes, aquelas que devemos considerar inaceitáveis. Que determina que oligarcas, criminosos e tiranos podem ou não investir nas democracias liberais. Os de Putin, por exemplo, ainda na semana passada tinham livre-trânsito em todo o mundo ocidental. E mansões em Kensington. E contas na Suíça. E lojas da Gucci a fechar portas para receber a sua família. E clubes de futebol por toda a Europa. O que me leva a crer que, na semana passada, a Federação Russa era uma democracia liberal. Não era, hipócritas?

Dia Internacional da Solidariedade com o povo da Palestina

Assinala-se todos os anos, aos vinte e nove dias do mês de Novembro, o Dia Internacional de Solidariedade com o povo da Palestina.

Diz que ainda é preciso, porque os palestinianos continuam a ser mortos pelo imperialismo israelita, apoiado pelos EUA, ou quê.

Fotografia: MAYO

Neste dia, deixo uma recomendação. Five Broken Cameras, um olhar cru, bem de perto, do conflito israelo-palestiniano. Aqui fica:

Na Irlanda, Israel é, oficialmente, um Estado agressor que opera à margem da lei

No dia 26 de Maio, a Irlanda tornou-se no primeiro Estado da União Europeia a considerar e a designar oficialmente os colonatos israelitas no Cisjordânia como anexação de território da Palestina. Como uma agressão à margem do direito internacional. Como crimalidade patrocinada pelo Estado de Israel, portanto.

A moção do Sinn Fien obteve apoio parlamentar de todos os partidos, da esquerda à direita, e constitui um marco em décadas de submissão ao directório político-económico sionista por parte das democracias liberais. Porque é possível apoiar uma solução de dois Estados sem dar guarida ao modus operandi totalitário de Israel.

Pouco a pouco, o mundo civilizado acorda e continuará a acordar para o colonialismo sangrento de Telavive, até que só restem os aliados que os banqueiros sionistas da City e de Wall Street consigam pagar. Estou cada vez mais convicto que verei a Palestina livre no meu tempo de vida. Que assim seja 🇵🇸

A crise na Palestina e a desonestidade intelectual de Henrique Raposo

No artigo de hoje no Expresso, Henrique Raposo compara Israel, um Estado, ao Hamas, um movimento político, armado e religioso. Ao fazê-lo, Henrique Raposo, que não é um ignorante, engana deliberadamente os seus leitores, contribuindo para desinformar e alimentar a radicalização. Contudo, existe um aspecto que torna Israel comparável ao Hamas: ambos praticam o terrorismo, ainda que em formatos diferentes. Sendo o israelita mais eficaz e mortífero.

Henrique Raposo afirma que Israel, um Estado belicista, protege os direitos das mulheres e dos gays, ao passo que o Hamas, um movimento extremista, não o faz. Poderia Henrique Raposo comparar a qualidade da democracia no Estado de Israel àquela praticada pela Autoridade Palestiniana na Cisjordânia? Ou, sei lá, os terroristas do Hamas aos terroristas de um dos muitos grupos extremistas judeus, como Yigal Amir, o homem que matou Yitzhak Rabin? Poder podia, mas isso não serviria os propósitos ideológicos subjacentes ao texto de Henrique Raposo.

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Manifestação Contra a Violência do Estado de Israel: Solidariedade com a Palestina

Hoje, na Praça do Martim Moniz, em Lisboa.

Centenas de pessoas saíram à rua para se manifestarem contra o regime Apartheid que Israel impôs sobre os palestinianos. Desde o início das agressões israelitas a Gaza, já morreram mais de cem pessoas, das quais cerca de cinquenta e oito são crianças e cerca de 35 são mulheres. Há também a lamentar cerca de mil e trezentos feridos. A Faixa de Gaza está, de novo, sob ataque colonial sionista, e, mais uma vez, milhares de palestinianos perderão a vida a resistir à violência israelita, apoiada pelo imperialismo estado-unidense e europeu.

Fotografias de MAYO.

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Hamas, o Chega da Palestina

A ver se a gente se entende, no meio de tanta parvoíce: o Hamas é uma organização política de extrema-direita, anti-comunista, ultranacionalista, anti-semita, que se opõe à separação de poderes e que se bate pelo primado da religião sobre qualquer forma de laicidade, que rejeita. Já agora, organizações como a Al-qaeda e o Daesh também se encontram no mesmo enquadramento ideológico, ainda que com algumas nuances. Contudo, não diferem no essencial: fundamentalismo religioso, anti-semitismo, anti-comunismo, ultraconservadorismo e totalitarismo.

A esquerda, na Palestina, é representada pela Fatah (social-democrata) e pela Frente Nacional de Libertação da Palestina (marxista-leninista), entre outras pequenas organizações. O Hamas, no fundo, é uma espécie de Chega lá do sítio: o discurso de ódio está lá, o populismo também, fundamentalismo religioso paga contas e o anti-semitismo, tal como anti-comunismo, são pedras basilares das suas fundações ideológicas, como de resto o eram para o nazismo, ao qual o Chega tem vindo a pedir emprestado algumas ideias e slogans, como o habitual “um partido, um líder, um destino”, decalcado do nazi “ein volk, ein Reich, ein fuhrer”. Portanto deixem-nos de merdas, e chamemos os bois pelos nomes, sim?

I was busy thinking about BOYS

Good boy! Dá a patinha!

Tradução do texto do líder da Juventude (pouco) Socialista:

«A Juventude Socialista irá hastear na sua sede a bandeira palestiniana, porque sabemos que há alguns esquerdistas no nosso partido e queremos continuar a dizer que somos de Esquerda. No entanto, defendemos o Estado de Israel, pois é o que a União Europeia e os Estados Unidos da América nos dizem para fazer. Mas, para além de sermos uns paus-mandados e cata-ventos da comunidade Internacional, não podemos ficar indiferentes aos coitados dos palestinianos. Ps. Queremos o seu voto, não se esqueça!» [Read more…]

Da Palestina

edf
Hoje comprei uma caixa de tâmaras maduras da Palestina.
Custou-me quatro vezes mais que as caixas de tâmaras maduras oriundas da mesma área geográfica.
Porque será?

Será que tens mesmo os tomates no sítio, Argentina?

A selecção argentina cancelou o jogo amigável com a sua congénere israelita, devido a alegadas pressões da parte de movimentos organizados que contestam a ocupação violenta da Palestina por forças israelitas. Parece-me uma excelente iniciativa, na medida em que sou da opinião que todos os regimes opressores deste planeta devem ser punidos, sancionados e isolados. Posto isto, aguarda-se, a qualquer momento, o anúncio oficial do boicote da selecção das Pampas ao Campeonato do Mundo, que este ano se realiza na Federação Russa. A ver vamos, de que material são feitos estes argentinos.

Israel mata

israel_mata© Nastia Stepanova