Twilight Zone Press:

O dia em que comprei o JN e levei o Acção Socialista

Expresso: Vaidade ou Ignorância?

Que o jornalismo anda pelas ruas da amargura, já sabíamos. Agora, que o Expresso ignore o que os outros sabem, não abona a seu favor. E nem falo de blogues, esses fazem comichão a alguns jornalistas encartados e, no caso do Aventar, chega a provocar coceira.

Mas o Expresso não lê o Público, o Correio da Manhã, o TVI24, a Bola, a Sábado, etc.? Não se vê por lá a SIC? O trabalho deles não é estarem informados para poderem informar?

Ignorância? Não, não creio, seria demasiado grave. Vaidade e arrogância, só isso.

A chapelada dos media.

A ideia de que a Comunicação Social existe para salvaguardar a Liberdade, para defender os Direitos Humanos, cai por terra quando se percebe a dimensão do logro da manipulação da imagem sobre a morte de Bin Laden. A Comunicação Social existe para isso mesmo, para manipular, para especular, para enganar. E por detrás de uns tontinhos que saem das escolas de jornalismo a pensar que vão salvar o mundo pela notícia, está o bonecreiro que idealiza um outro mundo, mais de acordo com as suas regras e com as regras de um ou outro grupo de homens bastante mais inteligentes do que os aprendizes de frases feitas. De resto, o dito jornalismo “independente” é tão ou mais independente consoante sobem ou descem as audiências.

Passos Coelho tem dupla personalidade

De acordo com o DN, Mário Soares terá afirmado ao i que Passos Coelho é “bem-intensionado”. No i podemos ler que, afinal, Passos Coelho é “bem-intencionado”. São discordâncias como estas que deixam o leitor confuso, sobretudo se for um leitor que acredita que os jornalistas devem saber português.

Entretanto, Mário Soares lá vai amassando o barro do centrão (no DN, escreve-se sentrão). Numa coisa, concordam os diários: Passos Coelho é alguém com quem se pode falar. Resta saber se é alguém que saiba ouvir.

Este programa teve ajuda à produção de

Esta frase tem-se espalhado pelo final da maioria ou mesmo da totalidade dos programas televisivos portugueses. O que se segue a esta expressão é, invariavelmente, uma série de marcas comerciais, o que me faz pensar que estamos diante de patrocínios, conceito bastante diferente de ajudas, sobretudo se desinteressadas.

Dando de barato essa questão quiçá ética, não consigo perceber, por mais que me esforce, em que língua está esta frase, porque, embora as palavras sejam portuguesas, parece uma daquelas traduções estapafúrdias feitas directamente na internet. Fará sentido, por exemplo, dizer-se algo como “Este pudim de abade de Priscos teve ajuda à confecção da minha mãe” ou “Este trabalho teve ajuda à elaboração dos meus colegas Fulano e Sicrano”? Não será mais propriamente português dizer que “A minha mãe ajudou-me a fazer este pudim.”ou “Fulano e Sicrano ajudaram-me a fazer este trabalho.”?

Mesmo invertendo a ordem e colocando as entidades adjuvantes no fim da proposição, não seria suficiente escrever “A produção deste programa teve a ajuda de…”, por exemplo?

Que alguma mente luminosamente ignorante se tenha lembrado, num programa qualquer, de inventar esta coisa, ainda vá. O que, para mim, permanece um mistério é o de se saber como é que isto se disseminou a ponto de invadir todo e qualquer genérico final. Proponho que se volte a escrever em português nos programas portugueses, pelo menos no final. Será pedir muito?

Uma pesquisa rápida pela Internet levou-me a descobrir que, como era previsível, não estou sozinho nesta perplexidade: vão aqui e participem.

Abandono escolar diminuiu: mais cosmética estatística

O secretário de Estado da Educação considerou esta terça-feira que Portugal fez “progressos notáveis” nos últimos anos, destacando a redução do abandono escolar em 2,5 pontos percentuais, no ano passado, para 28,7%, em parte devido às vias profissionais.

Os “progressos notáveis” no âmbito do combate ao abandono escolar só são possíveis graças a um governo constituído por especialistas em maquilhagem estatística, assim nas Finanças como na Educação, perdoai-lhes as ofensas (ou não).

As escolas, na realidade, não podem comunicar os casos de abandono escolar: há, portanto, alunos que estão matriculados, mas que não frequentam as aulas ou têm uma assiduidade baixíssima, mantendo-se no sistema, pelo menos, até ao final do ano, onde entrarão, no máximo, nas estatísticas das reprovações. Pelo meio, os professores ainda são obrigados a simular – é a palavra certa – planos de recuperação para alunos que, de facto, abandonaram a escola.

Aliás, o conceito de abandono escolar até poderia chegar ao ponto de incluir os alunos que vão às aulas e não trabalham ou não querem aprender. São tantos, ainda, os problemas por resolver na Educação em Portugal que a divulgação de estatísticas enganadoras só pode contribuir para agravar as deficiências, porque cria a ilusão de que se está no caminho certo.

A quantidade de vezes que os dois últimos governos já anunciaram números de sucesso na Educação poderia ser sintoma de que ultrapassámos a Finlândia. A comunicação social, como de costume, limita-se a desempenhar o papel de gravador colocado à frente dos responsáveis políticos: não é jornalismo, é publicidade eventualmente gratuita.

Há gente que é de esquerda e não sabe

Paulo Ferreira, no seu texto de hoje, não perde a oportunidade para dar uma bicada nos partidos de esquerda, elogiando-os por se terem posto à margem da negociação com o FMI: “Merecem um sincero agradecimento. O país não tem tempo a perder – e discutir com eles é, na verdade, uma perda de tempo…”

No resto do texto, descontando a ideia de que o FMI é inevitável, Paulo Ferreira transforma-se em alguém com quem discutir será “uma perda de tempo”, chamando a atenção, imagine-se!, para os impactos negativos que as condições do empréstimo poderão ter sobre os sectores público e privado, sendo, portanto, necessário adoptar uma atitude firme. Pelo meio, ainda critica os dois maiores partidos, voltando a perder tempo.

No final do texto, Paulo Ferreira chega a ficar perigosamente parecido com um bloquista ou um comunista, ao reconhecer o seguinte: “Já sabemos de ciência certa que as loucuras dos nossos Governos e a montanha-russa das finanças e dos mercados internacionais nos roubaram, pelo menos, duas décadas de desenvolvimento sustentado e sustentável.”

Esperemos que Paulo Ferreira não releia o que escreveu: ainda pode ter a necessidade de tomar um anti-histamínico forte.

Avaliação dos professores: perceber a revogação

Carta aberta à ministra da Educação

São inumeráveis as coisas que ignoro: a vida íntima da formiga branca, os elementos da tabela periódica, os hábitos alimentares dos povos indígenas do Chile, as vicissitudes do quotidiano profissional que não seja o meu. Como sei que sei pouco, é usual – digo-o com toda a imodéstia – reduzir-me ao silêncio sobre todos esses muitos assuntos sobre os quais ignoro tudo. Como se costuma dizer: reduzo-me à minha ignorância. Ou ainda: procuro ser do tamanho daquilo que sei. Mais: se não sei, calo-me ou, no máximo, pergunto.

Todas estas características fazem de mim alguém completamente inapto para poder ser um comentador moderno, como um Miguel Sousa Tavares ou um José Leite Pereira ou um Pacheco Pereira, gente abrangente, capaz de perorar sobre tudo com base em nada.

Para aqueles que desejem continuar sem saber quais eram os erros contidos no modelo de avaliação dos professores, é aconselhável que continuem a ler os comentadores modernos. Se preferirem saber, podem, por exemplo, seguir a ligação para a carta aberta à ministra da Educação e lê-la. É certo que tem a desvantagem de ter sido escrita por quem percebe do assunto, mas, por vezes, é preciso experimentar coisas novas: uma pessoa até corre o risco de ficar informada.

José Leite Pereira: a esquerda é sinistra e a democracia uma chatice

(…) o perigo que o país atravessa passa também por aqui: o de não se perceber ou não se aceitar a vantagem que temos em estar na Europa e com o Euro, e sermos atirados para uma deriva de esquerda que torne o país ingovernável e nos afaste dos padrões ocidentais que são os nossos. É bom recordar que a Europa apenas nos pede aquilo que lhe fomos pedindo emprestado.

José Leite Pereira, o director do JN, vive, por estes dias, inseguranças terríveis, à espera de saber para que lado penderá o poder, problema fundamental para quem tem como critério editorial ajoelhar-se. Diz o iluminado director que a Europa corre o risco de ser atirada para uma “deriva de esquerda”. Percebo que andar à deriva seja um problema, independentemente de o barco inclinar mais para estibordo ou para bombordo. A parte mais engraçada do texto do ajoelhado comunicador social surge quando afirma que, graças à possibilidade dessa deriva sinistra, se corra o risco de ficarmos com um “país ingovernável”, afastado dos “padrões ocidentais que são os nossos.” O genuflectido dirigente não se terá apercebido de que o país já está ingovernável? Tanta ajoelhação não terá permitido a esta admirável criatura verificar que essa mesma ingovernabilidade nasceu de anos de derivas, com o barco a inclinar muito ou muitíssimo para a direita? [Read more…]

Miguel Sousa Tavares: desculpas de mau apagador

Miguel Sousa Tavares, na sequência do que escreveu na semana passada, conseguiu reconhecer que se enganou na quantia astronómica que os professores recebiam por classificar exames. A argumentação não é convincente e, como qualquer menino birrento, não consegue reconhecer um erro sem, imediatamente, contra-atacar, acumulando mais erros.

Talvez, desta vez, tenha ido ler, finalmente, o despacho 8043/2010. Uma vez aí chegado, descobriu ou reconheceu que se tinha enganado: os professores recebiam 5 euros ilíquidos por exame. No entanto, não perde uma oportunidade para acrescentar que poderiam receber “7,5 ou 15, em casos particulares.” Mais uma vez, alguém menos informado poderia ficar a pensar que havia casos particulares na classificação dos exames. A verdade é que esses dois valores são pagos não a professores classificadores mas sim, numa fase posterior, aos que procedem a reapreciações (€7,48 ilíquidos) e aos especialistas que analisam reclamações relativas a reapreciações (€14,96 ilíquidos). [Read more…]

E agora, que livros vai Cristiano Ronaldo ler?

Morreu um dos grandes portugueses. 90 anos, lúcido até ao fim. Actor, jornalista, escritor. Paz à sua alma e um grande obrigado, Artur Agostinho.

Miguel Sousa Tavares: ignorante, irresponsável, inimputável ou pior?

O conteúdo da última crónica de Miguel Sousa Tavares já foi comentado aqui e aqui. Resumidamente, o cronista do Expresso comete duas inexactidões em duas afirmações, numa ilustração do adágio que diz “cada cavadela, cada minhoca”: os professores recebiam 25 euros por cada exame corrigido e, ao que parece, corrigiam os exames dos seus próprios alunos.

Para lá da necessária discussão sobre as novidades impostas pelo Ministério neste âmbito, fica, mais uma vez, demonstrada a irresponsabilidade de alguns comentadores pagos pelos meios de comunicação social. O mesmo Miguel Sousa Tavares que, ainda há pouco, proferira imprecisões sobre a manifestação de dia 12, volta a falar do que não sabe.

O poder não constitui um privilégio; é, antes, uma responsabilidade. Miguel Sousa Tavares junta a uma formação de jurista uma longa carreira de jornalista. Presentemente, exerce funções de comentador, o que é uma forma de poder. Se é certo que de um comentador se espera, evidentemente, uma opinião, isso não o exime de rigor na busca e na confirmação dos dados em que vai basear essa mesma opinião.

Miguel Sousa Tavares é lido por milhares de portugueses que ainda acreditam que estão a ler as opiniões de um antigo jornalista, ou seja, de alguém que sabe do que fala, de alguém que só fala do que sabe, de alguém que só fala quando sabe. Puro erro: Miguel Sousa Tavares faz um uso irresponsável, eventualmente inimputável, do poder que não sabe merecer.

Aconselha-se, portanto, os leitores do ex-jornalista a fazer, semanalmente, um trabalho que devia ser anterior à escrita e da responsabilidade de quem escreve: confirmar os factos.

Influência dos pais no sucesso dos alunos: outra vez

No Aventar, por duas vezes (aqui e aqui), pelo menos, já foi abordada a questão da relação entre o sucesso escolar e o meio familiar.

Já há vários anos que o governo tenta, a todo o custo, colocar a maior fatia de responsabilidade pelo insucesso dos alunos em factores associados ao interior da Escola. Quanto a mim, nada disso é inocente: o objectivo é o de conter e, até, diminuir a afectação de recursos humanos às escolas, para além de isentar o Estado de melhorar as políticas sociais, tendo em conta que as condições familiares, afinal, não teriam influência no sucesso dos alunos.

Hoje, é divulgado um estudo do “Observatório dos Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) e do Gabinete de Estatísticas e Planeamento da Educação (GEPE), do Ministério da Educação” que “conclui que quanto mais elevadas são as habilitações dos pais melhor é o desempenho dos filhos.”

É curioso que tenha sido um departamento do Ministério da Educação a chegar a esta conclusão, contrariando um estudo encomendado pelo mesmo Ministério em que se concluía que o meio socioeconómico de origem e a idade dos alunos têm um peso de 30% no sucesso escolar dos alunos, dependendo os restantes 70% do trabalho realizado nas escolas, estudo esse que mereceu no Público uma ampla e entusiástica divulgação com honras de editorial encomiástico, o que parece não acontecer agora

É importante reafirmar aquilo que muitos sabem, nem que seja empiricamente: o meio socioeconómico tem um peso enorme no rendimento dos alunos. A afirmação desta realidade não serve para consolar ou desresponsabilizar os professores. Deveria servir, isso sim, para reorientar as políticas educativas ou sociais. Teremos de esperar por um governo preocupado em resolver essas questões ou por uma comunicação social menos interessada em ser caixa de ressonância do poder. Até lá, o Carnaval continua, com as estatísticas de sucesso a servir de máscaras.

A verdadeira notícia: cobra morre envenenada depois de morder seios gigantescos

Cobra  morde seio de modelo e morre

Esta notícia poderia servir para integrar um manual de jornalismo, porque notícia mais notícia não há: uma cobra morreu envenenada depois de ter mordido os seios da modelo israelita Orit Fox. Segundo a notícia, tratou-se de uma intoxicação por silicone.

Fox celebrizou-se devido ao grande número de operações plásticas a que se terá submetido e por, consequentemente, transportar seios gigantescos, como se pode avaliar pela fotografia junta, que permite avaliar que, se a cobra não morresse envenenada, acabaria por morrer sufocada ou de susto, caso olhasse directamente para a cara.

O Aventar soube que os israelitas estão a ponderar repor os níveis de silicone da célebre modelo e enviá-la para território palestino, a fim de se deixar morder pelo maior número de homens possível.

Consumir… jornalismo?

Nos últimos dias e a propósito de uma capa do Jornal “A Bola” corre uma histeria mais ou menos generalizada pela blogosfera, seja lá o que isso for.
Assinalo com surpresa alguns dos argumentos porque servem apenas quando dá jeito.
Não vou defender o jornal. Nada disso! Sou sócio do Sport Lisboa e Benfica e não compro aquilo há anos.
Parece-me que as coisas são, nos tempos que correm, muito simples – vivemos numa sociedade de consumo e há empresas que colocam um produto no mercado. Iogurtes, bananas, telemóveis, calças, jornais, informação, filmes…
Eu, consumidor, escolho – consumir ou não consumir é a nossa opção. Não vou começar a escrever um post de cada vez que um produto é mau. Teria certamente muito que escrever…
Já viram as páginas, muitas vezes a primeira, que o JN ou o DN fizeram com o governo nos últimos anos? Ou as primeiras páginas do Expresso? Ou…
Podemos, devemos, temos que analisar criticamente tudo o que acontecer, mas será que nos tempos que correm a liberdade não é também isto?
As empresas de jornais (comunicação social?) existem para dar lucro ou não?
Porque é que há jornais que fazem uma capa para Lisboa e outra para o Porto?
Porque é que há jornalistas impedidos de ir aqui ou acolá?
Porque há quem pense ser possível limitar a liberdade de imprensa. Não é. E ainda bem, até para que possam surgir maus exemplos como é o caso da capa de que se fala.
A liberdade de opinião e os tempos modernos são isto mesmo. Cada um come o que quer.
Uns, com espírito crítico afinado, preferem comer apenas aquilo que cai no prato…

Nova História da Porcaria.

Desde que a Nova História veio estabelecer que na historiografia não há barreiras, que alguns historiadores e estoriadores deixaram de se pôr em bicos dos pés e alegremente deram azo aos seus desejos mais íntimos. O voyeurismo histórico está na moda. Espreitar através dos buracos da fechadura é o único método e o único alívio para estes onanistas da cronologia. Mesmo que não interesse absolutamente nada saber a cor ou o material dos cueiros do Colombo, o número de vezes que o nosso D. João VI comia coxas de frango, se D. Carlota Joaquina se amantizava, ou sequer se Napoleão tinha chatos, estes parecem ser os temas em voga. E ainda que a dimensão do nariz de Cleópatra tenha influído na História Universal, (vá lá, compreende-se a pertinência da contra-factualidade), conhecer os pormenores sórdidos da alcova régia ou presidencial para que serve? Apenas masturbadores compulsivos que pretendem livrar-se ocasionalmente da lascívia que os apoquenta. A maior parte disto é porcaria. História do Sexo? História do Peido? História do Coito? História Queer? Amantes dos Reis de Portugal? Pormenores escabrosos de teor sexual? O que é isto? Nada, é claro. A maioria dos “investigadores” nem se preocupa em relacionar o tema e o objecto de estudo, no Tempo e no Espaço. Vamos analisar a tal história queer ou homossexual. Primeiro, ambos os termos são contemporâneos e, em segundo lugar, a própria consciência de “ser-se” homossexual é também recente. Como conceber isto aos olhos da medievalidade ou do classicismo? Impossível, dada a escassez de relatos na primeira pessoa É, aliás, impossível traçar uma linha que seja verdadeira e honestamente científica da tal “homossexualidade” desde, vamos supor, a Pré-História até hoje, que não seja pela biologia. Mas para isso não é preciso um historiador que nos venha elencar os homossexuais ou as lésbicas “famosas” desde há milhares de anos. Porque é disso que se trata, “desmascarar” os famosos nas suas “grandezas ou misérias” e expô-los ao ridículo – o que não deixa de ser curioso quando a ideia inicial de alguns destes articulistas ou historiadores até seria fazer a apologia da tal orientação sexual, supostamente errada ontem e correctíssima nos dias de hoje. Os livros ou as reportagens que saem todos os dias sobre estas questões só servem para satisfazer  as vendas editoriais, o ego de certos autores e o deleite de alguns leitores, desejosos por trocaram a monótona vida sexual que levam, pela garbosa e debochada vida dos mortos. De resto, como é sabido, jornalistas não escrevem História. Só estorietas. Por isso a estes já muita gente não leva a sério. O pior é quando cientistas sociais embarcam nesta brincadeira e sujam as mãos com tanta porcaria.

Eles vão. E vocês?

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Apoiar boas causas:

O PR After Work Norte vai procurar juntar os diferentes “Comunicadores” dispostos a participar num evento informal. Nada como aproveitar este momento especial para divulgar e apoiar três diferentes Instituições/Associações cujo trabalho merece todo o nosso apoio e que melhor local para o fazer do que este?

Já foi divulgada a primeira Associação, a “Animais de Rua“. Nos próximos dias serão divulgadas as restantes. Não se esqueçam de aparecer por lá.

Kunamis convenientes, kunamis inconvenientes

Usando e abusando da sugestão dos Gato Fedorento, tenho para mim, a convicção da existência de bem guardada fita métrica, destinada ao criterioso manuseamento por nada circunspectos avalistas de moral alheia. Quem não se lembra do banzé ao “estilo cancioneiro”, quando do caso da atarracada, grasnenta e claramente abacorada menina Lewinsky, nos seus húmidos encontros de “estagiária” – as putices têm sempre vários significados – de 1º grau com o péssimo gosto do Sr. presidente Clinton? Ouvimos de tudo, desde o estupor pela “intromissão na vida privada” do santarrão da Casa Branca, até aos obtusos repúdios quanto ao “aproveitamento dos media”, sempre prontos a alimentar a “coisificação” das mulheres. Coisificação, não era assim que eles diziam? Era. Mas a tal Ruby qualquer-coisa, é de facto muito superior ao tracanaz Mónica. De longe! Ainda por cima, tem-se mostrado mais digna que a tal “estagiária” washingtoniense, pois não se aproveitou da situação e nem sequer pensou em trazer a mãezinha à tv, para mostrar vestidos enodoados pelos entusiasmos fisiológicos do grande líder. Para cúmulo, até se atreveu a defender o galante ancião de serviço.
Dada a figura abarrilada da Lewinsky, claramente parecida com uma das personagens presentes em Las Niñas de Velázquez, como terá Clinton conseguido a proeza?

Quanto ao macarronesco Berlusconi, a coisa está feia. É vê-los, os alouçanados de Itália, enchendo avenidas aos gritos pela “moral e bons costumes”. As entrevistas são de ir às lágrimas e devem fazer as delícias de qualquer mulá de Abadan e dos seus correspondentes pró-Sr. Lefébvre. “Moral, dignidade, justiça, decência”, são as palavras mais comuns que se bradam via megafones, aliás bem enquadrados por cartazes com Vergogna!, Justiza!, etc, etc. Paradoxalmente, por aqui, os prosélitos das boas causas embarcaram de imediato no chinfrim e ei-los a cascar no velho “balsemista” local, consumidor de tintas capilares e de botoxes vários.

Sabemos como é. Tudo bem, desde que não se fale na “Casa Pi(l)a” e outros assuntos do estilo.

PR After Work Norte:

Será o CM feito por um bando de garotos excitados?

A capitã Patrícia Almeida poderá, muito em breve, sair do Comando do Destacamento Territorial da GNR de Santarém. A oficial que protagonizará, em conjunto com a cabo Teresa Carvalho, o primeiro casamento gay da história daquela força de segurança, pediu para ser transferida para o Comando Administrativo e de Recursos Internos (CARI), em Lisboa.

In Correio da Manhã

O Correio da Manhã faz destaque hoje desta informação. Com chamada à primeira página. Parece que por lá dizem ser uma ‘notícia’. Não consigo é perceber porquê.

É a primeira oficial da GNR a fazer um pedido de transferência? É a primeira oficial de nome Patrícia a pedir a transferência? É a primeira vez que o Correio da Manhã publica uma notícia sobre a GNR? É a primeira vez que o Correio da Manhã (CM) publica uma notícia? Ou não há notícia e o CM tinha falta de assunto? O CM faz notícias de todos os pedidos de transferência? Ou só dos pedidos de transferência de elementos das forças de segurança? O CM faz notícias ou é o boletim interno da GNR?

Só não quero é acreditar que o CM faz esta ‘notícia’ – e com chamada à primeira página – porque quem pede a transferência é uma senhora homossexual que vai casar. Porque não quero acreditar que o CM seja um feito por um bando de miúdos que se excitam com informações deste teor.

O 4º Poder vai lá estar

Os Deolinda e os parvos da santa terrinha

Sempre achei este comentador tosco e trauliteiro. Problema dele, de quem o segue e de quem lhe paga.
Agora deu-lhe para sair do seu campo de conforto – dizer mal de políticos  cá do sítio – para chamar parvos aos Deolinda e a quem deles gosta.
É verdade que, a propósito da canção que fala em ser-se parvo, se têm escrito muitas loas e alguns exageros, como esse de se tratar do hino de uma geração.
Eu, que não tenho hino nem geração – o que se compreende se pensarmos que Sócrates ou até o plumitivo primário a quem me refiro têm, mais coisa menos coisa, uma idade aproximada da minha e que um facto desses é suficiente para acabar de vez com qualquer ideia de pertença – acho que parvo é o senhor.
Saberá ele que os Deolinda são uma banda e fazem canções? Canções, isso mesmo, como o parvo do Rui Veloso fez sobre um tal Chico Fininho, a parva da Amália sobre a casa de uma dita Mariquinhas ou outros idiotas fazem sobre temas do seu tempo, como homens que vendem castanhas, touradas, bikinis às bolinhas, cargas em contentores ou comboios a apitar? Sabe o putativo comentarista que as canções não se fazem para salvar pátrias falidas ou indigentes? Sabe que as letras – medíocres, como diz – são apenas letras e devem tanto à literatura como  a ela são devedoras as suas croniquetas comuns e repetitivas? [Read more…]

Eles vão…

Ele vai voar…

Este Fevereiro ele vai voar…

A Falta de Memória nas Redacções

Este programa já tem alguns anos, mas continua tão actual como no dia em que foi transmitido. Os jornalistas seniores foram removidos das redacções. Isto permite por um lado poupanças nos respectivos salários, por outro lado lado resulta também numa nova geração de jornalistas mais fáceis de moldar pelos interesses de cada momento. Aqui chamam-se os bois pelos nomes num raro momento de franqueza pública sobre estes assuntos.

Parte 1

(As partes 2 e 3 estão disponíveis a seguir.)
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Presidênciais 2011:

Hoje, no Porto Canal, pelas 23h30.

Apareçam.

Televisão, futebol e política?

-Não constitui propriamente novidade a tentativa de Emídio Rangel e Rui Pedro Soares entrarem no mercado audiovisual. Após terem conseguido ao que parece, os direitos da Liga Espanhola a partir de Agosto 2012, o S.L.Benfica parece ser o próximo trunfo. Desde que o contribuinte não seja forçado a gastar um cêntimo, nem venhamos a constatar favorecimentos governamentais a amigos em processos de licenciamento, por mim nada a opor,  se tudo ficar no domínio da iniciativa privada, é saudável a concorrência entre operadores, pela busca de audiências. Claro está que conhecendo os personagens envolvidos e alguma tradição de promiscuidade entre política e futebol, é avisado ficar atento. Já basta a RTP para distorcer mercado e gastar o meu dinheiro, contratando a peso de ouro vedetas televisivas, para transmitir programas que de serviço público nada têm.

Jornalismo e presidenciais: um exemplo absurdo

Imagine uma notícia com o antetítulo “Absurdo”. Sobre a campanha eleitoral. Assim:

ABSURDO

Cavaco recebe banho de multidão no Funchal e teve de encurtar arruada

cavaco tejadilho(…)

Cavaco Silva chegou junto do teatro municipal Baltazar Dias, na capital madeirense, subiu ao tejadilho do carro para saudar as centenas de pessoas que o aguardavam há 30 minutos para realizar um arruada que deveria terminar no mercado da cidade, radiante por mais um show off.

(…)

Não imagina pois não? caía o Carmo, a Trindade e um jornalista, fora o editor. Agora veja esta:

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“Já estava a contar com isto”, comentou Coelho, “porque as pessoas são mal formadas. Há liberdade de circulação em todo o território nacional e isto é território nacional. Não é do senhor professor Cavaco Silva. Aqui na rua é praça pública”, conclui, radiante por mais um show off.

O absurdo está em José Manuel Oliveira e o Diário de Notícias seguirem a escola Judite de Sousa e não terem vergonha na cara. Como se não bastasse o artigo da Visão sobre a casa de férias de Cavaco Silva ter sido ignorado por toda a comunicação social (pode entretanto ser lido nos Tabus de Cavaco),  absurdo é um candidato insistir com o jornalismo ultra suave (para alguns) e este achar isso absurdo. Criticar a comunicação social é um absurdo, só pode, porque também nunca se enganam e têm sempre razão.