Frederico Lourenço sem pés nem cabeça

Fernando Venâncio

Sempre tive em elevado apreço o ensaísta, tradutor e ficcionista Frederico Lourenço. Por isso me custou crer no que os olhos me viam quando ‘links’ amigos me conduziram ao texto que abaixo se verá. Foi, até, por esse conhecimento ser indirecto que me resguardei de comentário público. Mas, hoje, o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa reproduziu a tirada e, com isso, dispensou-me da reserva.

Parece nítido que Frederico Lourenço (FL) quis dar gozo a quem o lesse. A julgar pela caixa de comentários, conseguiu-o em pleno. Só que o preço pago de antemão para esse efeito foi desmesurado. Vejamos. [Read more…]

Precisará Marcelo de um visto gold?

Marques Mendes mantêm-se no Conselho de Estado. E que jeito que a imunidade lhe dá.

Qual classe média?

Eis o gráfico que Ricardo Paes Mamede mostrou, ontem, no programa “Números do Dinheiro”:

Quase 70% das famílias portuguesas vive com menos de 600 euros por mês, e 22,7% não chegam aos dois mil euros. Os rendimentos mais elevados concentram-se em 8,9% dos agregados familiares.

É um bom banho de realidade e, sobretudo, muito útil para perguntar àqueles que acusam o Orçamento de Estado para 2016 de “penalizar a classe média” de que classe estão, afinal, a falar.

(Gráfico disponibilizado por R.P. Mamede no facebook).

Escola a tempo inteiro

IMG_20150108_083900Aí está o debate e, se a economia foi trocada pela política, também agora, no que à Educação diz respeito, fala-se de Escola, de Alunos e de Educação. Mérito, mais uma vez de António Costa.

Vamos então ao debate.

Segundo algumas informações que hoje vieram a público, o governo quer ampliar a oferta de Escola a tempo inteiro, permitindo que todos os alunos possam ter um espaço público de educação entre as 7h30 e as 19h30.

E, começo por acrescentar, que, num debate maniqueísta, onde tivesse que escolher entre um sim e um não, responderia sim.

Sem conhecer a proposta do governo, escaldado que estou com a miserável campanha que tem vindo a ser feita pela comunicação social, escrevo agora no plano dos conceitos, procurando argumentar com o que me vai na alma.

Hoje, a nossa organização social e em especial do mundo do trabalho, são diferentes de ontem. Creio que são múltiplos os factos que comprovam esta convicção – mais mulheres a trabalhar; pais e avós em simultâneo no mundo do trabalho; desregulação dos horários de trabalho; precariedade, etc… [Read more…]

Hoje, lembrei-me de Chomsky

paulo santana contatar

TVI24 (http://bit.ly/1V3xPLE): os meus agradecimentos aos Tradutores contra o Acordo Ortográfico (http://on.fb.me/1nY5RG7)

 

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Polyarchy is a system in which power resides in the hands of those who Madison called the wealth of the nation, the responsible class of men, and the rest of the population is fragmented, distracted, allowed to participate every couple of years. They’re allowed to come and say ‘Yes,’ ‘Thank You,’ ‘Why Don’t You Continue for Another Four Years?’ And they have a little choice among the responsible men, the wealth of the nation.

O Porto é uma família

com sangue italiano, suponho.

O orçamento do Estado e a “circulatura” do quadrado: As 50 sombras que David Justino não tem

Por Santana Castilho

  1. Para titular este artigo apropriei-me de um neologismo feliz que Bagão Félix criou, porque exprime bem o processo técnico (não teria sido melhor que António Costa o assumisse como político?) que nos trouxe ao orçamento de 2016.

O plano macroeconómico do PS não contemplava o aumento de impostos. O aumento previsto era o dos rendimentos líquidos dos portugueses, designadamente por via da redução da TSU. Podíamos questionar a viabilidade de êxito da proposta, mas não podíamos deixar de lhe reconhecer coerência. Porém, essa coerência esfumou-se entre os acordos com a esquerda parlamentar e as negociações com Bruxelas, dando lugar a um caminho de fraco norte e forte risco.

Os benefícios deste orçamento resumem-se à função pública e à restauração e são parcos para virar a página da austeridade, quando o aumento líquido da receita fiscal e contributiva ultrapassa os 2.600 milhões de euros. Este é um orçamento simplesmente menos servil, com execução no fio da navalha e sem dinheiro, como serão todos, não importa de que governo, enquanto não for reduzido o peso e o custo da dívida. Porque a “circulatura” do quadrado só se consegue no domínio da mistificação política.

Todavia, devemos reconhecê-lo, António Costa venceu o dramatismo ridículo de certa comunicação social, o discurso caceteiro da direita, o teatro majestaticamente rasteiro da Comissão Europeia e conseguiu valorizar o Estado e os seus servidores e promover alguma justiça social, de que o fim das benesses fiscais aos fundos imobiliários em sede de IMI e a extensão da tarifa social da energia são os melhores exemplos.

Se lhe concedo, portanto, um sinal débil de virar de página, quando chegamos à Educação a página vira para trás e a desilusão tem, para quem se iludiu, o exacto tamanho da ilusão. [Read more…]

Violar! MATAR! E Esconder o corpo

de uma idosa, não seria coisa para pena máxima? Pergunta de um ignorante em direito criminal.

Ode à alegoria

Faço parte de um grupo de amigos que se senta há vários anos na mesma mesa. Os nossos objectivos são nobres: beber uns copos, dizer umas larachas e resolver os problemas do mundo e da humanidade no meio de debates e discussões que, por vezes, fazem com que nos zanguemos e em que, muitas vezes, dizemos coisas surpreendentemente profundas, tendo em conta a nossa reduzida ambição.

No café que frequentamos, há outros clientes que acabam por ouvir o que dizemos, porque, confesso, falamos um bocado alto. De outras mesas chegam-nos, com relativa frequência, vozes simpáticas e, de vez em quando, há um ou outro provocador que passamos a ignorar, porque, já se sabe, pode acontecer que, num estabelecimento como este, haja sempre quem tenha mau vinho ou maus fígados.

Não pertenço a este grupo desde o princípio. Trouxe-me um amigo. Aqui encontrei outros amigos e, desde então, rio-me, zango-me, discuto, provoco, sou provocado e aprendo muito. Sinto-me bem aqui. Foi, aliás, nesta mesma mesa, que atingi vários momentos de realização pessoal, o que diz muito do poder de uma mesa de café ou de um grupo de amigos. [Read more…]

Hillary quê?

A campanha de Bernie Sanders já chegou cá (twitter e facebook em português).

Eldorado

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Foto:theguardian.com

Se subitamente, por mero acaso, começarem a ouvir falar por aí, a torto e a direito ou então subtilmente entremeado, num Eldorado que não requer descoberta nem conquista porque virá ele radioso e por seu próprio pé, após secretíssima congeminação e por via de instâncias todo-poderosas, ao nosso encontro, aqui na velha Europa, para trazer bem-estar e ocupação a toda a gente, não se surpreendam, é que:

Perante a persistência dos protestos contra o Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP), a Comissão Europeia apelou aos estados membros através dos representantes dos governo nacionais no Conselho, que elaborassem uma estratégia concertada para promover o TTIP junto da opinião pública (e adivinhem às expensas de quem). Aos estados membros foi pois solicitada a elaboração de campanhas de relações públicas à medida das necessidades do seu país e que se ajustem à estratégia de comunicação da Comissão. A Comissão está convicta de que não conseguirá, sozinha, vencer esta batalha e considera especialmente importante a acção de especialistas de relações públicas e spin doctors nos média.

Quem diria que a ânsia de exploração hegemónica iria ricochetear (o chatear dos ricos), à lonjura de mais de cinco séculos!

Não percebe nada daquilo a que se chama “os mercados”?

É natural. Até os especialistas dizem que eles deixaram de fazer sentido.

A ditadura da democracia

Consta que Churchill terá dito na Câmara dos Comuns, a 11 de Novembro de 1947, que “A democracia é a pior forma de governo, à excepção de todos os outros já experimentados ao longo da história.”

A tónica a reter é forma de governo, já que fora da política muitas outras formas de organização existem na sociedade.

Quando eu era músico, o meu maestro dizia que ele era o ditador da batuta. E era.  Imaginem o que seria, por exemplo, uma valsa ter a cadência decidida por maioria. Ou pensemos numa empresa gerida democraticamente, sendo as decisões estratégicas tomadas por votação. Ou, ainda,  o que seria da coesão de um grupo se os seus elementos não fossem unanimemente aceites por todos.

Poderá haver quem ache que todos os grupos se devam reger como se fossem organizações políticas ou projectos de poder, mas há que ter a inteligência suficiente para perceber que a realidade é outra. E isto é um facto, seja em que século for.

Por onde andas querida democracia?

democracia
Hoje, em pleno século XXI, num país livre e democrático, por incrível que possa parecer o conceito de democracia para alguns é inexistente ou então lamentavelmente é algo completamente desvirtuado.

A democracia teve origem na Grécia tendo a palavra por base os vocábulos demos “ povo ” e kratós “ poder ” e/ou “ governo ”. O conceito de democracia é milenar tendo começado a ser utilizado em Atenas no século V A.C.

A democracia contrasta com outras formas de governança em que o poder é mantido por um pequeno número de indivíduos como numa oligarquia ou então onde o exercício do poder é detido por uma única pessoa como no caso do sistema monárquico absoluto.

Também em absoluto contraste com a tirania ou ditadura a democracia proporciona que todos os cidadãos tenham uma participação activa e directa nas tomadas das decisões que afectam o seu livre quotidiano.

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Pedro Passos Coelho entra no negócio dos conselhos

CP1

Ainda que sem o apoio da imprensa nacional para a divulgação destes conteúdos em massa, mas imbuída do mesmo espírito humorístico, ainda que com um toque de realismo, Uma Página Numa Rede Social compilou alguns conselhos de Pedro Passos Coelho que marcaram os quatro anos de governação PSD/CDS-PP e que o leitor poderá encontrar em baixo. Lamentavelmente, a imprensa não demonstrou ainda qualquer tipo de interesse, o que a julgar pela rapidez com que promoveram os conselhos de António Costa é bastante elucidativo. Tal como não se interessaram, por exemplo, pelos tweets de Pedro o PM. É que os holofotes mediáticos, quando nascem, não são para todos. E quando os proprietários dos meios de comunicação em questão são amigos ou militantes do partido mais interessado na divulgação ou rapaziada da máquina de propaganda, o conseguimento é sempre mais eficaz. [Read more…]

Luz e sombra (1)

paulo abrantes

Fotografia: Paulo Abrantes