O concerto dos Coldplay e os (alegados) esquemas de tráfico de influências na Worten da Lixa

Quando todos achávamos que já não havia mais nada para dizer sobre o concerto de Coldplay, tema maior da recta final da silly season, eis que somos confrontados com acusações graves que apontam para a existência de um esquema de tráfico de bilhetes para os concertos da banda, numa loja da Worten, na Lixa.

A denúncia partiu de um lesado, uma criança menor, ainda que com idade para poder entrar no concerto, que levou o mealheiro para a Worten. Estava entre os primeiros da fila, que muito provavelmente ali passaram a noite anterior. O relato é do jornalista Tomás Duran e está na sua página no Instagram. Vale a pena ler. Envolve listas de reservas não permitidas, amigos dos funcionários que saltam a fila e pessoas a comprar o dobro ou o triplo do limite máximo de bilhetes. De maneira que essa criança, o João acabou por ter que comprar noutro lado. Mas parece que se safou.

Em Portugal, até para comprar bilhetes para um concerto se traficam influências. E depois ficamos todos muito surpreendidos porque o discurso populista ganha tracção.

Seis reflexões sobre o presente e o futuro das eleições autárquicas

Em dia de eleições autárquicas, a pouco mais de uma hora do fecho das urnas e da redefinição do xadrez autárquico nos 308 municípios portugueses, partilho convosco algumas daquelas que são as minhas preocupações e ideias para um futuro autárquico que se exige mais próximo dos cidadãos, mais transparente e mais democrático:

  1. É urgente legislar no sentido de travar as colonizações das autarquias. Não é aceitável que os partidos que controlam as autarquias e freguesias portuguesas continuem a enchê-las de boys e que usem o seu poder e os recursos das autarquias para pagar favores de campanha e favorecer familiares, amigos e financiadores. É legítimo que quem governe queira escolher o seu assessor ou chefe de gabinete, que devem necessariamente ser pessoas de confiança do eleito, mas é um abuso transformar uma autarquia numa repartição do partido no poder.
  2. É igualmente urgente apertar a malha da monitorização da despesa pública. Não é aceitável que tantos servidores públicos usem recursos em benefício próprio e dos seus. O Parlamento deve olhar para isto com seriedade e criar mecanismos que permitam auditar, permanentemente, aquilo que se passa nas autarquias.

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Regionalização sim, mas só com um elevado nível de monitorização dos tiranetes autárquicos

Já fui um regionalista convicto, hoje tenho algumas dúvidas, nomeadamente no que diz respeito ao poder excessivo que a governação autárquica acumularia. A regionalização, para acontecer, terá que ir além de uma descentralização cega, onde Lisboa transfere quantidades significativas de poder para uma realidade onde abunda o compadrio, a fraude, o tráfico de influência e a corrupção. E, regra geral, onde o escrutínio é praticamente inexistente, dada a natureza quase monárquica e autoritária que reina de forma absoluta em algumas autarquias.

Não obstante, o Carlos Araújo Alves tocou num aspecto muito pertinente, que diz respeito à gestão da pandemia e ao efeito nefasto que, no continente, alguns concelhos, actualmente concentrados na Área Metropolitana de Lisboa, têm nos concelhos onde a situação está, pelo menos neste momento, controlada. Deixo o link para o texto do Carlos está na hiperligação em cima, mas tomei a liberdade de lhe roubar a imagem que o ilustra. A região espanhola da Andaluzia, para onde Ferro Rodrigues, do alto do seu elitismo parolo, instou os portugueses a rumar, é uma das piores a nível europeu. O J. Mário Teixeira pegou no tema  e fica a sugestão para passarem por lá. [Read more…]

Cosas nostras do poder local

  1. Várias têm sido as vozes que o têm apontado, de quadrantes tão diferentes como a direita conservadora e a esquerda liberal, e, parece-me, cobertos de razão: Fernando Medina, presidente da CM da Lisboa, recandidato autárquico, putativo sucessor de António Costa na liderança do PS e, quiçá, na liderança do governo, não pode continuar a usar de um espaço de opinião na televisão pública. Ou pelo menos não deve. Mais ainda quando usa o seu gabinete presidencial para entrar em directo na TVI. Os próprios OCS deveriam ter vergonha na cara, por estender estes tapetes vermelhos ao poder autárquico. Diz-nos muitos sobre o estado de submissão de TVs e jornais e do poder quase-absoluto de grande parte dos autarcas deste país.

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Ajustes directos, máfias partidárias e corrupção

Concordo com a proposta do CDS para a criação de uma comissão eventual de inquérito à compra de material médico para combate à pandemia, na sequência de uma série de dúvidas levantadas sobre os ajustes directos efectuados nesse contexto.

Bem sei que a urgência da situação implica decisões rápidas, e que a abertura de um concurso público seria incompatível com a celeridade necessária, mas é importante que se dissipem todas as dúvidas, nomeadamente aquelas que gravitam em torno dos contratos que envolvem João Cotta, antigo sócio do Secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, e o Grupo Mello. [Read more…]

Paula, despejada e sem talento

Paula

Foto via Esquerda.net

Paula, uma reclusa a cumprir pena por tráfico de droga em Santa Cruz do Bispo, foi despejada pela CM do Porto, apesar de, segundo pude apurar, nunca ter deixado de pagar a renda e as contas. Foi despejada porque a autarquia quis e tem poder para o fazer. Mandou retirar os seus bens da habitação, no chiquérrimo Bairro do Lagarteiro, trocou a fechadura e deixou mais uma casa vazia, numa cidade de preços exorbitantes onde tantos dormem na rua. Agora, Paula e os seus três filhos ficaram sem tecto. É a sociedade civil a fazer o seu papel e a reinserção social a funcionar em pleno. [Read more…]

Tudo bons autarcas III – já reparou que lhe estão a ir à carteira?

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O socialista Luís Correia, presidente da CM de Castelo Branco, adjudicou dois contratos à empresa do pai e outros sete à própria esposa, a deputada Hortense Martins, entre outras adjudicações a empresas directa ou indirectamente ligadas a familiares, revelou o jornal Público, em Maio de 2018. Em Setembro, o Ministério Público pediu perda de mandato para o autarca.

No mês passado, o Tribunal Constitucional negou provimento ao recurso apresentado pelo autarca Luís Mourinha, condenado em 2016 pelo Tribunal de Évora a 2 anos e 8 meses de pena suspensa e perda de mandato, por suspender o subsídio a uma associação cujo presidente criticou abertamente o presidente da CM da Estremoz, o que configura um grave atentado contra a sua liberdade de expressão. Ao crime de prevaricação junta-se ainda um outro de peculato de uso, avança o Público. [Read more…]

Tudo bons autarcas I – Pequenas máfias locais

Imagem via Ponte Europa

Após dois anos de negociações, o governo chegou a acordo com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e prepara-se para aumentar substancialmente as contribuições e a transferência de competências para as autarquias, em áreas tão importantes como a Saúde ou a Educação. O acordo alcançado permitirá aumentar até 10% os orçamentos municipais, colocará 7,5% das receitas do IVA nas mãos das autarquias e dará aos executivos municipais o poder de gerir escolas públicas, centros de saúde e habitação social. [Read more…]

Não é a acusação, senhor ex-ministro investigado por tráfico de influências: é mesmo a comunicação social

MM

A ver se nos entendemos, senhor ex-ministro e homem forte do profissional da abertura de portas: a acusação é o que é e chegará o momento da justiça se pronunciar sobre ela. E não se preocupe, que pessoas do seu estrato social tendem a ser imunes ao encarceramento, mesmo quando o crime é feito nas nossas barbas. Veja o caso dos seus companheiros de partido que rebentaram com o BPN e com a economia nacional. Terá algum deles sido preso? Claro que não. Não só não são como ainda correm o risco de ser elogiados por um primeiro-ministro em funções, como foi o caso do seu grande amigo Pedro. [Read more…]

Luís Filipe Vieira e Rui Rangel constituídos arguidos

LFV

Fotografia: Pedro Cunha@Público

A manhã de hoje fica marcada pelas buscas da Polícia Judiciária à casa e gabinete do juiz desembargador Rui Rangel, antigo candidato à presidência do SL Benfica, bem como à casa de Luís Filipe Vieira e às instalações da Benfica SAD. Ambos foram constituídos arguidos, estando em causa “suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagem, ou eventualmente de corrupção, de branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal“, e foram também detidas cinco pessoas, no âmbito desta operação conjunta da PJ e do Ministério Público. [Read more…]

Os políticos vivem quase exclusivamente de corrupção e tráfico de influências

Perdoem-me, tive um momento André Ventura e não resisti ao facilitismo da generalização. Sim, eu sei que nem todos os políticos são corruptos ou traficantes de influências, mas é que são tantos a corromper e a ser corrompidos, tantos envolvidos no tráfico de colarinho branco, tantas luvas, tantos robalos, tantos favores e tachos, tanta promiscuidade nas nomeações, nas danças de cadeiras, nas obras públicas e nas grandes compras do Estado, tantos negócios viciados para amigos, familiares, antigos e futuros empregadores, que, estou certo, se a Aximage se sai com uma sondagem sobre o assunto, 98% da população acabará por concordar comigo. Os outros 2% são políticos e vivem mesmo quase exclusivamente da corrupção e do tráfico de influências. À beira deles, até o mais perigoso cigano se assemelha a um menino de coro. Corremos com os gajos?

58,3% considera que há tráfico de influências ou corrupção activa no caso dos emails do Benfica

diz o mais recente estudo da Eurosondagem.

Corrupção e tráfico de influências: o cancro autárquico que corrói o país por dentro

Ouvimos vezes demais dizer que vivemos acima das nossas possibilidades, que somos irresponsáveis e maus gestores do nosso dinheiro. Esta pulhice, alimentada pela imprensa arregimentada e pelo discurso paternalista do regime, levam uma grande parte da população a crer que a economia não sai da cepa torta por sermos todos uma cambada de chicos-espertos. Todos não, que o problema nunca somos nós. São sempre os outros, os subsídio-dependentes, a esquerdalhada dos sindicatos ou os funcionários públicos, esses nababos. [Read more…]

Sim, é mesmo verdade: 25% dos portugueses estão em risco de pobreza ou exclusão social

Depois de um glorioso fim-de-semana de Fado, Fátima e Futebol, eis-nos de regresso ao mundo real. E no mundo real, nesta bela pátria à beira-mar plantada, solarenga e forrada a turistas estrangeiros a passear nos tradicionalíssimos tuk-tuks, existem 2,6 milhões de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social. Um número que não pode ser ignorado e que põe a nu, de forma inequívoca, o fosso profundo que divide a sociedade portuguesa. [Read more…]

Debaixo dos nossos narizes

corrup

O Aventar lançou recentemente uma iniciativa que visa analisar os famosos ajustes directos (AD), instrumento em voga nas autarquias portuguesas. Uma tarefa hercúlea que, face às condições que se nos apresentam, pouco mais nos permite que um suave scratch the surface.

Ainda assim, parece-me uma excelente iniciativa. Sei que sou suspeito para fazer considerações destas, mas a verdade, e esta é mesmo absoluta, é que por muitas vantagens que esta modalidade de contratualização pública possa ter, os ajustes directos são um convite ao compadrio e ao pequeno tráfico de influências que está presente em muitas, senão na grande maioria, das autarquias portuguesas. [Read more…]

Que é feito de Miguel Macedo?

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Estava eu a ler esta notícia do Expresso, sobre o ex-ministro francês Jérôme Cahuzac, outrora considerado um acérrimo defensor da luta contra a evasão fiscal, hoje condenado a três anos de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais, e dou por mim a recordar esse ministro-modelo do anterior governo que dá pelo nome de Miguel Macedo? Que será feito dele?

O caso de Miguel Macedo, um dos tais que parece caído em esquecimento como a Tecnoforma de Passos Coelho, os swaps de Maria Luís ou os “homens de mão” de Marco António Costa, continua sem fazer grandes manchetes e sem a atenção mediática que qualquer flatulência socrática consegue.   [Read more…]

Era uma vez em São Pedro da Cova

cova

A reportagem da TVI, de visualização obrigatória, é de Julho de 2015. Apesar das evidências, gritantes, até ao momento nada aconteceu. Ou então a justiça tem sido tão eficazmente recatada, conduzindo investigações tão cuidadosas quanto discretas, que um dia destes acordamos e damos de caras com meia-dúzia de figuras políticas de topo no banco dos réus, para um julgamento que, apesar do estrondo que causará, tenderá a surtir poucos efeitos práticos. Se surtir algum. Afinal de contas, estamos em Portugal.

A história tem duas décadas, atravessou vários governos, e tem ministros, secretários de Estado, dirigentes públicos e partidários, autarcas e empresários com estreitas ligações ao poder como protagonistas. Está associada a financiamento europeu, obtido de forma fraudulenta, pela mão dos mais altos representantes da República. Tem tráfico de influências, fraude fiscal, branqueamento de capitais, crimes ambientais e corrupção. Representou e ainda representa um atentado contra a saúde pública, tendo diferentes estudos e pareceres técnicos apontado para a perigosidade de níveis de toxicidade altamente nocivos para qualquer forma de vida. E tem muito, muito dinheiro envolvido. [Read more…]

Prevaricação e tráfico de influências: Miguel Macedo vai mesmo a julgamento

MMPPC

Faz hoje uma semana, escrevi sobre alguns dos grandes temas caídos em esquecimento que a nossa imprensa, implacável com Sócrates e com a ocasional ameaça soviética que arrasta o nosso país para o apocalipse, não parecia interessada em dar destaque. Um desses temas, o caso dos Vistos Gold, que tem como protagonista o ex-ministro e homem forte de Pedro Passos Coelho, Miguel Macedo, conheceu hoje novos desenvolvimentos: Macedo vai mesmo ser julgado por prevaricação e tráfico de influências.

Segundo avançou o Público, os crimes em julgamento prendem-se com o caso dos helicópteros Kamov e com o favor que o ex-ministro terá feito ao ex-patrão de Sócrates, que, com a ajuda do então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o centrista Paulo Núncio, permitiu a Lalanda e Castro escapar ao pagamento de 1,8 milhões de euros de IVA. E ainda há o embaraçoso caso Everjets por explicar. Resta saber quanto tempo demorará a escapar e que ingredientes terá a sua pizza. E, já agora, o que têm a dizer os liberais-fascistas, sempre tão atentos a José Sócrates e tão silenciosamente cúmplices dos corruptos de direita.

José Veiga e Paulo Santana Lopes detidos

suspeitos de crimes de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal. Resta saber quando sairão em liberdade. Não deve demorar.

Marques Mendes apanhado a pedir favores em escutas relacionadas com o caso Vistos Gold

MM

Não é que estejamos perante uma grande novidade, o Diário de Notícias até chegou a censurar uma notícia sua que envolvia o pequeno grande barão do PSD e as ligações ao caso dos Vistos Gold, mais que muitas, eram já do conhecimento público.

Mas as recentes revelações do jornal Público levam esta história para um novo patamar, ao citar escutas em que Marques Mendes é apanhado a pedir favores ao antigo presidente do IRN e actual arguido do caso dos Vistos Gold, António Figueiredo. Pedidos com respostas tão sugestivas como “Podemos eventualmente ir pela via da discricionariedade”. [Read more…]

Aperta-se o cerco em torno de Miguel Macedo

MMacedo

Poucos dias após conseguir um contrato no valor de 46 milhões de euros com Ministério da Administração Interna, então tutelado por Miguel Macedo, a empresa Everjets foi comprada por Domingos Névoa, figura central do caso Bragaparques e de uma série de outros negócios nebulosos, perante os quais a justiça portuguesa se vem mostrando inconsequente.

No âmbito do caso Vistos Gold, o ex-ministro de Passos Coelho foi confrontado pela procuradora Susana Figueiredo sobre o seu relacionamento com o empresário bracarense, negando qualquer relação de proximidade. Contudo, na sequência de um interrogatório em 2006, Domingos Névoa, conterrâneo de Macedo, afirmou ser seu amigo pessoal, acrescentando que encontros e almoços eram prática frequente. [Read more…]

Foi disto que nos livramos. Uma lista para a posteridade

XX GOV

Ainda o novo governo não tinha sido empossado e já alguns representantes da ala ressabiada à direita nas redes sociais disparavam contra os escolhidos por António Costa, essencialmente por existirem, e iniciavam um processo de difamação dos mesmos, ao bom velho estilo Maria Luz. Apeados do poder e privados do monopólio do tacho, elites, colaboracionistas e respectivo rebanho da ressabia estão e fúria e o espectáculo está a ser bonito de ser ver. É sempre interessante ver o que está por trás da máscara dos falsos democratas.

Os melhores argumentos até ao momento são que um é filho do Mário Soares, outro é advogado do Sócrates, uma não sabe escrever e um outro foi mesmo ministro do infame nº44.  [Read more…]

Vistos Gold: será Paulo Núncio o senhor que se segue?

Um contacto entre o ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, foi o ponto de partida do Ministério Público para imputar a Miguel Macedo um crime de tráfico de influências.” [DN]

Prevaricação e tráfico de influências: Miguel Macedo formalmente acusado pelo MP

MMPPC

Convido o caro leitor a descer comigo até ao submundo da imbecilidade, onde a propaganda política é lei e o debate sério foi substituído pelo fundamentalismo político-partidário. Preparado? Então vamos lá: Miguel Macedo foi hoje formalmente acusado pelo Ministério Público pela prática de três crimes de prevaricação e um de tráfico de influências, o que o coloca acima de José Sócrates, contra quem nunca foi deduzida acusação, na cadeia alimentar do crime de colarinho branco. Quer isto dizer que Macedo é pior que Sócrates, o que me leva a concluir que, se Costa era colado a José Sócrates durante a campanha eleitoral, e estando o PàF ainda em campanha eleitoral, é igualmente legítimo colar Passos Coelho a Miguel Macedo, o que faz de Passos Coelho pior que António Costa no que a trafulhice diz respeito. Até porque não temos conhecimento de qualquer Tecnoforma associada ao líder do PS. [Read more…]

Marco António Costa, o absurdo democrático do PSD

MAC

Depois de meses de campanha eleitoral na sombra, não fosse a sua presença tóxica aumentar ainda mais a sangria de votos e deputados à direita, Marco António Costa ressuscitou na noite eleitoral. Desde então, é vê-lo dar voz ao partido que o remeteu temporariamente para a penumbra, sempre com aquele seu ar de senador impoluto que não tem telhados de vidro.

Em entrevista à Rádio Renascença, o vice-presidente do PSD voltou à carga contra as negociações à esquerda, e por entre os chavões extremistas que têm marcado a propaganda pós-eleitoral da coligação, Marco António Costa afirmou que “o país está a viver um absurdo democrático”. E pela primeira vez, vejo-me perante a inevitabilidade de ter que concordar com o arquitecto da ruína da CM de Gaia. [Read more…]

Marco António Costa ressuscitou, aleluia, aleluia!

jnlx270309bc Entrevista ao líder do PSD Porto Marco António Costa Bruno Simões Castanheira

Minutos depois de se conhecerem as primeiras projecções, PSD e CDS-PP apressaram-se a reagir. E depois de semanas de campanha em que foi praticamente invisível, Marco António Costa é o escolhido para falar em nome dos “sociais-democratas”. A escolha deste gestor ruinoso, acusado de gerir uma complexa rede de tráfico de influências, é ilustrativo daquilo que por aí vem. E a imunidade parlamentar vem mesmo a calhar. Eis o alpinista político ressuscitado dos mortos. Aleluia, aleluia!

Foto: Bruno Simões Castanheira@Dinheiro Vivo

Miguel Macedo com visto para Évora?

Macedo

Miguel Macedo foi ontem interrogado pelo Ministério Público no âmbito do caso dos Vistos Gold. Oficialmente arguido, o ex-ministro do actual governo é suspeito de três crimes de prevaricação de titular de cargo público e um de tráfico de influências.

Fazendo uso da retórica subterrânea que alimenta as Marias Luz desta vida, poderíamos iniciar um processo de colagem de Miguel Macedo a Pedro Passos Coelho, na exacta mesma medida em que José Sócrates vem sendo colado a António Costa. Mas não vale a pena ir por aí. Passos Coelho já terá muito com que se preocupar quando a imunidade que o protege deixar de existir e a Tecnoforma voltar à ordem do dia. Até lá, o julgamento a que o primeiro-ministro estará sujeito prende-se mais com o exercício das suas funções e não tanto com o que os seus correlegionários supostamente fizeram. Ainda que, é certo, Macedo sempre tenha sido um dos homens mais próximos de Passos Coelho. [Read more…]

Miguel Macedo arguido no caso dos Vistos Gold

acusado de três crimes de prevaricação e um de tráfico de influências. Sócrates precisa de amigos.

Sobre o tráfico de influências na Assembleia da República

a constatação do óbvio, por Elina Fraga.

O cerco ao imperador

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Foto@Jornal de Negócios

Passaram nove anos entre a primeira denúncia do Caso Freeport (2005) e a detenção de José Sócrates no ano passado. Durante todo esse tempo, o agora prisioneiro nº 44 do estabelecimento prisional de Évora conseguiu aguentar com os inúmeros casos em que foi sendo implicado até que uma decisão judicial envolta em polémica o colocou atrás das grades. Desde então, e entre autocarros de apoiantes e hinos de agradecimento, tem havido uma autêntica romaria das mais destacadas personalidades socialistas até ao cárcere onde o menino de ouro” de Dias Loureiro se encontra detido. O futuro é incerto, mas suspeito que não há-de demorar muito até estar cá fora e, quem sabe, vir ainda um dia a exercer funções em Belém. Se Cavaco Silva lá passou dois mandatos, não vejo motivo para que Sócrates não o possa fazer também.

Vem isto a propósito de um seu par com nome de imperador, Marco António Costa (MAC), enfrentar por estes dias uma denúncia que vai assumindo contornos de caso de polícia com potencial para adaptação cinematográfica. Após a denúncia pública de Paulo Vieira da Silva (PVS) sobre uma alegada e complexa rede de tráfico de influências comandada por MAC – Marco António Costa – O Alpinista Político, os SHM (Seus Homens de Mão) e a sua rede – que seguiu para a PJ e para a PGR, o cerco vem-se apertando em torno deste que é um dos homens fortes (SHM?) de Pedro Passos Coelho e a quem é atribuída a célebre frase “Ou há eleições no país, ou há eleições no PSD“. Acabou por haver eleições no país, Passos Coelho subiu ao poder e levou consigo MAC, a quem entregou uma secretaria de Estado onde viria a ser substituído por Agostinho Branquinho, um dos alegados “homens de mão” de MAC e personagem envolta numa imensa neblina que começa na Webrand, passa pela Ongoing e pela loja maçónica Mozart e termina num hospital privado em Valongo, autarquia onde MAC começou a sua escalada. Voltarei ao discreto Agostinho Branquinho numa outra ocasião. Há ali matéria para escrever um livro.

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