O Fim dos Directos Televisivos


Acabaram-se as selfies, os intermináveis directos na televisão. Vai ficar tudo bem!

Fechar as escolas

Fechar as escolas é péssimo. Não fechar ainda é pior.

Fechar as escolas?

Os professores

(esses madraços ignorantes, como ainda recentemente demonstrei)

sabem que não há nada melhor do que o ensino presencial. Apesar de serem professores

(e, portanto, pessoas que não percebem nada de escolas, de Educação, de alunos e que têm uma visão limitadíssima da sociedade, porque não fazem a mínima ideia dos problemas familiares, sociais e pessoais dos alunos, esses números em forma de pessoa, e porque só falam com professores),

sabem que o Ministério da Educação não aproveitou o Verão para preparar os vários cenários para o ensino – as salas de aula não estão preparadas, por exemplo, para se darem aulas à distância (nos muitos casos de alunos ou turmas em isolamento); o número de alunos por turma manteve-se igual, não permitindo o distanciamento mínimo aconselhado pela DGS; os computadores para os alunos chegaram tarde e más horas.

Os professores sabem

(mas quem são eles para saber seja o que for, não é?)

que o confinamento dos alunos aprofundará as desigualdades, como tive o atrevimento de afirmar, a propósito de um agradecimento dispensável. [Read more…]

O confinamento e as escolas

Maurício Brito*
A ver se nos entendemos: o que deveria pesar mais do que qualquer outra coisa é o valor da vida humana. Não está em causa discutir o que é melhor para os alunos, para os pais ou para os professores pois é óbvio que o ensino presencial é insubstituível: para os alunos pelas mais variadas razões e em todos os planos, sejam eles pedagógicos ou sociais; para os pais por ser confortante por diversos motivos; e para os professores, porque sabem que o seu trabalho é incomparavelmente melhor se realizado presencialmente. Mas, volto a dizer, não deveria ser tudo isto a pesar mais numa decisão que, digam o que quiserem e sustentem-se nos estudos que encontrarem, não irá reduzir tão rapidamente o terrível quadro que assistimos neste momento. Irão circular cerca de, afinal, 2,5 milhões de portugueses nos próximos tempos apenas para chegar às escolas. Será necessário fazer um desenho a explicar que isto não faz sentido se o que se pretende é reduzir mais rapidamente uma propagação descontrolada, em que se desconhece a origem de 87% dos contágios e, consequentemente, evitar a perda de mais vidas? Já agora: há algum professor que considere efectivamente que a perda de 15 ou 30 dias de aulas presenciais vá provocar “danos irreversíveis” nas aprendizagens dos nossos alunos? A sério? Quantos alunos ou mesmo turmas inteiras já perderam esses dias de aulas (ou mais ainda) desde que o ano lectivo começou, devido a casos de contágios, quarentenas, outras doenças/lesões e coisas afins? Estes alunos todos estão “irremediavelmente” perdidos? Enfim.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Apesar de saber que assim que os “números” abaixarem e voltarem para “valores” mais aceitáveis, os mesmos que não cumpriram as promessas de providenciar meios a alunos, escolas e professores para o ensino à distância, virão cantar vitória, com os comprometidos de sempre da comunicação social a fazer eco do enorme feito. Independentemente das dezenas ou centenas de pessoas que vierem a falecer devido a uma desastrosa decisão.
*Professor

Pandemia de Covid 19? Ou será outra coisa?

Sandra Capela*

Entrevista ao Dr. Fernando Nobre por Rui Unas:
“O mundo está a ser flagelado, mas não é pelo vírus”.

 

Pandemia: breve análise do Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa

Ricardo Graça, Jurista

Depois de estudar minuciosamente o conteúdo do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, venho esclarecer o mais popularmente possível, para entendimento por todos os cidadãos portugueses sejam eles mais letrados ou menos, sempre fazendo uso do meu dever para com a comunidade, o seguinte:

Como é do conhecimento de alguns, foi proferido ACÓRDÃO N.º 1783/20.7T8PDL.L1-3 pelo Tribunal da Relação de Lisboa datado de  11 de Novembro de 2020.

Tal acórdão corresponde a uma decisão de mérito judicial de um Tribunal Superior e não permite recurso para o STJ, pelo que se consolidou na jurisprudência portuguesa.

A título de curiosidade popular, venho indicar que, este acórdão decisão teve origem num “habeus corpus” intentado por cidadãos a que foi decretado o isolamento no Arquipélago dos Açores, em que o Juiz de Instrução Criminal local ordenou, novamente, a libertação por prisão ilegal. Tendo a Direcção Geral de Saúde recorrido para o tribunal superior competente territorialmente, o Tribunal da Relação de Lisboa. O recurso da própria DGS foi apreciado neste acórdão e pela bondade das Sras. Drs. Juízas Desembargadores, incidiu aquele em várias questões que foram suscitadas pelas partes.

Assim sendo, permitiu a aplicação a todo o território nacional e ilhas do seguinte:

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Biopolítica, máscaras e evidência científica

Sandra Capela*

CDC – Centers for Disease Control and Prevention
«Although mechanistic studies support the potential effect of hand hygiene or face masks, evidence from 14 randomized controlled trials of these measures did not support a substantial effect on transmission of laboratory-confirmed influenza».
Link: https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/26/5/19-0994_article

The Centre for Evidence-Based Medicine (CEBM, UNIVERSITY OF OXFORD)
«The increasing polarised and politicised views on whether to wear masks in public during the current COVID-19 crisis hides a bitter truth on the state of contemporary research and the value we pose on clinical evidence to guide our decisions».
Link: https://www.cebm.net/covid-19/masking-lack-of-evidence-with-politics/

BMJ (British Medical Journal)
«This study is the first RCT of cloth masks, and the results caution against the use of cloth masks. This is an important finding to inform occupational health and safety. Moisture retention, reuse of cloth masks and poor filtration may result in increased risk of infection. Further research is needed to inform the widespread use of cloth masks globally. However, as a precautionary measure, cloth masks should not be recommended for HCWs, particularly in high-risk situations, and guidelines need to be updated».
Link: https://bmjopen.bmj.com/content/5/4/e006577 

 

Negacionismo assim vale a pena

Quinta-feira, pelas 21h15, a TVI apresentou-nos uma reportagem, mas não foi uma qualquer. Pudemos assistir a um chorrilho de chalupices negacionistas em horário nobre. Isto parece uma crítica, mas não, é um agradecimento. Sou apologista de que não se deve calar os estúpidos, porque assim sabemos onde eles andam. Seria muito mais fácil evitar assaltos, se em vez de dizerem que são da contagem da luz, dissessem logo que são gatunos. Facilita.

Só o termo “negacionista” diz que algo está mal. Quando se intitula algo como negacionista, é porque há demasiadas evidências que isso existe. E o Covid-19 é uma dessas evidências. É que estes chalup… negacionistas nem amigos deles mesmos são. Podiam tentar falar de características que geram dúvida, mas concentram-se nas evidências que já foram provadas mais do que uma vez.

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Vai demorar muito, América?

and lock that thug up!

A directora do Agrupamento de Escolas Escultor Francisco dos Santos quer que os encarregados de educação tirem selfies:

«Solicito que se retrate, o que ainda não fez».

Conan Osíris…

está dispensado de instalar a app StayAwayCovid.

A bolsa ou a vida?

Num mundo em que a econometria é a fita métrica de tudo, nada pode estar fora da economia, tudo é PIB, crescimento e outras virtudes absolutas. A economia, já se sabe, passou a viver convencida de que é uma ciência exacta, esquecendo-se das suas raízes humanas e sociais. Aliás, deixou de se falar em sociedade, porque tudo é economia.

Nesta visão dominante, o que dá vida à economia são as empresas. Tudo o resto é, na prática, considerado um peso que as empresas, estoicamente, arrastam às costas. Deste modo, poderemos dizer que a sociedade precisa de serviços públicos, como escolas ou hospitais; a economia diz-nos que os serviços públicos são parasitas (a não ser que escolas e hospitais sejam privados ou privatizados – aí, passam a ser economia, mesmo que não sirvam uma grande parte da sociedade).

Viver em pandemia ou com pandemia acrescentou problemas às certezas absolutas que subordinam tudo à economia. Se é verdade que o confinamento afecta a economia, não é menos verdade que o vírus afecta a sociedade (e também a economia). [Read more…]

A propósito do funcionamento do SNS em tempos de Pandemia – o desabafo de um médico

O texto seguinte foi publicado pelo utilizador /u/aleph_heideger do Reddit, reproduzo sem qualquer alteração. Sendo o Reddit uma rede social uma certa dose de pensamento crítico é necessária. Podem consultar o post original e os respectivos comentários aqui.

Meus amigos. Caso tenham paciência para algo diferente do texto diário sobre reconversão para TI ou o anúncio da próxima bolha imobiliária.

Tenho lido e ouvido, aqui e ali, uma série de críticas ao SNS e à DGS sobre a forma como está a ser gerida esta crise sanitária. Da DGS não vou falar porque não apenas têm a sua própria agenda mas também porque as decisões que são obrigados a tomar, parecendo certas ou erradas, são apenas isso: opções. E porque eu não conheço a realidade deles (mas sei que não se vivem dias felizes por aqueles lados).

Vou sim falar na resposta do SNS. Como tem sido a vida dos profissionais no terreno, algo que se calhar muito boa gente desconhece.

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Trump & Melania

Tonight, @FLOTUS and I tested positive for COVID-19.
Donald Trump

Nathan Muir: Correct. Dinner Out is a go.
Dr. William Byars: “Dinner out is a go”? Hell of a way to speak to your wife.
Vincent Vy Ngo: Why do you think they keep dumping him?
Spy Game

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Hoje de manhã, ao ligar o computador, recebi esta notícia do The Guardian.

Fui tomar um café duplo e ouvir um bocadinho de Liszt.

No regresso ao computador, verifiquei que alguém do The Guardian repetira a notícia, mas com aspecto ligeiramente distinto.

Descubra as diferenças.

Mudando de assunto:

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

***


Durão Barroso, vacinas e marxismo cultural

É o exemplo acabado de um político de carreira. Quando batia, na década de 70, doutrinou-se em marxismo cultural e foi dirigente do MRPP, extrema-esquerda a sério, maoista. Na década de 80, tornou-se social-democrata, no sentido PPE da coisa, e rapidamente chegou ao governo de Cavaco Silva. No início dos 90 já era ministro dos Negócios Estrangeiros, o ministério perfeito para fazer amigos e entregar currículos, e por ali ficou, sereno, até ao final do cavaquismo.

Uns anos de oposição depois, chegou a primeiro-ministro, mas por curto período de tempo. A sua guerra era outra, e foi como mordomo da fabricação de uma que se lançou numa imparável carreira internacional. Começou na Comissão Europeia, de fraca memória, que liderou durante o desastre que foi a resposta da União à crise das dívidas soberanas, essa que se revelou um enorme sucesso de vendas para a entidade empregadora que se seguiu na vida de Durão Barroso: o Goldman Sachs. [Read more…]

Na Bélgica,

a aplicação equivalente à portuguesíssima StayAway Covid chama-se Coronalert. EfectivamenteExactamente.

E a Festa do Avante, pá?

Num ápice, a Festa do Avante deixou de ser tema. E só voltará a sê-lo, apenas e só, caso seja identificada alguma cadeia de contágio que possa ser comprovadamente associada à festa comunista. E porque deixou a Festa do Avante de ser tema, assim, num ápice, depois de meses a fazer manchetes atrás de manchetes, a alimentar indignações de Rui Rio e outros notáveis militantes do PSD e do CDS-PP, para não falar na fachosfera, para gáudio de uma certa turba embrutecida? Porque o Santuário de Fátima conseguiu fazer incomparavelmente pior que o PCP, que, apesar de tudo – e estou perfeitamente à vontade para o dizer, visto que me opus à realização da Festa do Avante – foi exímio a organizar a sua festa. Já o Santuário de Fátima meteu tanta água, no passado 13 de Setembro, que, a meio das cerimónias, viu-se obrigado a impedir a entrada de fiéis no recinto do Santuário, que se acumularam no exterior, gerando mais um foco de confusão e de potencial contágio. [Read more…]

Cinco questões sobre a celebração do 13 de Setembro, em Fátima

  1. Marcelo Rebelo de Sousa já criticou a DGS por não apresentar antecipadamente as regras sanitárias para a realização deste ajuntamento de milhares, tal como fez a propósito da Festa do Avante?
  2. Qual iniciativa garante melhor o distanciamento social entre os seus participantes: o Avante/PCP ou esta peregrinação/Santuário de Fátima?

  3. Qual é a área disponível por peregrino, considerando a área total do recinto do Santuário? É inferior ou superior à verificada no recinto da Festa do Avante? [Read more…]

QAnon: o pináculo da demência neofascista

Entretanto, numa manifestação de teóricos da conspiração contra o uso de máscaras, seguidores da seita QAnon clamam pela dupla Putin-Trump, que os salvará do deep state, das vacinas contra o sarampo, do marxismo cultural e, claro, de Satanás. São chanfrados? Sim, são chanfrados. E isso torna-os ainda mais perigosos. Já tínhamos os mujahedines, os telecurandeiros do dízimo e agora estes. Em princípio, é desta que o mundo acaba.

Segundo estas raríssimas espécies, “A Tempestade” está para breve. E o que é “A Tempestade”, perguntam vocês? É o dia em que o exército tomará o país de assalto, durante o qual milhares de membros da cabala mundial de pedófilos adoradores de Satanás serão presos e sumariamente executados, e a Terra será salva. Não é um Nineteen Eighty-Four, mas dava um bom argumento para uma série televisiva. A Netflix que abra a pestana. [Read more…]

Avante, camarada Teresa Guilherme!

O Avante em tempos de Covid

Quero começar por dizer que, da parte que me toca, sou tão favorável à realização da Festa do Avante como a favor das praias a abarrotar sem controle algum, das portas escancaradas ao turismo no Algarve, com os seus holandeses e ingleses ela semear covid-19 no Algarve e o aeroporto de Faro a rebentar pelas costuras, das peregrinações em Fátima, dos concertos no Palácio de Cristal, das manifestações contra o racismo e a favor dele, ou até de algumas enchentes verificadas nas feiras do livro do Porto e Lisboa, para não falar nos comícios do Chega, onde a malta da extrema-direita, que ainda olha para o problema pela óptica bolsonariana da “gripezinha”, faz questão de se apresentar sem máscaras. Isto para vos dizer que, na minha opinião, qualquer organização, de qualquer natureza, que dê origem a grandes ajuntamentos não deveria ser permitida. [Read more…]

Nótula sobre o estado actual da relação entre o Governo da República Portuguesa e a língua portuguesa

I don’t know why.
— Kurt Cobain, “Stay Away

Se me não ponho a milhas lixo-me: não fica aqui
mais ninguém senão eu.
— António Lobo Antunes, “Memória de Elefante

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O Governo gosta de mandar na forma como grafamos as palavras. E, só para não abdicar desse imenso e intenso prazer, até ignora pareceres de quem, ao contrário dele, percebe da poda. Outros, mais pequenos, mas com poder, são extremamente afoitos e, embora não saibam que uma rosa pegada pelos espinhos não é bem a mesma coisa que um touro pegado pelos cornos, mostram sem medo o mesmo apetite voraz dos muito poderosos pelo policiamento dos hábitos linguísticos dos falantes. Ia rematar este longo parágrafo com um breve comentário sobre o Manifesto 2014, mas convém que não nos desviemos ainda mais do assunto.

Em matéria linguística, o Governo lá vai andando, tem-te-não-caias, rumo a lugar nenhum. Por um lado, manda-nos grafar para em vez de pára, ação em vez de acção, maio em vez de Maio, diapnoico em vez de diapnóico, etc., tudo em nome do reforço do “papel da língua portuguesa como língua de comunicação internacional“. Por outro lado, o Governo manda-nos descarregar uma aplicação portuguesa com nome em língua inglesa (StayAway Covid). Provavelmente, o Governo da República Portuguesa prefere reforçar o papel da língua inglesa como língua de comunicação internacional. Assim sendo, há esclarecimentos a prestar.

Convém lembrarmo-nos deste triste episódio, quando membros do Governo voltarem a defender o Acordo Ortográfico de 1990.

Nótula: Luiz Fagundes Duarte dá-nos algumas ideias para pormos o vírus a léguas em português — e alguns dos comentadores têm feito aditamentos. A lista vai longa. Até agora, todas as propostas são melhores do que a promovida pelo Governo.

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Governo prostituto e traidor

“Empresas ligadas a offshores sem restrições nos apoios da covid-19 – Governo defende que impor limitações a empresas controladas a partir de paraísos fiscais ou donas de empresas aí sediadas colocaria “constrangimentos” na resposta à crise.”

Mais uma prova cabal da flexibilidade de encaixe no que toca a falta de ética, em troca de chegar às uvas. PS, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal juntinhos para nos lixarem e lamberem as botas aos aldrabões.

França, Bélgica, Itália, Áustria e Polónia e Dinamarca tiveram coluna vertebral. Os outros oferecem-se a quem lhes passa umas notas à frente do nariz.

Com que moralidade exige este governo que lhe paguemos impostos???

Problema n.º 3: COVID-19

Resolvidos os problemas n.º 1 e n.º 2, descubra agora, no seguinte parágrafo, as cinco palavras escritas com os pés pela redacção da Rádio Renascença:

“Sempre que uma pessoa é validade como infetada há um trabalho do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de procurar os contatos recentes dessa pessoa, por serem potenciais infetados”. Este trabalho de detetive pode ser facilitado com o recurso à aplicação agora desenvolvida pelos investigadores do INESC Tec, e assim poupar-se tempo ao SNS.

SOLUÇÃO: [Read more…]

Afinal, ministro de que pasta?

Questiona, certeiramente, Fernando Soveral:

“À sucapa, no nevoeiro da covid-19, o Ministério do Ambiente e da Acção Climática emitiu um despacho onde determina que o Metro deve continuar a expansão da rede, incluindo o prolongamento das linhas Amarela e Verde. Diz mesmo, num momento de stand-up comedy, que estes investimentos são importantes “perante os efeitos sobre a economia que a pandemia da covid-19 está a provocar em todo o mundo e em Portugal”. Lê-se e não se acredita. A covid-19 até serve de justificação para uma decisão tomada às escondidas, enquanto as atenções estavam direccionadas para temas mais importantes. Ao contrário do que se supunha, o sr. Matos Fernandes não decide por razões ambientais: decide por causa do dinheiro. Justifica-se até com o argumento de que os fundos que vêm da Europa só poderiam ser usados nesta obra. Falso, como já veio dizer a comissária, a sra. Elisa Ferreira. Há uma certeza: continua a obsessão por este plano turístico para Lisboa, que após a covid-19 terá de ser, no entanto, bem repensado.

O sr. Matos Fernandes mostra que há um equívoco no papel timbrado de onde envia os comunicados. Ele não deve ser o ministro do Ambiente. É o das Obras Públicas. Todas as suas decisões (do Metro ao Montijo ou ao lítio) têm que ver com dinheiro e não com o ambiente. Por favor, decidam-se: o sr. Matos Fernandes é, afinal, ministro de que pasta?”

Em todo o caso, já deu mais do que provas de que é um ministro a quem os cifrões entram pelos olhos adentro e não deixam ver mais nada. Muito prático, como ministro do ambiente.

O Orçamento do Estado para 2020 é uma mentira

We keep saying we’ve arrived at psychogenesis, but we actually continue to be working obviously with linguistic models. Here is Lacan telling us the unconscious resembles a language, that it’s structured like a language; Brooks telling us that it’s the verbal structure arising out of the relationship between metaphor and metonymy that constitutes the narrative text. We keep sitting around twiddling our thumbs, waiting for somebody to say something about the psychogenesis of the text.
Paul Fry

Mentira!
Joacine Katar Moreira

Purpose of sampling distribution You’d like to estimate the proportion of all students in your school who are fluent in more than one language. You poll a random sample of 50 students and get a sample proportion of 0.12. Explain why the standard deviation of the sampling distribution of the sample proportion gives you useful information to help gauge how close this sample proportion is to the unknown population proportion.
Agresti, Franklin & Klingenberg

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Já sabíamos que o Orçamento do Estado para 2020 era uma vergonha merecedora de chumbo. A farsa ortográfica promovida pelo poder político teve hoje um episódio simbólico: depois de ter confirmado a promulgação do OE2020, Mário Centeno anunciou que esta vergonha ortográfica entraria em vigor no dia 1 de Abril. Exactamente: 1 de Abril. Excelente escolha. Ovação de pé.

Aliás, a mentira ortográfica continua de vento em popa no sítio do costume.

Saúde para todos e, embora haja le printemps qui chante, por favor, restez à la maison.

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A bexiga *iperativa

In particular, in the case of aviation disasters that are caused by linguistic problems, it would be important to distinguish different ways of pronouncing and representing the same numeral: In English there are different ways of saying the numerals of the accident flight USAir 427: either four hundred twenty-seven or four two seven (in the style of a telephone number), where in the latter case, it would be most interesting to determine whether the cipher 4 (phonology /fo/) had the phonetic realisation [fo:], [for], [faʊə], [faʊ’ər], or the like.
Claudia Sassen

nobody, not even the rain, has such small hands.
e. e. cummings

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*Hiperativa? Efectivamente, o ‘m’ de imperativa indica [ĩ] em vez de [i]. De facto, o ‘c’ de hiperactiva indica [a] em vez de [ɐ]. Com efeito, o ‘h’ inicial de hiperactiva é inorgânico. De simplificação em simplificação, obter-se-á *iperativa.

Há poucas semanas, comprei um slide igual a este do Jeff Beck, na Macari’s (que saiu da Denmark Street e foi para a Charing Cross Road, quase em frente à Foyles, que fica ao lado deste templo). Se reparardes bem, entre 1:33 e 1:39, o Jeff Beck pega nesse slide com o mesmo à-vontade com que eu pego nos meus lápis e na minha esferográfica Faber-Castell, ou seja, sem o desleixo de quem aniquila letras com valor grafémico.

Exactamente.

Nótula: Apesar de as minhas canções predilectas do Rui Veloso serem o saiu para a rua e o não me mintas (embora haja aquele desnecessário verso com o Jardel…) e apesar de preferir mil e uma vezes o nova gente ou o made in oporto dos GNR ao porto sentido como hino pop da minha cidade (o Jardel ainda é como o outro, mas para o “lampiões tristes e sós”, francamente, não há pachorra), não podemos nem devemos ignorar a voz das varandas. Viva o Porto! Os meus agradecimentos à Alexandra Martins.

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