Deus escreve direito….

Hoje, junto ao Hospital de S. João (Porto) duas senhoras de idade avançada e munidas de umas revistas perguntaram-me se eu conhecia Deus.

A minha resposta foi pronta: “conheço, sim senhor e até tenho aqui o número dele. Precisam?”. A reacção não foi a melhor. Eu pensava que as simpáticas senhoras precisavam de falar com ele. Agora que é da CPN do PSD podiam, eu sei lá, precisar de alguma coisa…

Zulmiro

 (Manel Cruz)

Diziam que ele tinha o diabo no corpo mas não tinha. Pelo menos assim o afirmava a sua prima, sabida que era em coisas de mau-olhado e almas penadas. O diabo no corpo era outra coisa. O que ele tinha era uma comichão dos diabos que o atormentava dia e noite, obrigando-o a coçar-se até se arranhar e fazer sangue.

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Depois da fé na chuva, agora o dom de deus

No discurso oficial, que Vítor Gaspar proferiu sem rodeios em menos de cinco minutos, fez referência às origens familiares que tem em Manteigas, aludindo aos ensinamentos da sua avó Prazeres, para quem a “todos Deus conferiu um dom que, chegado o dia, será posto ao serviço para procurar o ‘bem comum’”. As Beiras

Ainda corremos o risco de confundir o governo com um conclave religioso. Aguarda-se o processo de beatificação da troika e as peregrinações pelo crescimento do PIB. E eu a pensar que o deus deste governo era o mercado,

Ponham-se finos: dívidas há muitas, seus palermas

Socorro, chamem o Merdina Carreira, que horror, valha-nos o S. João Duque, um deputado do PS disse o que é óbvio: não pagar é o único caminho para entre outras coisas pagar a dívida que seja mesmo devida. Porque juros de usurário não são para pagar meus senhores. Porque nunca pagaremos, como é evidente, seguindo este caminho nunca teremos crescimento económico que o permita. Pedro Nuno Santos tem razão, quem não a têm é quem agora dá o dito por não dito, incluindo o próprio.

A estupidez da direita portuguesa não é bem estupidez: pagar uma dívida que não sabemos qual é nem que a arranjou (e amanhã espero que se comece a investigar no âmbito da Auditoria Cidadã) é uma boa desculpa para aumentar o desemprego e os horários de trabalho, reduzir os salários e robustecer os lucros e já agora meter os trabalhadores virados para a parede.

Isto é uma evidência, mas uma comunicação social manipuladora transforma a verdade em mentira e a mentira em verdade, tal como o outro não transformou a água em vinho (e adeus, Christopher Hitchens, deus não existe e não é pequeno nem grande).

A Tragédia de um Jovem Pai – Khaled al-Hamedi -, só por ser Amigo de Saif Al Islam Kadhafi

ALBUM DE FAMÍLIA DE KHALED AL-HAMEDI 

O Secretário Geral da Nato congratulava-se, há dois dias, no twitter: “Historic. I’m first #NATO SecGen to visit #Libya. At midnight we end operation to protect #Libyans – one of most successful in NATO history”.

Trago-vos a história de Khaled al-Hamedi. É símbolo do tenebroso, assombroso y trágico que se abateu sobre as gentes da Líbia. No meu blog pessoal F-Se detive-me em alguns detalhes que não podemos ignorar. Especialmente o facto de Jornalistas de renome mundial, de agências noticiosas intocáveis na praça pública, de cadeias de televisão globalmente aferidas como imparciais Y credíveis, Y, como bem se lembram, todos insinuaram, sem contenção ou hesitação, que Saif Al-Islam forjara histórias de bombardeamentos a alvos civis, Y, que, afinal, tudo não passava de uma forma de alimentar as audiências internas da Líbia para justificar a determinação de Kadhafi em não se render à magnânima Força de Salvação Internacional, a NATO. 22 de Julho de 2011 assinala um desses muitos dias, [Read more…]

“Contemplou a sua obra e era tudo muito bom”

O PS esteve em congresso durante três dias, aqui mesmo em terras do Minho. E no final, nem uma conclusão ou sequer uma apreciação crítica à (des)governação dos últimos anos.

A crise internacional tratou de explicar tudo.

Segundo o Livro de Génesis, chegado ao sexto e último dia da empreitada de criar o Mundo, pois o sétimo foi para descanso, Deus contemplou a sua obra e concluiu que era tudo muito bom. Pois o PS em três dias não encontrou nada de mau na governação de seis anos.

Apenas, e tão só, um alerta de José Seguro de que o PS poderá vir a errar. Tudo numa lógica com um oportuno toque de diferença, quando é normal na política nacional falar-se tanto de responsabilidade.

O PS poderá não ir formoso, mas quer parecer seguro. Pelo menos conta com o seu líder. Literalmente.

Dúvida neoliberal

Ao ler o título do texto do nosso JJC, uma dúvida assaltou o meu espírito: se o povo afirma que “quem dá aos pobres empresta a Deus”, não seria melhor suspender a caridade para não se correr o risco de um dia mais tarde as agências de notação finaceira classificarem as contas de Nosso Senhor como lixo?

Deus e a internet

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Assisti há dias a uma discussões do género “é como eu digo”, “não, não, é como eu digo”. Uma daquelas teimosias que às vezes davam em apostas mas que neste caso teve um desenvolvimento novo. Um dos arguentes sacou do telemóvel, ligou-se à Internet e foi à Wikipédia buscar argumentos para a sua discussão.

De Deus diz-se ter as características da omnisciência, omnipresença e omnipotência. Este meu amigo rápido a sacar da sua geringonça internética procurou estar perto de tudo saber. Graças às redes sociais, acaba por estar com os seus amigos alemães, ao mesmo tempo que fala com a família em Portugal e com a namorada que está a fazer um curso em S. Francisco. Uma espécie de omnipresença, portanto. Para compor a áurea divina faltar-lhe-ia a omnipotência, mas a publicidade com slogans como “Yes, you can”, “Just do it”, “Tu mereces”, trata de lhe dar essa ilusão.

A Internet no bolso está a mudar a forma como as pessoas interagem. A radio, a imprensa, o telefone e a televisão trouxeram novas formas de aceder à informação. O computador e a Internet tornaram esses mesmos acessos ainda mais versáteis. Mas o “always on” vai muito além destas mudanças, transformando o individuo numa entidade mais dispersa. E se um dia se encontrar a forma de preservar a vida muito para além da nossa existência de algumas décadas, o que seremos então?

Adeus, até logo, até à próxima ou um problema de expressão

Por causa deste post dei-me a pensar na fórmula de despedida “adeus”. Raramente digo adeus. Prefiro um ‘até à próxima’, ‘até logo’, um simples informal ‘inté’ e um informalíssimo ‘xau’… Nesse aspecto acho que o ‘au revoir’ francês (que também usam o ‘adieu’) ou o ‘goodbye’ inglês têm mais sentido. Soam mais ligeiros e não contém uma certa carga negativa que, mal ou bem, atribuimos ao ‘adeus’.  A culpa não é da palavra, apenas da forma como interpretamos o seu significado.

Adeus!

O ‘adeus’ soa mais distante, como algo definitivo, embora na realidade seja uma recomendação. Estamos a recomendar ‘a Deus’ que acompanhe a quem nos dirigimos, ao mesmo tempo que encomendamos essa pessoa ‘a Deus’. Que tudo te corra bem, se Deus quiser. Vai com Deus.

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Deus à imagem e semelhança do homem

Com base neste texto, Jorge Oliveira explica, erradamente, que a minha ausência de crença em Deus se baseia no facto de que “Deus (e os seus anjos) deixe morrer tantos e poupe apenas uns poucos.” Deus não me preocupa – os homens, sim – e a minha falta de fé não tem explicação: foi algo que me aconteceu e com que vivo confortavelmente até hoje. Não acredito em Deus porque não e, sobretudo, o sobrenatural não me preocupa.

O que disse no texto anterior é mais do que isso: mesmo admitindo que Deus exista, recusar-me-ia a prestar culto a uma entidade que manifesta preferências aleatórias pelos elementos da sua criação. Um Deus omnipotente e sumamente bom não deve fazer isso, seria um abuso de poder inaceitável. Mesmo não acreditando, só posso aceitar um Deus que não se comporte como um tiranete que compensa quem o adular e castiga quem não o fizer. Se Deus, a existir, não me fizer a vontade, o problema será meu, eventualmente.

Quem acreditar em Deus não merecerá ser desrespeitado por isso. O que não consigo respeitar é quem se serve dessa crença para exprimir irresponsabilidades como as daqueles que se afirmam portadores de um privilégio ou que chegam ao ponto de explicar acasos invocando Nossa Senhora de Fátima, num populismo desavergonhado.

De resto, a História da Igreja está carregada de figuras luminosas e sinistras, exemplares as primeiras e condenáveis as segundas. De um lado, temos, por exemplo, São Francisco de Assis, que até correu o risco de ser considerado herege, e, do outro, Torquemada, que, mais do que um nome próprio, passou a ser uma característica. De uma maneira geral, a Igreja, sempre que pôde, nunca quis esperar por Deus, preferindo, sempre, castigar por antecipação todos aqueles que seguiram outros caminhos. Ou seja: o problema é, mesmo, o Homem. Com Deus, será sempre fácil cada um resolver os seus problemas.

Tentou adicionar Deus e usava o chat para falar com Jesus

 

Freira espanhola expulsa de convento por causa do Facebook

Ao que o Aventar conseguiu apurar, a irmã Maria Jesús Galán terá sido expulsa do convento por ter insistido em adicionar Deus como amigo no Facebook, sem ter pedido autorização ao Bispo. Para além disso, terá sido acusada de usar o chat para falar com Jesus. A freira toledana admitiu a primeira acusação, reconhecendo que se terá deixado arrastar pelo fervor religioso. De qualquer modo, segundo se sabe, Deus já terá ultrapassado o número limite de amigos permitido. No que respeita às conversas com Jesus, o Aventar soube que, afinal, se tratava do actual treinador do Benfica, que terá procurado que a religiosa intercedesse para impedir que Hulk voltasse a humilhar o clube da Luz.

Deus e o iPhone são incompatíveis

call godCatólicos não se podem confessar pelo iPhone

Especialistas em informática declararam ao Aventar que o iPhone é incompatível com Deus: “Usam linguagens de programação completamente diferentes, para além de que não tem memória suficiente para integrar a base de dados do Criador que é, efectivamente, muito pesada.” Um outro técnico, que não quis ser identificado, confidenciou-nos que a confissão é, efectivamente, possível, havendo, no entanto, alguns problemas na absolvição que poderão ser resolvidos com a instalação de um pequeno programa, o “Ego te absolvo 3.0.9”, que inclui, para além do perdão, o número de Ave-Marias e de Pais-Nossos previstos nas várias penitências.

Para os católicos com maiores dificuldades económicas, o Vaticano irá criar uma linha directa para Deus, a pagar no destino. Fonte ligada ao Santo Padre afirmou que, no fundo, o que encarece o acto é o intermediário, “pelo que, prescindindo do padre, será possível aos mais necessitados dispor de meios para uma absolvição mais acessível.”

Já não é a primeira vez que, na história da Igreja, há incompatibilidades de software: efectivamente, dentro do mesmo hardware, a Bíblia, verificam-se, frequentemente, conflitos entre o Velho e o Novo Testamento, programas que correm em linguagens completamente diferentes: basta ver que o Deus que distribui terabytes de castigos no Velho Testamento parece ter gasto todos os recursos e, onde havia um programa que permitiu parar o curso do sol, passa a haver um rapaz que se limita a transformar água em vinho, um truque que o próprio Vasco Santana viria a usar na rodagem de O Pátio das Cantigas.

Roberto, Deus, Jesus, A Bola e os burros do presépio

“Deus mandou mais que Jesus”, diz hoje o jornal A Bola, só porque Roberto defendeu uma grande-penalidade no jogo entre o Benfica e o poderoso Vitória de Setúbal, ontem.

Do jornal oficial do Benfica não se espera grande coisa (ia-me saindo ‘grande merda’) mas esperava-se um pouco de contenção e de vergonha. Há uns dias estavam a crucificar o guarda-redes por causa dos ‘frangos’, hoje, porque defendeu um penalti depois de ter começado o jogo no banco, estão a coloca-lo como o espírito santo que iluminou o caminho de Jesus na obtenção dos primeiros três pontos.

Será que o jornal quer dizer que Deus protegeu Roberto e provocou a sua reabilitação no altar da catedral? Se assim é, Jesus levou uma reprimenda do pai por não ter colocado o jogador a titular? E isto faz do Vitória de Setúbal o quê? O exército de Satanás?

E o jornal A Bola e o brilhante autor do título são os burros do presépio? Espero que não, é que tenho muito respeito pelos burros.

Fim da Linha

(adão cruz)

Texto de Marcos Cruz

Será que os pássaros vivem a crise? Será que há menos gente a dar-lhes migalhas nos jardins? E todos os outros animais? Será que partilham as angústias do Homem sobre o estado do mundo? Será que sofrem de forma indirecta? Pelo que me é dado ver, não. A generalidade dos animais ditos não racionais habituou-se a viver em liberdade, coisa de que o Homem, no exercício da razão, quis prescindir. Cioso da sua mais-valia, despediu-se da cadeia de ADN global para se fazer a uma vida destacada, para escrever uma história acima do universo, mero contexto, paisagem, folha lisa. Capítulo após capítulo, encontra-se hoje perante a realidade irrefutável de ter criado um Deus à sua imagem, chamado dinheiro, Deus esse que, cada vez menos, por ser filho de um Homem desligado, de um recorte físico do infinito, está em todo o lado. Ora, se a ideia de que a salvação e a felicidade se baseiam na posse é hoje do domínio da lógica, do código subjacente à vida da espécie, há então que lutar com unhas e dentes por esse Deus. A este raciocínio interpõe-se, no entanto, um problema: o que fazer com as pessoas que se sentem felizes sem possuir ou querer possuir a dita felicidade? Pois excomungá-las, atirá-las para outra espécie, uma espécie inventada, uma espécie nova, que, tendo em conta a teoria evolucionista, quem sabe justificaria a reciclagem do termo super-homem. Hum…, não, não faria sentido evocar anacronicamente uma estrutura mítica cuja falência teve, aliás, expressão retumbante na realidade. Fosse ele um pássaro, como admitia a célebre pergunta dos homens que o viam pela primeira vez a rasgar os céus, e ainda andaria aí, imune à crise, mesmo que não a salvar pessoas, mesmo que não a aliar-se ou a substituir-se ao Deus dinheiro. Mas, enfim, talvez lhe assentasse bem a designação de supra-homem, um “supra” ligado à superação, à sublimação, à transcendência – uma transcendência inclusiva, porém, não uma transcendência irresponsavelmente mística, magicamente religiosa. Cumprida essa limpeza, deixada a nova espécie ao sabor dos pássaros, aprendendo a voar, a ser livre, o Homem poderia retomar a escrita da sua obra-prima, do seu grandiloquente livro técnico, sem romance, com menos personagens e mais Deus disponível para cada uma delas, e tirando proveito de, através do erro, ter aprendido uma lição extraordinária, imprescindível ao desejado final feliz: reprodução, jamais.

Saramago – Pensar (Deus)

Com a devida vénia transcrevo uma parte da carta de uma leitora do Público, Céu Mota de Santa Maria da Feira.

…Quero reter na minha memória estas palavras de Saramago :”Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar”. Quanto a mim é um dos melhores ensinamentos que nos podia deixar como herança. A sua obsessão por Deus, apesar de ateu, veio-lhe porque nunca parou de fazer perguntas, não parou de pensar.

Aliás, não foi o único. Vergílio Ferreira, outro escritor português, tambem ele ateu e candidato ao Nobel, escreveu uma obra que é intitulada precisamente, Pensar (1991)…” a grande obsessão do homem é dar um sentido  à vida”…este último pensamento remete novamente para Saramago, numa frase que o Público deixou ocupar toda uma página: ” A nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida”.

Deus está muito na cabeça dos escritores ateus, mas tambem na dos cientistas. Alguns querem conhecer a “música de Deus”…recriar o momento do BiG_BANG e, quem sabe, a partícula elementar, a partícula de Deus”. Por seu turno, ” há neurocientistas que se propõem encontrar o ponto de Deus, no cérebro…

” a necessidade de se ser homem, ou seja, Deus, pela sonho da definitividade. É o sonho mais obsessivo (…)

PS: está no Público em “cartas à directora”, página 42!

Saramago à procura de Deus

Não concordo absolutamente nada com a nota do Vaticano acerca da morte e da obra de Saramago, reduzindo os seus livros a um amontoado de axiomas marxistas-leninistas, de costas voltadas para o Homem e a sua Cruz.  Sendo o que menos importa na vida e obra de Saramago a verdade é que o escritor em dado passo da sua vida colocou em causa o caminho “Marxista-Leninista” do partido de que era e continou a ser militante, sendo o primeiro subscritor de  uma proposta para ser discutida num dos congressos do PCP.

Se há um fio condutor na obra de Saramago e a torna singular é, exactamente, a angústia de procurar que a Humanidade seja mais que a vulgaridade da vida terrena, com o seu cortejo de vaidades, mentiras, ódios e “ter” em vez do “ser”. Se em quase todas as obras essa procura é evidente, e fá-lo nos livros que afronta Deus no sentido de O questionar, de O colocar perante a evidência da obra imperfeira de quem se pretende perfeito, então o “Ensaio sobre cegueira” é uma prova insofismável.

Sabe-se que foi este livro que empurrou Saramago definitivamente para o Nobel. E que encontramos nós nesta obra, tão transcendente, para merecer ser traduzida em tantas línguas e ter chegado a uma grande produção de Hollywood? Todo um povo encontra-se de um momento para o outro cego, sem explicação possível, uma “cegueira branca” que não assusta e não angustia. Só uma mulher foge a esse destino trágico! Porquê a excepção? Porquê uma mulher? Vamos, descobrir ao longo da leitura, que esta mulher é mais que uma simples pessoa é um “SER”capaz de se “dar” aos outros, capaz de os “guiar”, de os manter no limbo da esperança, mostrar-lhes  que o que perderam ( o material, o físico) nada é comparado com o que cada “ser” é capaz de descobrir dentro de si mesmo!

Hoje, no cemitério do Alto de S. João, quando a urna foi definitivamente tragada pelo fogo do crematório, mais do que nunca senti, que Saramago procurou toda a vida uma explicação, ou um final redentor para uma vida que lhe deu mais dúvidas do que certezas, e que não o preenchou, o que o levou à procura, escrevendo.

Uma grande obra literária tem sempre muitas leituras e aí reside grande parte da sua importância, mas que melhor homenagem se pode fazer a Saramago que entender esta sua angústia existencial , transcendental?

Andou o ateu Saramago, afinal, toda a vida à procura de Deus?

Ser homossexual é pecado

A entrevista da qual retiro estes excertos saiu no caderno 2 do Público há umas semanas atrás. Os entrevistados são dois jovens cristãos, um adventista e um baptista. Sobre o casamento «gay» e a homossexualidade em geral, têm as opiniões que se seguem:

«O termo casamento pode ser desnecessário».

«Biblicamente, [a homossexualidade] é um pecado, como a hipocrisia e a gula. Não há pecados maiores e menores. E se ouvir dizer que não é pecado saio da Igreja.»

«Estou de acordo com as regras. Claro que não há uma Igreja perfeita. Perfeito é Deus. [E a homossexualidade] é abominável aos olhos de Deus.»

«Não podemos ir tão longe [ter pastores homossexuais]. Porque é um exemplo para a sociedade.

«A partir do momento em que o pecado entra no mundo há um desvio do plano de Deus. A homossexualidade tem de ser sempre um desvio do plano de Deus. Aceito e respeito que a Igreja não pode aceitar a homossexualidade, como não pode aceitar cobiça e roubo. A Igreja tem de ser o garante do normativo e não concebo que aceite qualquer um destes fenómenos.»

«Sei que não foi a vontade de Deus quando criou o homem que ele fosse homossexual.»

«Deus é perfeito, não falha. Deus cria e o homem vai degenerando.»

«Acreditamos que Jesus Cristo voltará para nos salvar do pecado. [Se Cristo vier a homossexualidade acaba], como todos os outros pecados.»

«Preferia que o termo fosse união de facto. Casamento não, porque é uma instituição divina.» [Read more…]

Se Deus existisse… (a propósito da visita do Papa)

Ontem já estava mal disposto. Não estranhei acordar de madrugada.
Por mais que tentasse, não me saíam da cabeça as restrições ao trânsito, a tolerância de ponto, os microfones forrados a ouro, os aviões que vão e que vêm e que irão tornar a ir e a vir.
E tudo isto, porque vem cá um personagem a quem deram o titulo de papa.
Para que não restem duvidas, sou ateu. Nem sequer considero o agnosticismo, porque só conheço uma pessoa que o professa e esse chama-se Manuel Alegre. De facto o único agnóstico político existente no Universo.
Só sabe que é de esquerda, nunca toma posições claras e definidas e embora a gente não negue a sua existência, sabemos perfeitamente que não existe.

Bom, agora o caso é mais complexo. Lembrámo-nos do objecto social desta Associação e fomos revê-lo. Lá está…..É nosso principal objecto promover o estudo dos fenómenos culturais, ideológicos, políticos e económicos do Mundo contemporâneo e em especial a sua incidência em Portugal……
Começava a ficar justificada a razão porque me sentia mal disposto.
É que nada justifica o “estardalhaço” desta visita. São mesmo suspeitas as razões que lhe estão subjacentes, assim como o facto de termos sido abençoados com uma estadia tão prolongada.
Não quero ferir sentimentos de ninguém, mas também reservo o direito de transmitir a minha opinião. E essa é a de que me parece que já era tempo de olharmos para o religioso sob outra perspectiva e num contexto moderno e adequado aos novos conhecimentos, de forma a todos termos direito ás nossas opções sem constrangimentos nem falsas promessas. [Read more…]

O deus do homem

(em termos de conclusão do post anterior “Que deus?”, transcrevo uma pequena parte de um texto meu, já antigo)

Negando os limites da sua própria natureza e da sua imaginação, o Homem assume-se como centro do Universo e inventa um deus, seu pai, cuja ontológica preocupação máxima, permanente e eterna, é a salvação da alma deste ridículo micróbio, desprezando todos os outros seres cuja diferença está, apenas, num número inferior de neurónios!

Admitindo absurdamente a pré-existência de tal deus, a sua revelação exclusiva ao animal-homem, repito, apenas porque os neurónios deste são mais numerosos do que os do cão ou do macaco, faz rir.

Consideram os cientistas, após as últimas fotografias das sondas que foram até Marte, que este planeta deve ter contido muita água e provavelmente vida, há milhares de milhões de anos. Se assim for…que vida? Animais com mais ou menos neurónios do que o Homem? Sem neurónios mas com outro substrato da razão que não imaginamos? Outros seres, estruturas materiais desconhecidas, mas, eventualmente, muito mais complexas do que o Homem? [Read more…]

Que deus?

(Dedico este post à nossa simpática Maria Monteiro)

Apoiado nas leituras de Pepe Rodriguez, doutorado em psicologia pela universidade de Barcelona, e um dos mais categorizados conhecedores e especialistas em matéria de seitas e religiões, permitam-me que construa algumas das minhas opiniões àcerca da ideia de deus.

Deus é um conceito recente dentro da evolução do nosso processo cultural. Mas a força deste conceito tornou-se tão poderosa que permitiu às instituições religiosas, que governam a presunção da sua realidade, a mudança radical dos comportamentos individuais e colectivos das relações humanas.

Há mais de dois milhões de anos a espécie humana sobrevivia e morria sem deus, num planeta inóspito, no meio de uma total indiferença em relação ao Universo. Há noventa mil anos atrás, uma parte da humanidade parece ter começado a pensar na ideia de uma possível existência para além da morte. Há trinta mil anos deus ainda não existia. Por essa altura começou a esboçar-se a ideia de um deus, mas a sua imagem e características eram as de uma mulher todo-poderosa. Daí o dizer-se que deus nasceu mulher. Só depois do terceiro milénio a.C. começou a surgir a ideia de um deus criador/controlador, mais ou menos como é imaginado pela humanidade actual. [Read more…]

Lionel Messi do Barcelona, da Argentina, do Mundo… é o melhor do Universo

Lionel Messi nasceu no dia de S. João, pouco mais de um mês depois da vitória do Porto no Prater.
É um jogador de futebol, ou antes, é O melhor jogador de futebol do Planeta. Nasceu na Argentina, mas veio para Barcelona com 13 anos e aos 16 já jogava na primeira equipa.

Ontem marcou quatro golos a uma equipa de Londres, o Arsenal, cujo treinador o definiu assim: “Messi é um jogador de Play Station“.

Mas, de ontem chega mais um detalhe delicioso: Messi levou a bola de jogo para casa. Uma metáfora fantástica: ele é de facto o dono da bola! Ele, mais do que ninguém, consegue pegar na bola e ir, com ela bem coladinha, até ao destino, seja ele a baliza ou o passe para um colega.
No Universo planetário da bola no pé há um novo DEUS: Lionel Messi

Abaixo de deus…acima de deus

Quando temos a sorte de fazer um diagnóstico correcto, sobretudo em situações graves, e conseguimos equacionar uma terapêutica adequada que resolva a situação, quase sempre o doente ou a doente diz: abaixo de deus foi o sr. dr. quem me salvou.

Não há muito tempo, uma doente minha e minha amiga, foi acometida de um síndrome coronário agudo grave, o que significa uma obstrução importante de uma artéria coronária, ou seja, uma situação de quase enfarte do miocárdio extenso. Teve a sorte da artéria recanalizar parcialmente, evitando, por assim dizer, o descalabro. No entanto, o perigo persistia, com a possibilidade de recidiva a cada momento. Isto é, a espada mantinha-se bem afiada por cima da cabeça. Por duas vezes recorreu ao hospital e por duas vezes recorreu ao médico assistente. Com toda a negligência e incompetência, quer num caso quer noutro, deram-lhe uma palmadinha nas costas e mandaram-na embora.

Resolveu vir ter comigo. Não foi difícil inteirar-me da gravidade da situação. Imediatamente foi realizado cateterismo cardíaco, com vista a angiografia coronária, tendo sido detectada uma lesão grave na principal artéria coronária. Foi feita uma angioplastia, isto é, uma desobstrução da artéria com implantação de um stent, um dispositivo metálico que impede a reestenose da artéria. Resumindo, foi afastado o perigo, e a morte, pelo menos por enquanto, meteu o rabo entre as pernas e foi-se embora.

A minha amiga virou-se para mim e segredou-me: é costume dizer-se, abaixo de deus foi o sr. dr. quem me salvou. Neste caso, acima de deus foste tu que me safaste. Se não fosses tu e as coisas fossem deixadas nas mãos de deus, bem lixada estava.

Eu respondi: olha minha menina, fico muito grato pelas tuas palavras e pelo teu reconhecimento. Apesar de nós médicos não andarmos em competição para ocupar o lugar de deus, a verdade é que é deprimente ficar sempre em segundo lugar, quando, se as coisas ficassem só nas mãos de deus, bem que os doentes iam pró galheiro.

Resumo resumidíssimo do que me ficou de Dawkins

 (Texto enviado por uma amigo, colega oftalmologista, José Maria Soares)

 

Qual a maior ambição de um ser humano?

A vida eterna. Ao concluir ser essa aspiração impossível, de que se serviu para a manter? Das diferentes religiões que duma ou doutra forma lha prometem.

 Porque ambiciona o homem uma vida eterna’

Porque tem memória e uma vida afectiva. Quer encontrar e perpetuar os seus afectos terrenos numa outra vida já que nesta tem de se submeter ao nasce, cresce, reproduz e morre. A única maneira que tem o homem para justificar a morte é a existência de uma outra vida, a extra-terrena.

 Como nasceram as religiões?

Alguém a par daquelas e de outras ambições, de acordo com os interesses da comunidade, do estado civilizacional dos seus comparsas e da sua capacidade de digerir ficções, criou-as com mais ou menos sofisticações. Nasce assim uma religião, uma profissão e uma classe social : o clero.  [Read more…]

Deus contraria Jesus

O empate do Benfica frente ao Vitória de Guimarães poderá ser muito mais grave do que se pensava.
Isto porque o treinador do Benfica, Jesus, afirmou quanto á táctica do jogo: ”Jogamos no seja o que Deus quiser”.
Certamente que a ideia de Jesus era ganhar, mas Deus não terá querido tal coisa, entendendo por bem o empate.
Este é um caso que poderá ser bem mais grave do que pode parecer. Poderá não ser apenas um desacordo entre Jesus e Deus. Poderá haver algo mais profundo: Jesus e Deus poderão ter preferências diferentes em matéria de clubes. E nada garante que o Patriarca não tenha achado que era tempo de mostrar ao filho quem manda.
Grandes mudanças poderão estar em perspectiva, acrescentando-se mais uma dúvida: alguém já avisou o Vaticano?

Quatro netos

               (adao cruz)

(adao cruz)

Aos quatro netos

Assim nascidos de uma virada

Do alto da minha escada os contemplo.

No fundo de mim mesmo

Lá no fundo da cratera

Onde ergui a minha escada

Ouço apenas a voz do medo

Entre o sonho e a quimera.

No cimo da cratera

Onde ainda chega o sol

E a noite amanhece

Nascem flores pequeninas

No seio da erva rasteira

e os degraus de nova escada

Para continuar a primeira.

Bento XVI quer diálogo com os ateus!!!

Bento XVI quer diálogo com os ateus!!!

 Li o post do amigo João José Cardoso, intitulado a “arrogância dos ateus”, frase proferida por D. José Policarpo na mensagem natalícia. Apesar de o post de João José Cardoso ser curto, diz tudo, e, de facto, acaba como deve: “Não vou perder tempo com isso”. Seria a melhor solução.

E eu seguiria de bom grado o conselho do amigo João, marimbar-me-ia para estes disparates, se gostasse que me comessem as papas na cabeça, e se não tivesse recebido, logo a seguir, um texto enviado por um amigo do Canadá intitulado:”Papa deseja criar espaços de diálogo com agnósticos e ateus”.

 Bento XVI assegurou que a Igreja precisa criar espaços de diálogo e de encontro com agnósticos e ateus, que em algumas sociedades representam um grande número de pessoas. Acrescento eu que está mais ou menos calculado que mais de metade da humanidade é ateia. Mas porque quer BentoXVI criar estes espaços de diálogo, com os filhos do diabo?

“Quando falamos de uma nova evangelização”, diz ele, “talvez essas pessoas se assustem. Não querem enxergar-se convertidas em um objecto de missão, nem renunciar à sua liberdade de pensamento e de vontade. Mas a questão sobre Deus segue desafiando-os” (a mim não, e creio que nenhum ateu sente esse desafio), “ainda que não possam crer no carácter concreto de sua atenção por nós. Penso que a Igreja também deveria abrir hoje uma espécie de ‘pátio dos gentios’, onde os homens possam, de alguma forma, manter contacto com Deus, sem conhecê-lo, antes de encontrarem o acesso a seu mistério, a cujo serviço se encontra a vida interior da Igreja” (a vida interior de muitos, que os há,…acredito,  a vida exterior da igreja não, essa seria a vergonha de deus).

“Ao diálogo com as religiões deve-se acrescentar hoje todo o diálogo com aqueles que enxergam a religião como algo estranho, aqueles que desconhecem Deus” (os burros, os cegos de espírito) “e que, todavia, não gostariam de permanecer simplesmente sem Deus”, (quem o diz?) “mas aproximar-se dele, ao menos como Desconhecido” (quem disse tal coisa tão disparatada?). [Read more…]

O funeral dos ciganos

Intuí, no momento, que se passava alguma coisa com aquelas pessoas que conhecia há muito. Por razões que não interessam aqui, estava no funeral da mãe de um banqueiro. Havia incómodo, tristeza, mas tudo era como que de uma mera chatice se tratasse, uma coisa que havia que fazer quanto mais depressa melhor.

 

Noutro tempo, acompanhando alguem da família a um hospital, assisti às manifestações de dor de uma família cigana. O seu patriarca tinha morrido naquele hospital, e a família, acampada nos jardins, dava largas à sua dor, com cânticos, com choros, num cerimonial que tinha muito de místico.

 

A noite ía alta, o silêncio tinha caído sobre a grande cidade, e aqueles cantares ecoavam e arrastavam-se mil vezes, com uma nobreza que me emocionava. Foi nessa altura que me lembrei do sentimento que me havia  aflorado, feito de intuição, no funeral de há anos atrás e que só agora compreendia.

 

A dor emocional é a expressão de quem experimenta o amor, não há uma sem outra, e foi essa falta que eu intuí.  Se reduzirmos a vida ao prazer, se passarmos por cima dos sentimentos profundos que nos dão identidade, não somos mais que  agentes de uma sociedade insaciável, onde não cabe  o amor, a bondade, a solidariedade, a amizade.

 

Mas aqueles cantares, tinham uma dimensão mística, religiosa, como sempre tiveram as manifestações de expressão sentimentais que erguem o homem ao nível do artista, do cientísta, do político, do escritor, da mãe, gente que se dedica ao bem do seu semelhante e tenta compreende-lo.

 

Esta componente mística e religiosa do ser humano faz parte da sua essência, torna-o mais humano, menos dependente da ideia  que tudo se compra, que tudo está ao alcance da voragem do prazer.

 

Muito do que se quer compreender quanto à religião passa por aqui, por esta linha, entre o homem que se quer omnisciente e omnipotente e o homem que procura, que sofre, que ama…

 

E o divertido da questão, é que o homem se revolta contra Deus por não o aceitar como omnisciente, omnipotente e omnipresente…

 

O Mundo é melhor com Deus do que sem Deus. Para mim, basta!

A mão de Henry é a mão do diabo

Não é a mão de Deus. A mão de Maradona foi um prodígio de classe, "apenas" deu o que faltava ao "génio" de Maradona. Altura!

 

Dois jogadores a disputarem uma bola, a sós, em plena área onde o inglês podia ir com as mãos acima do seu 1,90 m de altura. A mão de Deus foi necessária para dar sentido à disputa.

 

Ainda hoje é dificil ver se anda, ou não, ali a mão de Deus. É tudo bonito, como de um bailado se tratasse.

 

A mão de Henry é a mão do "diabo", não é mão subtil, é mão, braço e ombro "sucateiros", arrebanha ganancioso uma e outra vez, face oculta de um querer vencer de qualquer jeito.

 

A mão de Maradona faz-nos sonhar,como tambem o teatro é fingimento, que nós perdoamos por ser tão belo e sonhamos. É o segredo do poeta esse "fingidor" criador de beleza a partir do nada.

 

E entre os dois há a mão de Vata a dar sentido humano a Deus e ao diabo, uma mão humana, receosa, envergonhada.

 

Foi o vento…

 

 

Escândalo: Manuel António Pina compara Deus à Ivone do «Caminho das Indias»!

 

Li e pasmei. Manuel António Pina, homem das Letras, bem considerado, compara na sua habitual crónica no JN o Deus da Bíblia à personagem Ivone do «Caminho das Indias», interpretado pela actriz Leticia Sabatella.

É um herege, Manuel António Pina. E ainda por cima, não percebe nada de Deus nem do «Caminho das Indias». Devia ter vergonha!

 

O caixeiro – viajante

Sempre que passa por aqui é para vender alguma coisa. Aproveita as homenagens que de bom grado o país lhe vai concedendo numa tentativa de o acolher, mas o ódio do senhor não se contemporiza com lamechices.

 

Vive fora do país para mostrar quanto está ofendido, o país não o merece, a não ser para lhe entregar a Casa dos Bicos para lá meter os papéis, que em Espanha, não querem. Está ofendido porque os seus conterrâneos, democraticamente, rejeitaram as suas ideias políticas.Nunca mais esqueceu que um homenzinho de estatura igual lhe fez um agravo escusado, muito semelhante, aliás, ao que ele fez aos seus colegas no Diário de Notícias.

 

Este homem quando se viu com um grama de poder mostrou o carácter de que é feito, tentando impor uma ideologia num grande diário de comunicação social que, naquela altura, era bem mais influente do que é hoje, saneando pessoas porque não confessavam a mesma ideologia. É este homem a quem agora devemos vergar a cerviz, porque o que ele diz passou a ser a bíblia, que ele renega.

 

Odeia tudo e todos com especial carinho os que lhe vão prestando homenagens e que têm orgulho por verem nele um compatriota que ganhou um Nobel. Tem vergonha de ser português. Já me cruzei mais do que uma vez com ele no estrangeiro, ouve falar portugues mas faz de conta que não percebe, não vá os batráqios dirigirem-lhe a palavra.

 

É este homem que agora vem substituir a Bíblia, é um livro que ele percebe que põe os dele no lugar a que têm direito, e não pode com isso.

 

Vou passar a benzer-me sempre que o vir !