Negócios da China

Honk Kong

Numa altura em que ocidente democrático se insurge contra barbaridades variadas perpetradas por russos e árabes (só alguns claro, a Arábia Saudita, por exemplo, continua a ser uma excepção e um exemplo de respeito pelos direitos humanos), Portugal continua de portas escancaradas para o investimento dessa nação plural que é a República Popular da China. E se dúvidas restassem quanto ao grau de abertura e respeito pelos valores ocidentais que supostamente defendemos, a vice-ministra chinesa Xu Lin esclareceu-as por completo na sua recente visita a Portugal para integrar um painel da uma conferência organizada pela Associação Europeia de Estudos Chineses na Universidade do Minho. Foi um belo momento de convivência democrática.

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“Há partes da nossa vida que que o mercado não pode preencher”

Afirmação retirada do artigo Suecos decepcionados com sistema de educação.

As notícias que não passam nas tevês nem aparecem nos jornais

« Nous n’étions pas une télévision d’Etat ». from Passages on Vimeo.

Em Salónica, um grupo de 20 jornalistas e técnicos da televisão pública grega mandada fechar pelo governo em Junho de 2013, trabalha há 13 meses sem autorização nem salário emitindo 24 horas/dias em favor do Serviço Público de Televisão. Emitem através da Internet e de canais analógicos cujo sinal não foi cortado nalgumas ilhas e zonas rurais da Grécia, cobrindo perto de 1/3 do território. «Queremos ser a voz dos todos os que têm ficado à margem da cobertura mediática. Até porque estes estúdios, estas câmaras, são deles: foram pagas com o dinheiro dos contribuintes», afirmou Kostas Karikis que, à imagem dos restantes jornalistas e técnicos em protesto resiliente, se mudou de Atenas para Salónica pagando do seu bolso as despesas dessa escolha. A alternativa era ficar em Atenas no desemprego, e ficar a assistir à depressão colectiva (e ao desaparecimento, por suicídio, de muitos) dos mais de 2000 trabalhadores que o projecto de privatização deixou de fora: apenas 600 foram readmitidos (a maioria precariamente) para a nova televisão, controlada pelo Governo (os funcionários têm sido pagos directamente pelo Ministério da Economia grego). «Se o Siriza chegar ao poder, reabriremos a ERT», disse Karikis. [Fonte: Revolting Europe]
 

Claro que privatizar sem travões fica mais barato

No Metro de Lisboa um comboio não travou.

Ao desbarato

Da imprensa de hoje: enquanto as Finanças travam a classificação de imóveis como monumentos para vendê-los, o ministro da Economia foi à China vender os transportes de Lisboa e Porto e a EGF. Até às próximas legislativas, sobrará alguma coisa?

Já a seguir: governo concessiona governo

Governo quer concessionar Oceanário de Lisboa a privados

Como destruir o Estado em 3 Passos

PRIMEIRO: pega-se num pau-mandado (ou criminoso, é à escolha) e mete-se numa empresa pública em lume brando.

SEGUNDO: aumenta-se a temperatura até ferver, permitindo, deste modo, que o pau-mandado possa torrar todo o dinheiro disponível através de medidas desastrosas previamente delineadas pela máfia.

TERCEIRO: servir o pau-mandado em público onde este irá dizer que essa empresa pública é mal gerida pelo Estado e, como tal, deverá ser privatizada.

Há aqui uma coisita que me intriga. Qual será a parte do crime que as instituições responsáveis não entendem. Mais claro do que isto só a ponte Vasco da Gama. [Read more…]

Os incendiários actuaram e o sino repicou

CTTParte substancial do meu tempo é vivida em aldeia do Alto Alentejo, região ocupada por terras inóspitas, searas, chaparrrais e localidades habitadas predominantemente por gente idosa; localidades às quais, na maioria dos casos, já tinham sido retirados ‘centros de saúde’ e outros equipamentos sociais.

Em parte considerável das vilas que se dispersam até à raia com Espanha, é conhecido, desde que se propagou a loucura da privatização, o propósito de encerrar estações dos CTT, no distrito de Portalegre; como, de resto, em outras zonas do interior.

A fim de cumprir objectivos económico-financeiros, na lógica do neoliberalismo, o governo aliena segmentos lucrativos do património nacional – ANA, EDP, CTT, por exemplo – e lesa, sem pudor nem respeito, o interesse público. [Read more…]

No autocarro

autocarro

Num autocarro de serviço urbano, cujos passageiros terão, todos, mandado uma pinocada há menos de uma hora, à pinha, uma mulher de meia idade, flácida, de aspecto descuidado, ocupa um lugar sentado, praticamente adormecida, mal segurando com uma das mãos um saco com compras. No corredor e a seu lado, um homem de meia idade, flácido, de aspecto descuidado, desperta do embrutecimento rodoviário típico porque um líquido pastoso encharca-lhe a meia do pé esquerdo – o seu melhor pé. [Read more…]

Privatizem também a nuvem que passa

Santana Castilho*

O ano lectivo que agora se inicia está marcado, pobremente marcado: pelo afastamento da profissão de muitos e dedicados professores; pela redução, a régua e esquadro, sem critério, de funcionários indispensáveis; pela amputação autocrática da oferta educativa das escolas públicas, para benefício das privadas; pela generalização do chamado ensino vocacional, sem que se conheça qualquer avaliação da anterior experiência limitada a 13 escolas e agora estendida a 300, via verde de facilitismo (pode-se concluir o 3º ciclo num ano ou dois, em lugar dos três habituais) e modo expedito de limpar o sistema de repetentes problemáticos; pela imposição arbitrária de decisões conjunturais de quem não conhece a vida das escolas, de que as metas curriculares, a eliminação de disciplinas, o brutal aumento do número de alunos por turma e as alterações de programas são exemplos; pelo medo do poder sem controlo, que apaga ao dobrar de qualquer esquina contratos de décadas e compromissos de sempre; pela selva que tomou conta da convivência entre docentes; pelo utilitarismo e imediatismo que afastou a modelação do carácter e a formação cívica dos alunos; pela paranóia de tudo medir, registar e reportar, para cima, para baixo, para o lado, uma e outra vez, e cujo destino é o lixo, onde termina toda a burocracia sem sentido; pelo retrocesso inimaginável, a que só falta a recuperação do estrado e do crucifixo.

Providencialmente no tempo (imediatamente antes de se concretizar mais um despedimento colectivo de professores, que marca o ano lectivo) vieram a público dados estatísticos oficiais. Primeiro disseram-nos que em 2011/2012 tivemos nos ensinos básico e secundário menos 13.000 alunos que no ano anterior. Depois, projectando o futuro, prepararam-nos para perdermos 40.000 até 2017. Providencialmente, no momento, omitiram que, de Janeiro de 2011 a Junho deste ano, desapareceram 47.000 horários docentes. Políticos sérios não insinuam que esta redução de docentes se deve à quebra da natalidade. Trapaceiros, sim. [Read more…]

Privatizações à moda do Porto

Rui Rio (pela mão do Vereador líder distrital do CDS que apoia entusiasticamente Rui Moreira) decidiu privatizar a limpeza da cidade. Disse que tinha uns estudos técnicos (que nunca apresentou) que provavam que, com a privatização, a Câmara pouparia cerca de 700 mil euros anualmente. Lançou o concurso público com uma base de 5,4 milhões de euros/ano. No entanto, adjudicou esses mesmos serviços por 7,1 milhões de euros. E, no primeiro ano completo em que essa concessão funcionou, pagou 8,1 milhões de euros! Nos anos seguintes, esse valor aumentou, tendo-se situado, em 2011, nos 10,2 milhões de euros – num quadro de redução dos resíduos sólidos produzidos!

Ou seja, de uma poupança ”prevista” de 700 mil euros anuais, a concessão da limpeza traduziu-se num aumento anual de cerca de 5 milhões de euros! Isto não são ”contas à moda do Porto”! Isto é, apenas, um caso de gestão danosa de quem se intitula como ”rigoroso”. Uma situação que não anda longe do escândalo dos contratos ”swap”, de que, aliás, Rio é um dos responsáveis enquanto administrador, principescamente pago, da Metro do Porto.

A ler todo o artigo de Rui Sá. Via 5 Dias.

O povo acordou no Brasil

Despedir para privatizar

Por que razão tem que ser o Estado a gerir cantinas?

Basicamente porque fica mais barato. Os serviços públicos privatizados, por regra, encarecem e perdem qualidade. A razão é óbvia: os nossos empreendedores procuram o lucro garantido pelo estado, o estado é suposto que procura servir o público. Um exemplo: os serviços de limpeza, em grande parte entregues a uma empresário que entretanto foi detido por fraude fiscal.

Mas nada como despedir funcionários públicos e garantir mais umas rendas.

Vamos lá privatizar tudo: agora é a vez da água

Estes tipos são capazes de quase tudo? Não, estes cabrões são capazes de tudo, mesmo, desde que enriqueça alguns.

O leitor pensava que no séc XXI, com populações escolarizadas e especializadas, com tecnologia e meios de informação, com sindicatos e organizações sociais, com Unescos e cartas de direitos humanos, as pessoas estavam mais protegidas, defendidas e conscientes dos seus direitos? Erro seu, a barbárie é a de sempre, apenas munida de armas mais poderosas.

É apenas uma questão de tecnologia e de arranjarem formas de cobrar: um dia privatizarão o sol e o ar respiramos, com o apoio e directivas de Bruxelas, Washington, Pequim ou quem lhes suceda.

Portugal digital 2013

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Fui uma das primeiras pessoas em Portugal a usar a Internet, nos comecinhos da chegada da Rede mundial às casas dos portugueses. Fui também uma das primeiras jornalistas a escrever sobre o que isso representava em termos de mudança de sociedade – na web, na imprensa, e também na rádio: fui autora de um programa chamado Cibéria, nome com que acordei certa manhã, juntamente com a convicção de que tinha de fazê-lo nessa altura. Foi em 1997, estreou nas antenas da extinta e saudosa XFM, e depois transferiu-se para a TSF. A fazer esse programa de rádio, andei pelas escolas a falar com as crianças sobre a modernidade e o progresso, a tecnologia electrónica e o futuro da Era digital – o mundo que nesse exacto momento emergia, substituindo-se à já longa Era analógica, à mecânica dos átomos, e que transportava consigo utopias espantosas, como por exemplo o teletransporte – a minha preferida, espécie de excentricidade futurística, embora bastante menos importante do que a dimensão inclusiva, que assim a pensava eu no meu optimismo ainda um pouco juvenil. Esse mundo nascente seria inexoravelmente o dessas crianças que então andavam na escola, e ia ser uma coisa bestial (outra vez o meu entusiasmo pateta). [Read more…]

Artur Baptista da Silva é candidato a Primeiro-Ministro

Coelhartur“A politica de privatizações em Portugal será criminosa nos próximos anos se visar apenas vender activos ao desbarato para arranjar dinheiro.”

Pedro Passos Coelho, candidato a Primeiro-Ministro
Visto aqui e lido aqui.

(continua)

ANA…

vai com as outras.

Da série ai aguenta, aguenta (16)

Água privatizada é mais cara

Natal, a festa da família

O espírito desta quadra, versão privatizações.

Da série ai aguenta, aguenta (13)

Governo vai cortar mil camas nos hospitais do SNS. Num país em que há doentes internados em macas.

Minuto 50′, o Direito a não ter Dívida

Loja dos trezentos

El Gobierno pone en venta Portugal – no El Pais

A ilusão das privatizações

Já lá vão mais de 30 anos. A televisão a cores tinha acabado de chegar a Portugal. Era a novidade. Como mais de 30 anos antes os portugueses dos anos 50 se tinham acotovelado para ver as primeiras imagens da TV, no início dos anos 80 viam que a TV também podia ter cores.

O preço dos televisores, claro está, fazia com que não fosse para todos. Era para alguns cafés, restaurantes e para as famílias mais abastadas. As menos abastadas ou pobres tinham de se contentar com um subterfúgio. Talvez se lembrem melhor que eu. Lembro-me de uma placa de plástico duro colorido, ligeiramente côncavo para se moldar ao ecrã do televisor, ainda bem longe dos ecrãs planos de hoje.

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Privatizar a Saúde, a Educação e a Segurança Social

Tudo numa directiva europeia perto de si.

Um hotel na Torre de Belém e o Museu dos Coches para a BMW?

Património cultural pode ser concessionado a privados.

Guerra que eu compro

Quero-me alistar para esta guerra: privatizar a CGD?

Nem pensar.

Técnica revolucionária em Medicina: a caçadeira pode substituir o bisturi

É evidente que não se podem tomar decisões executivas sem se ter em conta os gastos, as despesas, sem se fazer contas, enfim, como acontece com qualquer um de nós, todos os dias. Este governo, no entanto, aproveitando, aparentemente contrariado, o desastre socrático, transformou a despesa no único critério das decisões. O resto é Carnaval, com máscaras de má qualidade. [Read more…]

Regresso ao ruído hertziano

Boa noite, meus senhores, minhas senhoras, lindas flores
Que aqui estais neste salão,
Eu p’ra todos vou cantar e a todos quero saudar,
Do fundo do coração.

Conheceis esta charamba? Se não, ide ouvi-la aqui  e lê-la aqui.

Andei uns tempos por lusas terras sem radiações e, confesso, sinto-me muito, muito, mais saudável. Mas olhem que não foi pela ausência das malvadas ondas hertzianas do wi-fi mas porque não vi televisão, não ouvi rádio, não li jornais e não tive net. E sabeis que mais? Não me fez falta nenhuma e, ao que parece, a vida continuou no seu habitual (e fadado) ritmo.

Mas voltei, voltei de lá. E descobri que anda tudo histérico com a RTP, com taxas e quejandos. Devem ser as saudades do Prós&Prós ou do Preço Certo. Disso ou de uma empresa que estoirou mais dinheiro do que os transportes públicos, é usada por todos os governos para propaganda e ainda para mais recebe um maravilhoso imposto cobrado na factura da luz, veja-se ou não a dita. Mas, é em prol da  cóltura, logo, vale a pena – é isso, não é?

Ai, ai, ai. Era para só para dar as boas noites e já me estou a esticar pela politiquice. Bem se vê que as férias já se foram.

PS: para evitar julgamentos por quem leia mais do que o que está escrito no post, desde já declaro que as notícias plantadas na comunicação social sobre a forma de vender a RTP demonstram uma enorme demência governativa.

RTP 2 fechada

O Governo dá um tiro à RTP 2 e talvez o faça também com a Antena 3.

António Borges disse: “É um serviço que custa extraordinariamente caro para uma audiência muitíssimo limitada.”

Lembrei-me agora do fim do Acontece com o Carlos Pinto Coelho em 2003… Morais Sarmento disse algo semelhante. O programa Acontece “chegou a ser o mais antigo jornal cultural da Europa e acabou depois de uma polémica com o ministro Morais Sarmento que afirmou que seria mais compensador oferecer uma volta ao Mundo a cada espectador”. Que coisa estúpida e triste de se dizer. A mim não me foi dada nenhuma viagem!

É mais um tiro que se dá na Cultura em Portugal. Já estamos sem ministério e agora mais esta machadada.

Aquela «audiência muitíssimo limitada» torna-se cada vez mais reduzida à medida que se vão tomando decisões políticas como esta.

O Governo terá com certeza outras alternativas mais «atraentes» e com qualidade…

Privatizar é o que está a dar.

O sol, e também a lua, nascerá para todos nós

Sendo que duas coisas perdi pela mesma idade, a virgindade e a ilusão de que um país pode ser o farol do mundo, e ganhei outras, como a de aprender que a  história pode andar muito depressa quando pensamos viver muito devagar, a certeza de que vamos dar a volta a isto, via-a ontem, quando o mundo se deitou assim:


E viva a Argentina. O que se privatiza também se nacionaliza. Um dias destes é  a vossa vez de terem medo.

fotografia de Juan Cruz Ordóñez