Leitor de tabaqueira

cigar_factory_reader[1]

(foto de Lewis Hine)

“Ganham a vida a ler em voz alta” para os colegas da fábrica de charutos. Uma profissão que é património nacional e quer ser mundial.

Que coisa fantástica, esta notícia que tomo conhecimento no último dia do ano!

Cada fábrica de charutos de Cuba tem um leitor!

Lêem jornais, poesia, revistas de cozinha, o horóscopo da semana, livros para ensinar a perder peso, romances eternos ou até o último best-seller de Dan Brown. “Sem eles a rotina dos operários que passam os dias a enrolar folhas de tabaco não seria a mesma.”

São “peça essencial na indústria tabaqueira” cubana.

Uma profissão com 150 anos e única no mundo!! Foram eles que fizeram a politização dos trabalhadores do tabaco.

Atenção aos autores lidos desde o século XIX: Dostoievski, Balzac, Shakespeare, Dumas, entre outros. É preciso dizer que quando nasceu esta profissão, em 1865, 85% dos operários eram analfabetos.

Hoje restam ainda entre 250 e 300 leitores nas fábricas de charutos em Cuba ” e a sua função mantém-se inalterada”! [Read more…]

Abraçar a Casa da Música

Casa-da-musicaEsperemos que o abraço agendado para hoje às 15.30h, possa salvar a Casa da Música dos cortes anunciados para 2013.
Esperemos que sejam ouvidos os mais de 40 signatários do apelo Um Abraço à Casa da Música. Eles têm razão: “Um Governo que desinveste na Cultura  não acredita no futuro (…)  nem honra os seus compromissos” e, por isso, não merece a confiança dos cidadãos.
A Casa da Música merece um «15 de Setembro», sim. Mas, ao contrário do que sugeriu Paulo Rangel , essa manifestação – mais que oportuna neste momento -, devia ser feita não só pela população do Porto e sua região, como também por todo o país!
A Casa da Música é a casa de todas as músicas e de todos os públicos. É também daqueles que, em princípio, nunca lá entrariam. Estamos a falar do trabalho que a Casa da Música desenvolve com as comunidades desfavorecidas – «som da rua» ou o trabalho que fizeram em 2008 com reclusos de Custóias no projecto “A Casa vai a casa”. Lembro-me que li “Não podendo ir Maomé à montanha, há que levá-la até junto do profeta. E,  ultrapassado que está o estigma de serem vistos como “meninos do coro”, são  agora quase 50 os reclusos do Estabelecimento Prisional do Porto (em Custóias,  Matosinhos) inscritos num projecto que os fará actuar na Casa da Música (…)os  Ala dos Afinados,que tinham uma canção:  “Uma vida, uma oportunidade/Um castigo, um futuro/Liberdade”.
Mas a Casa da Música é ainda mais (são muitas as suas valências). [Read more…]

O mundo de Berlusconi não é o nosso

berlusconi e veronica

Berlusconi paga 3 milhões por mês à ex-mulher.

Fui buscar a minha calculadora pequenina… É verdade: a ex-mulher do corrupto político italiano, com quem esteve casada mais de 30 anos, recebe 100 mil euros por dia, tal como ficou estipulado no acordo de divórcio.

Um divórcio que deixou Veronica Lario multimilionária.

Há divórcios felizes!

Que mundo é este? Que tempo é este? Ainda não chegamos, em pleno séc. XXI, (e chegaremos?) ao tempo em que o mundo dos homens é mais justo, equilibrado e em que se pensa mais no bem comum. Um tempo de consciência social.
Que justiça é essa que permite que um ser humano não saiba o que fazer a 100 mil euros por dia?
Um escândalo, ou devia sê-lo, em qualquer parte do mundo.
Também por isto se devia fazer uma manifestação e barulho na rua!
Quem não fica indignado?

Pó de Arroz

2012-12-22 16.12.59António, 84 anos, barbeia há 60.

Quando cheguei, estava sentado junto à porta, à espera. Não de mim, tenho a certeza, mas de um amigo que lá iria fazer a barba.

Pedro apareceu naquele instante. Não é um cliente vulgar. Um cliente não se aguenta uma vida inteira… António corta o cabelo ao amigo “desde sempre”.

Não foi à escola – era preciso ajudar os pais. Nem à tropa, para «amparar» a mãe («amparo de mãe», foi essa a expressão que a filha usou). Sabe escrever apenas o seu nome – as filhas foram as professoras.

António Teixeira não é barbeiro de profissão. Começou a cortar barba e cabelo para ter melhor vida e fazer a sua casa e comprar um terreno. Na sua juventude ajudava o Barbeiro do lugar, que era também o sacristão. Muitas vezes António ia no seu lugar tocar o sino da igreja.

Anos mais tarde fez umas obritas na casinha onde nasceu. O anexo onde trabalha ainda hoje, o seu «salão» desde 1946, fora antes a sua cozinha e sala. Do lado de fora, na parede gravada pelo primeiro proprietário, sabemos da antiguidade deste espaço: 1838. [Read more…]

O brilho da Lua é diferente em Março

lua

Maria Cantante tem 74 anos. Não sabe ler. Não sabe escrever. Exibe a licença de condução de velocípedes tirada em Setembro de 1960 (que ainda guarda na carteira).

Não foi à escola. Aprendeu a escrever o nome porque o seu irmão queria que ela fosse a sua madrinha de casamento. Copiou várias vezes até ser legível. É isso que sabe escrever. Assim, aprendeu a escrever o seu nome aos 21 anos. Tem o seu B.I. e o cartão de Eleitor assinados.

Não foi à escola porque teve que tomar conta dos irmãos mais novos.

Ditava frases para a menina que tomava conta e para a própria filha: “O pão é um alimento que aparece na mesa de toda a gente. O pão é feito de milho, trigo e até de cevada”; “ O amor de mãe encerra tudo quanto pode haver de generosidade e sacrifício. A mãe é santa que nos adormece, embalando-nos com ternura nos passos vacilantes de criança”.

As contas que sabe fazer são só as de somar.

Nunca comprou fiado; “não tinha dinheiro, não comprava”. Nunca quis «esmola». Diz que sempre fez um controlo do dinheiro. Não gasta se não tiver dinheiro. Não compra fiado, repetia-me.

Antes de ter o segundo filho não tinha nem uma cadeira. Comprou-a para que a parteira se pudesse sentar quando fosse o parto. [Read more…]

Caminho com Sophia

lagos

Vais pela estrada que é de terra amarela e quase sem nenhuma sombra. As cigarras cantarão o silêncio de bronze. À tua direita irá primeiro um muro caiado que desenha a curva da estrada. Depois encontrarás as figueiras transparentes e enroladas; mas os seus ramos não dão nenhuma sombra. E assim irás sempre em frente com a pesada mão do Sol pousada nos teus ombros, mas conduzida por uma luz levíssima e fresca. Até chegares às muralhas antigas da cidade que estão em ruínas. Passa debaixo da porta e vai pelas pequenas ruas estreitas, direitas e brancas, até encontrares em frente do mar uma grande praça quadrada e clara que tem no centro uma estátua. [Read more…]

Um homem, um cume

annapurna(1)[1]

Morreu Maurice Herzog com 93 anos, o primeiro homem a atingir o cume de Annapurna, uma das 14 montanhas mais altas do mundo.

A sua vida deu um filme, um best-seller e muitas capas de revista. Foi ainda ministro do Desporto, presidente da câmara de Chamonix e membro do Comité Olímpico durante 25 anos.

Aos 31 anos, fez o que nenhum outro desportista tinha feito até então: escalou os 8091m de altitude do gigante nepalês, sem recurso a oxigénio suplementar. Com custos, claro. Pagou um preço muito alto: a amputação dos dedos.

Nós vemos apenas o que eles têm a menos, estes homens que atingem o cume de montanhas sentem que têm mais.

O ser humano será uma causa perdida?

É esta a pergunta que Frei Bento Domingues faz hoje no PÚBLICO.

Depois dos últimos dois acontecimentos (a morte da menina de 9 anos em Gaia e o massacre em Newtown) a questão faz todo o sentido.

Não transcrevo todo o texto, apenas a sua conclusão: “São os caminhos de inclusão ou de exclusão que avaliam o coração das pessoas, das famílias, das sociedades e das políticas.”

Para pensarmos juntos.

Atropelamento e fuga

Hoje, uma menina de 9 anos foi atropelada mortalmente em Gaia. O DN refere que ela “estaria a atravessar a estrada pela passadeira quando surgiu um carro que a veio a atropelar, tendo a viatura depois abandonado o local, numa possível fuga”.

Ela estava na passadeira! E mesmo que não estivesse.

É preciso estar muito mal da cabeça para fazer uma coisa destas e fugir.

Quem foi? O que terá levado aquela pessoa a conduzir desta maneira? O que estará a pensar a esta hora?

Ponho-me no lugar desse homem ou dessa mulher.

Que desespero tamanho, que ódio está dentro dele ou dela?

Não sabemos.

Matar alguém…

As loucuras que se fazem sem emenda possível. Não há volta a dar. Não há retorno. Acabou. Não há inversão de marcha para a morte.

Ponho-me no lugar dos pais dessa menina. Que dor absurda!

Não há comentários. Os meus sinceros pêsames. Sinto muito.

Pensei na minha filha que não estava comigo.

Não está certo. É uma brutalidade.

Sinto muito. Não é justo.

Manoel de Oliveira, parabéns!

manoel_de_oliveira[1]

Hoje comemora os seus 104 anos cheios de vida. O mais antigo realizador de cinema em actividade e de olhos postos em novos filmes! Parabéns.

É preciso muito fôlego para soprar tantas velas. – Isso não lhe falta!

Parabéns pelo seu amor à vida. P’ro ano quero desejar-lhe mais um «feliz aniversário»!

Todo o homem é maior do que o seu erro

josé duarte

Na mão tem um livro aberto. Procuro, com curiosisdade, ler o título: Todo o homem é maior do que o seu erro. «De quem será o livro que tem nas mãos?» – pensei.

José Duarte é um advogado de Paredes preso há oito anos por falsificação de documentos e usurpação de funções. O livro que referi é a sua tese de mestrado publicada e já praticamente esgotado!

Quer agora uma autorização da Direção-Geral dos Serviços Prisionais para frequentar as aulas de doutoramento, obrigatórias. Quer ser o primeiro recluso a concluir a tese de doutoramento!

Como disse um dia a mãe do Nobel da Literatura 2012, “Filho, o homem que me bateu [um guarda que havia agredido a senhora há muitos anos] e este homem não são o mesmo”.

Mr. Bean e Cristiano Ronaldo na hora de receberem uma rainha

O craque português esteve no Palácio do Pardo, em Madrid, para receber o «Premio Nacional del Deporte» como atleta ibero-americano que mais se destacou em 2011.

Mas receber um troféu das mãos da rainha Sofia enquanto se mastiga uma pastilha é coisa que não fica bem, pelo que o futebolista teve que encontrar uma solução rapidamente.

Ronaldo tentou cuspir a pastilha discretamente para a mão para a colocar no bolso, mas o gesto não passou despercebido.

Alguns convidados da cerimónia disseram que foi a presença da família Real que deixou Ronaldo mais nervoso que o habitual”.
CR inspirou-se em Mr. Bean! Tenho a certeza que o futebolista «viu à frente» a cena de Mr. Bean recebendo a sua rainha:

Mr. Bean 4 – CR 1. Ou será o contrário?

O Luto e o Alívio

Mais uma boa crónica de Miguel Esteves Cardoso! Só ele para se lembrar de escrever sobre «coisas» como o alívio.

O alívio é um prazer. Concordo. E é pouco elogiado. Concordo também!

Alívio parece nome de gente! – digo eu.

MEC escreveu ontem: “O alívio é o livramento do medo que acabou por não acontecer, do encargo da ansiedade, da angústia do trabalho depois de feito. (…) O alívio é a liberdade. É o tal grande peso que, num instante mas duradouramente, se alevanta do nosso peito e nos deixa respirar oxigénio puro como se fosse pela primeira (…)”.

Fui ao dicionário ver «alívio» e «aliviar». De «alívio», temos acto ou efeito de aliviar, diminuição de peso, de cor, etc.; descarga. De «aliviar», temos, para além do conhecido «aliviar a tripa», «dar à luz» e «aliviar o luto», que eu não conhecia, e que significa, esta última expressão, começar a usar um vestuário que não é totalmente de luto. [Read more…]

A curva do universo ou da vida

oscar niemeyer

Morreu um homem feliz.

Morreu uma pessoa que acreditou até ao fim nos seus ideais.

Morreu o “embaixador da arquitectura brasileira” e o “último grande arquitecto do século XX”.

Morreu Oscar Niemeyer (1907-2012), a poucos dias de completar 105 anos.

Eu olho para trás, não sou como os outros que dizem que fariam tudo igual, eu faria muita coisa diferente. A vida é difícil, a vida nos leva a coisas que às vezes a gente não quer. A vida é um sopro, a gente vem, conta uma história e todo o mundo esquece depois. (…) Cem anos não dá prazer. Eu ia passar os cem anos sem muita alegria. A vida passou, eu procurei ser correto, trabalhar, mas não estou contente, na verdade não traz nenhum prazer. Só se o sujeito pensar que é importante, e eu acho isso tão ridículo, se ele pensar que é importante ele está fora do mundo.

(…) O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo.

(publicado na secção Cartas à Diretora do Público, 7/12)

Portugueses extraordinários

notícias magazine
A Notícias Magazine de domingo foi a melhor de sempre, na minha opinião.
Não nos falou de gente VIP no sentido de serem figuras públicas, ricos, atrizes, cantores, estilistas, políticos ou gente famosa. Conhecemos, nesta edição da revista, «Very Important People», porque se entregam aos outros. Porque se deixaram mudar de vida (alguém os fez pensar profundamente) e mudam a vida de tantos… pequenos, graúdos, reclusos, doentes, idosos sós, crianças doentes.
Parabéns a todos, como o João Sá, que pensam que a crise não pode paralisar-nos e que temos que ultrapassar as dificuldades, olhando em frente; parabéns à Maria G. que usa o râguebi para “esbater as diferenças” e ensina que todos precisamos uns dos outros; «bem-haja» às Marílias que se julgam ricas por «somente» despertarem um sorriso numa criança; a todos os «Joaquins» que não desistem e arranjam maneira de servir duas refeições por dia a quem não tem o que comer; um especial abraço a todos os doutores-palhaços que enfiam o seu Nariz Vermelho numa Operação que corta a dor, ainda que por momentos, de centenas e centenas de crianças hospitalizadas; obrigados, Bernardo, por se dar «ao trabalho» de angariar 1 euro de cada vez para “mudar vidas” (parece simples).
A lista é interminável de portugueses que fazem o bem em silêncio. Isto deve deixar-nos cheios de esperança. Há gente boa e generosa.
Ficou-me uma frase de Helena Pina Vaz que espero não esquecer: “Indignação e ação. Uma não faz sentido sem a outra”. Com esta gente, é Natal todos os dias.

A prisão à liberdade

images[6]
As coisas estão de tal forma, que na hora de optar pela liberdade antecipada, os reclusos preferem ficar na cadeia, onde têm garantidos a alimentação e os cuidados de saúde. “A crise, que o País atravessa, não permite às famílias receberem-nos, revela o Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional, que pela primeira vez se deparou com uma situação destas (…) a sobrelotação das cadeias e as queixas pela falta de condições pesam pouco no momento dos reclusos optarem pela saída antecipada”.
Os reclusos preferem continuar presos para não sobrecarregarem as famílias com problemas socioeconómicos.
A prisão ainda se lhes afigura melhor que a própria casa… É caso para dizer «’tá-se melhor dentro que fora».
E eu a pensar que a liberdade estava acima de tudo…
A crise já compromete a nossa liberdade. Ao que nós chegamos.

Natal não é para todos

É chocante.

Li no DN que um bebé (outro) do sexo feminino, presumivelmente recém-nascido, foi encontrado por um funcionário do polo do Ave da Resinorte, Centro de Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos, em Guimarães.

O bebé terá sido metido num saco de plástico e atirado ao lixo.

E este caso é tornado público a poucos dias da época natalícia…

Natal não é para todos. Nascer e viver não é para todos.

Lembrei-me dum vídeo que corre na net e que diz o seguinte: “Um dia o Homem será o melhor amigo do cão. Este Natal faça a diferença: adopte um cão.”

Um dia, eu espero, o Homem será o melhor amigo do homem.

Eduardo Lourenço, Vasco Pulido Valente e eu

    
Não é todos os dias que temos no PÚBLICO a opinião de Eduardo Lourenço, vulto da cultura portuguesa, intelectual de primeira, filósofo respeitado. Mas do seu texto «Da não-Europa» (sobre o futuro da UE), publicado no passado dia 24 e redigido em Vence (França), onde vive a maior parte do tempo, eu percebi muito pouco, quase nada. Ficou-me apenas a ideia de que a Inglaterra tem, para além de outros adjectivos, o de ser “uma super-nação”.
Fiquei desiludida por não conseguir acompanhar o seu racionício. Falou-me numa outra «língua» a que não tenho acesso pela minha humilde formação.
Que pena, pensei. Que ignorante me fiz. Um desperdício: Eduardo Lourenço escreveu no PÚBLICO e eu não aproveitei : “Frankenstein histórico que é hoje a União Europeia “; “nada que se pareça com o sonho para ela “demoníaco” de Jean Monet verá a luz do dia”; “E estaríamos agora a viver — quem sabe — uma  pax britannica numa Europa predestinada desde os tempos de César aos divinos filhos de Albion… “; “uma Europa onde não triunfem apenas instâncias obscuras sem outra ideologia que a da gestão do “ouro do Reno” wagneriano, convertido em deus do coração humano”; etc. Lindo, mas não percebo nada!! [Read more…]

A Internet entrou na nossa vida

Na revista 2 do PÚBLICO de hoje, um artigo sobre como a Internet entrou na nossa vida e como poderá ser daqui a dez anos: a Internet tornou-se num “meio privilegiado de troca de mensagens, partilha pública da vida privada, meio de organização colectiva, instrumento de ajuda à democracia e às ditaduras. Daqui a outros dez anos, ninguém arrisca dizer como será um meio que todos os anos se transforma de forma avassaladora.”

Uma das constatações de especialistas entrevistados pelo PÚBLICO, é que “perdemos a capacidade de afastar as distracções e de sermos pensadores atentos, de nos concentrarmos no nosso raciocínio” ou, dito de outra forma, “está a fazer-nos perder a capacidade de concentração e a tornar-nos menos reflexivos”.

Usamos a Internet para trocar mensagens e para namorar, repara a jornalista em conclusão.

Não é perda de tempo pensarmos nas vantagens e desvantagens da Internet. Eu, por mim, vejo mais prós que contras. A Internet permite, só para dar um exemplo, esta troca de ideias concordantes e discordantes entre os leitores e os autores dos artigos no Aventar. Entre gente que não se conhece pessoalmente mas que, há medida que o tempo passa, ganha o título de «familiar». Sem nos conhecermos, escrevemos «caro»; «cara»; «abraço». Por que fazemos isto?

Os leitores poderão ajudar nesta reflexão!

Mais amor, por favor!

Quem não repara nas inscrições que se encontram, muitas vezes, nas paredes e portas das casas de banho públicas? Uma porcaria. Com lápis, esferográfica, marcadores e objectos cortantes há muita gente que parece ter necessidade de «desabafar» com as paredes e portas de uma casa de banho.

Hoje reparei na única inscrição que uma porta de madeira deixava exibir. A lápis, uma menina ou uma adolescente acabara de deixar a sua frase anónima, como são todas as mensagens que se registam nestes locais: MAIS AMOR, por favor! [Read more…]

Até que a morte nos separe?

Violência sobre as mulheres: “Até que a morte nos separe“?

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres assinalado com números negros.

Ninguém quer um casamento assim. «Até que a morte nos separe» é um slogan fortíssimo. Há, mesmo assim, que saber interpretá-lo. Olhar bem para o cartaz de campanha: ela está vestida de noiva e ao mesmo tempo apresenta marcas de agressão. Esta agressão é feita quando? No namoro? Ou pretende-se aqui mostrar o futuro de alguns casamentos?

Uma imagem vale mil palavras e 1000 interpretações.

É muito difícil a uma mulher reconhecer a infelicidade do seu casamento e denunciar o marido. Mas há um momento em que não pode deixar de fazê-lo… A sua vida (e a dos filhos) está acima de tudo e de todas as convenções e «falatórios» e do que vão dizer os outros.

Há que dar todo o apoio a estas mulheres vítimas de homens incapazes, para não dizer outra coisa.

O mundo em que Vasco Pulido Valente entrou

Vasco Pulido Valente, todos o conhecem, não fala de si próprio. Mas agora que completou 71 anos (quarta-feira) deu-lhe para, com alguma “perversidade”, pensar no mundo em que entrou.

Gosto desta expressão “o mundo em que entrei“. Ora Pulido Valente nasceu a 21 de Novembro de 1941, quando “Hitler ocupava a Áustria, a Eslováquia, a República Checa, a Polónia, a Dinamarca, a Noruega (…)” e Portugal «neutro», numa neutralidade “arriscada e mais do que duvidosa”.

Gosto desta frase também: “O mundo não servia para se começar a vida“.

Ainda as suas palavras, para terminar a crónica dos «71 anos»: “É triste, ao fim de tanto tempo, chegar ao desespero a que nós chegámos. Mas, depois de 71 anos, talvez seja melhor do que nascer com a sombra de Hitler a 60 quilómetros de Moscovo. Portugal precisa de sair do seu isolamento e da sua complacência. E, agora, por uma vez, não tem outro remédio.” [Read more…]

Greve ao dinheiro

Raphael Fellmer, alemão, sem profissão definida, 29 anos, casado e pai da bebé (na foto).

Decidiu fazer greve ao dinheiro e vive sem ele quase há 3 anos.

Dá palestras sobre greve ao dinheiro e sustentabilidade.

Já não é o primeiro.

Brincar na rua

Brincar na rua é importante para lidar com o risco” afirma Rui Matos, coordenador do Centro de Investigação em Motricidade Humana do I. Politécnico de Leiria. Disse ainda: “o que vemos atualmente em muitas brincadeiras, é as crianças, mais do que a brincar com os brinquedos, a ver os brinquedos brincar, ou seja, temos muitos brinquedos eletrónicos que brincam por si só, movem-se e deslocam-se, em vez de ser alguém a empurrá-los ou a interagir mais diretamente com eles”,”Parece-me que as crianças são mais passivas, menos ativas, e isso tem consequências, e já se está a notar aos mais variados níveis, como a obesidade infantil”, acrescentou.

Mais um estudo que não acrescenta nada de novo e as soluções apresentadas são óbvias, embora muitos pais não as ponham em prática…

Como um arco-íris

Somos as coisas que moram dentro de nós. Por isso há pessoas que são bonitas. Não pela cara, mas pela exuberância do seu mundo interno. Há a estória da linda princesinha que foi enfeitiçada e, sempre que abria a boca, dela só saíam cobras, sapos e lagartos. Algumas pessoas, quando falam, delas sai um arco-íris.

(Rubem Alves, Do Universo à jabuticaba)

Sinta-se como uma estrela

Sem sair do seu lugar!

Felicidade tem U

Procuro notícias interessantes no PÚBLICO de hoje…

“Tal como nós, os orangotangos e os chimpanzés são mais felizes no início da vida e quando ficam mais velhos (…). A curva da felicidade ao longo da vida tem a forma de um U, os portugueses são mais felizes aos 66 anos. (…) Acontece aos homens e às mulheres, aos solteiros e aos casados, aos ricos e aos pobres, aos que têm filhos e aos que não têm“, disse então o economista Andrew Oswald sobre a crise da meia-idade, quando divulgou os resultados do trabalho na revista Social Science & Medicine.”

“Esperávamos compreender o famoso quebra-cabeças do padrão da felicidade humana e acabámos por mostrar que não pode ser por causa de empréstimos, divórcios, telemóveis ou outra parafernália da vida moderna“, diz Oswald. “Os símios não têm nada disso, mas têm uma crise de meia-idade pronunciada.

Ideias que não passam de estatísticas e estudos para «cientista ver» e que não acrescentam nada à nossa vida.

Mas vamos lá contrariar este estudo e aquele U! E trabalhar para sermos mais felizes na meia-idade!!

P.s.- a felicidade interessa!

Maionese

Palavra deliciosa, perfumada e viajada! E espanhola, acima de tudo!

A maionese é esse molho fabuloso que melhora qualquer sandes por mais pobre que ela seja! Mas não só. Acompanha bem com inúmeros pratos!! Tão importante ter no frigorífico como ter o leite!

Molho frio feito de azeite, vinagre, gemas de ovos, sal e especiarias, a maionese terá sido descoberta em Minorca no século XVIII por um primo do cardeal Richelieu que a provou numa estalagem local. Levou-a, ainda bem, para Paris, onde a iguaria obteve imediato sucesso na corte real.

A maionese é espanhola, embora as marcas que levamos para casa a façam mais alemã…

Mayonnaise, para os franceses, maionese para nós, ela é, para os espanhóis, uma «salsa mahonesa».

(Adoro a etimologia, essa parte da gramática que nos explica a origem das palavras.)

É que a maionese, mayonnaise, foi inventada em Maó (Mahón, em castelhano), capital da ilha de Minorca.

O seu a seu dono, por favor!

Átrio dos Gentios

Decorre durante os próximos dois dias o Átrio dos Gentios, em Braga e Guimarães, subordinado ao tema “O Valor da Vida”.

Ana Luísa Amaral (“não sei se sou crente”; “tenho saudades de Deus”) confessa que gostava de ter fé e D. Carlos Azevedo explica o conceito do Átrio dos Gentios, no debate que ocorreu hoje à hora do almoço na Rádio Renascença.

“Crentes e não crentes amam a vida, defendem a dignidade e têm inquietações sobre estas questões.”

Vale a pena ouvir, não demora muito tempo. São dezoito minutos que ainda cabem na nossa vida!

“Felicidade inteligente”; “todos sentimos a dor, todos pensamos”; ” a arte pode ser um caminho para expandir os afectos”; “a compaixão, sentir com o outro”; “ver o outro feliz”; “o futuro exige de nós que sejamos ponto de partida” ; “precisamos de recantos e cantos onde a nossa alma se anime”; “narrar a vida torna-a mais preciosa”; “a poesia é a versão laica da oração”- são algumas das ideias que se podem ouvir entre a poetisa e o sacerdote.

Não há muros entre nós, crentes, e não crentes.

A pessoa que somos

481 A pessoa que somos, e que parece evidente, aprende-se devagar.

Também é matéria difícil. Mas tudo o que é essencial na vida é difícil. (…)

(Vergílio Ferreira, Pensar)

Um dia… Um dia, alguém irá conseguir que A Minha Pessoa seja matéria a estudar nas escolas! Ideia maluca? Eu não sei…