"A meus filhos" – António Osório

A meus filhos
desejo a curva do horizonte.

E todavia deles tudo em mim desejo:
o felino gosto de ver,
o brilho chuvoso da pele,
as mãos que desvendam e amam.

Marga,
meu fermento,
neles caminho e me procuro,
a corpo igual regresso:

ao rápido besouro das lágrimas,
ao calor da boca dos cães,
à sua língua de faca afectuosa;

à seta que disparam os ibiscos,
à partida solene da cama de grades,
ao encontro, na praia, com as algas;

à alegria de dormir com um gato,
de ver sair das vacas o leite fumegante,
à chegada do amor aos quatro anos.

A Raiz Afectuosa (1972)

Vazio

Vazio (mais um conto do meu filho Marcos Cruz; peço desculpa pelo abuso)

António era um bife. Mal passado, passava mal. Mas tinha a resistência suficiente para lutar contra os que o queriam passar bem, pois sabia que “uma vez bem passado, bem passado para sempre”. Passava mal no presente, mais precisamente, já que o seu passado fora até bem passado, ou, como todos os passados, bem e mal passado. Em parte, era com isso que ele se passava: se, por um lado, “uma vez bem passado, bem passado para sempre” e, por outro, o seu passado havia sido bem e mal passado, ou seja, em parte, bem passado, porque não estaria ele bem passado no presente? Talvez, sem o ter presente, estivesse. Mas então por que razão passava mal? [Read more…]

Não traumatizem a menina que agrediu a professora à dentada


A professora diz que saiu da sala. Ora, um professor não pode sair da sala. Teve o que merecia.
Depois, não deixou a menina escrever na mesa. O que é isto, cercear os dotes artísticos de uma jovem, uma potencial Picassa? Foi muito bem feita.
Depois, dá aulas em Gondomar. Não se pode queixar. Quem dá aulas em Gondomar sujeita-se.
Por fim, chama-se Lachado. Lachado??? Lachado??? Mas que merda de nome é esse? Cá para mim, quem se chama Lachado não merece a mínima consideração.
A menina de 10 anos fez o que devia ser feito. É que uma professora dessas… só mesmo à dentada!
Por isso, façam o favor de não traumatizar a menina. Não a castiguem e não digam que ela é uma cadela. No fundo, no fundo, a menina está a ser vítima de bullying.

Alegre: Uns rins de fazer inveja

O homem deve ter uns rins de fazer inveja ao Nelson Évora.
Tão depressa se cola ao PS e passa semanas sem dizer o que quer que seja, como num incrível golpe de rins vem atacar o PEC e o seu autor, o Governo. Próxima jogada: atacar os que dizem que o primeiro-ministro mentiu no negócio PT/TVI. E a seguir? Talvez criticar o rumo que está a ser seguido nos Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
Há que mostrar distância em relação ao PS. Mas não em demasia, porque o apoio do Partido é necessário. Afinal, é tudo uma questão de engenharia… e de excelentes rins.

Educação – punição rápida de agressores

Os sindicatos e o ministéro andam novamente a fazer de conta que estão a trabalhar para uma escola melhor. Esta de não haver distinção entre faltas justificadas e injustificadas mostra bem que as reuniões e os acordos e as decisões não passam de medidas avulso sem qualquer política coerente que as sustente. Quer dizer o pessoal vai se quiser é assim mesmo, é bom para todos, até os professores têm menos trabalho em marcar faltas e fazer relatórios sobre alunos cábulas, isto é que teria sido bom para mim, mas não, na minha altura chumbava-se por faltas.

A punição rápida dos agressores foi proposta por mim em “Professoes exemplo de incapacidade” é tão evidente que nem sequer é preciso ser professor ou burocrata do ministério, é assim, ponto final!

Só os cérebros da Educação é que acham que agressor e agredido devem continuar na mesma escola!

My Dad

My Dad

He isn’t much in the eyes of the world,
He’ll never make history.
No, he isn’t much in the eyes of the world,
But he is the world to me

My Dad
Now here is a man.
To me he is everything strong,
No, he can’t do wrong,
My Dad

My Dad
Now, he understands.
When I bring him troubles to share,
Oh, he’s always there
My Dad

When I was small
I felt ten feet tall,
When I walked by his side.
And everyone would say “That’s his son.”
And my heart would burst with pride.

My Dad
Oh, I love him so.
And I only hope that some day
My own son will say
“My Dad. Now here is a man.”

O mundo ao contrário (2)

Buñuel: O Fantasma da Liberdade

Filosofia de bolso (8)

Na vida devemos sempre lutar por coisas boas, porque as más estão garantidas.

O mundo ao contrário (1)

Panteras Rosa – Mundo de Pernas Ao Contrário (Dia do Pai)

O meu pai tambem foi minha mãe

O dia do PAI é um belo dia, faz-me pensar em quem me deu o ser e quem me deu umas palmadas, uns abraços, gozou com a altura da minha primeira namorada (é pá, para ela te dar um beijo tem que se pôr em cima dum banco), chateava-me por eu jogar futebol federado, queria que eu estudasse e me deixasse de futebóis, era o único que dizia que eu não sabia jogar.

Um dia disse-me ” meu filho a minha maior alegria foi quando tu nascestes, mas nunca pensei que me ías dar o desgosto de seres do Benfica”, porque lá em casa eram todos dos “Andrades”, até chamava ao meu irmão o “Jaburu” celebre avançado do FCP que marcava golos em série. Tive pouco sucesso ao tentar explicar-lhe, a ele que andou toda a vida com a casa e os filhos às costas, que nós devemos “ser” da terra que nos recebe, mesmo transitoriamente, porque a terra onde nascemos é que é mesmo uma circunstância, não foi nosssa escolha.

A minha mãe deve ter sido das primeiras mulheres em Portugal que tomou a iniciativa de se divorciar, o meu pai em troca quiz ficar com os filhos todos, foi meu pai e minha mãe, cozinhava para nós, deixava a comida embrulhada em jornais para não arrefecer, e nós lá íamos para a escola enquanto ele estava no trabalho. Era funcionário público, representava o Estado na Direcção das grandes obras públicas, como os quartéis das Caldas da Rainha, de Abrantes, Trafaria, Castelo Branco…

Uma das conversas que teve comigo foi que ele e o pai do ex-Presidente Eanes ( que nessa altura seria um estudante da Academia Militar) eram as duas únicas pessoas sérias naquelas obras mas tambem eram as únicas que eram pobres. Como se vê já naquela altura as obras do Estado davam para fazer fortunas rápidas, um dia, era eu adolescente, fui esperado por um adulto que me disse : “diz ao teu pai que se não quer fazer a vida deixe os outros fazê-la”  e eu com o gajo a apertar-me o colarinho ainda perguntei:” mas o que quer dizer com isso? “, diz-lhe que ele sabe! foi a resposta.

Eu até julgava que o meu pai andaria metido com a mulher dele mas depois quando contei ao meu pai , disse-me que sabia quem era e que não tivesse medo, e assim fiz, andei sempre com gajos a chatearem-me porque o meu pai não os deixava roubar, e quem tambem me chateava eram as viúvas que queriam saber coisas da vida do meu pai, mas aí confesso que nunca deixei que alguma se aproximasse dele.

Mas um dia o meu pai teve que ser operado aí no Porto, num hospital qualquer coisa “… da Ordem Terceira” será? e antes de o operarem ele disse-me, olha vai ali ao jardim ao fundo desta rua , está lá uma senhora sentada num banco, o primeiro do jardim, e diz-lhe que está tudo a correr bem, e que tu és o Luís…

As mulheres do Porto a quererem roubar-me o meu pai…

Limpar Portugal

Suicídio profissionalmente assistido

Tive o cuidado de escrever que  “aturar uma turma destas terá sido um dos motivos porque se suicidou um professor“, referindo-me a um caso recente, escondido durante um mês, por motivos que também gostava de entender.

É sabido que o professor deixou mensagens nesse sentido, mas é uma rematada patetice achar que um suicídio tem uma e só uma causa.

Daí a chegar a isto, como chega Ana Matos Pires:

Donde não se poder dizer, ‘aprioristicamente’ e sem outro tipo de investigação, que este professor escolheu suicidar-se a ir dar aulas ao 9º B ou que se atirou ao rio para não enfrentar os alunos, é errado e grave, sendo imprevisíveis as consequências deste tipo de afirmações.

é chegar ao extremo oposto. Faça-se a autópsia psicológica, num caso que bem o justifica, mas não se negue uma evidência: o homem deixou escrito que não aguentava o sofrimento a que estava sujeito no seu local de trabalho. Ponto final, parágrafo.

Quanto ao tal de bulingue, que já não é um conceito mas um chavão, estou com o Manuel Louzã Henriques. E farto da palavra.

Avaliação dos juízes: um exemplo para os professores

Quero apenas escrever sobre factos.

Hoje de manhã, dirigi-me a um tribunal de 1ª Instância, com vista a saber o que passava com um processo que se encontra parado há mais de 6 meses.

Soube que, por ser Sexta-feira, o juiz não se encontrava, pois que é normal não vir ao tribunal à Sexta-feira.

Disse então ao funcionário que voltaria lá na próxima Segunda-feira de manhã, e logo fui alertado para ir só após as 10.30, pois o juiz não chega antes dessa hora.

Ontem, foi entregue ao Presidente da Assembleia da República o relatório do Conselho Superior da Magistratura sobre  a avaliação dos juízes, onde nenhum juiz obteve a classificação de “Medíocre”.

Agora, cada um que pense o que entender por bem.

Desapareceu de sua casa

Nuno Sousa, professor, desapareceu de sua casa no dia 16 de Março de 2010. Pede-se a quem obtiver informações acerca do seu paradeiro que contacte com qualquer autoridade policial.

Adenda: O Aventar soube hoje, 18 de Junho de 2012, que o professor em causa está de boa saúde e que o facto descrito no post está, felizmente, ultrapassado.

Eutanásia – Morte Medicamente Assistida

Sob a moderação do Fernando Moreira de Sá, meu companheiro do  ‘Aventar’, a Juventude Popular da Maia realizará, no próximo dia 25, no Fórum local, um debate subordinado ao tema ‘Eutanásia – Morte Medicamente Assistida’. Contará com a participação de personalidades do mundo médico, científico e religioso, com destaque para o Dr. Rui Nunes, presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), o Padre Jorge Teixeira da Cunha da Universidade Católica Portuguesa (UCP) e Dr.ª Laura Ferreira Santos, autora do livro ‘Ajudas-me a Morrer?’.

Do ponto de vista pessoal, interesso-me, há muito, por este tema e lamento não poder estar presente. Todavia, aproveito para expressar aqui alguns pensamentos, na sequência do que, de resto, já fiz no ‘Aventar’, em Maio de 2009; então, a propósito do projecto de lei do ‘testamento vital’ que o PS apresentou na AR, pela mão da Dr.ª Maria de Belém, na qualidade de presidente da comissão parlamentar da Saúde. O mesmo projecto de lei não foi, entretanto, submetido a votação na especialidade, por motivos meramente políticos. Ao que sei, para evitar conflitos institucionais com o Presidente da República, Prof. Cavaco Silva.

Com a perda maioria absoluta, e apesar da promessa de retomar idêntica iniciativa na legislatura actual, o respectivo processo – penso – está pelo menos suspenso.

Os entusiastas da acção legislativa em causa eram justamente o Dr. Rui Nunes (APB) e a Dr.ª Maria de Belém, afirmando a deputada que “o projecto tem a ver com a autodeterminação, não tem nada a ver com eutanásia” (sic). Por outro lado, a APB expressava que, mediante consentimento informado, os doentes poderiam deixar instruções sobre o tratamento que querem ou não receber. Bastava que o formalizassem perante um notário ou junto de um centro de saúde, na presença de duas testemunhas.

Sempre entendi que era uma tentativa enviesada de legislar sobre a prática da Eutanásia – creio que era esta também a opinião do médico, Dr. João Macedo, do BE. [Read more…]

Blogue local – Praça da República

O Praça da República está muito enxofrado com o mail que recebeu lá em casa, estilo inquérito e que termina a pedir o voto para Rangel. Diz o Praça da República que até pode ser legal mas é muito, muito feio!

O nosso Fernando tambem acha que sim, que não se faz. Como temos esta sintonia de posições aqui está o blogue local da semana. Bem merecido!

Falta dizer que é de Beja e que tem uma bela fotografia de uma praça tipicamente Alentejana, cheia de sol, de árvores e de reformados ao Sol! Não deixem de visitar !

O PSD, as Sondagens e as Directas

Hoje no Facebook, nalguns blogs e no twitter imperou o nervoso miudinho por causa da sondagem do Sol (51% para Passos Coelho entre os militantes).

Não havia necessidade. As sondagens valem o que valem, o importante e o que conta é a vontade expressa através do voto, no próximo dia 26, pelos militantes. É preciso ter calma e ter cuidado com os ataques: a empresa em causa é a mesma que fez o tracking diário da campanha de Manuela Ferreira Leite, ou seja, colar à candidatura de Pedro Passos Coelho é precipitado, meus caros…

É preciso ter calma, o Povo (laranja) é sereno…e soberano. Quer dizer, boa parte dele: o Grande Educador da Classe Laranja anda nervoso!

Há gente muito prendada, se há

Como dizia a minha avó, tão ***  é quem aceita como quem dá.

Claro que a prendinha de Natal é “uma prática social, velha de décadas, para não dizer de séculos, genericamente aceite, praticada e consentida”, como diz o pai Penedos sem se rir muito.

Falta saber se todos aceitaram, na velha prática social de receber de braços abertos tudo o que nos é oferecido. O meu pai foi vereador da Câmara durante muitos anos, por vezes com pelouros ligados por exemplo aos recursos humanos. Sempre tivemos ordem para recusar os cabazes de Natal, embora hoje seja um bom dia para admitir que uma vez aceitei à socapa, e gamei, uma garrafa de uísque que deu muito jeito na passagem de ano.

Imagem retirada da capa do Sol de hoje.

Perdemos a Nissan

Há uns anos, colocou-se a possibilidade de Portugal poder acolher a Disneyland Europa. As delongas na decisão, o desleixo, a falta de iniciativa do governo do então 1º-ministro Cavaco Silva e a ausência de incentivos, levaram as empresas Disney à escolha de Paris. Perdeu Portugal, perdeu a Disney – os custos – e perderam os utentes, dadas as evidentes vantagens climáticas que o nosso país apresenta, preços de estadia, proximidade de zonas balneares, segurança, etc.

Hoje recebemos a notícia da escolha feita pela Nissan. O seu automóvel eléctrico Leaf será produzido em Sunderland, no Reino Unido, onde já existe uma fábrica da marca. A televisão explicou a razão da escolha, com os incentivos e facilidades apresentadas pelas autoridades britânicas. Em conclusão, o Estado português parece não ter dado a devida importância ao assunto, contentando-se com a grandiosa cerimónia de inauguração da fábrica de baterias eléctricas – que equiparão o Leaf -, ocorrida há escassos meses. Uma vez mais, caem por terra os habituais argumentos do “preço da mão de obra e da produtividade” e nem sequer valerá o esforço, tentar convencer alguém acerca da privilegiada situação geográfica de Portugal.

Não existe qualquer plano coordenado para o desenvolvimento. Dão-se facilidades a entidades que não produzem, beneficia-se fiscalmente um sector pessimamente reputado – a banca – e deixam-se escapar oportunidades únicas para a aquisição de conhecimentos tecnológicos capazes de estimular a formação. Esta notícia consiste num desastre para Portugal, cujas autoridades diariamente exibem à moda de troféu, o plano da rede de fornecimento de electricidade para os automóveis do futuro. Estes veículos não serão produzidos no nosso território, nem pela nossa mão de obra. Incompetência, lentidão, desinteresse. Tudo como dantes.

Como Se Fora Um Conto – O Meu Dia Do Pai

Chove e o sol não entra pela janela.

Abri as cortinas para que a luz melhor inundasse a sala.

Olho a fotografia. Está junta com as outras, numa prateleira com livros. São muitas as prateleiras e muitos os livros. São poucas as fotografias. Quase todas de familiares. Tios, avôs, pais, filhos, primos. Um a um. Dois a dois. Esta é especial, tem quatro. Os meus quatro filhos. Vejo-os pouco, e eles a mim. A um ou outro mais amiúde, a um ou outro, de longe a longe. Vamos falando pelo telemóvel ou pela internet. Grandes invenções, estas. Não lhes digo nada. Se quiserem aparecem. Às vezes não querem. Às vezes não podem. Às vezes …

Estão lá outras fotografias. Demoro-me na que mais me dói. Sinto saudades. Magoa-me a alma. Já lá vão quase vinte anos e não passa. A dor é quase a mesma. [Read more…]

Profumo -um escândalo de há meio século – (Memória descritiva)

Na Primavera de 1963, explodiu uma bomba na pátria da respeitabilidade e das virtudes aparentes que a prolongada época vitoriana tatuou a fogo na idiossincrasia britânica. Um drama político levou à desonra pública de John Profumo, secretário de Estado da Guerra, à demissão de Harold Macmillan, primeiro-ministro, e ao suicídio do Dr. Stephen Ward, um osteopata da moda que apresentou Christine Keeler ao ministro – aquilo a que Fernão Lopes chamava um “alcoveta”. Hoje usamos a designação de proxeneta. As palavras mudam, a natureza humana não. Vou contar a história em traços muito largos. [Read more…]

O Pai – poema de Pablo Neruda

Novo quadro de Van Goghe descoberto. Que melhor paternidade ?

O PAI NA FAMILIA E NA SOCIEDADE

O DIA DO PAI ……………….

A pedido do meu amigo Luis Moreira, escrevi um texto sobre o dia da mulher. Agora a iniciativa é minha e sou eu que faço um desafio a todos os colaboradores do blog, para escreverem não sobre o dia do Pai……, mas do “PAI”.

Lançado o repto cabe-me a responsabilidade de ser o primeiro a aceitá-lo e assim, aí vai o meu “Aventar” sobre o tema:

A palavra “PAI”, para além das conotações espirituais/religiosas, foi sempre associada à raiz da árvore da família, no que se entende como o pilar da segurança, do sustento, do crescimento, do amadurecimento, do esplendor, da verticalidade, da independência e da “solidão”.

Confina-se assim a figura do “PAI” à protecção da família no sentido restrito “FILHOS”.

A evolução técnica/económica/social, que se verificou ao longo dos tempos, em nada alterou o conceito básico atrás referido. A diferença está na prática do conceito que nos dias de hoje, mais do que nunca, depende do estádio sócio/cultural onde se nasce e vive.

É urgente que o “PAI” assuma outra postura que é a de para além de continuar a ser a raiz da árvore, se comporte e ensine os filhos a fazer parte de uma sociedade “NOVA” onde se aprende a conviver, respeitando o direito á diferença das outras árvores, na floresta onde vivemos, por forma a alcançar o objectivo comum do bem estar e da “PAZ” para todos.

Luis Rocha

Este é o apelo que faço aos pais de hoje, tão bem expresso no poema de “Pablo Neruda” que a seguir transcrevo:

O Pai

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois… Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar… E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
… menino, meu menino…

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda, in “Crepusculário”
Tradução de Rui Lage

Feira da Primavera

O Concelho de Vila Nova de Gaia, pela sua história rural, continua ser um lugar fértil em tradições e marcas culturais que reflectem uma forte ligação à terra, à agricultura e ao artesanato, apesar das suas novas características urbanas. Ainda hoje é possível encontrar exemplos vivos dessa realidade, mas também iniciativas empresariais inovadoras, nomeadamente de Agricultura Biológica Urbana, que contribuem activamente para a valorização do património cultural e paisagístico do Concelho.

Nesse sentido o Cantinho das Aromáticas, como exemplo pioneiro da Agricultura Biológica Urbana, estando sedeado numa das Quintas históricas do Concelho apresenta um conceito inovador de mercado que baptizamos de “Feira da Primavera”. [Read more…]

Dia do Pai: por um novo Patrono

São José com Jesus nos braços, pelo pintor barroco italiano Guido Reni (1575-1642)

O Dia de São José, foi o escolhido para se comemorar o Dia do Pai.

Naquele tempo, José defrontou-se com uma Maria grávida e dela se afastou. Mas Deus, pela mensagem de um anjo, disse-lhe que ele fora o eleito para esposo de Maria e pai de Jesus.  O mesmo anjo terá assegurado a José que o filho que Maria trazia consigo era do “Espírito Santo”. Como na época “Espírito Santo” ainda não era nome de família, José aceitou Maria como esposa e Jesus como filho. E não sendo este seu filho biológico, foi recenseado como seu filho natural, até para evitar que a delapidação fosse o triste fim de Maria.

Acresce que para que Jesus fosse concebido, não foi necessária a participação masculina, mas sim a do “Espírito Santo”. E o próprio José também pouco aparece na Bíblia ou no Novo Testamento. Uma espécie de actor secundário, com um papel algo ingrato. Mas, justiça seja feita, que lhe valeu um Óscar da época pelo seu desempenho: o estatuto de Santo e de protector da Igreja Romana. Não foi estrela, mas virou santo. Não se pode ter tudo.

Em súmula, José, aconselhado por um anjo durante um sonho,  casou com uma mulher que estava grávida mas não dele, safando-a da delapidação e registou a criança em seu nome, que assim herdou os seus títulos de “Filho de David” e de “Filho de Abraão”.

Com o devido respeito por São José – que o merece! – convenhamos: podia ter-se escolhido outro Patrono.

Alguém quer sugerir um?

Poema para o meu pai

(Com um abraço ao José Magalhães)

Tão cedo a esta vida te roubaram

Saudoso pai meu bom e grande amigo

Que mal teus olhos fundos se fecharam

Boa porção de mim partiu contigo.

Flores e velas, preces lacrimosas

Ó alienas artes da razão!

Ainda bem que não te iludem rosas

Meu doce pai que em tudo és meu irmão.

Minha fé, minha crença, minha idade

De homem-filho é grito de homenagem

Que outro não sei, sem lágrimas, sem prantos.

Mãos dadas pelos céus da eternidade

Nesse reino sem trono e sem linhagem

Vives tu, vivem papas reis e santos.

                                                                                1971

Apontamentos de Óbidos (13)

(Caminhando pelas ruas de Óbidos)

Morte que mataste lira

A PSP está em elevado grau de alerta e prevê retaliações violentas contra os seus agentes, na sequência da morte do rapper MC Snake, na passada segunda-feira. A revolta de grupos de bairros problemáticos está prevista para este fim-de-semana e todos os agentes são aconselhados a usar coletes à prova de bala. [Read more…]