Ai, ai, vida…
Responsáveis Devem Ser Despedidos De Imediato
Nós, os piegas de Portugal
Já nem sei como nem porque escrevo. Custa-me tanto mexer os braços! Estou muito bem sentado no meu sofá, cheio de sono e de preguiça. Está-se tão bem sem nada fazer! É evidente que as minhas entradas deixam de existir, acaba o dinheiro e passo fome. Mas, só pensar que tenho que sair para comprar e me alimentar e assim sobreviver, eleva a pinha preguiça à raiz cúbica. [Read more…]
Emigrar ou não emigrar – eis a questão
Ultimamente, fala-se muito em emigrar (coisa que para muitos nem passava pela cabeça até há bem pouco tempo). Este tema percorreu o PÚBLICO de ontem: “Privados não vão travar subida do desemprego”; Cavaco Silva desaconselha emigrar, apesar da taxa de desemprego (o que faz para evitar a emigração?); depois lemos uma frase irónica de Carlos Marques de Almeida (ver também Diário Economico, 24/2), “Pelo nível de desemprego, Portugal é um país que sofre de um excedente de portugueses”; por outro lado, há já emigrantes portugueses indignados pela mudança ocorrida nos vistos para os EUA – é necessária a deslocação a Paris (ao que já chegamos) para obter visto de residência – já não basta precisar de emigrar ainda têm que fazer viagem dispendiosa para tratar de documentos; finalmente, o historiador Paulo Varela Gomes, numa Carta do Interior (tão interessante), jurou “nunca mais voltar a partir, forem quais forem as circunstâncias, o descalabro do salário ou da pensão, a mudança do destino profissional.” [Read more…]
Carnaval nas escolas
As relações laborais são reguladas pelo código do trabalho ou código laboral ou pacote laboral, seja lá o que lhe quiserem chamar. Há também contratos coletivos e no caso dos Professores há um documento – o Estatuto da Carreira Docente – que é uma espécie de contrato coletivo para quem trabalha nas escolas públicas.
Um dos pontos (artigo 91º) refere-se às interrupções letivas, isto é, às paragens previstas no calendário escolar: momentos em que os alunos não têm aulas e que são quase sempre confundidas com férias de professores por quem anda menos atento.
E, para o ano escolar 2011/2012 o calendário escolar é claro – “Interrupção letiva entre 20 e 22 de Fevereiro de 2012, inclusive.” [Read more…]
Até Parece que o 1º de Dezembro ou o 5 de Outubro São Menos Importantes que a Terça-Feira de Carnaval
Quando o senhor Primeiro Ministro anunciou que não iria haver tolerância de ponto para o funcionalismo público, brinquei com o assunto colocando a canção de Jacques Brel “Ne me quittes pas”.
Ah Carnaval, Ne Me Quitte Pas
NÃO HAVERÁ TOLERÂNCIA DE PONTO NO CARNAVAL, CUSTE O QUE CUSTAR
Ne me quitte pas
O novo cargo “MR” (Moço de Recados) substitui o antigo cargo “PM” (Primeiro-Ministro)
Por FRANCISCO GOMES
Senhor Passos Coelho:
1º. FALSAS PROMESSAS -Fazer uma campanha com determinadas promessas e governar de forma contraria, deveria constituir crime (fraude e burla) e os politicos julgados e condenados por isso, pois se estivesse escrito no seu programa que ia criar uma politica de destruição da qualidade de vida dos portugueses e levá-los à pobreza NUNCA ganharia as eleições (LEIA e RELEIA tudo o que disse na sua campanha !!!!)
2º. CEGUEIRA E SURDEZ E ARROGANCIA – porque tem a latade achar que está a fazer um grande trabalho e não deve ter espelho em casa para ver a vergonha de governação que está a fazer.
3º. COBARDIA – quando não se assume a responsabilidade do que se esta a fazer e constantemente se atribui a culpa aos outros e ainda diz que nada tem a ver com isso, esquece que o seu partido com Cavaco, Durão, Santana e mais não sei quem e que tantos anos governaram têm grandes responsabilidades nesta desgraça que voces politicos fizeram e continuam a fazer e que muitos dos seus colegas e/ou amigos do seu partido estão milionários e impunes depois da gestão danosa dos dinheiros publicos e dos cargos publicos que desempenharam. [Read more…]
Isto, sim, é social-democracia
“O Estado não tenciona envolver-se na gestão dos bancos”.
A frase é atribuída ao Primeiro-Ministro.
E faz todo o sentido: não interferir na gestão da banca é uma receita que só tem dado bons frutos.
Parece-me que a anunciada reprivatização da banca deveria ser acompanhada de um programa vinculativo e sujeito a auditoria permanente, onde a contrapartida pelo capital dado à banca seria a obrigação de cumprir um programa de apoio às empresas para que estas tenham liquidez.
Claro que isto obriga o Governo a saber quais os sectores prioritários e a ter, efectivamente, um programa económico para o país.
É uma chatice.
Claro que isto limita a banca sedenta de ir à busca nos benditos “mercados” de boas oportunidades de especulação.
Outra chatice.
Mas não seria – malgrado risco do que irei escrever a seguir estar fora de moda há uns anos na actividade política – mais justo?
Aforismo caseiro dedicado ao Primeiro-Ministro
O farsola já começou a ir ao pote
Nos últimos tempos, não disse uma palavra que fosse sobre Pedro Passos Coelho e o PSD. Entendi que interessava em primeiro lugar despachar o outro. Teríamos, então, tempo para tratar deste.
Pela minha parte, as tréguas acabam já hoje. Dei-lhe o benefício da dúvida durante alguns dias, mas o seu estado de graça acabou. Os meus colegas PSD do Aventar que me perdoem, mas a partir de hoje guerra é guerra.
O farsola, como muito bem lhe chamou Miguel Portas, tem de ser desmascarado porque, no fundo, é igual a José Sócrates no que diz respeito às mentiras e à quebra das promessas eleitorais. Disse o que disse durante a campanha, mas a primeira medida que toma quando chega ao poder é assaltar o bolso dos contribuintes. Roubar descaradamente quem trabalha para entregá-lo ao capital. Já para não falar da forma como imediatamente se põe de cócoras perante os interesses económicos das televisões privadas, adiando a privatização da RTP e privatizando tudo o que dá lucro. Para quem tomou posse há apenas uma semana, não está nada mau!
O problema de Pedro Passos Coelho é que nunca passará de uma pálida imagem de José Sócrates. Tal como o anterior primeiro-ministro, nunca trabalhou, nunca fez nada na vida, limitando-se apenas a gerir uma carreira partidária que haveria de o levar directo ao pote. E ele aí está, cheinho e pronto a abocanhar. Na arte da mentira, Passos Coelho ainda tem muito para aprender com José Sócrates, mas os primeiros exemplos são bem encorajadores.
Não, a tomada de posse de Pedro Passos Coelho não representou o primeiro dia do resto das nossas vidas. Representou apenas mais do mesmo…
Bons Exemplos
a soberania e os seus descontamentos. À nossa República!
….para o povo português obrigado ao empobrecimento pela cultura doutural…
O subtítulo tem dois significados. O primeiro, é simples: escrevo este texto no dia 2 de Outubro e o debate do orçamento será a 15 de Outubro deste ano de 2010.
Não sou bruxo, tenho palpites. Palpite que me diz que deve ganhar o debate quem melhor se entenda com a crise financeira que se vive na Europa, essa praga de Portugal. Como no Chile. Faz pouco tempo, começara a corrida para a Presidência da República. No tempo da ditadura, todos os partidos democratas juntaram forças para derrubarem um ditador que faleceu réu de crimes de sangue, mas faleceu réu. Nas mãos da justiça. Com a democracia restabelecida, os partidos deram aos seus candidatos poderes muito pessoais e a Concertação Social começa a diluir-ser, após o mandato de quatro excelentes Presidentes da República. Será que esta arrogância precipitada vai abrir as portas a quem sempre ficou em segundo nas presidenciais e que une todo o fascismo que governou o país durante 20 anos? Precipitações pouco esclarecidas. E a diferença entre facções é imensa. A concertação, une; o fascismo desune e mata.
Em Portugal, em carta enviada por mim ao actual Primeiro-ministro, admoesto denuncio e na parte final do texto digo que o PSD e o PS não me parecem andar de mãos
Inês de Medeiros para primeira ministra!
Tal como os últimos primeiros ministros Durão, Santana e Sócrates, Inês de Medeiros também é perita a exigir uma coisa coisa e o seu contrário, especialista a dizer agora uma coisa e desdizê-la a seguir, a trocar princípios por circunstâncias, a ser incoerente nas suas lutas e reivindicações.
Inês não teve visão de futuro e foi atropelada por este, não tem postura de estado, confunde interesse pessoal com erário público. Inês de Medeiros brinca com a política e levanta tempestades em copos de água.
Inês de Medeiros faz o país perder tempo a debater questões acessórias e levanta querelas das quais desiste a seguir. É determinada a mudar de rumo depois de o ter imposto. Reúne todas as condições para ser primeira ministra de Portugal.
O Nosso Primeiro É Como Uma Tartaruga Em Cima De Um Poste
O.
Olhando para um poste que tem uma tartaruga lá em cima a tentar equilibrar-se,
– Ninguém entende como ela chegou até lá;
– Ninguém acredita que ela esteja lá;
– Todos sabemos que ela não subiu para lá sozinha;
– Todos sabemos que ela não deveria nem poderia estar lá;
– Todos sabemos que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
– Ninguém entende bem porque a colocaram lá;
– Então, tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar!
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A pseudo-gaffe "José Trocas-te"
Sou insuspeito para falar em defesa de José Sócrates, por tudo aquilo que já escrevi nesta casa. E não estou interessado em ocupar o lugar anunciado para blogger que defenda o Primeiro Ministro.
Não gosto é de rir quando me fazem de parvo.
O que aconteceu ontem na apresentação da Estratégia Nacional para a Energia até 2020, o Primeiro-Ministro ser apresentado como “José Trocas-te” não foi uma gaffe: foi um claro achincalhamento de uma figura do Estado.
Não importa se gostamos ou não das pessoas. Eu próprio não gosto nem do estilo nem do conteúdo político do Primeiro-Ministro. Não posso é aceitar que alguém ache que tem o direito de numa sessão oficial gozar descaradamente o Chefe de Governo e vir dizer que foi um engano.
Não foi um engano, obviamente. Basta ouvir a solenidade e a firmeza com que foi dito.
Acho de muito mau tom aplaudir-se um acto de ridicularização pública, num acto oficial, de uma figura do Estado. Não reconheço tal direito a locutor algum, não importa o visado. E não aceito, porque se vive em democracia, e quem lá está não subiu ao poder por nenhum golpe de Estado, nem usurpou o poder. Foi eleito. Ou melhor, foi reeleito. E duvido que neste momento, alguém queira tomar o barco da governação.
Há momentos para tudo: um acto oficial não é sítio ou momento apropriado para um qualquer locutor se armar em esperto, quando foi pago para fazer um trabalho que deve ser feito com competência e seriedade. Se quer fazer comédia, que mude de ramo.
Quero ver se um dia alguém vai achar a mesma graça quando o mesmo acontecer a quem se respeita ou estima. O mal é estas coisas começarem e, ainda por cima, serem aplaudidas. É que quando se começa a baixar de nível, perde-se legitimidade para se demandar por respeito.
ADENDA: acreditando na versão apresentada aqui, sou a considerar que existiu efectivamente uma gaffe, e lamento as invocadas razões pessoais e emotivas da mesma.
Passos Coelho: O PGR devia ser demitido! Desculpe?
O PGR devia ser demitido porque não contou a verdade toda e não contou a verdade toda porque quis defender o primeiro ministro de quem, em última análise, depende! Ora, bolas! Assim, o que faria o primeiro ministro se ele, PGR, ao contrário do que fez, tivesse tratado Sócrates como devia? Mantinha-o?
Como se vê isto anda tudo às avessas, tão às avessas que o Pedro Passos Coelho nem se lembrou que a hipótese possível é demitir o primeiro-ministro para, então sim, o PGR ser demitido! É que aqui a velha história do ovo e da galinha não se aplica, quem nasceu primeiro foi mesmo o primeiro-ministro e, portanto, só há ESTE PGR enquanto houver ESTE primeiro ministro. Grande e laboriosa separação de poderes democráticos, se o PGR fizer o seu trabalho é demitido pelo poder político, de quem devia ser independente!
Então, se o PGR não é independente de Sócrates como vai Pinto Monteiro exercer o seu mandato se o governo ou alguem do governo estiver sob a alçada da Justiça? É que a situação é esta. Ou exerce e vai para a rua ou não exerce e mantém-se! A separação de poderes, um dos pilares da democracia está à vista, o PGR mantém-se! Logo, não exerceu as suas funções com independência o que leva a oposição a querer demiti-lo e o governo a segurá-lo!
Se o PGR dependesse da Assembleia da República e fosse necessária uma maioria qualificada para o nomear ou demitir a independencia do poder Judicial seria garantida, não teríamos esta vergonha de ter uma Justiça em roda livre porque quem pode ser incomodado depende de quem investiga e quem investiga depende de quem o nomeia! Confusos?
O Pedro Passos Coelho tambem está confuso, nada de extremar emoções, isto é para se ir percebendo e melhorando e podemos sempre dar como exemplo o facto do magistrado Lopes da Mota, sendo do PS, ter sido demitido de Presidente do Eurojust!
Terá sido por ter exercido a função para que foi nomeado?
“Onde está o Paulinho?”
O humor é, por natureza, irreverente. E se há coisa em que, enquanto povo, somos bons é na irreverência. E até temos humor digno desse nome. Hoje chegou-me aos ouvidos uma dessas anedotas de construção fácil, imediata e actual. Reza assim:
O primeiro-ministro vai a uma escola contactar com alunos e depois de uma primeira exposição sobre os planos do governo para a educação, dispõe-se a responder a algumas perguntas.
Paulinho, o sabidola da turma, levanta o braço e é o primeiro a colocar perguntas:
“Senhor primeiro-ministro, queria que me explicasse o centro comercial de Alcochete, o caso da TVI e as escutas.”
Quando o primeiro-ministro vai responder às questões, toca a campainha para o intervalo. “Bom, é tempo de intervalo. Quando voltarem conversamos”.
No regresso, Zezinho é o primeiro a colocar questões:
“Senhor primeiro-ministro, queria que me explicasse o centro comercial de Alcochete, o caso da TVI e as escutas, porque é que tocou 30 minutos mais cedo para o intervalo e onde está o Paulinho?”
Esta história é uma ficção, as personagens e factos aqui relatados não existem. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Nenhum animal foi magoado na criação e divulgação desta história.
Jornalismo de buraco de fechadura? Excelente!
José António Saraiva diz e diz muito bem. «O grande jornalismo é aquele que vai aos bastidores, que vai atrás da cortina ou do buraco da fechadura. O trabalho jornalístico que verdadeiramente enobrece a imprensa é aquele que consegue desmontar e pôr a nu as coisas que o poder político, económico, judicial ou religioso pretendiam manter escondidas e camufladas e denunciar determinadas actuações ilegítimas do poder, e em que há notória cumplicidade do poder judicial» (via Desabrantizante)
E não venham os moralistas de pacotilha, que sopram para o lado que lhes convém, falar de privacidade e de intimidade. Quem está a cometer um crime não tem direito à privacidade.
Se os jornalistas espreitassem pelo buraco da fechadura para saber quem é a nova namorada de José Sócrates, os defensores do primeiro-ministro teriam toda a razão.
Agora, se os jornalistas espreitam pelo buraco da fechadura para saber se José Sócrates tentou dominar a comunicação social em vésperas de eleições, então não têm razão nenhuma. Porque para os criminosos não há direito à intimidade.
Poema da Mente
“É possível enganar parte do povo, todo o tempo; é possível enganar parte do tempo; jamais se
enganará todo o povo, todo o tempo.”
Abraham Lincoln
…. é possível enganar o povo até ao ponto quando este decidir deixar de auto-enganar-se.
Rolf Damher
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Vergonha, precisa-se
As revelações feitas acerca das escutas no processo “Face oculta”, na esteira do que vem acontecendo há anos acerca de condutas impróprias do Primeiro-Ministro, demonstram o pântano de que falava Guterres.
Para mim não está em causa a ilegalidade de certas escutas, nem a obrigação de as destruir. O que está em causa é que, uma vez publicadas, as mesmas não foram postas em causa por nenhum dos envolvidos, não houve nenhuma acusação de adulteração, de falsificação ou do que fosse. Nada. Apenas a crítica e a indignação em se revelar o que deveria, em parte, estar destruído.
Juridicamente não concordo com a divulgação de escutas declaradas nulas (e atente-se que parte das escutas transcritas não se reportam ao Primeiro-Ministro).
Como cidadão e republicano, entristece-me constatar que esta realidade governativa que as transcrições das escutas revelam, é apenas a deprimente radiografia da minha pátria.
Pelo silêncio nesta sede – ninguém ousar pôr em questão a veracidade das transcrições -, só se pode concluir que aquilo que lá está é verdade, e isso é do mais vergonhoso. E que num qualquer país, verdadeiramente civilizado, levaria à demissão do Chefe de Governo, por iniciativa própria ou por iniciativa presidencial.
Não teremos nenhuma das duas, como é evidente, porque não existe mais uma réstia de vergonha que seja.
Até mesmo porque à Oposição, em geral, não interessa perder um alvo fácil de corrosão política, e o PSD, em particular, não tem qualquer solidez para se confrontar seriamente com o PS.
Já Cavaco Silva, tem uma grande oportunidade para assegurar o segundo mandato: forçar o PS a apresentar um candidato (que não é difícil de sustentar, dadas as diversas reacções alérgicas que a disponibilidade de Manuel Alegre cedo provocou) para, com Manuel Alegre – que teve mais uma inábil estratégia de arranque de candidatura, agora ao aparecer colado ao Bloco de Esquerda –, dividir a Esquerda e ganhar à primeira volta. Depois é só deixar o PSD arrumar a casa e encontrar um líder com um mínimo de substância, e fazer cair o Governo no momento certo – ou seja, a mesma estratégia de Jorge Sampaio que abriu as portas do poder ao PS -, e José Sócrates poderá ainda sair de um pesadelo governativo como pobre vítima.
Tudo será mais um jogo, onde a vergonha é retórica, não é regra.
Face ao teor das transcrições – influências e perversões institucionais e partidárias, carreiras meteóricas, salários principescos, tráficos, manipulações, etc. -, pergunto-me onde está, efectivamente, a moral da sociedade em perseguir e condenar um carteirista?
A República precisa, urgentemente, de vergonha. E só a vamos conseguir quando se conseguir afastar dela quem a não tem.
Foi Nuno Santos que ouviu a conversa sobre Mário Crespo
Tudo aponta para que tenha sido Nuno Santos, o director de programas da SIC, a fonte de Mário Crespo no caso de que se fala. Não porque estivesse numa mesa ao lado a ouvir a conversa, mas porque estaria a almoçar com o primeiro-ministro.
A ser verdade, é estranho. É estranho que um director de programas almoce com o primeiro-ministro. Mais, é estranho que um jornalista almoce com o primeiro-ministro. Um jornalista tem de se mostrar imparcial e estas intimidades, tão habituais na vida pública portuguesa, são lamentáveis.
E se for verdade, o que pretendia José Sócrates quando falou a Nuno Santos do problema que Mário Crespo constitui? O silenciamento do jornalista incómodo, claro. Sem vergonha nem pudor, como dizia o João José Cardoso aqui em baixo.
A julgar pelas últimas notícias, parece que não conseguiu.
De Fernando Charrua a Mário Crespo
Os defensores do Governo, os do costume, andam muito escandalizados porque uma conversa privada, num restaurante, foi ouvida por ouvidos alheios e chegou até Mário Crespo.
É muito curioso que essas Virgens ofendidas não tenham tido a mesma preocupação quando, em 2007, o professor Fernando Charrua foi suspenso e processado na base de uma conversa privada, em local público, na qual ele alegadamente chamara filho da puta ao primeiro-ministro.
Pois é, as coisas são sempre vistas pelo prisma que mais interessa. É como as conversas privadas. Podem ser ouvidas, mas depende sempre do que é dito e dos interlocutores envolvidos. É que uns têm mais direito a privacidade do que outros.
Telejornal
O gerente do café explica o funcionamento do mesmo aos clientes. O primeiro-ministro
diz que ganhou a batalha da governabilidade. O governo mantém o aeroporto e a alta velocidade. O ministro das Obras Públicas discursa. o “pivot” do Telejornal é sério e usa gravata. O primeiro-ministro garante que o aumento do défice não foi descontrolo. O país janta e vê o Telejornal. O presidente da Junta anda descontrolado e bate uma punheta. O gerente do café continua a explicar o funcionamento do mesmo. O Orçamento é bom para o país. O ministro das Finanças admite que se engana. A deputada do CDS é boa…para o país. O défice dispara. As agências de rating controlam. O Bloco de Esquerda é bom para o país. Os deputados do Bloco de Esquerda são sérios mas não usam gravata. O gerente do café gosta de Coca-Cola. O governo já aguentou 100 dias. As garrafas estão expostas. O gerente arrota teses de doutoramento acerca do funcionamento do café. O primeiro-ministro é sério e usa gravata. Além disso, nunca se enerva. O primeiro-ministro é bom…para o país. O Presidente da República é sério e usa gravata. O líder do CDS também. O primeiro-ministro dá dinheiro aos bebés. O primeiro-ministro quer casar com a Carochinha. O primeiro-ministro e todos os ministros são bons…para o país. O gerente analisa agora a problemática da cerveja. O Presidente da República é sério e não bebe cerveja. O PPM quer referendar a monarquia. O PPM é sério e usa gravata. A autarca corrupta não vai a julgamento. O Obama continua a pregar. O gerente do café também. Todos os homens do poder são sérios e usam gravata. O Presidente da República é sério, honesto e usa gravata. Uma bombista suícida detonou explosivos em cima dos peregrinos. O México continua cheio de pistoleiros. O Presidente da República é sério, honesto, usa gravata e quer a estabilidade do país. O Leixões defronta o Marítimo. O gerente do café já resolveu todos os problemas da Humanidade. A brasileira alapa o cu ao balcão. O poeta escreve o que vê, o que ouve e o que lhe vem à cabeça. O Presidente da República é sério, honesto, usa gravata, quer a estabilidade do país e não apanha bebedeiras. O primeiro-ministro é bom…para o país e também não apanha bebedeiras. O ministro das Finanças é sério, honesto e usa gravata. Todos os homens públicos são bons…por natureza. A televisão promove os “Ídolos”. Os “Ídolos” são sérios, honestos, querem a estabilidade do país mas não usam gravata. O presidente da Câmara é bom…para a cidade. O TGV mantém-se, apesar do aumento da dívida pública. A sabedoria do gerente do café faz o meu cérebro dar voltas. O poeta é bom…mas também é mau, não quer a estabilidade do país, apanha bebedeiras e não usa gravata. O Pesidente da República é sério, honesto, usa gravata, quer a estabilidade do país, não apanha bebedeiras e só percebe de finanças. O ministro das Finanças é bom…para o país. O Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro das Finanças, todos os ministros, a oposição, o Orçamento, o presidente da Câmara, o presidente da Junta, o “pivot” do telejornal, o Leixões, os “Ídolos”, os pistoleiros mexicanos, a bombista suícida, os empresários dos carrosséis, o CDS, o PPM, o Bloco de Esquerda e o gerente do café são bons…para o país. A Beyoncé mostra as mamas. A Beyoncé é boa…para o país.
ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO, Candidato à Presidência da República
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