Banco de Portugal diz que SIBS e bancos é que exigiram cartão bancário para operações homebanking.
O cartel da banca quer o teu dinheiro
Finalmente, uma boa notícia!
Neste desastre em curso que vivemos, algo positivo aconteceu: a inflação desceu pelo segundo mês consecutivo, para o valor mais baixo desde Outubro 2021. Melhor que um pontapé nas costas.
Medina no Parlamento: nona dúvida do OE2024 por esclarecer
The tradition that Shun was buried in the ‘Mountain of Nine Doubts’ (九疑山) near the source of the River Xiang, and the Chu cult of Shun under his name of Chong-hua Ag were certainly ancient.
— David Hawkes, The Heirs of Gao-Tang (1984)
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Ao rol de oito dúvidas dos deputados, acrescento esta: acha que um documento com esta qualidade merece discussão?
Já agora, uma décima: leu o Diário da República de hoje?
Não é preciso requerimento.
No entanto, se insistir, pode preencher este modelo de anteontem.
Agradecido.
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Automóvel, a galinha dos ovos de ouro…
Com o objectivo de aumentar a venda de automóveis novos, mais eficientes e seguros, em 2007 o governo de José Sócrates alterou a tributação automóvel, aprovando o Código do Imposto sobre Veículos e o Código do Imposto Único de Circulação e abolindo, em simultâneo, o imposto automóvel, o imposto municipal sobre veículos, o imposto de circulação e o imposto de camionagem.
Contra o Orçamento do Estado para 2024
Dich, teure Halle, grüss’ ich wieder,
froh grüss’ ich dich, geliebter Raum!
— ElisabethI walk the valleys by the Cerne
on a path cut fifteen hundred years ago
and I know these chalk hills will rot my bones
— PJ Harvey
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O espectáculo repete-se.
Efectivamente, continua tudo na mesma, com o poder político a sorrir, a encolher os ombros, a assobiar para o ar e a tapar o sol com a peneira. Por isso, não admira que o episódio de hoje seja idêntico aos anteriores, aquando dos textos apresentados para os anos de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 [1] e [2] e 2023. Os papéis são os mesmos e o enredo mantém-se. Os actores, sim, de vez em quando mudam. Os intervenientes de hoje, todavia, já vão na terceira representação desta cena.
E qual é o resumo do enredo? É muito simples: todos os anos, duas personagens sorriem, enquanto uma entrega um texto a outra. E por que motivo sorriem? Não faço a mínima ideia. Provavelmente, não conhecem o conteúdo do texto. Pior, no caso em apreço, desconhecerão o conteúdo das duas propostas anteriores: OE2022 (2/2) e OE2023. Se estes membros da classe política portuguesa lessem aquilo que todos os anos entregam e recebem, saberiam que há um problema. Um problema que se arrasta há imenso tempo. Um problema grave.
Vejamos, pois, uma pequeníssima amostra das pérolas que só não viu quem não leu o conteúdo do Relatório (pdf) que acompanha a Proposta de Lei n.º 109/XV/2 — Aprova o Orçamento do Estado para 2024: [Read more…]
Trickle Down Economics- O MITO
Bernie Sanders mostra um quadro lapidar que desmente – para quem ainda não soubesse – todo o paleio com que nos querem enrolar de cada vez que alegam que dar borlas fiscais aos ricos é para o bem de todos nós. Where we are today: The top 10% GETS IT ALL!!
Parafraseando Susana Peralta: “Parafraseando a ministra das Finanças sueca, em entrevista ao PÚBLICO em 2022, é “interessante” e até “fascinante” observar “como os portugueses aceitam isto”.”
Lagarde: uma opção muito cara
Eu não faço a mínima ideia qual é o salário de Lagarde e da sua equipa, mas não deve andar longe do meu salário de sonho. E sendo assim, não posso deixar de considerar esse custo como um autêntico desperdício porque tendo em conta o “elevadíssimo” nível de sofisticação técnica que desde sempre demonstrou (demonstraram), saía muito mais barato substituí-la por um simples aparelho. E nem precisava de ser algo como um super-computador ou qualquer coisa com inteligência artificial. Bastava um “spectrum” (para quem não sabe o que é: “googlem”).
Normalmente considera-se a crise de 1980 como a primeira crise inflacionista com semelhanças com aquela que agora vivemos. E qual foi a principal resposta dos supervisores financeiros? A subida das taxas de juro. Isto é, em quase 50 anos, a eficiência e a competência do sistema financeiro, evoluíram zero. O que Lagarde faz, está escrito há muito. Não implica qualquer genialidade ou qualquer brilhantismo particular que a distinga. Então se falarmos de inovação ou de rasgo científico, a única forma de os medir é na proporção inversa da subida das taxas de juro.
O que ela faz, podia ser feito por um pequenito computador onde se introduziram os dados da inflação e em micro-segundos, “pimba”, aparecia no ecrã em letras garrafais e a “bold”: subir as taxas de juro em X pontos percentuais! Podia ou não ser acompanhado do som de uma sirene. Saía muito mais barato e até a irritação que a sirene nos poderia causar era menor que a repugnância que se sente ao ouvir aquele exasperante tom de sobranceria e de condescendência que define a voz de Lagarde.
Pior, esta incompetência, esta pequenez de perspectiva, esta total falta de empatia humana que a definem, não são de agora. Este “robot” caríssimo (mais pela miséria que provoca que, propriamente, pela folha salarial) sempre foi assim. Na altura em que liderava o FMI era exactamente o que é agora. E com o mesmo grau de “erudição”. Crise orçamental, austeridade. Estão a ver o famoso “computadorzito” a trabalhar em vez dela, não estão? Introduzia-se o valor do défice orçamental e, “pimba”, lá aparecia o aviso: austeridade. “Prontos”, tiramos a sirene porque para o caso é algo de supérfluo. E superfluidades são coisas que não condizem com a filosofia de frugalidade que Lagarde apregoa, mas que, curiosamente, não cumpre pessoalmente.
Se o grau de evolução científica que os “sábios” da economia (como Lagarde) demonstram, fosse aplicado a outras áreas, enfim, imaginem. Basta regressar aos anos 80. E talvez consigam perceber o nível de anacronismo que este BCE revela.
Obviamente que a isto, é completamente alheio o “jeitaço” que a inflação dá ao sistema bancário. Porque se em tempos maus, não têm qualquer pejo nem vergonha em nos pedir ajuda, ainda por cima, sob a camuflada ameaça do eventual colapso do sistema, nos tempos de “vacas gordas”, é vê-los a baixar o “spread” para aconchegar os seus Clientes, é vê-los a prescindir da autêntica “ladroagem” que as taxas e taxinhas que criaram, representam ou a subir exponencialmente a remuneração dos depósitos. Não? Não me digam que os bancos não estão a fazer isto? Não pode ser. Isso transformava-os automaticamente em instituições sem qualquer credibilidade, dignidade ou sequer idoneidade. Isso colocava-os imediatamente ao nível de um qualquer “agiota de esquina” que, infelizmente, nestes tempos, pululam por aí. A diferença é que os “bancários” têm “estaminés” mais elaborados, usam gravata e falam sempre de modo (ultra) afectado.
E não. Isto não se resolve com proibições. Como qualquer esquerdista de “bem” que leia estas linhas, irá infalível e raivosamente sugerir. Isto resolve-se com liberdade. Mais liberdade. O mercado reage inevitavelmente. E se a oferta não serve a procura, forçosamente surgirão novas propostas que se adequem às necessidades dos consumidores. Não podem é serem impedidas de existir pelo monopólio do cartel bancário
Salários, produtividade e a voz do dono
BCE: a culpa da subida dos juros é dos aumentos dos salários dos trabalhadores.
CIP: o aumento dos salários deve assentar no aumento da produtividade e não pode ser feito sem essa contrapartida.
Ricardo Reis (economista liberal): os salários acompanham a produtividade. Para os salários subirem, temos que aumentar a produtividade.
Palavra da salvação.
Glória a vós, Senhor (do Monopólio)!
UE-Mercosul, mais um prego no caixão
Desde que Lula foi eleito, enorme tem sido a azáfama para empurrar para a frente o acordo de livre comércio UE-Mercosul. Depois de ter estado em negociação durante 20 anos, foi, em 2019, assinado um “acordo de princípio” que voltou a ser congelado sobretudo devido aos desvarios de Bolsonaro. Mas agora os ventos estão de feição e a torto e a direito são esgrimidos os argumentos da geoestratégica e do negócio. Durante a visita de Lula a Portugal, António Costa garantiu que Portugal será “ponta de lança” para conclusão do acordo.
Como de costume, as oportunidades de negócio são o único critério válido para os governantes. O empenho na concretização desde acordo conhecido por “carros por carne” está no auge. Ainda há arestas por limar, pois os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) não acharam graça nenhuma ao “Instrumento Conjunto UE-Mercosul” que a Comissão Europeia quer anexar ao articulado do acordo, para proteger aspectos ambientais (sem carácter executório). E em especial o Brasil – depois da viagem de charme de Lula a Portugal e Espanha – já anunciou que abrir as compras públicas aos investidores estrangeiros não, obrigado. E muito bem.
Entretanto a Comissão já tirou da cartola ideias democráticas como dividir o acordo em dois, para fazer passar a parte comercial sem necessidade do “sim” dos parlamentos nacionais. Aliás, o secretismo em que as diligências decorrem é tudo menos democrático. Em Julho (17 e 18), aquando da Cimeira UE-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), pretendem as partes chegar a acordo. [Read more…]
À míngua
Seca: baixo nível dos aquíferos no Algarve pode aumentar salinização da água
Os lençóis freáticos no Algarve apresentam níveis abaixo do que seria previsível para esta altura do ano, originando perda de qualidade da água subterrânea e aumentando o risco de salinização, advertiu nesta segunda-feira o director regional de Agricultura. “Não sabemos como vai ser o amanhã.” Ainda não foram comunicadas “situações dramáticas”, mas o risco de intrusão salina nas águas subterrâneas é maior em zonas costeiras e em períodos de seca.”
Pois, Sr. director, o que não se percebe é como nos últimos anos permitiram o aumento avassalador das culturas intensivas no Algarve e ainda agora continuam a ser feitas terraplanagens para novas, destinadas a plantações de abacates. Querem mesmo desertificar, é??? Sempre com o paleio (de si ouvido) de que é preciso alimentar o mundo. Pois agora se vê que destruindo o ecosistema, não há produção para ninguém. Anda-se-lhes a dizer as coisas há décadas, fazem ouvidos moucos e só quando a crise desaba é que ai Jesus. Sempre tarde demais, porque a avidez do negócio é sempre insaciável.
Atropelar o neoliberalismo com um rolo compressor
foi o que fez Ricardo Paes Mamede. No Público.
Um problema de liquidez
Basta surgir uma brisa mais forte e a banca abana com um “problema de liquidez”. E logo aparece o Estado-papá, para deitar a mão ao menino com os mealheiros dos outros meninos.
Quais meninos?
Vocês sabem: os meninos que vivem acima das suas possibilidades, que têm a ousadia de jantar fora à Sexta e com isso obrigam os banqueiros a fazer negócios ruinosos tipo BPN e BES. [Read more…]
De Cavaco Silva à Forbes, do BES ao SVB: diz-me quem elogias, dir-te-ei o próximo a falir
A Forbes, à imagem de Cavaco Silva sobre o BES, fidelizou o SVB apenas uma semana antes da sua falência, como um dos 100 melhores bancos do mundo. Ficou em 20º lugar em 2023, depois de cinco anos consecutivos a ter honras nesta listagem.
O SVB, a poucos dias da falência, divulgou com orgulho a sua prestação e a FORBES, com um pouco mais de vergonha e com a intenção de tapar o sol com a peneira, acrescentou uma nota do editor depois da falência digna de transcrição integral: “[Editor’s Note: After this list was published on February 16, 2023, SVB Financial Group’s Silicon Valley Bank collapsed and was placed under FDIC control on March 10 due to a bank run prompted by fears about its interest rate exposure.]. A nota de congratulação do SVB já só se pode ver no Linked In, a única conta nas redes sociais que a falência do banco ainda não se lembrou de suspender.
Silicon Valley Bank: mais um desastre capitalista
Na Sexta-feira, dia em que o banco faliu, a agência de notação financeira Moody’s ainda atribuía rating A ao Silicon Valley Bank.
Sim, o banco dos unicórnios, que faliu na semana passada e levou consigo o Signature Bank, conhecido pela ligação ao metaverso das criptomoedas. Outra bomba-relógio que ainda nos vai dar muitas dores de cabeça.
[Read more…]Logo agora que a torneira do Estado fechou
o Novo Banco começou a dar lucro. 561 milhões em 2022. E tu, acreditas em bruxas?
O perfeito tricot neoliberal
A armadilhagem montada pelo modelo neoliberal é tão totalitária, refinada e dotada de meios que indubitavelmente obtém excelentes resultados na persecução dos seus objectivos.
É sabido que a “ligação” (leia-se o conluio) das universidades às empresas, com financiamentos e doutoramentos para servir estas últimas, é, na actual banheira neoliberal em que boiamos, considerada um critério de qualidade e muito acarinhado. Disponibilizam-se “modelos de acordos de transferência de tecnologia e Investigação e Desenvolvimento, para facilitar a criação de parcerias entre universidades e empresas”. Vai longe o tempo em que a independência do conhecimento das universidades era considerada um elevado valor a proteger; hoje, reina a captura dos recursos para a subserviência às empresas. Chamaram-lhe Iniciativa de Excelência e os princípios orientadores passaram a ser a “competição” e a “liberdade”. “Empresas e Universidades, uma relação win-win”. A rede tricotada.
Já uma ligação das universidades a David, ou seja, aos cidadãos, não passa pela cabeça de ninguém. Acordos entre universidades e associações e representantes da sociedade civil? Tá quieto! Se alguém conhecer algum, avise. Quando muito, usam-nas para estudos. [Read more…]
Portugal – querido faroeste
“O Município de Grândola informa que até à presente data não recebeu notificações sobre o assunto. A decisão do tribunal fala na necessidade de tomar as medidas necessárias para impedir “com urgência” o prosseguimento das obras de urbanização mas a mensagem não chegou aos destinatários.”
É caso para cantar “Grândola, vila neoliberal”. São umas atrás das outras as situações em que os “promotores” por este país fora passam por cima de disposições e decisões legais e avançam com o seu negócio perante a criminosa bonomia das entidades portuguesas. A propriedade privada é o valor mais elevado da hierarquia de todos os valores e o imenso carinho pelo dinheiro, a par do desprezo pela preservação da natureza sentido por câmaras, APAs e governo hão de chupar até ao tutano este país que acabará por sucumbir às suas mãos. Toda uma geração de cínicos no poder e também nas ruas.
De Espanha chega o aviso….
O jornalista António Moura, na sua página de facebook, abordou quatro artigos do El Pais deste fim de semana, citando-o:
“Quatro artigos do El País de hoje (título+introdução) sobre os tremendos problemas com que estamos confrontados. Não, não é so em Portugal! E, estes sim, são problemas graves. Pode ser que a minha geração escape ao tsunami que aí vem… Mas as gerações que vêm atrás vão-se lixar, e muito, a menos que se mude o paradigma económico. Lê-se no primeiro artigo que “a crise orçamental dos Estados” é uma das causas. Mas a mim parece-me que o problema de fundo reside na própria natureza do sistema capitalista, crescentemente iníquo. Há um problema grave com a distribuição da riqueza.
1 — Estado de bienestar: historia y crisis de una idea revolucionaria: La idea de proteger al ciudadano desde la cuna hasta la tumba está en apuros. Una de las causas es la crisis presupuestaria de los Estados, con una población envejecida sostenida por menos trabajadores en peores condiciones.
2– La sufrida clase media-baja es cada día menos media y más bajaLa tenaza económica aprieta a las familias modestas: los Ruiz-Medel aguantan recortando gastos gracias a la estabilidad laboral. Los Pardal-Pérez acabaron ahogados en deudas y pidiendo comida.3– La masiva manifestación por la sanidad en Madrid se revuelve contra AyusoLos manifestantes, 250.000 según la Delegación del Gobierno, protestan contra el “empeño” del Gobierno regional en “desmantelar” la atención primaria y en apoyo a la huelga de médicos de familia y pediatras.4 — Europa discute cómo se jubilan sus ciudadanosEl envejecimiento empuja a los países del continente a aumentar la edad de retiro. Los sistemas de pensiones son muy diferentes, pero todos comparten el reto mayúsculo de acertar en los cambios para ser sostenibles- Europa discute cómo se jubilan sus ciudadanos.
Esmifrar os cidadãos e engordar os poderosos
A forma colossal e brutal como este lema vem sendo posto em prática há décadas pela UE e pelos seus estados-membros (Portugal à cabeça) ultrapassa por completo a minha capacidade de discernimento. É com toda a consciência que esta criminosa geração está a conduzir-nos activamente para o abismo mortal da extrema-direita. É desesperante.
Aqui ficam excertos de um artigo da insuspeita revista alemã Der Spiegel:
Os bancos alemães arrecadam milhares de milhões do BCE
Enquanto as poupanças dos alemães continuam a perder valor, as instituições de crédito estão a ganhar muito bem com a política monetária do Banco Central Europeu. De acordo com uma estimativa, só em 2023, elas poderão ganhar 27 mil milhões de euros.
Os bancos beneficiam da subida acentuada da taxa de depósito, uma das principais taxas de juro do BCE. O Banco Central utiliza esta taxa para pagar juros sobre o dinheiro excedente dos bancos comerciais (…). Desde quinta-feira, a taxa tem sido de 2,5 por cento – e, portanto, tão elevada como a última em 2008. [Read more…]
Por falar no Santander…
O virtuosismo frugal que não assiste ao povo de nababos que somos, oportunamente assinalado pelo CEO do Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida – um homem com “um apelido muito forte na banca” – trouxe-me à memória alguns casos, mais ou menos recentes, envolvendo a divisão portuguesa do banco espanhol.
O primeiro destes casos remonta a 2015. O Banif estava em colapso iminente e uma notícia bombástica da TVI levou à queda abrupta do seu valor em bolsa, acelerando a morte do banco insular. O Banif acabaria na carteira de activos do Santander, pela módica quantia de 150 milhões de euros, com o alto patrocínio dos contribuintes portugueses, que lá decidiram aplicar 2,4 mil milhões dos seus impostos a fundo perdido.
À data, a TVI era propriedade do grupo Prisa que, imagine o caro leitor, tinha o Santander como accionista da referência. Parece conveniente, mas, na verdade, não passou de uma triste coincidência, rapidamente aproveitada por essa gente que só protesta contra a banca porque é invejosa. [Read more…]
Continente: Missão comer as migalhas do Povo
Ontem foi noite de jogo no Dragão. Junto ao estádio existem barraquinhas que vendem bifanas, cachorros, cerveja, refrigerantes. Gente do povo. Humildes. Muitos deles com as marcas, nas mãos e na face, de uma vida dura. Vão ali para ganhar uns cobres, completar a reforma, alimentar os miúdos. Não ganham fortunas nestas quatro, cinco horas de biscate mas é qualquer coisa. Desta vez, ao lado, várias “roulotes” dessa coisa da moda chamada “street food”. A apresentação é melhor mas o objectivo é o mesmo. Uns cobres. É o povo, a nossa gente, a fazer pela vida neste país pobre. Ao lado, mais carote mas com todas as condições, o Alameda com a sua “praça de alimentação”. Até aqui, tudo normal. Tudo? Não.
No shopping Alameda (Dragão) existe um Continente. Da SONAE. Uma das maiores empresas nacionais. E na entrada do seu supermercado o que podem ver na foto: uma promoção especial por ser dia de bola. Esta malta que ganha rios de dinheiro, que matou as mercearias, que matou as perfumarias, as papelarias, os talhos, as frutarias, que matou muito comércio tradicional onde vários ganhavam uns cobres para agora só eles ganharem milhões, não satisfeita e nesse infinito de ganância que caracteriza o capitalismo selvagem dos dias que correm, toca a concorrer com aquelas almas que na rua, ao frio tentam uns cobres para salvar o mês. Uma “sandes” de pedaços de bocados de restos Continente a €1,99 e as latas já nem olhei. Que vergonha. Enfim, uns filhos da grande meretriz….
Breve história da economia moderna
Já todos vimos este filme. Um colosso entra no mercado, trazendo uma dinâmica forte e preços altamente competitivos.
É proibido vender com prejuízo, se bem que demonstrar que a lei foi violada é uma tarefa hercúlea. E como se sabe, o Estado é magro e não tem ninguém para acompanhar o tema.
Porém, nada impede que se venda sem lucro e que se negoceiem condições com os fornecedores por forma a que existam produtos com custo residual (as famosas promoções com preço de arrasar). Afinal, se o fornecedor disponibiliza produtos a custo zero, ou perto disso, dificilmente a venda ao público será feita com prejuízo, mesmo praticando preços finais impossíveis. Está cumprida a lei.
Para aqueles que não têm capacidade financeira e negocial para competir, paciência. Que fechem as portas. O que importa é que o consumidor ganha melhor preços e mais oferta, certo?
Se a concorrência desaparece, paciência. Os empregos desaparecem ou dão lugar a condições precárias mas isso pouco importa. Porque no final do dia, consumidor fica a ganhar. Até que não seja esse o caso.
Quando a esmola é grande, o trabalhador desconfia
No última dia sete deste mês, a MC, empresa que agrega o grupo Sonae, dona do Continente, Meu Super ou Go Natural, comunicou a intenção de atribuir mais 500€ ao salário de 36 mil trabalhadores, num investimento a rondar os 15 milhões de euros. Aquilo que parecia ser um apoio extraordinário para mitigar os efeitos da inflação na carteira dos trabalhadores, afinal não o é.
Em declarações ao site NiT no passado dia 9 de Dezembro, fonte da empresa MC afirmou que este apoio suplementar, no princípio apresentado como uma ajuda para “mitigar os impactos sentidos no custo de vida, proporcionando um Natal melhor para todos”, vai chegar aos trabalhadores do grupo Sonae… através de um cartão criado especialmente para o efeito e que obrigará os trabalhadores a… gastarem o apoio de 500€ no Continente (Continente, Continente Modelo e Continente Bom Dia, Continente Online, Bagga e supermercados Go Natural).
Significa, portanto, que o apoio suplementar não é um apoio… é um empréstimo. Os mais de 15 milhões investidos pela Sonae nesta medida vão retornar… à Sonae. Tirem o cavalo deste temporal os trabalhadores que achavam que iriam poder pagar a conta da luz, da água ou explicações escolares aos filhos, por exemplo.
Lembram-se daquela ideia mirabolante, que nem um José Está Lindo Pino Ché pós-moderno teria, do líder da extrema-direita portuguesa, André Ventura, aquando da atribuição de 125€ por parte do Estado? Essa do “nada de gastar em putas e vinho verde”? É basicamente o mesmo que a Sonae está a impor aos seus trabalhadores… só que estes, não podendo gastar em putas, podem sempre comprar vinho verde… se for no Continente.
Quando a esmola é grande, o trabalhador deve sempre desconfiar. E quem dá e volta a tirar…
Susana Peralta pergunta:
Sim, sabia. Aliás, toda a gente sabe. Nem o que hoje vota, nem os que votou para 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022 [1] e [2].
E gostei do conceito “cacofonia orçamental”: proponho que abranja os “tetos de despesa”, mencionados pela Autora. Os vinculativos, sim, mas também os indicativos.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
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Livre circulação de capital
Há uma crise que se agiganta, sem paralelo na história recente, porque afecta todo o planeta, não apenas uma região, e porque vai para lá de dívidas e bolhas, atingindo também a capacidade dos povos mais prósperos de se alimentar e aquecer no Inverno que começa a chegar. Para não falar na fome e na miséria que alastrarão com maior intensidade nas zonas mais pobres do globo, provocadas pela escassez que resulta – também mas não só – do bloqueio que impede a saída de cereais e fertilizantes dos portos ucranianos.
Entretanto, numa realidade paralela, tipo aldeia gaulesa que resiste não às investidas romanas, mas às da crise internacional, o capital flui livremente, ainda que em circuito fechado, para os bolsos dos mesmos de sempre. Wall Street é o seu nome e Outubro foi o seu melhor mês desde… 1976.
Contra o Orçamento do Estado para 2023
Mantém-se um mistério o motivo pelo qual gente alfabetizada votou favoravelmente documentos redigidos nos termos de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022 [1] e [2]. Uma hipótese que me parece plausível é a de estes documentos não terem sido lidos por quem os votou. E isso, a ser verdade, é grave. Mas não sabemos se é verdade. Só sabemos que é uma hipótese.
Debrucemo-nos então sobre o documento hoje depositado por Fernando Medina nas mãos de Augusto Santos Silva.
Vejamos, pois, uma amostra do conteúdo do Relatório (pdf): [Read more…]
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