Isto é revoltante! Ou não…

Sócrates consegue tudo! As prescrições são invenções de Ivo Rosa! Esta máfia socialis… Espera! A casa era de Ronaldo?! Bem… Se o Ministério Público diz que o crime prescreveu, é porque prescreveu…

E se a Celeste fumasse?

No dia 25 de Abril de 1974, uma senhora, a Celeste, estava no meio de uma Revolução. Entretanto, um militar perguntou à Celeste se tinha um cigarro. Ela respondeu que não, mas que tinha cravos e ofereceu um. Foi assim que Celeste começou a distribuir cravos e deu esta simbologia ao dia em que se deu o pontapé de saída para tornar Portugal democrático.

Agora, imaginemos que Celeste fumava. Imaginemos que não tinha cravos e tinha dado um cigarro. Ainda bem que não foi assim, pois não ia colocar miúdos a fazer cigarros de papel. Foram cravos. Os cravos que representam a nossa liberdade.

Nunca deixem que alguém vos tire a liberdade. Nunca queiram tirar a liberdade a ninguém. E por muito que sintam que do outro lado há pessoas dessas disfarçadas de democratas, não permitam que isso vos leve ao outro extremo. A luta pela liberdade deve ser feita por ela em si e não por ressentimentos.

Fiquem com a Grândola em versão Karviná tocada por uma professora de música checa. E fiquei com os cravos feitos por miúdos que todos os dias enfrentam desafios ligeiramente mais árduos que os meus. O 25 de Abril é de todos. Obrigado por terem festejado comigo.

Fascismo nunca mais!
Viva à Democracia. Viva à Liberdade!

Emídio Guerreiro: Do 25 de Abril até à pandemia, o Estado da Liberdade em Portugal

(Emídio Guerreiro, deputado do PSD à Assembleia da República)

Das Liberdades conquistadas em 25 Abril de 1974, reforçadas em 25 Novembro de 1975 às Liberdades “congeladas” pela pandemia, vão um sem fim de conquistas e recuos.

Do quase nada do Estado Novo, passou-se para o quase tudo da euforia pós-revolução. Um grito ensurdecedor grassou pelo país de Norte a Sul rasgando as mordaças de quase cinco décadas. Foi perfeito? Não, mas também não era de supor que o fosse. Às restrições findas, seguem-se sempre os excessos. E assim foi com os ganhos das liberdades de associação, de expressão, de informação e de outras. E assim o caminho se foi fazendo. 

O fim da comunicação social estatizada foi um primeiro exemplo, pelas inesperadas resistências de alguns, de como as coisas não seriam fáceis. E quando, quase 20 anos depois de Abril, na primeira metade da década de 90, se abriu as televisões a outros que não o Estado também assistimos a resistências e a profecias catastróficas. 

É interessante ver como tantos paladinos da liberdade se incomodam quando se coloca em causa a sua zona de conforto. Liberdade sim, mas a minha… a outra liberdade já não me interessa.

E agora com o advento redes sociais onde tanta informação é adulterada, manipulada, muitas vezes com fins indignos das democracias, vemos a regulação de mãos atadas e com soluções que não se adequam ao momento. 

[Read more…]

Chega, PSD e Iniciativa Liberal entram num bar salazarista

Do Chega nunca esperei grande coisa. Melhor: nunca esperei nada. Parido no PSD mais à direita de sempre, criado e educado na ignorância arrogante e autoritária da extrema-direita, um partido que é uma espécie de sociedade unipessoal de um Groucho Marx oportunista e sem espinha dorsal só poderia resultar nesta anedota populista e demagoga que se repete diariamente, arrastando consigo um pequeno exército de velhos fascistas a tresandar a mofo, depois de quatro décadas e meia no armário do saudosismo, e uns quantos indignados com a situação, demasiadamente revoltados para perceber no que se estão a meter e o tipo de práticas que estão a validar. Porém, independentemente de quem lá vai ao engano, uma coisa é certa: o Chega é um partido da extrema-direita neofascista, com uma agenda de extrema-direita neofascista, uma narrativa de extrema-direita neofascista, um programa de extrema-direita neofascista e uma postura de extrema-direita neofascista. And you know what they say: if it walks like a duck, talks like a duck…

[Read more…]

O 25 de Abril tem donos?

Todos os que pretendem comemorar o 25 de Abril deveriam poder fazê-lo junto com uma associação que reivindica a organização do desfile “oficial”, porque aquilo que os militares nos deram é de todos, é nosso.
Nosso? Nosso, não, porque “Aqueles que odeiam, detestam ou ignoram aquele dia são, normalmente, os que costumam dizer: O 25 de Abril não tem donos. Mas tem: é de quem o ama!”, escreveu o Tomás Vasques.

Vacina do colo do útero esgotada nos Centros de Saúde

É pena que a única preocupação da saúde em Portugal seja o Covid. É que as outras doenças continuam a existir.

Jovem Conservador de Direita: Feliz pré-25 de Novembro!

(O Doutor é o grande líder intelectual da direita democrática portuguesa e, sobre isso, nem há discussão. As suas reflexões podem ser acompanhadas na sua página do facebook e instagram. Tem também um conhecido podcast e há pouco tempo lançou a revista em papel Le Docteur. Tem um patreon aberto a investidores e apreciadores de conteúdos exclusivos de qualidade)

O 25 de Abril foi um marco importante na história da nossa democracia que deve ser celebrado. Infelizmente veio interromper o trabalho do Dr. Marcelo Caetano, que estava a fazer um excelente trabalho na nossa transição para a democracia. Mas aconteceu e não o podemos negar.

Apesar disso, o Dr. Marcelo Caetano surge como um dos grandes heróis do 25 de Abril. Foi o seu autocontrolo que permitiu que esta revolução fosse pacífica. As coisas podiam ter corrido muito mal. Aqueles militares estavam todos assanhados e sedentos de sangue. O Dr. Marcelo Caetano soube conceder com dignidade e retirou-se corajosamente para o Brasil. A maior qualidade de um herói não é ser corajoso face ao perigo, mas sim saber fugir quando tem de ser. Não há nada mais heróico do que a auto-preservação.

Curiosamente o Brasil foi o destino de algumas das pessoas com maior sucesso do nosso país no dia 25 de Abril. Desde o Dr. D. João VI que as pessoas de maior sucesso do nosso país têm o hábito corajoso de emigrar para o Brasil quando há problemas em Portugal. É uma questão de etiqueta. Quando uma pessoa está num jantar civilizado e, de repente, esse jantar é invadido por chimpanzés e alguns dos convidados começam a exigir a nacionalização da propriedade do anfitrião, a atitude mais saudável é abandonar e esperar que as coisas se acalmem. Os chimpanzés eventualmente vão cansar-se e os revoltosos vão perceber que liderar dá trabalho. É nessa altura que as pessoas de sucesso podem regressar sem correrem o risco de um chimpanzé lhes furar o olho com um garfo.

É claro que não estou a chamar chimpanzés aos portugueses que não emigraram depois do 25 de Abril. Mas a verdade é que se fizeram coisas animalescas nesses tempos, como nacionalizações, saneamentos e alguns álbuns de música de intervenção. Não podemos condenar uma pessoa de sucesso que decida escolher este momento para uma viagem espiritual pelo Brasil.

[Read more…]

Sócrates vs Madoff

Bernard Lawrence Madoff morreu na passada semana com 82 anos num hospital prisional da Carolina do Norte, na mesma semana em que o juiz Ivo Rosa pronunciou a decisão instrutória relativa à Operação Marquês. Há uma ideia errada em Portugal de que o caso de Madoff é um bom exemplo de eficácia da justiça e há até quem julgue que deveria servir de exemplo para a Operação Marquês. Nada poderia estar mais errado.

A obra de investigação “Too Good to Be True: The Rise and Fall of Bernie Madoff” de Erin Arvedlund, que condensa as décadas do esquema de investimentos fraudulentos de Bernie Madoff e o período após Bernie se ter entregue à polícia pelo seu próprio pé, mostra claramente que o sistema de justiça americano falhou a toda a linha. Ao contrário do caso Sócrates, a justiça americana nunca tomou a iniciativa de investigar com profundidade os negócios de Madoff. A prisão de Madoff apenas foi consumada em 2009 após o próprio ter chamado a polícia à sua luxuosa penthouse da 133 East 64th Street em Nova Iorque e de ter encenado uma confissão previamente ensaiada com a ajuda de um dos seus filhos sobre uma parte dos crimes económicos da sua empresa, alegando ter cometido todos os crimes sozinho.

Não foi na sequência de qualquer processo de investigação que Madoff se entregou às autoridades. Madoff entregou-se porque temia pela sua vida, quando estava a ser quotidianamente ameaçado pelos seus credores que lhe exigiam de volta o dinheiro investido no seu esquema fraudulento, na sequência da crise financeira de 2008. Apresentando-se como culpado de crimes que não estavam a ser alvo de investigação, o processo seguiu para julgamento sem que qualquer investigação fosse lançada para verificar se existiam mais crimes e mais gente envolvida. A sua entrega voluntária criou assim um impasse no seu processo que apenas permitiria a abertura da investigação muito tardiamente, possibilitando imensa destruição de prova, ocultação de fundos e inúmeras fugas à justiça de familiares e de mais de uma centena de cúmplices à volta do mundo, de Londres a Singapura. Pouco mais de meia dúzia foram condenados até hoje. Por exemplo, Ruth, a sua esposa, que participou desde o início (desde os anos 60) no esquema fraudulento de Madoff, captando dezenas de investidores, não foi presa, nem condenada, nem sequer investigada. [Read more…]

Os ramais ferroviários e desenvolvimento do interior.

(Jorge Cruz, Autor convidado)

Cuidado. Vem aí mais um contributo dos xuxalistas para o desenvolvimento do País. Anunciado com a pompa do costume, chamam-lhe (é só mais um) plano ferroviário nacional e pretende voltar atrás mais de 50 anos no tempo, anunciando a ligação de todas as capitais de distrito. Algo que os próprios haviam eliminado na década do 80 do seculo passado. Convém de passagem lembrar que os distritos foram uma invenção do estado novo, uma tentativa, com quase 100 anos, de querer regionalizar o país, mas que nunca chegou a ser implementada. No entanto, os distritos continuam a pairar por aí, pelo menos nas cabeças dos ministros do estado xuxalista. Conseguiram (em boa hora) acabar com a inutilidade dos governos civis, mas os distritos é que não se percebe porque ainda existem, para além de eternizarem aqueles mapas amarelentos que existiam nas escolas primárias pendurados num prego ferrugento mesmo ao lado das fotografias a preto e branco do Salazar e do Thomaz. 

Perante mais esta ameaça de plano ferroviário, recordemo-nos que foi um governo xuxalista que começou a desmantelar parte da rede ferroviária do tempo da ditadura, anulando milhares de kms de ramais que ligavam, justamente, o interior do País, e mantinham a ligação às tais capitais de distrito. Era precisamente o interior do território quem mais precisava dessas ligações. Depois, ainda há quem se admire por a província estar despovoada, abandonada e sem qualquer sinal de desenvolvimento. 

A partir de 1986, enquanto por todo o mundo de construía e modernizava cada vez mais as linhas de comboios, Portugal, aproveitando os apoios europeus, foi encerrando linhas e estações por todo o lado, para promover a construção de estradas e autoestradas, a maior parte delas hoje desertas e inúteis porque foram mal desenhadas. Mas serviram para enriquecer muitas empresas de construção, que continuam por aí a distribuir dinheiro e a dar uma ajudinha nas campanhas eleitorais. 

[Read more…]

As Mentiras na Cúpula do Clima

O presidente do Brasil foi à Cúpula do Clima discursar inverdades, usando a velha tática da retórica oposto a prática. Aliás o discurso inclusive foi bem fraco, digno de um governo cujas metas são “passar a boiada”.  Talvez na idade média suas falácias colassem. Porém atualmente temos satélites e uma rede consolidada de ambientalistas e povos originários que lutam contra a destruição e desmonte do patrimonio natural brasileiro. Duas imagens apenas deslegitimam qualquer lorota bolsonarística:

Ministro do Meio Ambiente é acusado de fazer lobby para liberar madeiras de desmatamento da floresta amazônica.

O número de queimadas no Amazonas em 2020 superou o recorde anterior, de 2005 e nada foi nvestigado pelo governo brasileiro.

 

 

João Gonçalves: Do pronunciamento à democracia imperfeita

(João Gonçalves, Jurista)

O que é que aconteceu no dia 25 de Abril de 1974, uma quinta-feira levemente brumosa em plena Primavera já não “marcelista”? Para sermos rigorosos, deu-se um pronunciamento. Seguindo de perto Vasco Pulido Valente em “Os militares e a política (1820-1856)”, INCM, 2005), o pronunciamento caracteriza-se fundamentalmente pelo seguinte:

  • é uma intervenção de oficiais de carreira e de unidades para substituir um governo ou um regime sem violência;
  • tal intervenção procura alcançar a colaboração, activa ou passiva, da totalidade ou da maioria dos ramos das forças armadas, fundamentalmente o Exército, no caso, para subsequentemente impor a vontade dos militares ao poder político vigente.

O 25 de Abril, nestes termos, foi aquilo a que poderíamos designar como um pronunciamento militar clássico em consequência das circunstâncias político-militares da época, a saber, a guerra dita colonial que se desenrolava há mais de uma década na África portuguesa. Se atentarmos na primeira comunicação da Junta de Salvação Nacional, já na madrugada de 26, existe o cuidado em fazer referência explícita a Portugal, e cito de cor, “no seu todo pluricontinental”.

Interesses corporativos do oficialato médio, de carreira, por um lado, e alguma penetração político-ideológica em alguns extractos desse oficialato, por outro, criaram o “caldo” necessário à realização do pronunciamento, para, numa frase que ficaria famosa, acabar “com o estado a que isto chegou”. E a prova de que não existiam intuitos violentos reside no avanço, de Santarém para Lisboa, das “forças” comandadas pelo autor da frase, o capitão de Cavalaria Salgueiro Maia, constituídas maioritariamente por soldados em instrução. As metralhadoras G3 que a maioria carregava não disparavam um tiro. Politicamente, a “arma” mais emblemática usada no pronunciamento foi uma viatura Chaimite que recolheu o essencial do poder político vigente, no seu bojo, entre o Largo do Carmo e a sede operacional do MFA na Pontinha.

Tudo se passou rapidamente após o pronunciamento. A moderação inicial, de que o General de Cavalaria António de Spínola era o rosto principal enquanto Presidente da República, soçobrou no final do Verão de 74. No livro “Rumo à vitória”, o secretário-geral do PCP, o partido mais duradouro e consistente na oposição ao Estado Novo decaído, tinha explicado, com meridiana clareza, como é que tudo se devia passar.

[Read more…]

Portugal, Portugal…

Do que é que estás à espera? Até a Grécia.

Volta, Passos, estás perdoado

O PSD de Rui Rio é uma casa a arder. É uma oposição absolutamente incapaz de acrescentar, de se afirmar e de ombrear com o PS, colocando-se, não raras vezes, no papel de muleta de António Costa, em situações tão degradantes como a partilha das CCDR-N ou o fim dos debates quinzenais no Parlamento. Quando não está a fazer fretes ao governo, ou oposição a roçar a mediocridade, degladia-se com o Chega, que normalizou com o tiro de bazuca nos pés que deu nos Açores, e que custará caro, muito caro ao seu partido. E entre Suzanas Garcias e Isaltinos, iliberalismos e bafio a Estado Novo, o futuro próximo deste PSD parece passar mais por uma luta com o Chega, pelo controle do lado direito do espectro, do que por um embate com António Costa pelo controle do país.

Sou de esquerda, nunca votaria neste PSD (ou no anterior), mas nem por isso retiro qualquer prazer ou satisfação da situação em que o PSD está mergulhado. Acima de tudo porque Portugal precisa de uma alternativa à direita, mais ainda agora que os neofascistas parecem imparáveis no acambarcamento do eleitorado conservador, do qual o PSD ainda é o principal guardião. Mas Rio não está à altura da tarefa. Nem lá para perto. Lidera, de longe, a pior direcção de sempre do PSD. Tão má, tão fraca, tão recheada de nulidades e incompetentes, que me vejo na inesperada situação de afirmar o bizarro: volta, Passos! Estás perdoado.

Rui Rocha: Quem vigia o Estado quando o Estado vigia os cidadãos?

(Rui Rocha, Membro do Conselho Nacional da Iniciativa Liberal)

De onde vem e para onde vai? Estas perguntas, repetidas vezes sem conta pelos agentes da autoridade ao longo dos já inúmeros estados de emergência sucessivamente decretados durante a pandemia, são provavelmente o melhor exemplo do nível de intromissão que, enquanto cidadãos, tivemos de tolerar no decurso do último ano.

Mas, admitindo que esta violação do nosso espaço de reserva teve justificação na necessidade de preservar a saúde pública, há ainda assim uma assimetria entre aquilo que o Estado exigiu aos cidadãos e aquilo que os cidadãos puderam exigir do Estado. Numa relação equilibrada, a vigilância a que os cidadãos são submetidos pode eventualmente ser reforçada em função de circunstâncias excecionais como as que vivemos. Mas tem de ser recíproca.

[Read more…]

António Filipe: Afirmar os valores de Abril no futuro de Portugal

(António Filipe, Deputado à Assembleia da República e membro do Comité Central do PCP)

Pertenço a uma geração para quem a vida em ditadura se resume a uma vaga recordação de infância e que teve a felicidade de já crescer em liberdade e democracia. Depois de nós vieram novas gerações, para quem o exercício das liberdades parece decorrer da ordem natural e imutável das coisas. A democracia tem este efeito quase paradoxal de se integrar de tal modo no dia a dia dos cidadãos que se banaliza aos olhos dos que dela beneficiam. É por isso que é tão importante lembrar que o fascismo existiu em Portugal até Abril de 1974, e que a democracia, conquistada pela luta heroica do nosso povo, é um bem precioso, que importa aprofundar, e defender, de tudo e de todos os que contribuem para a sua degradação e aviltamento.

Na Constituição de 1976, souberam os constituintes edificar os alicerces jurídicos da revolução democrática, com a aprovação de um texto constitucional que conseguiu elevar ao nível de uma Lei Fundamental, e com uma qualidade técnica a todos os títulos notável, um conjunto amplo e significativo de direitos, liberdades, garantias e aspirações de progresso económico e social do povo em cuja representação foi elaborado.

[Read more…]

Memória Fotográfica III: Robert Capa

Tal como anunciado no final da edição anterior da rubrica Memória Fotográfica, falaremos, desta vez, do foto-jornalista Robert Capa.

Endre Erno Friedmann, mais conhecido como Robert Capa

Nascido Endre Erno Friedmann, Robert Capa (22 de Outubro de 1923, Budapeste – 25 de Maio de 1954, Thai-Binh) foi um fotógrafo húngaro do século XX. Endre celebrizou-se como um dos melhores fotógrafos de guerra do século XX, tendo feito a cobertura de vários conflitos armados da primeira metade do mesmo século, tais como a II Guerra Mundial ou a Guerra Civil Espanhola.

Robert Capa / London Express

Durante os anos da sua formação, o jovem Endre descobre-se atraído pelos ideais de índole marxista, considerando-se socialista e, acima de tudo, anti-fascista. Perseguido pela polícia política acaba exilado em Berlim, onde completa os seus estudos e se aproxima da actividade jornalística. Em 1931, inicia a sua carreira foto-jornalística. Trabalha para a agência alemã Dephot, antes de se refugiar em Viena, na Áustria e, a seguir, em Paris, na França. É neste ano que fotografa Leon Trótski, intelectual marxista e revolucionário bolchevique que, após a morte de Vladimir Lenin, se opôs a Josef Stalin, num congresso em Copenhaga, na Dinamarca. [Read more…]

Amar pelos dois. Por todos.

Ontem, ficámos a saber que, para alguns, o 25 de Abril e a Avenida da Liberdade são propriedade privada de uma franja da sociedade. Franja essa que decidiu monopolizar os bons valores de liberdade e democracia que terão sempre como data maior o 25 de Abril. Portanto, democrata? Sim, mas se fores democrata como eu quero.

 

A Associação 25 de Abril tentou impedir a Iniciativa Liberal de ir à marcha no dia em que se celebra a revolução que tirou Portugal de uma ditadura. Um partido que representa cidadãos na Casa da Democracia foi impedido pela A25A como se esta fosse proprietária da Avenida ou das celebrações. O mais lamentável disto não é a atitude da Associação, que surpreende um total de zero pessoas, pois há ódios ideológicos que se sobrepõem ao amor à democracia. Tanto protestam que os outros não ligam ao 25 de Abril como tentam evitar que vão às celebrações. O mais lamentável é ver que isto é encarado com normalidade. É certo que a democracia não fica em causa com este tique ditatorial, até porque se trata de uma associação que se apropriou de uma data de todos, mas devia causar algum desagrado a uma sociedade democrática. Ou democracia é só saber que podemos votar de 4 em 4 anos? Da mesma forma que se algum anormal desenhar uma suástica numa parede, também não fica a democracia em causa, mas mau é se acharmos normal. Mas não, pelo contrário. Confortavelmente, quase ninguém da esquerda, principalmente das forças mais radicais, se mostrou contra. Sendo que alguns até acharam uma boa atitude. Admira? Não, não admira. São gente que confortavelmente defende que o 25 de Novembro não é decisivo também para a nossa democracia. Isto, amigos, é a esquerda portuguesa? Errado. Deixemo-nos dos maus exemplos e falemos do melhor momento de ontem nas redes sociais. O Partido LIVRE convidou a IL e o Volt a juntarem-se à marcha. Mais uma vez, o LIVRE a mostrar que é a única esquerda que é progressista e contra dogmatismos. E também aproveito para aplaudir a atitude de Rodrigo Sousa Castro, que se colocou contra a atitude da A25A.

[Read more…]

Milton Nunes: Portugal e a UE – um casamento que nasceu de abril

(Milton Nunes, Conselheiro Económico da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu)

O 25 de abril marcou o início do namoro entre Portugal e a CEE, que acabaria em casamento em 1986. É inegável o papel que a Europa desempenhou no processo de estabilização política e na construção das traves-mestras do nosso estado de direito e democracia. Para isso, os parceiros europeus negociaram um conjunto de exigências, seguindo a estratégia do “pau e da cenoura”, rumo ao cumprimento exemplar dos critérios de adesão. Não é por acaso que na campanha das primeiras eleições constitucionais de 1976, Mário Soares e o PS tenham escolhido como slogan de campanha o célebre “Europa connosco”. O entusiasmo do povo português pelo processo de integração fervilhava nos primeiros anos de democracia e prova disso foram os níveis de participação nas primeiras eleições europeias em 1987, que continuam a ser os mais elevados de sempre. A chama da paixão foi, a pouco e pouco, substituída por um casamento de conveniência, apesar de o amor persistir. Portugal continua a ser um dos países mais pró-europeus na UE, mas fica a sensação de que o portugueses ainda não perdoaram a “traição” dos anos duros de austeridade. Sem chama e sem fulgor, atingimos os níveis mais elevados de abstenção de sempre em 2019 e sente-se no ar uma preocupante desconfiança em relação às instituições. 

É preciso restabelecer a confiança e isso passa, em primeiro lugar, por reafirmar o valor acrescentado da UE na vida das pessoas e agir sem tréguas para dar resposta à crise, rumo a um futuro em que o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental sejam o foco da atividade política. Isso requer coragem, ambição e investimento sem precedentes, quer ao nível nacional, quer ao nível europeu. Não é possível falar de forma séria sobre estes objetivos sem falar dos vários instrumentos que continuam a faltar na UE para possibilitar mais investimento nos serviços públicos, mais criação de emprego ou para reduzir as desigualdades. Ao mesmo tempo, não podemos cair nos erros do passado porque a desconfiança também advém daí. O futuro da UE não depende de uma Conferência sobre o seu Futuro para deixar tudo na mesma. Parece-me que o Futuro da Europa dependerá sim, a curto prazo, de uma receita para a recuperação que não envolva austeridade e, a médio-longo prazo, da introdução de processos mais democráticos e transparentes para que as pessoas sintam o retorno direto do seu voto nas europeias. E tudo isto é possível alcançar nos limites dos atuais tratados. 

[Read more…]

Até um dia destes, Virgínia.

A Virgínia partiu mas só fisicamente. Ficará na memória de todos aqueles que com ela se cruzaram. Um dos projectos da Virgínia era a Associação Girls Move, para ajudar à criação de uma nova geração de mulheres líderes em Moçambique. Segundo as suas irmãs, será transformado no Fundo Virgínia Coutinho para ajudar jovens adolescentes, em Moçambique.

Se algum dos nossos leitores quiser fazer parte deste projecto pode fazê-lo para:

Associação Girls Move Portugal
IBAN: PT50003300004548587001605
Podem ver toda a informação AQUI.

Derek Chauvin condenado pelo assassinato de George Floyd

O assassino de George Floyd foi justamente condenado mas, como tantos outros casos o demonstram, a condenação dificilmente seria a que foi se a resposta popular não tivesse acontecido. Os arautos do lema “à justiça o que é da justiça” deviam pensar que a justiça é menos injusta quando é obrigada a ouvir o que se passa para lá das portas dos tribunais. Não se trata de voltar ao tempo dos linchamentos e das fogueiras, nem tão pouco de transferir para as redes sociais ou para os fósforos que deixaram os EUA a ferro e fogo a tarefa do sistema de justiça, mas trata-se de não deixar que os tribunais, por mecanismos que ninguém entende, arrisquem um exercício da lei contrário às evidências. Todos vimos George Floyd a ser barbaramente assassinado por Derek Chauvin naqueles intermináveis oito minutos. O vídeo que o registou até pode ser ilegal, mas sem ele teria prevalecido a tese da defesa e seria só mais um negro sem nome a morrer de ataque cardíaco, na vala comum da brutalidade policial. Esta sentença não resolve tudo, mas deixa os racistas fardados, nos EUA e no mundo, com o gatilho mais manietado.

João Cotrim de Figueiredo: E depois do Adeus

(João Cotrim de Figueiredo, Presidente da Iniciativa Liberal e deputado à Assembleia da República)

A revolução estava planeada. As tropas, de prevenção, aguardavam a senha para dar execução ao plano. Na verdade, duas senhas que tinham de chegar, simultânea e discretamente às várias unidades conjuradas. Em 1974, só através de uma rádio se poderia fazê-lo.

Foi assim que, às 22:55h do dia 24 de Abril de 1974, quem estava sintonizado na frequência da estação Emissores Associados de Lisboa pôde ouvir, sabendo-o ou não, a primeira senha do movimento militar que haveria de derrubar a ditadura no dia seguinte. Paulo de Carvalho cantava “E depois do Adeus” e Portugal nunca mais seria o mesmo.

Quis saber quem sou/

O que faço aqui/

Quem me abandonou/

De quem me esqueci

(Letra: José Niza. Música: José Calvário)

 

A canção devia ser, por esses dias, das mais ouvidas na rádio. Menos de um mês antes tinha representado Portugal no Festival da Eurovisão em Brighton. Ficou em último lugar, sem surpresa. Mas a sua popularidade entre portas continuava alta pelo que ninguém estranharia, nem mesmo a polícia política, ouvi-la na rádio. Era uma canção popular e sem conotações políticas. Foi escolhida como primeira senha da revolução exatamente por isso: para passar desapercebida a todos menos aos capitães de Abril. [Read more…]

Futebol é dos adeptos?

Sim, basta querer. Vamos ver qual é a próxima cambalhota dos socialistas para colar a Superliga Europeia ao capitalismo.

A Euroliga e a infalibilidade liberal

Os liberais defendem a livre concorrência como garantia da melhoria da qualidade seja do que for, de empresas a escolas, passando por hospitais e mercearias, porque o mundo é sempre simples se olharmos para ele com as lentes do dogma.

No mundo das empresas, e de acordo com o pessoal liberal, o sucesso é sempre resultado do mérito. Se alguém ganha mais, é porque fez por isso e, portanto, merece. Se uma empresa tem lucro, é porque os gestores foram competentes. Críticas à distribuição de dividendos por uma minoria ou reclamações por melhores salários são sempre desvalorizados pela onda liberal, em nome da meritocracia – quem não está melhor é porque não dá para mais e, desde que os mercados funcionem, quem estiver em lugares cimeiros estará sempre por merecimento.

Qual não é o meu espanto, quando vejo tanto liberal adepto do futebol a criticar a ideia da Euroliga (que nem sequer é nova), usando, de maneira inábil, o argumento de que tudo isto é contrário à meritocracia, essa alegada essência do capitalismo! Ora, há muitos anos que os clubes que defendem este projecto se transformaram em empresas cujas receitas são, em grande parte, geridas pela UEFA ou pela FIFA, centrais de negócios disfarçadas de confederações. Estes clubes, para usar a vulgata liberal, estão na posição em que estão graças ao mérito, foi esse mérito que lhes deu poder e projecção, tornando as suas marcas globais. [Read more…]

Os donos de Abril

25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais. Upssss:

#istoaindanãoéacoreiadonorte

Até no futebol: mais capitalismo, menos amiguismo!

Houve algo que sempre me fascinou no futebol. Mais do que grandes golos, belos passes, jogadas monumentais. É o sonho. O sonho daqueles que ambicionam sempre mais um bocado e, por vezes, conseguem feitos que nos fazem querer a todos sentir um pedaço daquele momento. Quem não vibrou minimamente com a chegada do Braga à final da Liga Europa? A ida do Paços de Ferreira à Champions? A ida do Leixões à Taça UEFA por ter chegado à final da Taça de Portugal? Com o Leicester Campeão? Com a chegada do Ajax às meias-finais da Champions? Com a passagem do Porto contra a Juventus?

 

O futebol tem destas coisas. O futebol dá-nos uma certeza: ganha quem marcar mais, quem conseguir melhores resultados. As dimensões dos campos são as mesmas, as balizas também e o campo é plano. [Read more…]

O FC SHeriff Tiraspol e a Superliga Europeia.

Quando na época passada O FC SHeriff Tiraspol da Moldávia defrontou o Cercle Sportif Fola Esch do Luxemburgo, provavelmente nenhum de nós terá naturalmente ligado muito. Nessa eliminatória, o campeão de um dos países mais pobres da Europa defrontou o vencedor do país mais rico. Mas naquele jogo quase insignificante não estiveram apenas dois clubes, mas sim símbolos de países, cidades e culturas. Um bocadinho da Europa esteve ali. Uma Europa que não pertence a esta Superliga.

[Read more…]

Pinto da Costa desrespeita Pinto da Costa

Pinto da Costa critica arbitragem do Sporting (2021)

“Falar de árbitros é estúpido, mas há muitos estúpidos” (2012)

Joacine Katar Moreira: 25 de Abril não é passado, Futuro!

(Joacine Katar Moreira, Historiadora, Deputada à Assembleia da República)

Comemoramos o segundo 25 de Abril em contexto de pandemia sanitária provocada pelo vírus SARS-COV, responsável pela doença COVID-19. Foi um ano difícil e imprevisível, que juntou a crise sanitária a uma crise social latente que ganha e ganhará novos contornos. Fomos todos obrigados a repensar os hábitos, os prazeres e as relações sociais com as medidas de isolamento, distanciamento e confinamentos sucessivos, mas também o emprego com o teletrabalho e o crescente desemprego, a escola com as aulas online e o futuro.

Mas falando de futuro, e da imprevisibilidade que o pode caracterizar, sabemos, no entanto, que dele depende boa parte do presente e das decisões tomadas hoje, tanto políticas como as pessoais. Neste quadro, é da nossa responsabilidade a salvaguarda da democracia e das suas instituições como garantes de um futuro marcado pela igualdade, a liberdade e maior diversidade, ou de permitir retrocessos políticos e o afirmar de ideologias já vencidas como as pró-fascistas – com o autoritarismo, a perseguição, a censura, a misoginia e o racismo que o caracterizam.

Ouviremos aqueles que abominaram sempre as transformações democráticas, pelo desconforto que trouxe aos seus privilégios, a apontar o caminho para trás, usando as dificuldades quotidianas, as frustrações legítimas de parte da população, para piorar – nunca para melhorar – as suas vidas. 

[Read more…]

Super-Euros

Imagem retirada de Marca.com

Para quem tanto gosta do mercado livre, da mão invisível, do capitalismo como um todo, da ganância e do crescimento económico, esta ideia de “Super-liga Europeia” deve deixá-lo nos píncaros da felicidade.

Não me venham com “o futebol é do povo”; não, não é. Há muito deixou de o ser. Quando o que interessa no desporto são os financiadores, os patrocinadores, os empresários e os políticos, fica tudo dito sobre a “classe” a que hoje pertence o futebol.

Habituem-se, se já não estavam habituados: o futebol é de quem mais dólares tem na conta bancária, dos milionários das Gazproms e dos oligarcas espalhados por esse mundo fora. O futebol não é um desporto, há muito deixou de o ser; é uma plataforma de troca e venda de pessoas a custos irreais e um negócio rentável para quem mais tem. Enquanto isso, a pobreza grassa, a pandemia acentua a tendência e os mais ricos… bem, os mais ricos mais ricos ficam.

Dito isto, aproveitem bem os benefícios deste bom capitalismo.

Rui Moreira comenta pronúncia de José Sócrates por Ivo Rosa

Sei, tenho bem presente e defendo a presunção de inocência a que todos os indiciados, arguidos, acusados e pronunciados têm direito até ao trânsito em julgado, mas isso não obsta a leitura política.
Nessa perspectiva, talvez eu seja esquisito em demasia, não me caiu nada bem que Rui Moreira, acusado pelo Ministério Público, tenho usado o espaço de comentário que tem na TVI para zurzir num outro acusado e agora pronunciado, José Sócrates.
O pudor nestas situações, mesmo de quem se sabe inocente, deveria sensibilizar ao recato.