É favor avisar o SEF…

O Governo de Portugal já anunciou que estamos disponíveis para receber ucranianos.

Agora pagamos testes a quem quer ir para a borga!

Deu-me para revisitar autores de diversas ideologias, desde liberais, social-democratas, socialistas democráticos e, hélas, nem um desses teóricos defende que devo pagar testes que outros necessitam para fins recreativos!

Nada tenho a ver com a vida dos outros e acho muito bem que se divirtam tanto ou mais que eu, mas assim como estou habituado a pagar a minha vida social e recreativa, parece-me, no mínimo, inusitado e até inconstitucional o governo e/ou as Câmaras Municipais oferecerem esses testes, ou seja, obrigarem-me a pagar, o que outros precisam para aceder a locais para esse fim!
É por uma questão de segurança colectiva? Por favor, quem pretender estar seguro fica em casa ou, caso não pretenda, pague a sua opção de lazer.
Talvez na China isso ainda seja possível, mas é o primeiro passo de muitos seguintes…

Cavaco Silva e André Ventura: a mesma luta

Segundo Cavaco Silva, o PSD devia entender-se com o Chega. É uma opinião legítima, entenda-se, mas que surpreende um total de zero pessoas, excepto as que estiveram hermeticamente fechadas numa arca criogénica nos últimos 40 anos. Falamos do mesmo Cavaco que se sentia perfeitamente integrado no regime fascista, politicamente e moralmente abonado por três fascistas no exercício de funções. O mesmo Cavaco que recusou uma pensão a Salgueiro Maia e atribui a dois inspectores da PIDE, António Augusto Bernardo e Óscar Cardoso. O mesmo Cavaco que boicotou Saramago por motivos ideológicos. O mesmo Cavaco que apelidou o 10 de Junho de “dia da raça”. O mesmo Cavaco que votou contra a resolução da ONU, aprovada por esmagadora maioria, em 87, que exigia a libertação de Mandela. The list goes on, pelo que não existe surpresa alguma em ver Cavaco do lado dos neosalazaristas. A única surpresa é não ter sido ele a fundar o Chega. Ou ter assentado arraiais num partido de centro-direita com designação oficial de ideologia de centro-esquerda. Isso sim, surpreende.

Apelo ao rigor nas prioridades de vacinação

A DGS anuncia a recomendação de vacinar contra SARS-CoV-2 crianças dos 5 anos aos 11 ano. Não tenho opinião, nem conhecimento científico para a formar, nem filhos dessa idade, mas sei que os especialistas se encontram muito divididos.

Imagem site da DGS

A DGS, em comunicado, assenta a sua recomendação na posição da “Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 (CTVC), segundo a qual, a partir dos dados disponíveis, a avaliação risco-benefício é favorável”.
Ora, segundo Cristina Camilo, presidente da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos, “apenas 4 crianças dos 5 aos 11 anos estiveram internadas com doença Covid aguda, das quais três tinham comorbilidades importantes”.
Não será por acaso, mas talvez pela mesma razão que Cristina Camilo indicou, que o Centro Europeu de Doenças (ECDC) considerou que [Read more…]

O passageiro Cabrita

Costa insistiu, até ao limite e para lá dele, em não remodelar. Cabrita, há muito sem margem para manobra, auto-remodelou-se. O que é muito conveniente para António Costa, na medida em que tem agora a desculpa perfeita para não integrar Eduardo Cabrita no próximo governo – caso vença as eleições e consiga congregar uma maioria parlamentar em torno do seu projecto – sem ter que admitir que errou ao segurar, vezes demais, um dos ministros mais trágicos da história da democracia portuguesa. Como Pilatos, Costa pode agora lavar as mãos, mas o tempo e a história, sempre implacáveis, tratarão de o julgar.

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Finalidades do Certificado de Vacinação e dos Testes

Vários governos de vários países instituem, como medida de precaução contra a propagação do vírus, a apresentação do Certificado Digital de Vacinação e ou de um teste PCR negativo com o máximo de 72 horas ou um antigénio com 48 horas.
Alheando-nos do acordo entre os membros da UE de livre circulação com o Certificado Digital, detenhamo-nos sobre o que nos indicam cada um desses documentos. Não dou novidade a ninguém de que o Certificado apenas indica que estamos vacinados de acordo com as normas da OMS, ou seja, com as 2 doses da vacina. Os testes demonstram, sem esquecer a margem de erro anunciado, que não estamos infectados nem somos portadores do vírus SARS-COV-2.

Nesta conformidade, pergunto: qual o propósito de obrigatoriedade de apresentação de um certificado de vacinação a para franquear entrada seja onde for? Contém, porventura, alguma prova de que não sou portador do vírus? Não, de forma alguma! O único documento que pode provar que não sou portador do vírus é o resultado negativo de um teste.
Para quê, [Read more…]

Rio abaixo, em direcção ao precipício

Entrevistado por Vítor Gonçalves, na RTP, Rui Rio assumiu estar preparado (e determinado) para dialogar com o PS. Para evitar que Costa se volte a virar para BE e PCP, sublinhou. Ou para viabilizar o seu próprio governo, inevitavelmente minoritário, agora que, assegura, não há diálogo possível com o Chega.

Por muito que se possa elogiar este aparente sentido de Estado, mesmo depois de Costa ter feito questão de detonar, com estrondo, a ponte com o PSD, é preciso não conhecer o partido em que se transformou o PSD para cometer este hara-kiri em canal aberto. Um partido em que parte significativa dos seus militantes, altamente radicalizados, agarrados a uma narrativa lunática muito idêntica à pregada pela extrema-direita, defende que vivemos num regime totalitário idêntico ao venezuelano, controlado por um lobby gay-feminista-socialista, financiado pela dupla Soros & Gates, que quer reduzir a população mundial através da ideologia de género, com a lavagem cerebral a começar na escola primária.

Estas pessoas não querem nem ouvir falar de acordos com o PS. Preferem o Chega. A própria IL, para muitas destas pessoas, é uma perigosa agremiação de esquerda. Pessoas que comparam Costa a Salazar e, em caso de dúvida, escolhem o segundo. Rio parece já não conhecer a sua audiência. Paulo Rangel, mais táctico e calculista, agradece.

O Velhaco

     Hugo Arsénio Pereira
     Ainda não percebi se por desleixo, se por tropeçar em si próprio de tão sôfrego e ansioso que é, se fez de propósito, ou se se está já a “cagar” simplesmente por ser o segundo mandato, este discurso da raposa que está em Belém foi tão óbvio e descarado naquilo que são as suas intenções desde sempre, que é facílimo de desmontar e contradiz-se a si mesmo. Senão vejamos:
     «Era um orçamento importante num momento importante (…) de acesso a fundos europeus. (…) A rejeição ocorreu logo na primeira votação, não esperou pelo debate e discussão na especialidade (…)»
     Engraçado…Foi precisamente ele, o Presidente da República, que não esperou sequer pelas negociações e conversações públicas e, precisamente, as da Assembleia da República, para gritar aos quatro ventos que ia dissolver a Assembleia e convocar eleições…Precisamente “num momento importante (…) de acesso a fundos europeus.”
     «A base de apoio do Governo mantida desde 2015. (…) [houve] divergências (…) que pesaram mais do que o percurso feito em conjunto até aqui.»
     Marcelo, o Presidente, a fazer de comentador televisivo, novamente. Marcelo sabe que desde 2019 que não existe base formal (repito, formal) de apoio ao Governo, que este, again, formalmente, claro, governa sozinho, em minoria, contrariamente ao que sucedia entre 2015-2019, onde havia…formalmente, again…aquilo a.k.a. acordos de incidência parlamentar. Marcelo sabe isso, mas decidiu fazer de Marques Mendes. «(…)e pesaram [as dissidências] mais do que o momento vivido (…) à saída da pandemia, e da crise económica e social (…) já bastava uma crise na saúde, mais outra económica e outra na sociedade e que, por isso, dispensava mais uma crise política a somar a todas elas». E, perante essas crises todas, o que é que este rato velho faz? Grita, antes das conversações, again, formais, que vai convocar eleições, comprometendo qualquer remota hipótese de mudança de posição e, por conseguinte, de aprovação do orçamento.
     «[eu] disse atempadamente que a rejeição do Orçamento conduziria a eleições antecipadas e que não haveria terceiras vias (…), a de um novo orçamento». Marcelo, não o Presidente, nem o comentador, mas o professor de Direito, sabe que, constitucionalmente, o chumbo de um orçamento não leva automaticamente à dissolução da Assembleia e a eleições. Sabe que existem, constitucionalmente, again, formalmente, aquilo a que ele chama de terceiras vias. Mas fingiu que não é prof. de Direito, e fez disso tábua rasa [não estou a dizer, atenção, que o ideal era o PS apresentar um novo orçamento, estou só a tirar a maquilhagem à raposa].

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Sentido de Estado e a memória curta da direita: o caso do irrevogável Paulo Portas

Agora que o chumbo está consumado, e voltando ao spin dos últimos dias, a propósito das críticas que foram sendo feitas à postura do BE e do PCP, esses bandalhos que estavam a enganar o país com uma encenação desavergonhada, confortavelmente instalados no bolso das moedas de António Costa, e que acabariam por vender o seu voto e a sua integridade por cinco tostões, mas que lá se juntaram aos seus detractores para sepultar o que restava da Geringonça – paz à sua alma! – vamos lá viajar até 2013. E vamos de submarino.

Aquando da demissão de Paulo Portas – que era irrevogável, assumia o próprio em comunicado – o país mergulhou numa crise política que significou um aumento de 8% dos juros da dívida pública, qualquer coisa como 2,3 mil milhões de euros. Foi este o preço da birra do último governo de direita: 2,3 mil milhões de euros. Acontece que as convicções de Portas, mais a irrevogabilidade da sua demissão, tinham, também elas, um preço, que Passos Coelho decidiu pagar: promoveu Portas e vice-primeiro-ministro e cedeu mais um ministério ao CDS-PP, desta feita o da Economia, com a pasta a ser entregue a Pires de Lima. E o irrevogável deixou de o ser.

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6 anos de delirante “método Betadine”

Vamos lá ver se entendem de uma vez por todas: raramente (raramente é um eufemismo) o Estado tem dinheiro próprio; os colossais recursos que “gere” (outro eufemismo, a palavra correcta seria “delapida”) resultam dos impostos, contribuições, taxas e “taxinhas” que somos coercivamente forçados a pagar; isto é, o tal “dinheiro do Estado” é produto de uma espécie de  “racketeering” em que, legalmente, se obriga o Contribuinte a pagar por uma protecção que depois pode ou não ocorrer (normalmente, não). 

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Salamaleques

É interessante ver toda esta encenação de entrega do Orçamento do Estado pelo Ministro das Finanças ao Presidente da Assembleia da República. Ou melhor: a proposta de Orçamento do Estado.

Nenhuma outra “proposta”, é tratada com semelhante solenidade.

Numa república, esta solenidade não passa de uma encenação absurda. Ridícula.

Não contribui em nada para a identidade nacional, para a coesão do país, ou para a dignificação do que quer que seja.

Tanto mais que, numa governação minoritária, a aprovação do Orçamento do Estado é, cada vez mais, uma etapa de sobrevivência do Governo em exercício para mais um ano.

Uma solenidade de tiques palacianos num país em que 20% da população é pobre. Sim, temos 2 milhões de pobres em Portugal, e o número continua a aumentar. E andamos a perder tempo com mesuras teatrais e patéticas.

O Titanic afunda-se, mas a orquestra está preocupada em afinar os instrumentos para o baile que se segue.

Como resolver os problemas do país em três tempos

As notícias têm sido recorrentes. Vários sectores profissionais têm piorado de ano para ano. Porém, a solução é extremamente simples, como veremos.

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Orbán agradece a “neutralidade” do Estado português

A presidência portuguesa do Conselho da União Europeia termina dentro de poucos dias. Uma semana, para ser mais preciso. Ainda assim, essa curta semana serviu de argumento para que o governo português se recusasse a assinar uma carta subscrita por 12 estados-membros (Espanha, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Estónia, Letónia e Lituânia), que apela as instituições europeias para “utilizar todos os instrumentos à sua disposição para garantir o pleno respeito pelo direito europeu” face à legislação homofóbica aprovada recentemente pelo parlamento húngaro, que vem reforçar o segregacionismo da comunidade LGBT. O governo português, que alegou “dever de neutralidade”, por ainda ocupar a presidência do Conselho da UE, coloca-se, deste modo, do lado do opressor. Porque não existe verdadeira neutralidade quando perante um tabuleiro tão desequilibrado. Existe a coragem ou a rendição. E o governo português, sempre tão alegadamente progressista, escolheu vergar-se ao homofóbico neofascista Orban. Escolheu ceder quando não podem haver contemplações, como o primeiro-ministro holandês deixou hoje claro. E sim, isto deve preocupar-nos. Começam a ser sinais a mais de défice democrático.

Pedro Adão e Silva – um comissário a peso de ouro

Pedro Adão e Silva, nomeado pelo governo para preparar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril irá embolsar para o efeito cerca de 4.500 euros por mês até ao final de 2026!
Queria acreditar que fosse fake news mas, até ao momento, a notícia do Porto Canal não foi desmentida!
Não é à toa que cada vez há mais jornalistas e comentadores que não passam de porta-vozes, seja de que partido, clube ou seita for, cartilheiros ou comentadores do regime. Não! Ganha-se muito bem, bem mais do que a trabalhar e não será despiciendo perguntar se não será o amigo Carlos Silva a pagar semelhante baú de ouro. Creio bem que não, infelizmente, seremos mesmo nós!

Está tudo a saque, dirá o povo, mas nós, [Read more…]

Turismo de subserviência e outras cabritices

O Reino Unido anunciou hoje a exclusão de Portugal da sua “lista verde”, que permitia aos turistas ingleses fazer férias em Portugal e regressar ao país sem cumprir quarentena. A decisão das autoridades britânicas, baseada na evolução dos números da pandemia, era previsível, depois daquilo que foram os festejos do campeonato ganho pelo Sporting, que agora se reflectem no aumento diário de casos em Lisboa e Vale do Tejo. Ontem, por exemplo, 50,8% dos novos casos positivos foram registados naquela ARS. No dia anterior foram 60,6%. No anterior 81,6%. And so on.

A vantagem sobre outros concorrentes do turismo, como Espanha, Itália ou Grécia, durou pouco tempo. Foi desperdiçada. E, a continuar assim, depois do outro grande evento desportivo que foi o encontro de hooligans ingleses na Ribeira do Porto, corremos algum risco de, daqui por duas semanas, estarmos a assistir a um novo pico de infectados. E, eventualmente, mais restrições. Internas e impostas pelos países que cá vêm passar férias. Ou vinham.

E tudo isto porquê?

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XII Convenção do Bloco de Esquerda: Justiça na Resposta à Crise

Fotografia: LUSA

Realizou-se este fim-de-semana, em Matosinhos, a XII Convenção do Bloco de Esquerda.

Depois de quatro anos de “geringonça” e de acordos firmados à Esquerda com o Governo do Partido Socialista e depois de mais quase quatro anos de oposição a um Governo teimosa e prepotentemente minoritário do mesmo partido, o Bloco de Esquerda reuniu-se a Norte para aferir o pulso aos seus militantes e à sua direccção. Catarina Martins, apesar de algo contestada interiormente, venceu e parte assim para pelo menos mais dois anos à frente do partido.

Mas vamos ao fundo da questão. Depois de quatro anos em que o objectivo foi, em conjunto com o PCP e com o PS a governar, reverter a maioria das medidas da Troika, o PS partiu para as eleições de 2019 a apostar em dois trunfos: um, o primeiro, o da maioria absoluta; esperança acalentada até ao fim, tratada como tabu publicamente, mas objectivo premente nas hostes internas; o outro, menos significante para António Costa e Cª, a da continuação dos acordos à Esquerda. Contudo, findado o acto eleitoral de 2019, decidiu o PS governar sozinho, minoritariamente, julgando que podia ceder à Esquerda e à Direita quando melhor lhe conviesse, arregimentando, assim, votos de um lado e do outro, e secando a oposição. Podemos dizer, ainda assim, e tendo por base as sondagens que têm vindo a público, que a estratégia do Partido Socialista não tem saído, de todo, furada – mas, neste ponto em concreto, teríamos base para outro texto.

Fazendo jogo duplo, julgou o PS que, chegada a hora da votação do Orçamento de Estado, tudo se decidiria sem sobressalto. Enganou-se. Para o OE’21, o Bloco de Esquerda insistiu num x número de medidas – que, diga-se de passagem, nem eram todas quantas o partido idealizaria -, entre as quais o reforço do SNS (através da contratação de mais profissionais, sejam médicos, auxiliares ou enfermeiros), a reversão das medidas do Governo PSD/CDS, impostas pela Troika, no que diz respeito à Lei Laboral, e um aumento da rede de protecção social, para prevenir o desemprego e ser possível responder ao aumento anunciado do mesmo, face à situação pandémica. A nenhuma destas propostas atendeu o PS, preferindo, todavia, ceder noutras matérias propostas pelo PCP e contar com a abstenção dos comunistas (e do PAN). Teve azar, o Partido Socialista, pois no Bloco de Esquerda nunca nos contentamos com pouco. Mesmo quando o contexto é mais apertado e complicado, sabemos é que é possível ir mais além e conceder mais a quem trabalha. Ao contrário do PS, não está o Bloco de Esquerda, (bem ou mal, dependendo do espectro político e dos valores ideológicos de cada um) preso às imposições neo-liberais da Comunidade Internacional, encabeçadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América. Está, isso sim, interessado o BE em dar mais condições a quem trabalha, a quem está à margem, a quem não vê reconhecidos os seus direitos nas áreas do trabalho, da educação, da saúde ou da segurança social. E isso basta-nos para sabermos dizer “não” às pretensões do PS de colonizar a Esquerda. [Read more…]

Bidonville-sur-Odemira

Em Odemira, Portugal olhou-se ao espelho e contemplou um dos resultados de anos de abandono e negligência a que o país profundo foi condenado pelo eucalipto centralista, comandado por um centrão incompetente que se está nas tintas para aquilo que se passa para lá da sua bolha, com uma ou outra excepção pontual.

Poderíamos falar sobre os danos profundos que alguma daquela agricultura intensiva causa nos solos, esgotados e envenenados por fertilizantes cancerígenos, ou na quantidade absurda de água que algumas daquelas culturas consomem, que aprofundou a sua escassez, num distrito onde sempre falta água e pouco ou nada chove.

Poderíamos falar sobre o abandono e o esquecimento a que está entregue o Alentejo, seja Beja ou o monte mais recôndito, com uma população envelhecida, empobrecida e que se sente invadida – e é manipulada a senti-lo – por imigrantes mais novos, diferentes, com uma língua e uma religião diferente, e tudo isto no quadro de uma estrutura social incapaz de absorver o impacto da nova realidade populacional, sem forças de segurança, cobertura de serviços de saúde ou infraestruturas básicas adequadas. [Read more…]

Governe, Dr. Costa. De preferência à esquerda

Não percebo a polémica em torno da “coligação negativa” que aprovou o alargamento dos apoios sociais no combate aos efeitos económicos da pandemia. Por vezes, parece que nos esquecemos que quem realmente manda é o Parlamento, não o governo. Agora, no momento em que não convém a António Costa que assim seja, como em 2015, quando lhe correu tão bem que conseguiu governar, apesar de ter ficado atrás de Pedro Passos Coelho. A democracia representativa, quando nasce, é para todos. E o PS, que governa minoritariamente, e que até rejeitou acordos escritos com os antigos parceiros da Geringonça, que poderiam ter evitado mais este balázio no pé, já devia ter percebido isso.

As contas são algo complexas para um ignorante como eu, mas, grosso modo, a coisa custará uns 40,4 milhões de euros por mês. 3,3% da primeira injecção de 1200 milhões na TAP. 1%, se considerarmos as estimativas que apontam para um investimento total de 3700 milhões até 2024. Substituindo TAP por Novo Banco, estes 40 milhões equivalem a uma miserável percentagem de 0,4% dos 11.263 milhões que já torramos no banco “bom”, até Maio de 2020. 2,2% do custo anual da corrupção em Portugal, estimado em 1820 milhões pelo relatório de 2018, The Costs of Corruption across the EU, do grupo parlamentar dos Verdes/Aliança Livre Europeia. Mas como este é ano de autárquicas, prevê-se um aumento substancial nesta rubrica, pelo que aquela percentagem ainda deve descer. Peanurs, como dizia o outro. E com tanta despesa por executar, tantas cativações e a bazuca quase quase a chegar, não há de ser por 40 milhões por mês que não se ajudam as muitas vítimas das medidas de confinamento.

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Concessão das barragens da EDP: a anatomia de um golpe

Retóricas novilinguísticas sobre socialismos e liberalismos à parte, o caso da concessão das barragens no rio Douro pela EDP à Engie é um daqueles sinais, por demais evidentes, de um longo historial de vassalagem do Estado aos mais poderosos interesses privados. Este negócio, que remonta a 2019, traduziu-se numa venda na ordem dos 2.200.000.000€, estando sujeito ao pagamento de Imposto de Selo de 5% do valor total da transacção, os tais 110 milhões de euros de que tanto temos ouvido falar nos telejornais.

No ano seguinte, estávamos nós já demasiadamente ocupados com vírus e outras pandemias, o governo decide alterar o artigo 60 do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) alargando a isenção do Imposto de Selo a qualquer estabelecimento comercial, industrial ou agrícola que esteja abrangido por operações de reestruturação. E o que fez a EDP? Reestruturou-se.

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O estranho caso do desastroso plano de vacinação

Muito curiosa, a forma como, todos os dias, quase sem excepção, a imprensa controlada pela esquerda e pelos 15 milhões de publicidade antecipada pelo governo insiste e persiste na narrativa “o plano de vacinação está a ser um desastre”. Agora imaginem que a imprensa era controlada, total ou parcialmente, pela direita. Até porque, convenhamos, o Observador, o Sol, o I, o Eco, o CM, o Negócios, Sábado e o JN são esquerdalhos que dói. Para não falar nos espaços de opinião nos canais noticiosos, onde o CDS ainda tem mais comentadores de serviço que qualquer partido à esquerda do PS. Onde o CH e a IL têm (muito) mais tempo de antena que o PCP. São redacções e redacções repletas de camaradas de punho cerrado, foice na não e martelo no coldre.

P.S. Estar em 10° lugar entre a UE + UK não é nenhuma proeza digna do Guiness, mas é menos ainda o reflexo do desastre que a tal narrativa nos tenta impôr.

Este país não é para resilientes

Transição energética, digitalização e obras públicas. É sobretudo destas três áreas que temos ouvido falar, quando o tema é o Plano de Recuperação e Resiliência. E poucas coisas nos dizem tanto sobre o país em que vivemos, sobre a União que integramos, como este conjunto de prioridades, que, não sendo negligenciável, em particular naquilo que diz respeito ao combate contra as alterações climáticas, parece ignorar uma parte do país real. A parte que foi silenciosamente empurrada para a pobreza, pela pandemia e pela ausência de uma estratégia que a contemple, que quer trabalhar e não pode, sem que nenhuma solução alternativa lhe seja apresentada. Os segregados deste admirável mundo novo.

E não, isto não se resume apenas à crise que se abateu sobre a restauração, sobre a cultura, sobre turismo, ou sobre o tecido produtivo, feito de micro, pequenas e médias empresas. Estão todos em muito maus lençóis, no doubt about that. Mas não são invisíveis, ou sequer ignorados, como outros que, não dispondo de tempo de antena, organização de classe ou de figuras mediáticas que os representem, com amigos influentes no Twitter e no Instagram, acabam esquecidos, nesta guerra pelos recursos europeus, ou pelas migalhas que sobrarão do banquete que se antevê.

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Suspeito de vacinação indevida

“Suspeito de vacinação indevida” é o crime do momento. Já não há corrupção, não há violência doméstica, não há condução sob o efeito de álcool, não há criminalidade económica nem tráfico de influências. O que há é um pequeno grupo de chicos-espertos, versão “pulha sem escrúpulos ou vergonha na cara”, que fura o plano de vacinação com muita criatividade, as mais esfarrapadas desculpas e uma imensa cara de pau, levando maridos, filhas e notáveis de um qualquer conselho de administração consigo. São sobretudo autarcas, quiçá a espécie mais versada na arte do crime em Portugal, mas também administradores de IPSS, gestores hospitalares e outros vigaristas em posição de poder. E quanto mais pequeno o meio, mais fácil o assalto: voltando aos autarcas, basta ver como se gere a maioria das câmaras municipais e juntas de freguesias desde país, principalmente fora dos grandes centros urbanos, onde o escrutínio mútuo é mais elevado, para percebermos isso mesmo. Se se gerem orçamentos camarários e o acesso à função pública em função dos apetites e das necessidades das habituais redes de tráfico de influências, em prejuízo dos concelhos e dos munícipes, porque não desviar umas vacinazitas? Os idosos em princípio nem vão votar!

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O estranho caso da procurador europeu

Fala-se muito no Chega como um fenómeno novo, que veio mobilizar uma parte do eleitorado abstencionista, quando, na verdade, está a crescer à custa do desaparecimento estatístico do CDS-PP, levando consigo o sector ultraconservador e saudosista do partido, ao mesmo tempo que subtraí eleitorado ao PSD, também ele ultraconservador, mas, até então, acomodado aos benefícios que a rotatividade no poder lhe trazia.

Não obstante, e, apesar da subida do PS nas intenções de voto, algo que parece resultar de uma transferência de votos provenientes do BE, ainda a pagar a factura por ter tirado o tapete a António Costa no último orçamento de Estado, parece-me claro que o Chega está a beneficiar do ambiente de suspeição que rodeia o governo e a figura do primeiro-ministro. Porque não há melhor alimento para o populismo e para a extrema-direita, do que haver quem no poder valide a sua narrativa. Aliás, importa referir que o Chega é um subproduto de mais de 4 décadas de miséria governativa protagonizada pelo bloco central, com as suas portas rotativas e esquemas público-privados. [Read more…]

Brandos costumes pidescos

Assinalou-se, na Quinta-feira, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, e o momento não podia ser mais oportuno, na medida em que o país parece ter acordado para o estranho caso do cidadão ucraniano que foi espancado e torturado até à morte por inspectores do SEF, nas instalações desta força de segurança, no aeroporto Humberto Delgado. Uma bela forma de homenagear o resistente antifascista que dá o nome à infraestrutura.

Qual é o problema desta nossa indignação colectiva? É que já passaram nove meses desde que este atentado contra os direitos humanos foi perpetrado. E, com a excepção de algumas jornalistas, como Valentina Marcelino, Fernanda Câncio, Joana Gorjão e Daniel Oliveira, entre (poucos) outros, a opção pelo silêncio foi geral. Não tendo o caso sido abafado, pouca importância lhe foi dada nos headlines e alinhamentos noticiosos. As redes sociais, sempre implacáveis, não ebuliram como habitualmente acontece com casos de racismo, ou de tiradas xenófobas da extrema-direita. Um silêncio que envergonha, mais ainda por ter feito parte dele. [Read more…]

Compulsões

OMS avisa que a Europa pode enfrentar uma segunda vaga letal de covid-19 a partir do Outono”

Hans Kluge recomendou que os países europeus que estão a começar a levantar as restrições de circulação e actividade económica olhem para os exemplos de Singapura e do Japão, queentenderam desde cedo que este não é o momento para celebrações, mas sim um momento para preparativos”.

Ninguém previu que esta segunda vaga surgisse tão cedo

Marcelo deu o exemplo e garante que há vacinas da gripe para todos

DGS garante que não há racionamento da vacina da gripe

DGS alerta que vacina da gripe não chegará para todos devido à elevada procura

 

É notória a tendência compulsiva que esta coligação Governo/PR tem pela mentira.

Claro está que se pode sempre contra-argumentar que todos os Governos mentem.

A questão é como essa mentira é lidada pelos instrumentos de controlo de poder e de contra-poder.

E aqui reside o maior perigo dos efeitos da mentira: a impunidade que a legitima.

Foi prometida uma vacina da gripe, que afinal não chegará sequer a todos os que fazem parte do grupo de risco. Repare-se que a DGS fala que chegará “à maioria as pessoas de grupos de risco”. Ou seja, nem sequer todos os que pertencem aos grupos de risco, serão vacinados.

E a desculpa é que houve um demanda por vacinas superior ao previsto.

Como se as mesmas, não fossem receitadas por indicações expressas da DGS e do Ministério da Saúde. Pois que não se compram vacinas, como quem compra máscaras no hiper.

Na Primavera e no Verão, não faltaram alertas sobre a necessidade de preparação para a segunda vaga que chegaria no Outono. Foi, inclusivamente pela voz de Hans Kluge que é nada mais nada menos do que o Director Regional para a Europa da OMS.

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E dizem-se democratas

Está fácil de ver que a solução apresentada pelo Governo para “achatar a curva”, é limitar-nos a liberdade.

Isto quando a curva chegou onde chegou, e o SNS abeirou-se da ruptura, porque o Governo não fez o que lhe competia e permitiu o que não devia.

Milhões terão de ficar em casa, para que umas dezenas de milhar pudessem fazer aquilo que queriam.

Milhões terão de ficar em casa, porque a economia tinha que trabalhar, ao ponto dos hotéis poderem exibir o selo “Clean & Safe” com base em mera declaração de compromisso dos donos, e não numa efectiva avaliação técnica. E as praias tinham semáforos, mas se estivesse vermelho, podia-se ir na mesma.

Não houve uma única campanha nacional de sensibilização digna desse nome. Num país em que constantemente se juntam cantores, actores e afins, em campanhas solidárias. Algo para o que esta pandemia, pelos vistos, não teve dignidade suficiente.

Só tivemos direito às constantes conferências de imprensa a debitar números, por entre disparates que uma DGS, claramente inapta para o cargo, lá ia dizendo por entre a estatística.

Ficam na memória as máscaras que davam uma falsa sensação de segurança, e a desnecessidade de distanciamento nos aviões porque as pessoas vão a olhar para a frente.

O SNS está à beira da ruptura, porque, contrariando os apelos dos médicos que estavam no terreno, o Governo não aproveitou a Primavera e o Verão para reforçar os hospitais com recursos humanos nas valências mais sensíveis como a dos cuidados intensivos.

Descurou a segunda vaga, que há meses que a comunidade científica, nacional e internacional, avisou que ia chegar. Mas que pelo vistos o PM nunca ouviu falar, a avaliar pela entrevista que hoje deu a Miguel Sousa Tavares.

Ao contrário, foi-se pelo mais barato: mandar sms para quem tinha consultas agendadas, a desmarcar e a dizer para não ir ao hospital nem sequer telefonar. E, mais tarde umas sms a disponibilizar apoio psicológico gratuito. Enquanto consultas, rastreios, tratamentos e cirurgias eram desmarcados por todo o país.

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Livre arbítrio e imposição coerciva: descubra as diferenças


Faz-me imensa confusão, esta comparação disparatada entre a possibilidade do governo nos enfiar uma app telefone adentro, transformando agentes de segurança em monitorizadores de telemóveis, e os dados que entregamos voluntariamente aos Facebooques da vida. Será assim tão difícil de perceber a diferença entre uma imposição coerciva e uma decisão pessoal e voluntária?

Sejamos sérios: se eu, ou qualquer um de vocês, decide entregar informação pessoal a uma plataforma digital, bem ou mal, é de uma escolha livre que se trata. Uma escolha que pode ser revertida a qualquer momento. Se um governo decide impor uma aplicação, fazendo uso de multas e de patrulhamento policial, é o espírito da democracia que está a ser posto em causa. São os nossos direitos, liberdades e garantias que estão na prancha. [Read more…]

À custa das nossas possibilidades

NB

Ricardo Araújo Pereira sintetizou o embuste na perfeição, numa das últimas edições do Governo Sombra: imaginem que eu tenho um quilo de maçãs, que me custou 2€, e vendo-o a uma pessoa, que eu não sei quem é, por 1€. E essa pessoa diz-me assim “tens 1€ que me emprestes?”, para me pagar o euro. Eu empresto, e depois peço ao fundo de resolução o euro que falta.

Não, não é nada estranho. Acontece todos os dias, em todo o lado onde o capitalismo é quem mais ordena. Desta vez soube-se, porque, convenhamos, o Novo Banco é um banco em decadência, desde a sua criação, e há muito dinheiro dos cofres públicos que se perdeu por lá, para não falar no Salgado, no Sócrates e nos restantes indivíduos que pilharam o GES, depois do GES ter pilhado meio mundo. E quando estamos a falar de pessoas e entidades caídas em desgraça, a coragem dos holofotes mediáticos tende a aumenta substancialmente. [Read more…]

A transferência de Cristina Ferreira e o capitalismo subsídio-dependente

CFe

Foto: Expresso

A Plural Entertainment, empresa de produção audiovisual detida pela Media Capital, dona da TVI e da Rádio Comercial, entrou em lay-off em Abril, situação que se prolongou por dois meses. Escusado será dizer que, durante esse período de tempo, foram os contribuintes portugueses quem garantiu os salários dos trabalhadores da Plural – que perderam, em média, 30% dos seus rendimentos – a que acrescem 3,3 milhões de euros do pacote de 15 milhões que o governo destinou para apoiar a comunicação social com compra antecipada de publicidade. [Read more…]

Os ratos são os primeiros a abandonar o barco

Mário Centeno sai do Governo.